Você está na página 1de 45

O maior acervo jurídico do Brasil

Seja assinante e tenha acesso ao maior acervo de decisões de todo o Brasil.

NÃO TENHO INTERESSE ASSINAR JUSBRASIL

jusbrasil.com.br
28 de Julho de 2022

2º Grau

Tribunal Superior do Trabalho TST: ARR


105800-58.2008.5.01.0042 - Inteiro Teor

Publicado por Tribunal Superior do Trabalho há 3 anos

Processo
ARR 105800-58.2008.5.01.0042

Órgão Julgador
2ª Turma

Publicação
DEJT 21/06/2019

Julgamento
18 de Junho de 2019

Relator
Maria Helena Mallmann

Documentos anexos

Inteiro Teor
A C Ó R D Ã O
(2ª Turma)

GMMHM/frp/

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DA MASSA FALIDA DA VIAÇÃO


AÉREA RIOGRANDENSE S.A. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO
ANTES DA LEI N.º 13.015/2014.

MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º DA CLT. EMPRESA EM

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. RESCISÃO CONTRATUAL ANTES DA


DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA. Esta egrégia Corte adota o

posicionamento de serem devidas as multas previstas nos


arts. 467 e 477 da CLT quando a empresa está em

recuperação judicial, uma vez que o preceito da Súmula

388 do TST restringe-se à decretação da falência. In


casu, consta do acórdão regional que à época da dispensa

da reclamante não havia sido declarada a falência da ex-


empregadora. Precedentes. Recurso obstado pela Súmula

333 do TST e pelo art. 896, § 7º, da CLT.

ACIDENTE DE TRABALHO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA.


ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA EMPRESA. INDENIZAÇÃO

SUBSTITUTIVA. Não havendo controvérsias quanto ao


acidente de trabalho e à percepção de auxílio doença, a

discussão dos autos gira em torno do direito do

empregado à estabilidade provisória, nos termos do art.


118 da Lei 8.213/1991, quando a empresa encerra suas

atividades. Considerando o caráter social que envolve a


estabilidade decorrente de acidente de trabalho, a

jurisprudência desta Corte é no sentido de que o


empregado faz jus à indenização substitutiva porque a

estabilidade acidentária constitui uma garantia pessoal


do trabalhador e deve prevalecer em caso de encerramento

das atividades da empresa, que deve suportar os riscos


da atividade econômica e assegurar os meios necessários
à subsistência do empregado doente. Precedentes. Agravo

de instrumento a que se nega provimento.

II - RECURSO DE REVISTA DA VRG LINHAS AÉREAS S.A. E

OUTRA. SUCESSÃO TRABALHISTA. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO


TRABALHO. O § 2º do art. 6º da Lei 11.101/2005 assegura

a competência da Justiça do Trabalho para o


processamento de ações de conhecimento em que figure

como reclamada empresa em recuperação judicial, até a


apuração do crédito, que será inscrito no quadro geral

de credores pelo valor determinado em sentença. Acresça-


se que os arts. 60 da Lei 11.101/2005 e 113, § 2º, do

CPC/1973 não contemplam expressamente a questão


referente à competência da Justiça do Trabalho para

apreciar sucessão trabalhista de empresas em processo de

recuperação judicial. Dessa forma, não se pode concluir


pela violação literal de dispositivo de lei, na forma
preceituada pelo art. 896, c, da CLT. Esta Corte tem

posicionamento uniforme quanto à competência desta

Especializada para o presente caso, pois o contido no

art. 6º, § 2º, da Lei 11.101/2005 não especifica


competência diversa daquela prevista no art. 114 da

Constituição Federal. Precedentes. Óbice da Súmula 333

do TST. Recurso de revista não conhecido.

GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES S.A. E VRG LINHAS AÉREAS

S.A. ARREMATAÇÃO JUDICIAL DA UNIDADE PRODUTIVA VARIG -

UPV. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. FORMAÇÃO DE GRUPO

ECONÔMICO. O Tribunal Regional manteve a condenação

solidária das reclamadas GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES


S.A. e da VRG LINHAS AÉREAS S.A. com relação aos

créditos trabalhistas devidos ao autor, ao concluir pela

formação de grupo econômico decorrente da arrematação em

leilão judicial da Unidade Produtiva Varig - UPV.


Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, ainda que

haja o reconhecimento do grupo econômico, não subsiste a

responsabilidade solidária das arrematantes da Unidade

Produtiva Varig - UPV, na linha do julgamento da ADI


3.934/DF pelo STF, nos moldes do art. 60, parágrafo

único, da Lei 11.101/2005. Desse entendimento dissentiu

o acórdão regional. Precedentes. Recurso de revista

conhecido e provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de

Revista com Agravo nº TST- ARR-105800-58.2008.5.01.0042,

em que é Agravante e Recorrido MASSA FALIDA DA VIAÇÃO

AÉREA RIOGRANDENSE S.A. e Agravado e Recorrente VRG


LINHAS AÉREAS S.A. E OUTRA e são Agravados e Recorridos

MARIA TERESA FIUZA e VARIG LOGÍSTICA S.A. E OUTRA.

O TRT da 1ª Região deu parcial provimento ao recurso


ordinário da reclamante para declarar a responsabilidade

solidária das reclamadas, em decorrência da formação de

grupo econômico, bem como a possibilidade de execução

das empresas economicamente sadias à margem do concurso

universal a que submetidos os débitos daquelas sujeitas


a processo de falência ou recuperação judicial, e

incluir na condenação a retificação da data da dispensa,

considerando o dia 18 de julho de 2007 (já incluído o

período do aviso prévio), bem como o pagamento da


remuneração do período posterior a 18 de agosto de 2006,

com reflexos no FGTS, e negou provimento ao recurso da

Massa Falida da Viação Aérea Riograndense S.A.

A Massa Falida da Viação Aérea Riograndense S.A. e a VRG


Linhas Aéreas S.A. e Outra interpuseram recursos de

revista (fls. 1488-1532 e 1539-1556, respectivamente).


O juízo regional de admissibilidade, às fls. 1566-1569,

admitiu o recurso de revista das reclamadas VRG Linhas

Aéreas S.A. e Outra e negou seguimento ao recurso de

revista da Massa Falida da Viação Aérea Riograndense


S.A., o que deu ensejo à interposição do agravo de

instrumento de fls. 1611-1614.

A reclamante apresentou contraminuta e contrarrazões às


fls. 1573-1608 e 1620-1627.

Tramitação preferencial - Falência.

É o relatório.

V O T O

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DA MASSA FALIDA DA VIAÇÃO


AÉREA RIOGRANDENSE S.A.

Inicialmente, destaco que o presente apelo será

apreciado à luz da Consolidação das Leis do Trabalho,

sem as alterações promovidas pela Lei n.º 13.015/2014,


que se aplica apenas aos recursos interpostos em face de

decisão publicada já na sua vigência, o que não é a

hipótese dos autos.

1 - MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º DA CLT. EMPRESA EM

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. RESCISÃO CONTRATUAL ANTES DA

DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA.

A Vice-Presidência do TRT da 1ª Região denegou


seguimento ao recurso de revista da Massa Falida da

Viação Aérea Riograndense S.A., quanto ao tema em

epígrafe, pelos seguintes fundamentos:


RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO / VERBAS RESCISÓRIAS /
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT.

RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO / VERBAS RESCISÓRIAS /


MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT.

Alegação (ões):

- violação ao (s) artigo (s) 467 e 477, § 8º da CLT.

- conflito jurisprudencial.

A Turma manteve a condenação da parte ora recorrente no pagamento das multas


previstas nos artigos 467 e 477 da CLT, porque, à época do fato gerador, a empresa
ainda não constituía massa falida. Tal entendimento, como se vê, não enseja
qualquer violação literal dos dispositivos legais apontados. Por conseguinte,
superada a jurisprudência trazida como paradigma, no sentido de considerar
indevida a aplicação das multas do art. 467 e 477 da CLT para as empresas em
recuperação judicial, de acordo com o art. 896, § 4º da LT c/c a Súmula 333 do
TST.

(...)

CONCLUSÃO

NEGO seguimento ao recurso de revista. (fl. 1567-1569).

A reclamada Massa Falida da Viação Aérea Riograndense

S.A. defende a viabilidade do seu recurso de revista, no

qual alega que a multa pelo atraso no pagamento das

verbas rescisórias não incide em caso de falência.

Colaciona arestos para comprovação de dissenso.

Ao exame.
Esta egrégia Corte adota o posicionamento de serem

devidas as multas previstas nos arts. 467 e 477 da CLT

quando a empresa está em recuperação judicial, uma vez

que o preceito da Súmula 388 do TST restringe-se à

decretação da falência, in verbis:

MASSA FALIDA. ARTS. 467 E 477 DA CLT. INAPLICABILIDADE


(conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 201 e 314 da SBDI-1) - Res.
129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

A Massa Falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8º do art.
477, ambos da CLT. (ex-Ojs da SBDI-1 nºs 201 - DJ 11.08.2003 - e 314 - DJ
08.11.2000)

In casu, consta do acórdão regional que à época da

dispensa da reclamante não havia sido declarada a

falência da ex-empregadora.

Nesse sentido, são citados os seguintes julgados:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A


ÉGIDE DAS LEIS NOS 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017 -
DESCABIMENTO. 1. MASSA FALIDA. MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º,
DA CLT. FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO. SÚMULA 388/TST. INAPLICABILIDADE. Inaplicável a Súmula
388/TST quando a rescisão contratual ocorreu em período anterior à decretação da
falência. Precedentes. [...] Agravo de instrumento conhecido e desprovido"( AIRR -
21348-09.2017.5.04.0401, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, 3ª Turma, DEJT 23/11/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. [...] MASSA
FALIDA. CONTRATO DE TRABALHO EXTINTO ANTES DA DECRETAÇÃO
DA FALÊNCIA. MULTA DOS ARTIGOS 467 E 477 DA CLT. DEVIDA. Dispõe a
Súmula nº 388 do TST que"a massa falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e
nem à multa do § 8º do art. 477, ambos da CLT". Contudo, o citado entendimento
somente se aplica às hipóteses em que a decretação de falência ocorre antes da
rescisão contratual, pois, nessa situação, a empresa não pode movimentar
livremente suas finanças, havendo nítida restrição à sua disponibilidade
patrimonial. No caso em exame, consoante a decisão recorrida,"a autora foi
dispensada em 20/02/2014, antes da aprovação de homologação do Plano de
Recuperação Judicial, que ocorreu em 24/11/2014, conforme se depreende da Ata
de fls.34/3". Assim, como a rescisão contratual ocorreu antes da decretação de
falência da parte, inaplicável o entendimento consubstanciado na Súmula nº 388
desta Corte. Agravo de instrumento desprovido. ( AIRR - 2526-12.2014.5.05.0251,
Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, DEJT 02/03/2018)

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. EMPRESA EM


RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROVIMENTO. Segundo o entendimento
jurisprudencial desta Corte Superior, a massa falida não se sujeita às multas
previstas nos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT (Súmula 388). Referido entendimento,
todavia, não prevalece quando a dispensa do empregado ocorre em data anterior à
decretação da falência ou quando se trata de empresa em recuperação judicial,
sendo cabíveis as penalidades previstas para o caso de pagamento em atraso das
verbas rescisórias. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. (
RR - 1730-85.2016.5.12.0047, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos,
4ª Turma, DEJT 13/04/2018)

(...) RECURSO DE REVISTA. RECLAMADA AMADEUS BRASIL LTDA.


