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Procedimento sumaríssimo

O procedimento ou rito sumaríssimo foi incluído na seara do Processo do


Trabalho através da Lei nº 9.957/00, que adicionou à Consolidação de Leis Trabalhistas
os artigos 852-A a 852-I e, também, os parágrafos primeiro e segundo do artigo 895 e
parágrafo sexto ao artigo 896.

A aplicabilidade do referido procedimento se dará em causas cujo valor não


ultrapasse quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da
reclamação, conforme predetermina o artigo 852-A da CLT. Cabe mencionar que a
regra do artigo mencionado é determinante e, assim sendo, não cabe ao autor a
faculdade de qual procedimento optará, estando dentro da classificação trazida pelo
caput, o procedimento deverá ser sumaríssimo.

O rito sumaríssimo será regido sob os princípios da celeridade, simplicidade e


informalidade, mas não pode ser aplicável a todo e qualquer caso, isto pois exclui-se do
rito sumaríssimo as demandas em que a Administração Pública, Autárquica e
Fundacional sejam partes.

Ato contínuo, o art. 852-B trouxe exigências quanto à petição inicial, que deverá
possuir pedido certo ou determinado. Há autores, como Calmon de Passos, que
defendem a tese de que o pedido deve ser certo e determinado, pois a certeza e a
determinação são qualidades que se somam, não se excluem.

Outra particularidade trata-se da citação, neste rito não haverá, por força do art.
852-B, inciso II da CLT, citação por edital. Além disso, incumbe ao autor informar
corretamente o nome e endereço do reclamado, inclusive, conforme inciso II e §1º do
artigo mencionado, a omissão na indicação do endereço ocasiona a extinção do processo
sem o julgamento do mérito. No curso do procedimento, é incumbência das partes e dos
advogados manter o tribunal informado de quaisquer alterações nos endereços, sob pena
de considerar válida as comunicações realizadas no endereço primário.

Conforme mencionado anteriormente, o procedimento sumaríssimo rege-se pelo


princípio da celeridade e, portanto, a lei preocupou-se em impor prazos para conclusão e
apreciação do processo. O art. 852-B, inciso III determina ser de quinze dias o prazo
máximo para apreciação da reclamação, a contar ajuizamento, isto é, deve o
procedimento ser julgado no prazo supra . Notoriamente trata-se de prazo impróprio,
haja visto que com a superlotação do judiciário, nem sempre se torna possível a
apreciação em prazo tão célere.

Ainda visando celeridade, a lei determinou que os procedimentos sujeitos ao rito


sumaríssimo, são instruídas e julgadas em audiência una. Apesar disso, o juiz poderá
conduzir o processo com liberdade para determinar a produção de provas, podendo,
inclusive, limitar ou excluir aquelas que considerar excessivas ou meramente
protelatórias.

Foi privilegiado, ainda, a autocomposição entre as partes, que vem sendo cada
vez mais oportunizada em todos os procedimentos. O art. 852-E da CLT demanda que,
após aberta a sessão, devem ser esclarecidas as vantagens de conciliação pelo juiz, que
deverá usar os meios adequados de persuasão para solução conciliatória do litígio,
sendo cabível, inclusive, em qualquer fase da audiência.

Sobre o tema, faz-se uma breve crítica ao modelo atual de audiências


trabalhistas. Os Tribunais possuem agendas superlotadas, sendo destinado para cada
audiência um tempo médio de dez minutos, mas, os atrasos são inevitáveis. O curto
tempo de audiência não favorece em nada a solução autocompositiva, sendo
praticamente impossível que o juiz utilize de tais meios de persuasão que lei determina.

Ademais, ainda sobre a produção de provas, toda prova deve ser produzida na
audiência de instrução e julgamento, mesmo que não tenham sido requeridas
previamente. É cabível, ainda, a produção de prova testemunhal, mas limitada a duas
testemunhas por cada parte, e independem de intimação do juiz, o que significa dizer
que cada parte se responsabilizará pela intimação e pelo comparecimento de suas
testemunhas ao local da audiência na data e hora ajustados.

Por fim, a sentença do procedimento sumaríssimo deverá conter elementos de


convicção do juízo, incluindo resumo dos fatos relevantes que tenham ocorrido durante
a audiência. A própria audiência intimará as partes para ciência da decisão. Da sentença
é cabível recursos como o Recurso Ordinário, que deverá ser protocolado em até 8 dias
e apreciado pelo juiz em 10 dias, desde que observadas as hipóteses do art. 896 da CLT.

Referências
WEINSCHENKER, Marina Santoro Franco. O rito sumaríssimo e suas peculiaridades
na justiça do trabalho. Jusbrasil, Brasil, p. 1, 2012. Disponível em:
https://marinaweinschenker.jusbrasil.com.br/artigos/121816795/o-rito-sumarissimo-e-
suas-peculiaridades-na-justica-do-trabalho. Acesso em: 17 nov. 2021.

CALDAS, Ricardo. O procedimento sumaríssimo na Justiça do Trabalho. Âmbito


Jurídico, [s. l.], p. 1, 1 nov. 2013. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-119/o-procedimento-sumarissimo-na-
justica-do-trabalho/. Acesso em: 17 nov. 2021.

CREDIDIO, Georgius Luís Argentini Príncipe. SOBRE O PROCEDIMENTO


SUMARÍSSIMO TRABALHISTA: Lei 9.957/2000. Revista do Tribunal Regional do
Trabalho da 13ª Região, [s. l.], v. 8, n. 1, p. 40-66, 2000.

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