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Processo Civil - 34

Professor: Rodolfo Hartmann

Estabilização subjetiva e objetiva do processo.

Resumo

Nessa aula começará a abordagem as espécies de processos que nós temos no Código de
Processo Civil.

No código anterior, tínhamos três tipos de processo: conhecimento, cautelar e execução. Cada
um deles tem um finalidade diferente. O processo de conhecimento e o cautelar eram mais
semelhantes porque em ambos o autor fazia um pedido, narrava os fatos e então as partes
tinham que produzir provas a respeito da afirmação que foi feita para efeitos de
convencimento do juiz.

Era uma estrutura muito semelhante com réu citado, réu narra um fato modificativo, impeditivo e
extintivo. O juiz em um momento próprio após a dilação probatória profere sentença julgando
procedente ou improcedente. A diferença entre o processo de conhecimento e o processo cautelar
basicamente é que o processo de conhecimento tem um pedido de natureza satisfativa e o
processo cautelar, por sua vez, era um pedido de natureza não satisfativa ou cautelar.

Atenção: Mencionar em juízo que o devedor está lapidando o patrimônio e não daria tempo de o
credor mostrar que de fato é o credor, no então, dá tempo de mostrar uma prova mínima de que
eu sou credor e que o devedor está dilapidando o patrimônio. Isso justificava o processo cautelar
do procedimento de arresto e depois que conseguisse o arresto, teria todo tempo do mundo
para propor o processo de conhecimento porque nessa modalidade processual será julgado se o
autor tem direito ou não.

Então, nas hipóteses de processo de conhecimento e cautelar nós temos julgamento. Uma coisa é
julgar a cautela e outra coisa é julgar se efetivamente tem o reconhecimento de coisa julgada, ou
seja, que efetivamente tem direito. Eram diferentes em relação ao direito a ser tutelado, mas a
estrutura era muito semelhante.

No processo de execução por sua vez, não tem o trabalho de convencimento do juiz. Nesse
processo, o exequente (autor) já apresentará um título executivo que pode ser judicial, tem os
títulos do art. 515, CPC e extrajudicial no art. 784, CPC.

O título executivo já trás uma obrigação certa, líquida e exigível, ou seja, não precisa convencer o
juiz ou arrolar testemunha, por já ter o título executivo que é o reconhecimento do seu direito.

Então, a atividade na execução é diferente. Não tem perícia, testemunha, não terá o juiz julgando
procedente ou improcedente. Ex: Se o devedor não pagar a dívida, o oficial de justiça pode pegar
o carro dele para sanar a dívida, o juiz pode fazer penhora online etc. Se o exequente tem direito a
receber R$ 100.000,00 o executado tem a obrigação de pagar.

Historicamente, o direito trabalha esses três tipos de processo: conhecimento, cautelar e


execução. Principalmente em 2002, 2005 e 2006 no código de 1973, houve um esforço para
unificar esses processos e o Prof. utiliza uma expressão chamada sincretismo processual.

Isso ocorreu sobretudo no processo de conhecimento e o processo de execução e o Prof. se


recorda que em aulas anteriores isso já fora analisado, ou seja, ao invés de ser um processo de
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conhecimento e depois um outro processo de execução, se tem um único processo que tem uma
fase de conhecimento e outra de execução.

Atenção: Ainda existe a execução autônoma do título executivo extrajudicial.

Com o Código de Processo Civil de 2015 continuaram com essa ideia de sincretismo processual,
mas, eliminaram o processo cautelar autônomo. O código ainda tem pouquíssimas cautelares
autônomas, como por exemplo, no art. 381 e 383, CPC, ou seja, o código manteve esse processo
cautelar autônomo para a produção antecipada de provas.

Também tem a cautelar fiscal na Lei n. 8397/92, mas são situações excepcionais porque com o
código novo a regra é que não exista mais autonomia no processo cautelar. No entanto, o
jurisdicionado não foi prejudicado por ainda existir as medidas cautelares, mas não haverá dois
processos, na verdade, passou a conseguir as cautelares dentro do processo sincrético, seja
na fase de conhecimento ou execução.

Há previsão de quando for requerer uma tutela provisória de urgência cautelar em caráter
antecedente, existe um procedimento próprio bem no início do processo que está nos art. 305 ao
310, CPC. Então, modernamente temos um processo sincrético que é a junção de todos e
temos ainda o processo de conhecimento e de execução como os mais usuais no dia-a-dia.
Inclusive, no livro do Prof. ele menciona uma perspectiva para o futuro de que processo é
processo, sem precisar perder tempo com essas “diferenciações”. A própria circunstância de já
estarmos caminhando há vários anos pelo processo sincrético, mostra que não há necessidade de
ficar classificando, até porque, processo é processo.

- ESTABILIZAÇÃO SUBJETIVA E OBJETIVA DO PROCESSO:

Resumidamente, esse tema é referente até qual momento do processo pode-se trocar uma das
partes, alterar pedido etc.

A) OBJETIVA: Nesse caso, alterar pedido é regulado pelo art. 329, CPC. O Autor poderá
modificar (dá uma ideia de modificação qualitativa, mudar a substância do pedido) ou aditar
(acrescentar, uma ideia numérica) o pedido. Antes da citação o Autor é livre para aditar ou
modificar o que quiser, mas depois que o réu for citado há a necessidade de anuência dele. Se o
réu concordar, ele poderá ter a possibilidade de complementar a sua contestação.

Esse artigo também estipula um lapso temporal para isso, alegando que não cabe mais
modificação do pedido depois do saneamento do processo, art. 357, CPC. A questão referente ao
saneamento é porque ao chegar nessa fase o processo já está caminhando para o final, se após o
saneamento fosse permitido ao Autor mudar o pedido, seria permitido ao Réu modificar a sua
contestação e novas provas teriam que ser realizadas e faria o processo ainda mais moroso.

B) SUBJETIVA: O processo é entre A e B, no entanto, A morreu. Nesse caso, teria como o


espólio e quando acabar o inventário e o espólio desaparecer, os herdeiros poderiam prosseguir
em sucessão processual? Ou então, será que eventualmente o A cede um crédito para B que é
cessionário, ele poderia entrar no processo?

Em princípio é possível mudar o autor ou réu seja por uma causa mortis, seja por ato inter vivos,
como uma cessão de crédito. Em regra, é possível, tem até um exemplo novo no CPC, nos arts.
338 e 339 que se o réu entender que é parte legítima, ele poderá alegar em preliminar da
contestação. O juiz consultará o autor e se este concordar, sai o réu primitivo e o outro réu é
citado. O próprio código afirma nos artigos supracitados que não há propriamente uma
estabilização subjetiva, com isso as partes podem ser alteradas no curso do processo.

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Cuidado: As vezes o direito é personalíssimo e instramissível. Como por exemplo, o credor de
alimentos que morre no meio da ação. O processo será extinto porque o direito a alimentos não
pode ser transmitido a outra pessoa.

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