ANTERIOR À LEI Nº 13.015/2014 E À INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO
TST. [...] MULTA DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT. Em acórdão de recurso
ordinário ficou consignado que a reclamada foi dispensada e 9.08.2006 e que a
empresa se encontrava em recuperação judicial, e não havia sido decretada a
falência, logo, não há que se falar em aplicação da Súmula nº 388, do TST. Recurso
de revista de que não se conhece. (...) ( RR - 152600-48.2008.5.02.0065, Relatora
Ministra Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, DEJT 15/12/2017)

RECURSO DE REVISTA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL.


MULTAS DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT. DEVIDAS. A jurisprudência desta
Corte Superior orienta-se no sentido de que o fato de a empresa encontrar-se em
recuperação judicial não atrai a aplicação analógica do entendimento contido na
Súmula nº 388 do TST, que é específico para a massa falida, sendo, portanto,
devido o pagamento da penalidade do art. 467 e da multa do § 8º do art. 477, ambos
da CLT. Incidência do óbice do art. 896, § 7º, da CLT. Recurso de revista de que
não se conhece. ( RR - 8-25.2012.5.24.0046 Data de Julgamento: 30/09/2015,
Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT
02/10/2015).

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1. EMPRESA EM


RECUPERAÇÃO JUDICIAL. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA
CLT. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 388, DO C. TST. Quando da ruptura
do contrato de trabalho do reclamante a agravante ainda não tinha sua falência
decretada, mas estava em processo de recuperação judicial. E em referida
circunstância, por não estar a empresa de todo privada da administração de seu
patrimônio, deve arcar com a multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT, em caso de
atraso no pagamento dos títulos rescisórios ao empregado, não lhe sendo aplicada a
hipótese excludente de que trata a súmula 388, desta C. Corte, específica para os
casos de falência do empregador. Precedentes. (...) ( AIRR - 97800-
78.2008.5.01.0039, Relatora Ministra: Jane Granzoto Torres da Silva, 8ª Turma,
DEJT 07/11/2014)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. MULTA DOS


ARTS. 467 E 477 DA CLT. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. O fato
de a empresa estar em recuperação judicial não obsta, por si só, a incidência da
multa dos arts. 467 e 477, § 8º, da CLT. Dessa forma, está correta a decisão regional
que determinou a aplicação das referidas multas, diante do atraso do pagamento das
verbas trabalhistas incontroversas. Precedentes. Agravo de instrumento a que se
nega provimento. (AIRR - 53-58.2012.5.24.0101 , Relator Ministro: Pedro Paulo
Manus, 7ª Turma, DEJT 15/03/2013)

Nesse contexto, incidem os óbices do art. 896, § 7º, da

CLT e da Súmula 333 do TST.

Nego provimento ao agravo de instrumento.

2 - ACIDENTE DE TRABALHO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA.


ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA EMPRESA. INDENIZAÇÃO

SUBSTITUTIVA.
A Vice-Presidência do Tribunal Regional denegou

seguimento ao recurso de revista quanto ao tema em

destaque nestes termos:

RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO /


REINTEGRAÇÃO/READMISSÃO OU INDENIZAÇÃO / ESTABILIDADE
ACIDENTÁRIA.

Alegação (ões):

- contrariedade à(s) Súmula (s) 173, 339 e 369 do TST.

- violação ao (s) artigo (s) 334, I do CPC.

- conflito jurisprudencial.

O entendimento adotado pela Turma a respeito da matéria, de acordo com a prova


produzida (Súmula 126 do TST), encontra-se em consonância com a notória
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho e consubstanciada, in casu , na
Súmula 369. Não seria razoável supor que o Regional, ao entender dessa forma,
estaria violando o dispositivo apontado. Em razão dessa adequação (acórdão-
jurisprudência iterativa do TST), o recurso não merece processamento sequer no
tocante ao dissenso jurisprudencial, a teor do artigo 896, alínea c e § 4º da CLT c/c
a Súmula 333 do TST.

Vale ressaltar, por fim, que não se verifica qualquer contrariedade às Súmulas 173,
339 e 369, por inaplicáveis à espécie.

CONCLUSÃO

NEGO seguimento ao recurso de revista.

A reclamada alega a notoriedade da extinção da sua

operação e dos postos de trabalho, de modo que o

encerramento das atividades é fato extintivo da

estabilidade e da garantia de emprego.


Denuncia violação dos arts. 334, I, do CPC/1973,

contrariedade às Súmulas 173, 339 e 369 do TST e


divergência jurisprudencial.

Pois bem.

Não havendo controvérsias quanto ao acidente de trabalho

e à percepção de auxílio doença, a discussão dos autos

gira em torno do direito do empregado à estabilidade

provisória, nos termos do art. 118 da Lei 8.213/1991,

quando a empresa encerra suas atividades.

Considerando o caráter social que envolve a estabilidade

decorrente de acidente de trabalho, a jurisprudência

desta Corte é no sentido de que o empregado faz jus à

indenização substitutiva porque a estabilidade

acidentária constitui uma garantia pessoal do

trabalhador e deve prevalecer em caso de encerramento


das atividades da empresa, que deve suportar os riscos

da atividade econômica e assegurar os meios necessários

à subsistência do empregado doente.

Citam-se como precedentes:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DOENÇA


OCUPACIONAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. EXTINÇÃO DO
ESTABELECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. O Regional reconheceu que o
reclamante faz jus à estabilidade provisória, nos termos do art. 118 da Lei nº
8.213/91, a qual deve ser convertida em indenização, em função do término do
período estabilitário e da extinção do estabelecimento da reclamada. Ressaltou que
o encerramento das atividades da primeira reclamada não constitui óbice à
indenização substitutiva, pois, além de ser possível a realocação do empregado em
quaisquer das empresas constantes do grupo econômico, sendo a estabilidade
acidentária direito inerente à subsistência do empregado em período subsequente ao
retorno, eventual impossibilidade de reintegração, em razão do encerramento das
atividades da empresa ou do término do período estabilitário, deve ser convertida
em indenização. Ademais, a jurisprudência desta Corte Superior tem se posicionado
no sentido de que, em face do caráter social de que se reveste a estabilidade
decorrente do acidente de trabalho, esta prevalece mesmo na hipótese de
encerramento das atividades da empresa. Agravo de instrumento conhecido e não
provido. ( AIRR - 1026-67.2013.5.15.0088 , Relatora Ministra: Dora Maria da
Costa, Data de Julgamento: 12/09/2018, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
14/09/2018)

(...) ESTABILIDADE PROVISÓRIA DECORRENTE DE ACIDENTE DO


TRABALHO - ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DO
ESTABELECIMENTO. A jurisprudência desta Corte Superior tem se posicionado
no sentido de que, em face do caráter social de que se reveste a estabilidade
decorrente do acidente de trabalho, essa prevalece mesmo na hipótese de
encerramento das atividades da empresa. Agravo desprovido. ( Ag-AIRR - 122400-
33.2009.5.05.0132 , Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de
Julgamento: 29/08/2018, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/08/2018)

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014.


ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA
EMPRESA. DIREITO À INDENIZAÇÃO CORRESPONDENTE AO PERÍODO
DA ESTABILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 333 DO TST. O Tribunal
Regional reconheceu que restou caracterizado o acidente de trabalho no presente
caso, entendendo, todavia, que não era devida indenização referente ao período
estabilitário, tendo em vista o fechamento da empresa. Consignou que" não sendo
possível a reintegração pelo fechamento do estabelecimento, indevida a indenização
pelo período correspondente ". O entendimento desta Corte é no sentido de que, em
face do caráter social de que se reveste a estabilidade decorrente de acidente de
trabalho, esta prevalece mesmo no caso de encerramento das atividades da empresa.
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. ( RR - 225-51.2014.5.02.0033
, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 04/04/2018, 5ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 06/04/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DE


DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA
EMPRESA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. Conforme dispõe o art. 118 da Lei nº
8.213/91, será garantida a manutenção do contrato de trabalho do segurado que,
afastado por mais de 15 dias do emprego, em decorrência de acidente de trabalho,
tiver percebido o auxílio-doença acidentário, somente não sendo exigido tal
requisito nos casos em que, após a despedida, for constatada a existência de doença
profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato (Súmula
nº 378, II, do TST). Trata-se da garantia de emprego do trabalhador acidentado,
concedida pelo prazo mínimo de 12 meses após a cessação do aludido benefício. Na
hipótese, o Tribunal Regional registrou que" Autor era empregado da Recorrente, e
que esteve em auxílio-doença acidentário no período de 12/04/2008 à 28/12/2010,
tendo sido demitido em 16/06/2011, conforme anotado em sua CTPS ", em
decorrência do encerramento da atividade da ré. Concluiu que tem direito à
indenização substitutiva, relativo ao período da estabilidade provisória. A decisão
regional está em sintonia com o entendimento desta Corte Superior, no sentido de
que a estabilidade provisória acidentária prevalece no caso de encerramento das
atividades da empresa e o empregado faz jus à indenização substitutiva referente ao
período estabilitário. Ademais, nos termos do art. 2º da CLT, o empregador assume
os riscos da atividade empresarial:"considera-se empregador a empresa, individual
ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e
dirige a prestação pessoal de serviço"(sublinhei). Precedentes. Correta a decisão
regional. Incidência do artigo 896, § 4º, da CLT e da Súmula nº 333 do TST.
Agravo de instrumento a que se nega provimento. ( AIRR - 1298-
90.2011.5.01.0421 , Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de
Julgamento: 09/08/2017, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/08/2017)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DO


