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G2 de Processo do Trabalho:

Resposta:

As regras gerais da audiência trabalhista (diga-se, do procedimento ordinário)


exprimem-se ao longo dos artigos 843 a 852 da CLT, cujo principal objetivo é a
conciliação (pelo menos a tentativa) entre as partes “trabalhador” (representado por
sindicato de classe nos casos de Reclamatória Plúrima ou Ações de Cumprimento ou
do advogado trabalhista) e “empresa” (representada pelo preposto escolhido pela
reclamada). No que diz respeito ao procedimento sumaríssimo, as peculiaridades e
regras próprias deste se encontram nos artigos 852-A à 852–I, e mais adiante irei
enumerá-las.

Em primeiro plano, no que diz respeito aos ritos da audiência trabalhista, é


válido ressaltar que, em regra, ela é contínua e una (ou seja, todos os atos ocorrem
em uma audiência unificada), de acordo com o próprio artigo 849 da CLT, nesse
sentido, a tentativa de conciliação, a coleta de provas, oitiva das partes e de
testemunhas, a apresentação das provas, a apresentação de razões finais, uma nova
tentativa de acordo e a sentença dada pelo magistrado devem ocorrer, todos, em uma
única seção, no mesmo dia, sendo a seção marcada entre 08h00min da manhã e as
18h00min da tarde (visto que a audiência trabalhista possui este horário diferenciado).

Em tese, portanto, segundo o mesmo artigo 849 da CLT, apenas um motivo de


força maior poderia autorizar o juiz a dividir os momentos processuais acima citados,
no entanto, sabe-se que na prática o judiciário, além de abarrotado de litigâncias, lida
com questões complexas ligadas as querelas humanas, e tentar realizar tantos
movimentos em uma só oportunidade, com um horário designado limitado para cada
audiência, exigiria extrema disciplina e rapidez não apenas dos envolvidos de cada
seção, como nos envolvidos das demais, anteriores e posteriores, pois é rotineiro que
uma audiência demore mais que o previsto em lei e, por efeito dominó, atrase todas as
seguintes. Outra observação relevante acerca da divisão da audiência em etapas é
que, na prática, ao frequentar os foros trabalhistas, vê-se audiências marcadas para
08h10min, logo em seguida uma nova audiência para 08h20min, o que torna a letra da
lei quase que fisicamente impossível de ser realizada na prática.

Por estas razões fáticas, a Lei, ao condensar-se sobre a realidade, acaba


deixando o seu ideal, que seria a realização de audiência Una, ou seja, cujos todos os
movimentos processuais citados acima ocorreriam em uma única sessão, para dar
lugar à existência de duas etapas, sendo estas, a Audiência Inicial e a Audiência de
Instrução que, por sua vez, se dividem da seguinte forma:

Na Audiência Inicial, há primeiramente uma tentativa de acordo, o juiz indaga


se as partes têm uma proposta e, caso haja aceitação deste acordo por ambos, o
reclamante e a reclamada apenas irão acertar as verbas que possuirão natureza
salarial e indenizatória que irão compor o acordo, logo o processo se encerra; e
quando não há acordo nesta fase inicial, a reclamada apresenta réplica frente aos
documentos e alegações da reclamante, e o procedimento segue para a segunda
etapa, a Audiência de Instrução.

A etapa da Audiência de Instrução, por sua vez, tem seu início marcado por
uma nova tentativa de acordo entre as partes que, sendo infrutífera, segue-se do
momento da produção de provas, oitiva do reclamante e do preposto de forma
individual e separada, com objetivo de obter a confissão de uma das partes, que
basicamente é analisar a coerência do que foi alegado na petição inicial e na réplica
com o depoimento, livre de influências externas, das partes conflitantes. Após, ouve-se
as testemunhas de ambos os lados, o magistrado abre prazo para as razões finais,
momento em que as partes apresentam pontos cruciais da defesa de seus interesses
e, por fim, o juiz designa uma data para o julgamento.

Esclarecidas as etapas da Audiência Trabalhista, seja esta Una ou não, é


necessário agora fazer a distinção entre as espécies de Audiência Trabalhista, no
caso, o Rito Sumaríssimo e o Rito Ordinário. Vejamos:

O Rito Ordinário, como já dito anteriormente neste escrito, é o rito geral,


comum da audiência trabalhista, neste modelo correm as ações de maior valor, que
excedem o teto de 40 vezes o salário mínimo, ou cujo litígio é contra a Administração
Pública, Autarquia ou Fundação; e é possível neste modelo fazer citação do
reclamado por edital e cada parte pode chamar até três testemunhas para que sejam
ouvidas.

Já o rito Sumaríssimo, por visar principalmente ser mais célere que o rito
ordinário, procura acelerar as etapas, pois é importante salientar que se tratam de
ações de menor valor (até 40 salários mínimos), desta forma, levando em conta
também os princípios de simplicidade e celeridade, o caráter alimentar da ação
trabalhista e a idéia de que, caso haja mora da sentença, a proteção tardia ao
trabalhador será frustrada, é de total compreensão esta urgência que gira em torno do
procedimento sumaríssimo, portanto, este segue as seguintes regras: Desde sempre
o pedido deve ser certo ou determinado e na petição inicial deve indicar também o
valor da causa (posteriormente essa regra, devido a sua coerência, foi incorporada
pelo próprio procedimento ordinário, após a Reforma de 2017); no procedimento
sumaríssimo são excluídos os membros da Administração Pública, Autarquias e
Fundações, não se admite citação por edital do reclamado que está em local incerto
ou desconhecido, o autor deve indicar o paradeiro deste (para evitar toda a mora da
procura); o número de testemunhas é restrito a no máximo 2 pessoas, e estas só
poderão ser coagidas a comparecer a audiência, caso tenha sido providenciada
anteriormente a carta convite.

Por fim, a mais importante de todas as diferenças entre estes procedimentos:


no artigo 852-H diz “Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e
julgamento, ainda que não requeridas previamente”, ou seja, caso o juiz entenda
necessário, ele poderá pedir pela produção de provas, um elemento que proporciona
ao magistrado maior liberdade e rapidez para conduzir o processo, assim como pode o
juiz limitar, excluir, rejeitar as provas que entender serem excessivas, impertinentes ou
protelatórias. No procedimento sumaríssimo, também é lícita a produção de provas
periciais, e ambas as partes devem se manifestar a respeito do laudo, em prazos
iguais. Por fim, além de o rito sumaríssimo dispensar o relatório na hora do juiz dar
sua sentença,o artigo 852-I prescreve que o juiz deverá adotar em cada caso a
decisão que entender mais justa , atendendo aos fins sociais da lei, tornando o juiz
não apenas um julgador neutro, mas um agente da justiça e da igualdade social.

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