TRABALHO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. JUSTA CAUSA. Registrou o
Regional que o reclamante foi admitido em 4/6/2007 e dispensado por justa causa
em 1º/11/2013, e sofreu acidente de trabalho com serra elétrica em 11/11/2008.
Ressaltou que o INSS noticiou à reclamada que o reclamante estava cumprindo
programa de reabilitação profissional de 7/11/2012 a 16/6/2014, data esta em que
cessou o benefício do auxílio-doença por acidente de trabalho. Nesse sentido,
concluiu a Corte de origem que, entre 17/6/2014 e 17/6/2015, o reclamante gozava
de estabilidade provisória acidentária e que seu contrato de trabalho não poderia ter
sido rescindido por justa causa em 1º/11/2013, já que estava suspenso. O Regional
ainda registra ser incontroverso o encerramento do estabelecimento da reclamada
na cidade de Cachoeirinha/RS e a oferta da vaga de trabalho ao reclamante na
cidade de Piracicaba/SP, mediante oficio de 4/9/2013 e em audiência, bem como a
recusa do empregado, a qual considerou plenamente justificada. Diante do contexto
delineado, em que é incontroverso o acidente de trabalho e a suspensão do contrato
de trabalho, verifica-se que o Regional aplicou ao caso a previsão do art. 118 da Lei
8.213/91, não havendo falar em sua violação. Por outro lado, quanto à proposta de
reintegração, a interpretação conferida pelo Regional, tendo considerado
plenamente justificada a recusa do reclamante à reintegração oferecida pela
reclamada, à luz do art. 468 da CLT, não implica na violação da literalidade dos
arts. 469, § 2º, e 470 da CLT. Agravo de instrumento conhecido e não provido. (
AIRR - 20285-16.2014.5.04.0251 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data
de Julgamento: 26/10/2016, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/10/2016)

Indene o art. 334, I, do CPC/1973, pois a notoriedade da

recuperação judicial não interfere no direito em

comento.

As Súmulas 339 e 369 do TST, que tratam da estabilidade

de cipeiro e de dirigente sindical, não guardam

pertinência com a matéria, ora em debate. O mesmo se


diga quanto aos arestos colacionados às fls. 1553-1555,

incidindo como óbice a Súmula 296 do TST.

Também não há que se falar em contrariedade à Súmula 173

do TST, uma vez que não engloba a questão da

estabilidade acidentária.

O recurso é obstado pela Súmula 333 do TST e pelo art.

896, § 7º, da CLT.

Nego provimento ao agravo de instrumento.

II - RECURSO DE REVISTA DAS RECLAMADAS VRG LINHAS AÉREAS

S.A. E OUTRA

1 - SUCESSÃO TRABALHISTA. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO

TRABALHO.

Conhecimento
Quanto ao tema em destaque, o TRT assim decidiu:

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

É consabido que o STJ e do STF afirmaram erga omnes e de forma vinculante


que não há sucessão dos créditos trabalhistas nas alienações realizadas no
âmbito de processo judicial de recuperação de empresa. Salvo a necessidade de
identificação prejudicial da sucessão de uma empresa (repito que não é isso
que pretende a reclamante, que vindica a solidariedade entre todas, aí
incluindo a ex-empregadora, fato que sequer atrairia a discussão acerca da
sucessão), ouso, data venia, discordar parcialmente da interpretação dada pela
i. julgadora de primeiro grau àquelas decisões. Nada impede o reconhecimento
da formação do grupamento econômico e, por consequência, a condenação
solidária das empresas que o constituem, na forma do § 2º do artigo 2º da CLT,
nem mesmo a ausência de sucessão. A declaração de solidariedade decorrente
de grupo econômico não depende necessariamente da caracterização da
sucessão de empregadores.

Tornando ao tema, realço que há muito firmei entendimento, que não foi
maculado pelas citadas decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça
e, posteriormente, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos do Conflito de
Competência 61.272 e do Recurso Extraordinário 583.955, respectivamente.

É certo que o parágrafo único do artigo 60 da Lei 11.101/05 impõe a liberdade


do objeto da alienação de"qualquer ônus", estatuindo, ainda, que"não haverá
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza
tributária [ ... ]"Entretanto, não impõe a lei competência de Justiça, até porque
despiciendo, já que emana da natureza material do instituto jurídico sob
análise. Quando muito estabelece a competência da Vara tão-somente em razão
do lugar para a homologação do plano de recuperação extrajudicial, assim
como para o deferimento da recuperação judicial ou decretação da falência
(artigo 30 da lei).

Tendo em vista a matéria, dúvidas não há que a competência material de


Justiça para a atuação a que se refere o citado artigo 3º é residual da Justiça
Comum; a competência material da Vara em consonância com as regras de
organização judiciária do Estado do Rio de Janeiro é da Vara Empresarial; a
competência em razão do lugar em respeito às mesmas regras de organização é
da capital. Lado outro, e tendo por base o constitucional artigo 114, também
não há dúvida plausível acerca da competência material da Justiça do
Trabalho para análise da sucessão de empregadores, eis que controvérsia
decorrente da relação de trabalho.

A competência para declaração da existência ou não de sucessão trabalhista


não foi alterada pela Lei 11.101/2005; continua a ser da Justiça do Trabalho,
porque matéria eminentemente trabalhista prevista nos artigos 10 e 448 da
CLT.

Não fosse o bastante, ressalto que a própria Lei de Recuperação e Falência


estabelece no § 2º do artigo 60 que as demandas trabalhistas se processam
perante a Justiça do Trabalho. Verbis:

A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação


judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face
do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. § 1º
[...] § 2º - É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação
exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as
ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o artigo
80 desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do
respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor
determinado em sentença [ ... ]"

Tanto isso é verdade que a decisão prolatada pelo i. Ministro Ari Pargendler nos
autos do CC-STJ 61.272, confirmada em sede de Agravo Regimental pela
Segunda Seção daquele Tribunal Superior, não tem o alcance que lhe querem
emprestar as reclamadas. O mencionado conflito de competência diz respeito à
realização de atos de constrição; não se manifesta expressamente acerca da
competência para apreciação da sucessão.

A uma, porque matéria de natureza trabalhista; e a duas, porque dependerá de


previsão em plano de recuperação, que será, tão somente homologado (ou não), e
não julgado pelo Juiz de Direito. Nesse sentido, muito embora possa o Juiz de
Direito exercer fundamental importância nas tratativas entre as empresas
recuperandas e seus credores, não tem ele jurisdição específica; não pode impor
homologação contra a vontade dos interessados.

Assim, uma vez decidida a causa na Justiça do Trabalho, discutir-se-á a respeito


dos atos de satisfação material em sede de execução (matéria fora do alcance da
presente demanda). Aí sim, pode-se entender como razoável a concentração no
Juiz da Vara Empresarial da competência para a expedição de atos de constrição,
como decidido pelo C. STJ. Se não houver tal unificação, corre a jurisdição sério
risco de prolatação de decisões conflitantes. Aliás, o caso envolvendo o grupo
VARIG é, também nesse sentido, emblemático, pois já protagonizou vários
exemplos bastante didáticos. Cito alguns: 1- o plano de recuperação foi aprovado
por Juiz de Direito de Vara Empresarial; 2- Juiz do Trabalho bloqueou bens da
VARIG; 3- Juiz de Direito de Vara Cível seq,estrou um dos mais importantes
ativos da VARIG, o sistema; 4- Juiz Federal de Vara Cível obstou a prorrogação
de linhas aéreas pela ANAC etc.

O cenário foi mantido pelo Supremo Tribunal Federal. Embora tenha


mencionado no relatório que o pedido envolve a competência absoluta da Justiça
do Trabalho para julgar causas de natureza trabalhista, "inclusive daquelas
ajuizadas em face de empresas que estejam em recuperação judicial ou falência,
nos termos da Lei 11.101105, e as incluídas nos conflitos como sucessoras"
(grifei), noto que já na ementa da decisão exarada nos autos do Recurso
Extraordinário 583.955-9, em processo relatado pelo i. Ministro Ricardo
Lewandowski (vencidos os Ministros Marco Aurélio e Carlos Brito), a Corte
Suprema delineou a matéria, restringindo-a a"saber qual o juízo competente
para processar e julgar a execução dos créditos trabalhistas no caso de empresa
em fase de recuperação judicial". Seguem abaixo alguns fragmentos da
mencionada decisão:

(...)

Assim, entendo que a Lei 11.101105 optou pela sujeição da execução contra
empresas em processo de recuperação judicial ao juízo universal (no caso, Vara
Empresarial do Rio de Janeiro), sem prejuízo da competência da Justiça do
Trabalho quanto à fase de conhecimento, inclusive em relação à sucessão de
empregadores e à formação de grupo econômico, porque matérias decorrentes da
relação de emprego.

Correta, no particular, a r. sentença. (fls. 1419-1426).

As reclamadas alegam, em síntese, que o Supremo Tribunal

Federal, já decidiu, no caso concreto, que a Justiça ao

Trabalho não pode analisar pretensão de sucessão

trabalhista, pois tal matéria e da competência exclusiva

do juízo universal da recuperação judicial e já foi

definida no momento da venda da unidade produtiva Varig.

Aponta violação dos arts. 60, § 2º, e 60 da Lei

11.101/2005 e 113, § 2º, do CPC/1973.

Ao exame.

O § 2º do art. 6º da Lei 11.101/2005 assegura a

competência da Justiça do Trabalho para o processamento

de ações de conhecimento em que figure como reclamada

empresa em recuperação judicial, até a apuração do


crédito, que será inscrito no quadro geral de credores

pelo valor determinado em sentença.

Acresça-se que os arts. 60 da Lei 11.101/2005 e 113, §

2º, do CPC/1973 não contemplam expressamente a questão

referente à competência da Justiça do Trabalho para

apreciar sucessão trabalhista de empresas em processo de

recuperação judicial. Dessa forma, não se pode concluir

pela violação literal de dispositivo de lei, na forma

preceituada pelo art. 896, c, da CLT.


Esta Corte tem posicionamento uniforme quanto à

competência desta Especializada para o presente caso,

pois o contido no art. 6º, § 2º, da Lei 11.101/2005 não

especifica competência diversa daquela prevista no art.

114 da Constituição Federal.

No mesmo sentido são os precedentes:

RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA VRG LINHAS AÉREAS S.A.


COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A jurisprudência do TST, em
atenção aos arts. 6º, § 2º, da Lei 11.101/05 e 114, I, da CF/88, pacificou-se no
sentido de ter a Justiça do Trabalho competência material para processar e julgar
as reclamações trabalhistas em que figure como reclamada empresa em
recuperação judicial até a apuração de eventuais créditos derivados da relação de
trabalho. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. ( RR - 2500-
68.2007.5.02.0016, Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, 6ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 06/04/2018)

RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. Ao reconhecer a competência material desta Justiça Especializada,
para apreciar e julgar demanda na qual se discute sucessão de empregadores, o
Tribunal Regional deu a exata subsunção dos fatos ao comando inserto no artigo
114, I, da Constituição Federal, já que a controvérsia está diretamente
relacionada ao contrato de trabalho. Imperioso ressaltar que o artigo 6º, § 2º, da
Lei nº 11.101/2005 excepciona da competência do Juízo em que tramita a
recuperação judicial as ações de natureza trabalhista até a apuração do
respectivo crédito, o qual será inscrito no quadro geral de credores pelo valor
determinado em sentença. Assim, não se há de falar em incompetência da Justiça
do Trabalho para apreciar os pedidos contidos na inicial, tendo em vista que o
crédito devido ao autor ainda não foi devidamente apurado. Recurso de revista de
que não se conhece. ( RR - 120900-46.2009.5.02.0315, Relator Ministro: Cláudio
Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 03/04/2018, 7ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/04/2018)
C) RECURSO DE REVISTA. RECURSO ANTERIOR À LEI Nº 13.015/2014.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EMPRESA EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. 1. A Corte de origem concluiu ser da Justiça do
Trabalho a competência para processar e julgar ações oriundas das relações de
trabalho, onde se discuta a sucessão de empresas e formação de grupo
econômico, ainda que se trate de aquisição de empresa em recuperação judicial,
nos termos do artigo 114, I, da CF, e o § 2º do art. 6º da Lei nº 11.101/2005. 2. A
jurisprudência desta Corte Superior, forte nos arts. 6º da Lei nº 11.101/05 e 768
da CLT, é no sentido de que, malgrado a atração exercida pelo processo
falimentar, compete à Justiça do Trabalho julgar as reclamações trabalhistas
ajuizadas seja contra massa falida, seja contra empresa em recuperação judicial,
até a apuração final do quantum debeatur resultante ao reclamante. Precedentes.
Recurso de revista não conhecido, no tema. ( RR - 83800-06.2008.5.01.0029,
Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 23/03/2018)

Estando a decisão do Tribunal Regional em sintonia com a

iterativa, notória e atual jurisprudência desta Corte,

emerge como obstáculo à revisão pretendida a Súmula 333

do TST, revelando-se inviável o processamento da revista

pela violação dos dispositivos de lei.

Não conheço.

2 - GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES S.A. E VRG LINHAS

AÉREAS S. A. ARREMATAÇÃO JUDICIAL DA UNIDADE PRODUTIVA

VARIG - UPV. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. FORMAÇÃO DE

GRUPO ECONÔMICO.

2.1) Conhecimento

Eis o teor do acórdão regional:

SUCESSÃO
Quanto à sucessão, vinha manifestando entendimento favorável às teses delineadas
pelos trabalhadores. Nesse sentido, repiso os argumentos por mim expostos nos
autos do já processo TRT-RO 01668-2006-018-01-00-0, julgado perante esta 2a
Turma. Verbis:

"[ ... ]

Não tenho qualquer dúvida quanto à sucessão da antiga VARIG.

O caso que envolve a recuperação judicial das empresas que compunham o grupo
VARIG, sem dúvida alguma o maior e mais complexo até então submetido à novel
legislação (Lei 11.101105), vem exigindo esmero acima do comum e profundo
conhecimento dos profissionais cuja atuação dão legitimidade à prestação
jurisdicional, em especial os Juízes de Direito da ia Vara Empresarial do Rio de
Janeiro e os do Trabalho à questão submetidos, no intuito único de alcançar a real
intenção da lei, amparando as pretensões de todos os envolvidos, sem que para
tanto exponham à bancarrota empresas tão importantes como as recuperandas, seja
no aspecto econômico, político ou social.

O processo de recuperação judicial da VARIG, como se sabe, ganhou as manchetes


dos principais jornais no Brasil e no exterior, tornou-se fato público, e expôs à
sociedade, perplexa, clássico cenário da eterna disputa de forças entre capital e
trabalho. Aquele, com o apoio da Lei 11.101105, arvora-se como legítimo
representante dos destinos sociais deste País, contra tudo e contra todos, em nome
da função social da empresa. Data venha, há limites à interpretação deste
indeterminado conceito.

As empresa do Grupo VARIG estão em processo de recuperação judicial.

Após o insucesso da primeira hasta pública (no leilão realizado em 08106106, a


arrematante NV Participações Ltda não depositou o preço ofertado), a VRG
apresentou proposta para aquisição das unidades produtivas da VARIG - UPV.

Tal proposta teve por base novo plano de recuperação, aprovado pela assêmbléia
geral de credores, na forma prevista pelo artigo 58 da Lei 11.101/05.
Sustentam as reclamadas que os artigos 60 e 141 da Lei 11.101105 são claros ao
liberar de qualquer ônus o objeto da alienação em sede de recuperação judicial.
Concluem, ainda, que é simples a interpretação deste artigo: 'a exclusão da
responsabilidade se dá para resguardar os interesses dos credores', em razão dos
objetivos delineados pelo artigo 47 daquela lei.

Tamanha a abstração do artigo 47 da Lei 11.101/05, que tange à utopia, na medida


em que, sob o pálio da função social da empresa, pretende atender aos interesses
(naturalmente conflitantes) de todos os envolvidos. Verbis: 'A recuperação judicial
tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira
do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da
empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica'.

É em nome dessa abstração que tende ao infinito que as reclamadas fundam a tese
de não-sucessão. Entendo por oportuno lembrar que o direito ao salário possui
extensa densidade normativa; regra, portanto, que não se sujeita à ponderação com
princípios.

Noto com bastante clareza que as conclusões alcançadas não ultrapassam os limites
de mera interpretação literal (como pelos mesmos dito). O que defendem não é
aquilo que ampara a lei. Não é possível quisesse o legislador levar ao extremo a
função social da empresa, em detrimento de interesses outros, cuja densidade
normativa constitucional, como acima posto, alcança status de regra, sujeitando-se
à aplicação da teoria dworkiniana do tudo ou nada.

Muito se fala em ponderação de valores, superação de regras, teorias


neoconstitucionalistas que têm por finalidade o alcance mais próximo possível da
vontade constitucional e, portanto, da vontade do detentor do poder, o povo.

Além da extremada dificuldade na solução dos aparentes conflitos principiológicos,


repiso (por necessário) que o caso dos autos opõe norma (princípio da função social
da empresa) a regra (direito ao salário), cuja densidade tende a lhe pesar
favoravelmente.
É a Constituição, como se sabe, registro de aprendizagem que, no dizer de
Canotilho (in Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 3 ed., Coimbra,
Almedina, 1999), significa a possibilidade de as normas constitucionais captarem e
se conformarem com as mudanças da realidade. Está, pois, a Constituição, 'aberta
às concepções cambiantes da verdade e da justiça'.

Comentando Peter H%0berle e Konrad Hesse, explica Daniel Sarmento (in Os


Princípios Constitucionais e a Ponderação de Bens, obra coletiva Teoria dos
Direitos Fundamentais, organizada por Ricardo Lobo Torres, 2 1 ed., Rio de
Janeiro, Renovar, 2001) que 'o conceito de abertura constitucional exprime a
necessidade da Lei Fundamental não regular de forma rígida e minuciosa todas as
matérias a que se dedica, para não enclausurar em"camisa-de-força' o legislador e
as demais instâncias políticas. A Constituição não deve traduzirse num código
global da sociedade, sob pena de se converter em instrumento totalitário, que sufoca
as forças sociais, ao amputar-lhes o espaço vital de atuação. A Lei Fundamental
deve ser dotada de elasticidade material suficiente para abrigar sob o seu manto
ideologias e cosmovisões diferentes, sem optar de modo definitivo por nenhuma
delas. O constituinte não deve engessar a sociedade, mas antes fomentar o embate
entre idéias e projetos divergentes, convertendo-se com isso em agente catalizador
do ideal democrático e pluralista.' Arremata o Professor Merlin Clève (in A
Fiscalização Abstrata de Constitucionalidade no Direito Brasileiro, São Paulo,
Revista dos Tribunais, 1995): a força normativa da Constituição implica, pois, a
construção de uma via de duas mãos: a Constituição conforma a realidade, mas ao
mesmo tempo, é, de certo modo, também por ela (pela realidade) conformada.

Não há dúvidas quanto à necessária modernização legislativa, que tem amparo


evidentemente nos limites constitucionais principiológ icos. Ressalto, entretanto, do
texto de Sarmento, que 'o conceito de abertura constitucional exprime a necessidade
de a Lei Fundamental não regular de forma rígida e minuciosa todas as matérias a
que se dedica'; ou seja, pode e deve regular algumas; dentre estas, encontram-se
sem qualquer dúvida os direitos trabalhistas (ou pelo menos alguns deles), direitos
fundamentantes sociais (em especial o direito ao trabalho propriamente dito, como
mencionado pelo próprio artigo 47 da Lei 11.101105), fonte de dignidade humana,
princípio republicano.
Dispõem os princípios de maior grau de abstração e, portanto, menor grau de
densidade normativa, ao contrário das regras, que os densificam e fixam de forma
casuística standards de justiça. Ainda que se possa falar em ponderações, não há
cessão entre normas (princípio da função social da empresa) e regras (direito ao
trabalho).

Ensina Canotilho que 'os princípios são normas jurídicas impositivas de uma
optimização, compatíveis com vários graus de concretização, consoante os
condicionalismos fácticos e jurídicos; as regras são normas que prescrevem
imperativamente uma exigência, que é ou não é cumprida; a convivência dos
princípios é conflitual (Zagrebelsky), a convivência de regras é antinómica; os
princípios coexistem, as regras antinómicas excluem-se. Consequentemente, os
princípios, ao constituirem exigências de optimização, permitem o balanceamento
de valores e interesses, consoante o seu peso e a ponderação de outros princípios
eventualmente conflitantes; as regras não deixam espaço para qualquer outra
solução, pois se uma regra vaie deve cumprir-se na exacta medida de suas
prescrições, nem mais nem menos'.

A distinção entre princípio e regra tem origem em clássico estudo de Ronald


Dworkin (d'antes citado), assim sintetizado por Ricardo Lobo Torres (in A
Legitimação dos Direitos Humanos e os Princípios da Ponderação e da
Razoabilidade, op. cit.): 'Passo importante para o aprofundamento da abordagem da
ponderação de princípio foi dado por Dworkin, ao estremar com clareza os
princípios das regras. O festejado autor, após distinguir entre princípio e policy,
estabelece as diferenças entre princípios (legal principies) e regras (legal rules),
que se cifram nos seguintes aspectos: 1 0 - as regras são aplicadas segundo o
critério do tudo-ou-nada (all-or-nothing), ou seja, tanto que válidas atingem o fato
nelas previsto, comportando apenas as exceções nelas próprias listadas; já os
princípios são enunciados genéricos, em que inexiste enumeração de exceções, de
modo que se abrem para incontáveis casos imaginários; 20 - enquanto os princípios
têm diferentes pesos e podem ser escolhidos em razão de sua importância maior ou
menor, as regras não têm tal dimensão, pois a diferente importância que possuam
não conduz a que o conflito entre elas resolva-se pelo peso relativo de cada qual'.

Menciona Gilmar Ferreira Mendes (in Direitos Fundamentais e Controle de


Constitucionalidade) que 'a doutrina constitucional mais moderna enfatiza que, em
se tratando de imposição de restrições a determinados direitos, deve-se indagar não
apenas sobre a admissibilidade constitucional da restrição eventualmente fixada
(reserva legal), mas também sobre a compatibilidade das restrições estabelecidas,
com o princípio da proporcionalidade. Essa nova orientação, que permitiu converter
o princípio da reserva legal no princípio da reserva legal proporcional, pressupõe
não só a legitimidade dos meios utilizados e dos fins perseguidos pelo legislador,
mas também a adequação desses meios para consecução dos objetivos pretendidos e
a necessidade de sua utilização. Um juízo definitivo sobre a proporcionalidade ou
razoabilidade da medida há de resultar de rigorosa ponderação entre o significado
da intervenção para o atingido e os objetivos perseguidos pelo legislador.' Assim,
dizer tão-somente que o parágrafo único do artigo 60 da Lei 11.101105 impõe a
sucessão na recuperação judicial e, em conseQência, a inapliciabilidade dos artigos
10 e 448 da Consolidação das Leis do Trabalho, revela, data venha, conclusão por
demais simplista, exacerbação da interpretação literal. Ainda que assim o fosse, não
perde sua natureza a lei, não deixa de ser ela apenas um dos mecanismos (fonte
formal mais importante, é verdade) de alcance do direito. Alcança-se o direito,
entretanto, mediante sistemática interpretação daquela, na busca, em consonância
com as demais fontes, dos fins sociais pretendidos. Limitar a 'interpretação' à
decifração de sImbolos gráficos é tolher a mens e, em consequência, o próprio
direito.

Outro dado importante, e que no mais das vezes passa despercebido, é que as
decisões judiciais limitam-se a ponderar princípios constitucionais em aparente
antinomia em sua própria atuação. Há, aqui, um equívoco. A ponderação de valores
não está restrita à atividade jurisdicional, não é regra exclusiva de julgamento.
Também o legislador dela se vale, na atmosfera política das discussões dos projetos
(vale lembrar que, apesar da urgência de uma nova legislação há muito conclamada
pelos estudiosos do tema, a Lei 11.101105 tramitou pelo Congresso Nacional por
período superior a uma década). Nesse passo, não há como negar que o legislador
também levou em consideração os valores em possível conflito, estabelecendo a
contribuição de cada um dos participantes do evento.

Em relação ao trabalho, o artigo 54 define perfeitamente uma de suas maiores


contribuições à recuperação da empresa, bem como à sua função social, já que o
plano de recuperação judicial pode prever prazo de até 01 ano para pagamento dos
créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de
trabalho. Lado outro, o plano pode prever, por igual, prazo de 30 dias para pagar
créditos de natureza estritamente salarial limitados a 05 salários-mínimos vencidos
nos 03 meses anteriores ao pedido de recuperação judicial.

É imensa a contribuição do trabalhador para a recuperação da empresa. Não é


razoável, pois, disponha da integralidade de seu crédito em benefício daquela.

Isso não é acordo; não é esse o espírito da lei. Quisesse o legislador, teria vedado
expressamente a sucessão trabalhista no âmbito da recuperação judicial da empresa.

Ultrapassando as questões principiológicas, e atentando para a regras expostas nos


artigos de lei que definem o destino da presente demanda, não tenho qualquer
dúvida quanto à sucessão da antiga VARIG.

Sucessão é a substituição de uma pessoa por outra na mesma relação jurídica; logo,
são características de tal instituto a identidade da relação e a diversidade dos
sujeitos. Exatamente o que se deu no caso dos autos. Não há discussão a respeito. A
transferência das relações jurídicas decorre da aquisição do estabelecimento (UPV)
e do exercício da atividade, agora do e pelo adquirente. Porque é unitário o
estabelecimento, e o trabalho é um dos fatores de produção ali organizados, recebe
o sucessor as relações anteriores.

Assim quer a lei, uma das fontes de obrigação (artigos 10 e 448 da CLT). No caso,
há diversidade de sujeitos; mantida, porém, a natureza das relações jurídicas (pouco
importa tenha ocorrido dispensa do empregado antes da sucessão; menos ainda
após). Estabelecem os artigos 10 e 448 da Consolidação das Leis do Trabalho,
verbis: 'Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos
adquiridos por seus empregados. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica
da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.' A
sucessão de empregadores visa à proteção do empregado, no claro intuito de
alargamento da base de responsabilidade patrimonial do empregador.

Nesse passo, pouco importa o título jurídico da transferência. Desnecessário


lembrar, ainda, a irrelevância de cláusula de não-responsabilização, que só
produzem efeitos fora dos limites do Direito do Trabalho.
Resta saber (e aqui reside o foco da discussão) se, embora tipificado o caso dos
autos como sucessão de empregadores, a Lei 11.105105, conforme mencionado
pelas reclamadas, veda a aplicação do instituto em processo de recuperação
judicial. Se houver tal vedação (ainda que configurada a sucessão - repiso por
necessário), impõe-se a improcedência do pedido, pois que fonte primária de
obrigação a lei, à qual deve se submeter a coletividade, como parte do pacto social
anteriormente estabelecido; se não, não.

A Lei 11.101105, em seu art. 60, caput, e parágrafo único, é clara ao estabelecer
que, 'se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de
filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua
realização' e que 'o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza
tributária...' Tal regra, no entendimento das reclamadas, teria modificado o
panorama jurídico até então vigente, porque, com base no princípio da função
social da empresa, quis o legislador criar condições jurídicas para que os
arrematantes das unidades produtivas das empresas em recuperação judicial não
arcassem com as dívidas do alienante. Como já exposto antes, não consigo extrair
tal ilação do texto legal.

Sabe-se que menos de 03 anos de eficácia plena não é suficiente para a


sedimentação de posicionamento jurisprudencial ou doutrinário a respeito de
determinado sistema legal. Nesse passo, a estrutura concursal adotada pela Lei
11.101105 ainda suscita severas dúvidas e discussões, em especial quanto à
sucessão.

O direito da empresa em crise tinge com cores mais fortes a função social e a
atividade econômica desta, com claro objetivo na sua proteção. Logo, exsurgem
enfraquecidos os créditos de terceiros, dentre estes os dos trabalhadores. Mitiga-se
o imponente princípio da intangibilidade salarial, no que diz respeito à proteção dos
créditos trabalhistas na relação concursal.

Mitigam-se; não se excluem. A alavanca da recuperação da crise de determinado


seguimento não se faz às custas de outro, em especial do trabalhador.
Explica JORGE LOBO (Direito da Empresa em Crise - A Nova Lei de
Recuperação da Empresa - Revista da Emerj 34106), em síntese, que o novo
sistema legal impõe uma mudança de paradigmas, na medida em que sincretiza os
princípios afetos aos clássicos sistemas anteriores, privilegiando não só a empresa,
no aspecto individual e social, mas também o devedor e o credor (também o
empregado). Afinal, 'a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação
da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos
credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o
estímulo à atividade econômica'. (artigo 47 da Lei 11.101/05).

O choque de tantos princípios resulta em inevitáveis conflitos, que devem


submeter-se à ponderação de valores, ressaltando que também o trabalho deve
Contribuir para recuperação (manutenção) da atividade empresarial; não
isoladamente, é evidente, em detrimento da regra que impõe o direito ao emprego.
Não é possível tenha o legislador imposto à empresa em recuperação, assolada em
dívidas, o cumprimento das obrigações que inadimplidas levaram-na a tal situação,
ainda que de forma mais favorável, conforme previsão no plano de recuperação
judicial, e isente de qualquer ônus a arrematante, empresa economicamente
saudável. Noto que o próprio artigo 47 é expresso quanto 'à manutenção do
emprego dos trabalhadores'.

É bem verdade que a grande inovação da Lei 11.105/05 é justamente a


possibilidade de negociação entre a empresa e credores; daí, todos devem perder. A
concordata preventiva impossibilitava o negócio. Porém, vedada a sucessão em
nome da manutenção da empresa, perde tudo o empregado.

Perde os créditos já adquiridos em razão da vedação à sucessão; perde o próprio


emprego, justificador último da própria recuperação. É bem verdade que em estado
de crise perdem todos, e o empregado também. Inadmissível, entretanto, perca-se
tudo.

Estabelecem o inciso II e o § 2º do artigo 141 da Lei 11.101/05: 'o objeto da


alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas
obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da
legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes do trabalho.
Empregados do devedor contratados pelo arrematante serão admitidos mediante
novos contratos de trabalho e o arrematante não responde por obrigações
decorrentes do contrato anterior.

Não há, pois, sucessão na falência. É expressa nesse sentido a lei, e por uma razão
muito simples: a quebra se funda no princípio da maximização do ativo.

O princípio da preservação da empresa (função social), como o próprio nome


indica, aplica-se à empresa e não ao empresário (falido). O equívoco da vinculação
deste princípio à falência decorre da massificação adquirida com a aplicação do
ordenamento anterior. Aquela época, também a falência se escorava na preservação,
não em razão da falência propriamente dita, mas em razão da possibilidade de
usufruir o empresário dos benefícios da concordata suspensiva.

O artigo 47 da Lei 11.105105 não deixa dúvidas quanto à exclusiva vinculação do


princípio da preservação da empresa à recuperação. Conclusão lógica é a de que a
diversidade de princípios a ampararem respectivamente institutos diversos impõe
necessariamente a produção de efeitos díspares, dentre eles a possibilidade, ou não,
de sucessão de empregadores no caso de alienação de unidade produtiva de
empresa em sede de falência ou em fase de recuperação. Eis o fundamento da lei,
que expressamente veda a sucessão na falência, mas não faz o mesmo na
recuperação judicial.

A interpretação sistemática da lei impõe-me a reconhecer a possibilidade de


sucessão nos casos de alienação de unidade produtiva de empresa em sede de
recuperação judicial. Os dispositivos legais relativos à recuperação não expressam
tal vedação (à exceção da sucessão tributária - artigo 60), nem mesmo nos artigos
que compõem a parte comum à falência e à recuperação.

Se não há expressões inúteis na lei, sua omissão deve ser tomada como opção,
como silêncio eloqente. Se é omissa a lei é porque o legislador ,ão quis vedar a
sucessão na fase de recuperação judicial; do contrário, s,eria expressa, como se deu
no caso de falência. Como dito acima,sequer tal previsão nas regras gerais. O 141,
II, da Lei 11.105/05, ao trtrda fa,Jéncia, possui a mesma redação que o parágrafo
único do artigo 60 (ipsis litteris), excluindo-se tão-somente as obrigações do
devedor derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes do
trabalho': 'ARTIGO 141, II - o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e
não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de
natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de
acidentes do trabalho.

ARTIGO 60, PARÁGRAFO ÚNICO - o objeto da alienação estará livre de


qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor,
inclusive as de natureza tributária...' Retornando à ponderação de valores realizada
no plano político pelo legislador, relembro que o projeto que originou a Lei
11.101/05 vedava expressamente a sucessão trabalhista no âmbito da recuperação
judicial, item que, entretanto, foi extirpado no desenrolar do processo legislativo.
Sob esse enfoque, mais que sistemática, fundo-me em interpretação autêntica, que
volta-se à atividade política e busca a verdadeira intenção do legislador.

Importante também mencionar que, ainda que se admita, tão-só por argumentação,
a possibilidade de aceitação pela assembléia geral de credores da inclusão de
cláusula de não-sucessão em planos de recuperação judicial, tal se dá apenas nos
casos de alienação isolada de unidade produtiva. No caso dos autos, a alienação foi
integral. A lei faz previsão de venda sem sucessão apenas de unidade produtiva
isolada ou filial, e este não é o caso da VARIG, cuja operação foi totalmente
transferida a outra empresa.

Afora o necessário tecnicismo na interpretação dos institutos jurídicos em


discussão, e adentrando o plano fático da 'negociação' subjacente ao plano de
recuperação aprovado, alegam as reclamadas que admitir a sucessão é o mesmo que
dizer ter sido a 'arrematante enganada, iludida, porque acreditou no teor do edital...,
ludibriada pelo Estado-Juiz'.

Não há amparo a tais alegações. O reconhecimento da sucessão não depende de


qualquer menção (ou vedação) no título de transferência da unidade produtiva;
decorre de lei.

Outro argumento trazido pelas reclamadas diz respeito à concordância do


reclamante em relação ao plano de recuperação apresentado para efeito de alienação
da unidade produtiva. Asseveram que na ata da assembléia geral de credores, 'E ... ]
(i) na classe 1 (créditos trabalhistas), já descontadas as abstenções, 100% dos
credores votaram favoravelmente à proposta'. Logo, concluem, 'se não houve
qualquer voto contrário à proposta apresentada pela VRG e se o reclamante estava
presente à assembléia é porque o mesmo concordou'.

Não se sustenta tal fundamento. É claro que os empregados pretendem, num


primeiro momento, a recuperação da empresa. Ainda que não seja esta a vontade
pessoal e individual, impõe-na a lei. O artigo 47 da Lei 11.101105 presume o
interesse de todos os credores, inclusive o dos trabalhadores. Ora, não é difícil
entender, por outro lado, que o interesse do empregado está visceralmente ligado à
manutenção do emprego; escopo, aliás, expressamente mencionado pelo artigo 47.
A manifestação de vontade do empregado que concorda com o plano de
recuperação atrela-se à continuação do trabalho, reserva mental subjacente ao
acordo. Na medida em que, logo após a aquisição judicial, a adquirente faz
demissões em massa, vai de encontro ao princípio que sustenta o próprio artigo.

As reclamadas atuam aparentemente com base legal; porém, despojam-se da


legitimidade quando afrontam o sustentáculo da própria lei. Tal conduta tange à má-
fé, fazendo-se valer as recorrentes da própria torpeza. Evidentemente que se o plano
de recuperação previsse a dispensa de empregados, e dentre estes o reclamante, este
não o aprovaria. Pensar contrariamente é guerrear contra o óbvio, contra o lógico,
contra a boa-fé objetiva que deve ornar toda e qualquer relação negocial, desde as
tratativas preliminares até o exaurimento da execução.

Ex-empregado pretende seu crédito, porque alimentar, garantidor de subsistência,


não tem interesse na recuperação da empresa. Há evidente vício na manifestação de
vontade de empregado que concorda com o plano e posteriormente é demitido.

Alegam, também, as recorrentes, que o item 7.1 do plano de recuperação


estabeleceu cláusula suspensiva da eficácia da homologação e adjudicação até a
obtenção pela arrematante da autorização da ANAC para assumir a respectiva
operação. A referida autorização (CHETA - Certificado de Homologação de
Empresa de Transporte Aéreo) foi conferida em 14112/06; em data posterior,
portanto, à extinção do contrato de trabalho do reclamante.

Pouco importa a data da alienação, eis que é efeito principal da sucessão trabalhista
a automática transferência de todos os direitos e obrigações do antigo para o novo
empregador. Ressalto, ainda, que se a arrematação não foi resolvida e, portanto,
restou efetivamente concretizada a alienação, não há que se falar em sucessão
precária, já que a transferência se deu, após a emissão do CHETA, mediante título
definitivo. Não incidem, aqui, sequer analogicamente, os termos da Orientação
Jurisprudencial 225 da SDI-I do C.

TST. Logo, não há nem mesmo responsabilidade subsidiária do sucedido.

Ademais, trata-se de interesse afeto exclusívamente à autora, que não o deduziu.

Compreendo perfeitamente que a antiga legislação falimentar foi erigida pelo


Banco Mundial a pilar da classificação do Brasil como um dos países com piores
índices de recuperação de crédito, resultando nos elevados spreads cobrados pelo
setor bancário. Sei que a nova legislação tupiniquim tem por inspiração o direito
comparado, em especial o Capitulo 11 da Lei de Falência Americana. Também que
a sucessão pode diminuir o espectro de compradores, e consequente desvalorização
dos ativos.

Compreendo, por igual, que a economia deste País deve crescer, mas não às custas
do trabalhador e da miséria desenhada no gráfico de distribuição de renda, também
um dos piores do mundo. Sei, por igual, e por essa mesma razão, que não vivo e
não usufruo da cultura européia ou norte-americana; o diálogo do trabalhador
nacional com o patrão (muitas vezes internacional) nem de longe lembra a relação
capital versus trabalho naqueles mundos.

Replico o item 5 da manifestação púbica feita pela ANAMATRA e pela ANPT que
entendem que os mais de oito mil trabalhadores da antiga VARIG, que durante
vários meses financiaram a continuação da atividade econômica, por meio de seu
incansável trabalho sem recebimento de salários, não podem ser deixados à sua
própria sorte, sem receber suas verbas de natureza alimentícia, que certamente
muito fazem falta nesta hora difícil. A sucessão trabalhista da adquirente da
atividade econômica é conseqência não somente do texto expresso de lei como em
consideração aos princípios contidos na Constituição Federal, como o da dignidade
da pessoa humana (artigo 1º, inciso III) e dos valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa (artigo 1º, inciso IV), bem como da valorização do trabalho humano
(artigo 170, caput), e da função social da propriedade (artigo 170, inciso II)'.
Em derradeira conclusão, repiso que é equivocada a idéia de superação da crise da
empresa a todo e qualquer custo. Dizer que a não-sucessão é o único mecanismo
para alienação e conseqente recuperação da empresa é, data venha, princípio
exclusivamente econômico, que põe por terra o amparo social

Concluí, ali, que o caso VARIG emprestou de forma ilegítima nova concepção à Lei
11.101/05, que tem na recuperação, e não na alienação, da empresa, seu escopo
maior (porque "regula a recuperação judicial, extrajudicial e a falência do
empresário e da sociedade empresária"), e não mera preparação para alienação.
Trata-se de Lei de Recuperação da Sociedade Empresária e não de Lei de Alienação
da Sociedade Empresária. Lado outro, a alienação ainda afronta rudimentos do
Direito Econômico, na medida em que contribui para a restrição da concorrência.

O Supremo Tribunal Federal, contudo, em decisão exarada nos autos da ação direta
de inconstitucionalidade (ADI 3.934-2) proposta pelo Partido Democrático
Trabalhista, em processo relatado pelo i. Ministro Ricardo Lewandowski (vencidos
os Ministros Marco Aurélio e Carlos Brito), no qual foram inquinados de
inconstitucionais os artigos 60, parágrafo único, 83, 1 e lV,c, e 141, II, todos da Lei
11.101/05, concluiu pela higidez daqueles dispositivos legais, bem como pela
constitucionalidade da interpretação que aponta para a ausência de sucessão nas
alienações de empresas sujeitas a procedimentos de falência ou recuperação
judicial.

Cito, abaixo, alguns fragmentos da decisão da Corte Suprema:

(...)

Concluiu a Corte Suprema que os artigos 60, parágrafo único, e 141, II, da Lei
11.101/05, mostram-se constitucionalmente hígidos no aspecto em que estabelecem
a não ocorrência de sucessão dos créditos trabalhistas, particularmente porque "o
legislador ordinário, ao concebê-los, optou por dar concreção a determinados
valores constitucionais, a saber, a livre iniciativa e a função social da propriedade,
de cujas manifestações a empresa é uma das mais conspícuas, em detrimento de
outros, com igual densidade axiológica, eis que os reputou mais adequados ao
tratamento da matéria".

Não há, no caso, os efeitos trabalhistas da sucessão.


GRUPO ECONÔMICO

Sorte melhor acompanha a recorrente, no que diz respeito à solidariedade. Aqui,


utilizo os fundamentos por mim expostos em numerosos outros feitos, que
envolveram as mesmas rés e a mesma matéria. Verbis:

"Dois grupos econômicos restaram incontroversos: 1- Varig Logística S.A. e Volo


do Brasil S.A. e 2- VRG Linhas Aéreas S.A. e Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A.
[que repisam, aqui, as mesmas duplas]. Isso porque foram presentadas em Juízo
pela mesma pessoa (as primeiras pelo Sr. Ricardo Rodrigues de Oliveira e as
segundas pela Sra Ana Paula Felizardo Terra), fato que evidencia a figura do
empregador único. Não bastasse, manifestaram-se sempre em conjunto [ ... ]

É evidente a relação entre a primeira reclamada (Varig S.A. - Viação Aérea Rio-
grandense) e o primeiro grupo. A Vang S.A. - Viação Aérea Rio-grandense era
acionista da Varig Logística S.A., fato que impôs, inclusive, a mesma denominação
a esta (ata da assembléia geral de constituição).

Naquele momento, o Sr. José Carlos Rocha de Lima, presidente da primeira, foi
eleito também presidente da empresa recém constituída.

Lado outro, a Volo do Brasil S.A. tinha como diretores acionistas os Srs. Marco
Antonio Audi e Marcos Michel Haftel (ata da assembléia geral ordinária da Varig
Logística realizada em 03 de agosto de 2007), integrantes do Conselho de
Administração da Varig Logística S.A., evidentemente eleitos pela acionista maior;
a Varig S.A. - Viação Aérea Rio-grandense (ata da assembléia geral extraordinária
da Varig Logística realizada em 07 de março de 2006).

A Volo do Brasil S.A. era acionista da Varig Logística S.A (mesma ata).

Também evidente a relação entre os grupos acima mencionados, porquanto a Varig


Logística S.A. e a Volo do Brasil S.A. eram acionistas da VRG Linhas Aéréas S.A.
(atas das reuniões do Conselho de Administração da Varig Logística S.A. e da
assembléia geral extraordinária desta, realizadas em 28/03/2007 e 12/04/2007).
Repiso, por oportuno, a decisão proferida pelo i. Juiz titular da 33a Vara do
Trabalho, Múcio Nascimento Borges, nos autos da Ação Civil Pública 01053-2006-
033-01-00-7, verbis: 'Constituída em 25108105, tinha a Volo do Brasil S.A. como
objetivo participar 'em sociedades de todos os tipos, que exerçam ou controlem,
direta ou indiretamente, sociedades que exerçam atividades de exploração de
serviços de transportes aéreos'.

A partir da venda da Varig Logística S.A. para a Volo do Brasil S.A., abriu-se
caminho para que aquela empresa participasse do leilão judicial da Varig S.A. em
recuperação judicial [ ... ] Porém, como a Varig Logística S.A. não tem como objeto
o transporte de passageiros, utilizou-se da Aéreo Transportes S.A. para participar
do leilão indiretamente, por via oblíqua. Segundo o Auto de Leilão realizado em
20/07/2006 [...], a Aéreo Transportes Aéreos S.A. foi a única participante do leilão
judicial, tendo sido a vencedora, fato público e incontroverso. Interessante que em
21/07/2006, ou seja, um dia após o leilão judicial, houve uma assembléia geral
extraordinária na Aéreo Transportes Aéreos S.A., onde seus acionistas (Varig
Logística S.A. e Volo do Brasil S.A.) alteraram sua denominação social para VRG
Linhas Aéreas S.A. e também explicitaram seu objeto social [ ... ], justamente para
que a empresa pudesse operacionalizar a unidade produtiva adquirida. Nota-se de
forma evidente que a beneficiária direta, adquirente e controladora da UPV em
recuperação judicial é a Varig Logística S.A., inclusive o objeto da alienação
judicial constante no edital da 18 Vara Empresarial correspondeu a 'descrição e
detalhamento contidos na proposta da Variglog apresentada nos autos da
recuperação judicial' [...]' Ressalto, também, que a relação entre os dois grupos foi
confirmada pelas próprias reclamadas. A Varig Logística S.A. e a Volo do Brasil
S.A. reconheceram, nas razões recursais, que integravam o mesmo grupo
econômico que a VRG Linhas Aéreas S.A., limitando-o, porém, até a aquisição
desta pela GTI, empresa controlada pela Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A.

E mais. Ainda pende o processo de recuperação judicial da Varig S.A. - Viação


Aérea Rio-grandense, e considerando que no plano aprovado pelo Juízo da 18 Vara
Empresarial há previsão do retorno das atividades aéreas desta (confirmado pelas
demais reclamadas), percebo com mais clareza ainda a solidanedade nas obrigações
oriundas da relação de emprego pactuada com o reclamante, isso porque a Lei
11.101/05 somente faz sentido se efetivamente houver a recuperação daquela
empresa.
Em resumo, a Varig S.A. - Viação Aérea Rio-grandense era acionista da Varig
Logística S.A., sendo que aquela, e esta por consequência, foram adquiridas no
bojo do processo de recuperação pela VRG Linhas Aéreas, que também tinha a
Volo do Brasil S.A. como acionista. Ambas, a Varig Logística S.A. e a Volo do
Brasil S.A., alienaram a totalidade das ações emitidas pela VRG Linhas Aéreas
S.A. para a empresa GTI S.A., pertencente ao grupo econômico composto pela Gol
Linhas Aéreas Inteligentes S.A.

E não é só. É notório que a Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. controla a marca
Vang, informação acessível ao público mediante acesso ao sítio eletrônico oficial
daquela (www . voegol . com . br / Gol / Quem Somos / Paginas /Home . aspx -
acessado hoje, 19 de agosto de 2009): '[...] Em apenas oito anos, a GOL expandiu
sua frota de seis para 106 aeronaves [ ... ] A Companhia oferece atualmente a mais
extensa e conveniente malha de rotas na América do Sul [ ... ] A Companhia
controla marcas importantes e reconhecidas na indústria brasileira de aviação:
GOL, SMILES, VARIG, GOLLOG e VOE FÁCIL [ ... ] O SMILES está presente
em mais de 200 países [...] As milhas são acumuladas toda vez que o cliente voa
GOL ou VARIG [...] A VARIG é a marca do Grupo GOL que opera nas rotas
internacionais de médio percurso da Companhia [ ... ] (grifei)"

Por fim, e acaso não fosse suficiente, ainda discordo das teses alusivas à
necessidade de comprovação de controle entre empresas para a configuração do
grupamento econômico. É bem verdade que a literalidade do § 2º do artigo 2º da
CLT, que parece requerer uma relação de dominação entre as empresas, mediante
direção, controle ou administração da principal sobre as demais, merece leitura que
lhe alargue seus horizontes. Ensina MAURÍCIO GODINHO DELGADO (in
Sujeitos do Contrato de Trabalho: o Empregador. Curso de Direito do Trabalho.
Estudos em Memória de Célio Goyatá, vol. 1, coordenação BARROS, Alice
Monteiro, Ltr: São Paulo, 1993) que

"[ ... ] atende ao sentido básico essencial vislumbrado pela CLT a verificação de
simples relação de coordenação entre os integrantes do grupo, o que daria caráter
mais abrangente à noção de"grupo econômico", assegurando a garantia pretendida
pela lei laboral. A própria informalidade conferida pela CLT seria incompatível
com a idéia de se acatar a presença de grupo somente à luz de uma relação
hierárquica e assimétrica entre os seus componentes. Nessa vertente, alinha-se
Mascaro Nascimento: 'basta uma relação de coordenação entre as diversas empresas
sem que exista uma em posição predominante, critério que nos parece melhor,
tendo-se em vista a finalidade do instituto (...), que é a garantia da solvabilidade dos
créditos trabalhistas [ ... ]"

Professora SÜSSEKIND que 'o legislador não disse tudo quanto pretendia dizer,
mas a lei deve ser aplicada de acordo com os fins sociais a que se dirige. Para que
se configure, entretanto, a hipótese nele [§ 2º, do artigo 2º, da CLT] prevista não é
indispensável a existência de uma sociedade controladora' (SÜSSEKIND, Arnaldo,
MARANHÃO, Délio, VIANNA, Segadas e TEIXEIRA, Lima, Instituições de
Direito do Trabalho, vol 1, São Paulo: Ltr, 21 1 ed., 2003). Noto, ainda, que a
expressão 'mesmo guardando cada uma a sua autonomia' exposta no § 2º, do artigo
3º, da Lei 5.889173, veio, três décadas depois, corroborar a noção de relação de
coordenação para caracterização do grupo econômico.

É público e notório que houve entre as reclamadas atividades de coordenação


capazes de configurar o grupo econômico, porque evidente a utilidade para a
recuperação judicial da Varig S.A. - Viação Aérea Rio-grandense, uma vez que se
isso não tivesse ocorrido, as operações desta última teriam parado.

Em resumo, a Varig Logística S.A. constituía grupo econômico com a Viação Aérea
Rio-grandense. Porque originariamente pertencente àquela, só pôde participar do
leilão após ter sido adquirida pela Volo do Brasil S.A. Também porque não tinham
como objeto o transporte de passageiros, utilizaram-se da Aéreo Transportes Aéreos
S.A. (atual VRG Linhas Aéreas S.A., nome dado àquela no dia seguinte à
realização do leilão), a única participante do leilão. Afora a evidente formação de
grupo econômico, seja formal por controle, seja fático por coordenação, a teia
formada pelas empresas confunde até mesmo os mais interessados (os
trabalhadores). A experiência dá conta de que uns postulam o reconhecimento da
sucessão pela Varig Logística S.A.; outros, pela VRG Linhas Aéreas S.A. Pouco
importa, tendo em vista o objetivo único da intrincada engenharia empresarial.

Após a aquisição da unidade produtiva da antiga Varig, a Varig Logística S.A. e a


VDB Investimentos S.A. (então Volo do Brasil S.A.) alienaram a totalidade de suas
ações emitidas pela VRG Linhas Aéreas S.A. para GTI S.A., empresa controlada
pela Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. Em outras palavras, a Gol Linhas Aéreas
Inteligentes S.A. atraiu a responsabilidade patrimonial das empresas adquiridas e,
por consequência, a das empresas àquelas coligadas, de todas as empresas que com
elas formavam grupo econômico (no caso, Varig Logística S.A., VDB
Investimentos S.A. e S.A. Viação Aérea Rio-grandense). Isso só não aconteceria
acaso solvente ou idônea economicamente tais empresas, o que, evidentemente, não
é o caso da S.A. Viação Aérea Rio-grandense. Logo, não incidem, aqui, os termos
da Orientação Jurisprudencial 411 da SDI-I do C. TST, verbis:

SUCESSÃO TRABALHISTA. AQUISIÇÃO DE EMPRESA PERTENCENTE A


GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SUCESSOR POR
DÉBITOS TRABALHISTAS DE EMPRESA NÃO ADQUIRIDA. INEXISTÊNCIA. O
sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não
adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à
época, a empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente,
ressalvada a hipótese de má-fé ou fraude na sucessão.

(...) (fls.1426 -1441).

As reclamadas se insurgem contra a condenação solidária


e declaração de formação de grupo econômico, sustentando

que a alienação judicial no caso da compra pelas


agravantes da Unidade Produtiva da Varig - UPV - está

livre de quaisquer ônus. Alegam que a única empresa com


legitimidade passiva é a VARIG S/A, para quem trabalhou

a autora, sua real devedora, esclarecendo que os


créditos trabalhistas serão quitados pela VARIG S/A,

como previsto no plano de recuperação judicial aprovado


em assembleia de credores.

Invocam a decisão do STF na ADIN 3.934-2 em apoio a sua

tese. Indicam afronta aos arts. 8º, III, da Constituição


Federal; 2º, § 2º, 10 e 448 da CLT; 267, VI, e 334, I,

do CPC/1973; 26, 35, 37, § 5º, 47, 60, parágrafo único,


141, II e § 1º, 143 e 145, § 2º, da Lei 11.101/2005; e

2º, §§ º e 2º, da LINDB. Transcrevem arestos.

Pois bem.
O Tribunal Regional, valorando a prova, manteve a
condenação solidária das reclamadas GOL LINHAS AÉREAS

INTELIGENTES S.A. e da VRG LINHAS AÉREAS S.A. com


relação aos créditos trabalhistas devidos ao autor, ao
concluir pela formação de grupo econômico decorrente da

arrematação em leilão judicial da Unidade Produtiva


Varig - UPV.

Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, ainda que

haja o reconhecimento do grupo econômico, não subsiste a


responsabilidade solidária das arrematantes da Unidade

Produtiva Varig - UPV, na linha do julgamento da ADI


3.934/DF pelo STF, nos moldes do art. 60, parágrafo

único, da Lei 11.101/2005.

Cito precedentes:

[...] RECURSO DE REVISTA DAS RECLAMADAS, VRG LINHAS AÉREAS S.A. E


OUTRA.- TEMAS REMANESCENTES. [...] EMPRESA EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. AQUISIÇÃO DE UNIDADE PRODUTIVA POR MEIO DE HASTA
PÚBLICA. SUCESSÃO TRABALHISTA. GRUPO ECONÔMICO.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. De acordo com o artigo 60, parágrafo único,
da Lei nº 11.101/2005, na recuperação judicial, o objeto da alienação estará livre
de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do
devedor. Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal, na ADI nº 3.934/DF (Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, DJ de 6/11/2009), interpretando a exegese do
dispositivo legal mencionado, concluiu que a alienação de empresa em processo de
recuperação judicial não acarreta a sucessão pela arrematante. In casu, o Tribunal
Regional registrou que houve arrematação da Unidade Produtiva Varig por meio
da alienação judicial realizada na recuperação judicial da primeira reclamada.
Entretanto, concluiu que as empresas reclamadas pertenciam ao mesmo grupo
econômico, de modo que a recorrente deveria responder de forma solidária.
Contudo, nos termos do artigo 60, parágrafo único, da Lei nº 11.101/2005 e em
conformidade com a citada decisão do Supremo Tribunal Federal, a alienação de
empresa em processo de recuperação judicial não acarreta a responsabilidade
solidária da recorrente. Assim, ausente a sucessão trabalhista, as recorrentes não
podem figurar no polo passivo da demanda, devendo ser afastada sua
responsabilização, na medida em que, não havendo sucessão trabalhista, descabe
responsabilizar as recorrentes com base na existência de grupo econômico,
mormente porque o objeto da alienação ocorrida em fase de recuperação judicial,
por força da mencionada lei e da interpretação que lhe empresta o Superior
Tribunal Federal, estará livre de qualquer ônus. Recurso de revista conhecido e
provido neste particular. ( ARR - 99700-86.2008.5.01.0010 , Relator Ministro: José
Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 07/10/2015, 2ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 16/10/2015)"

I. AGRAVO DE INSTRUMENTO DAS EMPRESAS VARIG LOGÍSTICA S/A (EM


RECUPERAÇÃO JUDICIAL) E VOLO DO BRASIL S/A. NÃO REGIDO PELA LEI
13.015/2014. [...] 2. MATÉRIA COMUM. ALIENAÇÃO JUDICIAL DA UNIDADE
PRODUTIVA DE EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ARTIGO 60,
PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 11.101/2005. SUCESSÃO TRABALHISTA. GRUPO
ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Caso em que o Tribunal
Regional, diante da configuração de grupo econômico, declarou a
responsabilidade solidária das adquirentes da unidade produtiva de empresa em
recuperação judicial pelo adimplemento das verbas trabalhistas. Dispõe o artigo
60, parágrafo único, da Lei 11.101/2005 que"o objeto da alienação estará livre de
qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor,
inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta
Lei". Com efeito, o Supremo Tribunal Federal, a partir do julgamento da Ação
Direta de Inconstitucionalidade 3.934/DF, de Relatoria do Excelentíssimo Ministro
Ricardo Lewandowski, na qual declarada a constitucionalidade dos artigos 60,
parágrafo único, e 141, II, da Lei 11.101/2005, firmou jurisprudência no sentido de
que não haverá sucessão trabalhista na hipótese de aquisição judicial de unidades
produtivas de empresas em recuperação judicial. Assentou o STF, ainda, que as
adquirentes dessas unidades produtivas não serão responsabilizadas por eventuais
débitos trabalhistas (Recurso Extraordinário 583.955/RJ; Tribunal Pleno; Relator
Ministro Ricardo Lewandowski; DJ de 28/08/2009).Nessa esteira, esta Corte tem
firmado jurisprudência no sentido de que, ainda que haja o reconhecimento do
grupo econômico, não haverá a responsabilidade solidária da adquirente da
unidade produtiva. Assim, o Tribunal Regional, ao declarar a responsabilidade
solidária da GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES S/A. e daVRG LINHAS
AÉREAS S.A., em face da existência de grupo econômico entre as Demandadas,
violou o artigo 60, parágrafo único da Lei 11.101/2005.Prejudicada a análise do
tema remanescente. Recurso de revista conhecido e provido. ( ARR - 9400-
62.2008.5.01.0080, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de
Julgamento: 15/06/2016, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/06/2016)

Pelo exposto, conheço do recurso de revista por violação


do artigo 60, parágrafo único, da Lei 11.101/2005.

2.2) Mérito

Conhecido o apelo por violação do artigo 60, parágrafo


único, da Lei 11.101/2005, dou-lhe provimento para,

reformando o acórdão regional, afastar o reconhecimento


da responsabilidade solidária das recorrentes e,
consequentemente, excluí-las do polo passivo da demanda.
Prejudicada a análise dos demais temas do recurso.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade: I - negar

provimento ao agravo de instrumento da Massa Falida da


Viação Aérea Riograndense S.A. e I - conhecer do recurso
de revista quanto ao tema"GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES
S.A. E VRG LINHAS AÉREAS S.A. ARREMATAÇÃO JUDICIAL DA

UNIDADE PRODUTIVA VARIG - UPV. RESPONSABILIDADE


SOLIDÁRIA. FORMAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO", por violação ao
artigo 60, parágrafo único, da Lei 11.101/2005, e, no
mérito, dar-lhe provimento para, reformando o acórdão

regional, afastar o reconhecimento da responsabilidade


solidária das recorrentes e, consequentemente, excluí-
las do polo passivo da demanda. Prejudicada a análise
dos demais temas do recurso.

Brasília, 18 de junho de 2019.


Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

MARIA HELENA MALLMANN

Ministra Relatora

fls.

PROCESSO Nº TST- ARR-105800-58.2008.5.01.0042

Firmado por assinatura digital em 19/06/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do

Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas

Brasileira.

Disponível em: https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/723753270/arr-


1058005820085010042/inteiro-teor-723753310

Informações relacionadas

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região


Jurisprudência • há 3 anos

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região TRT-1 - RECURSO


ORDINÁRIO: RO 01010959320175010044 RJ
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DE TRABALHO. FALÊNCIA DA RECLAMADA.
Tendo a reclamante cumprido os requisitos para o reconhecimento da estabilidade
provisória acidentária, afastamento por 15 dias e a percepção de auxílio-doença
acidentário, forçoso o reconhecimento do período estabilitário, qual seja, de
05/04/2017 a …
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região
Jurisprudência • há 12 anos

Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região TRT-4 - Recurso


Ordinário: RO 018XXXX-46.2006.5.04.0201
ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. FALÊNCIA.
A falência da empresa não impede a
deferimento da indenização substitutiva decorrente da estabilidade acidentária,
prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/91.

Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região


Jurisprudência • há 3 anos

Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região TRT-19 - RECURSO


ORDINÁRIO: RO 000XXXX-64.2017.5.19.0001 000XXXX-
64.2017.5.19.0001
EMENTA RECURSO ORDINÁRIO EMPRESARIAL. DOENÇA GRAVE. SUSPENSÃO
CONTRATUAL. FALÊNCIA DO EMPREGADOR. MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE.
CONSTATANDO-SE QUE A ORDEM DE MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE DE
EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE AMPARA-SE NA SUSPENSÃO DO
CONTRATO DE TRABALHO, DEVE SER MANTIDA A SENTENÇA QUE ASSEGUROU A …

Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região


Jurisprudência • há 3 anos

Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região TRT-4 - Recurso


Ordinário Trabalhista: ROT 002XXXX-03.2018.5.04.0384
RECURSO DA RECLAMANTE. APLICAÇÃO DAS MULTAS DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT.
MASSA FALIDA.
Aplica-se, na hipótese em que a empresa teve sua falência decretada
anteriormente à extinção do contrato de trabalho, a orientação contida na Súmula
388 do TST, segundo a qual a Massa Falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e
nem …

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região


Jurisprudência • há 7 meses

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região TRT-1 - Agravo de


Petição: AP 01007303420195010023 RJ
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EXECUÇÃO. DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
A competência da Justiça do Trabalho
subsiste à decretação da falência do réu empregador, até a fixação do quantum
debeatur, conforme expressa disposição contida no §2º do art. 6º da Lei 11.101/2005,
não comportando …
Jusbrasil
Sobre nós

Ajuda

Newsletter

Cadastre-se

Para todas as pessoas


Artigos

Notícias

Encontre uma pessoa advogada

Consulta processual

Para profissionais
Jurisprudência

Doutrina

Diários Oficiais

Peças

Modelos

Legislação

Seja assinante

API Jusbrasil
Transparência
Termos de Uso

Política de Privacidade

Proteção de Dados

A sua principal fonte de informação jurídica. © 2022 Jusbrasil. Todos


os direitos reservados.
   

Você também pode gostar