Você está na página 1de 11

Excelentíssimo Juízo do Trabalho da 2ª Vara do Trabalho

Santa Maria – Rio Grande do Sul

RECLAMATÓRIA Nº 7

PAULO, já qualificado nos autos da RECLAMATÓRIA


TRABALHISTA, que move em face de LOGISTICA RS, vem, por sua
procuradora abaixo assinada, respeitosamente, à presença desse Juízo,
apresentar, tempestivamente,

CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

interposto pelo Reclamado, o que faz com amparo nas


razões em anexo, requerendo sejam as mesmas recebidas e encaminhadas a
superior instância, após os trâmites legais.

Nestes termos
Pede e espera
DEFERIMENTO.

Santa Maria, RS, 29 de novembro de 2022.

ADV xxxxxxxx

OAB-RS xxxx

1
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

CONTRARRAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO

RECORRENTE/RECLAMADO: PAULO

RECORRIDO/RECLAMANTE: LOGISTICA RS

Reclamatória Trabalhista: 07 - 2ª Vara do Trabalho - Santa Maria/RS

Eméritos Julgadores

Insurge-se o Recorrente (Reclamado) contra a decisão


proferida pelo juízo a quo, que lhe condenou a reversão da justa causa e em
indenização substitutiva correspondente ao período de estabilidade,
reconhecendo a estabilidade acidentária. Também, CONDENOU a reclamada
ao pagamento das verbas rescisórias, pagamento das contribuições
previdenciárias e pagamento de 10% por cento em honorários, tudo
devidamente comprovado e documentado, não se tratando de sentença partindo
de premissas equivocadas, como se verá a seguir.

2
I. DO MÉRITO RECURSAL

1. DA ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA

É fato que o acidente ocorreu, conforme documentos e alegações feitas


pela própria recorrente. Assim como é fato que o recorrido tem DIREITO ao
período de estabilidade de 1 (um) após ser reintegrado ao trabalho.

A recorrente nega a estabilidade sobre o pretexto argumento que o


acidente ocorreu por culpa do recorrido, fato que ao longo de toda a instrução
não conseguiu demonstrar de forma inconteste.

Ainda, mantem a mesma narrativa no recurso, ora contrarrazoado, que


o acidente foi por culpa do recorrido que não revisou o caminhão, sendo que,
incumbi a empresa prestar manutenção, conforme (pág. 2)

“o acidente causado foi de responsabilidade do


recorrido, e esse fato se deu pela falta de atenção e/ou
descuido de sua parte em revisar se tudo estava nos
conformes antes da partida com o caminhão” (grifei)

JUSTA CAUSA. A prova da justa causa deve ser


robusta e indubitável no que respeita aos fatos
ensejadores da motivação da despedida. Hipótese em
que os fatos alegados não correspondem ao
enquadramento proposto na despedida. Conversão da
despedida por justa causa em despedida sem justo
motivo. (TRT-4, 3ª Turma, 0021258-47.2016.5.04.0009
ROT, CARMEN IZABEL CENTENA GONZALEZ -
Relator(a), em 13/05/2021) (grifei)

A lei 8213/91 no Art. 118 afirma o direito invocado:

3
“O segurado que sofreu acidente do trabalho tem
garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a
manutenção do seu contrato de trabalho na empresa,
após a cessação do auxílio-doença acidentário,
independentemente de percepção de auxílio-acidente”
(grifei)

No mesmo sentido é a jurisprudência do TST:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E
ANTERIOR À LEI 13.467/2017. DOENÇA
OCUPACIONAL. ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. Para a
concessão da estabilidade provisória advinda de acidente
de trabalho ou doença ocupacional a ele equiparada, não
é necessário que tenha havido o afastamento superior a 15
dias e a percepção do auxílio-doença acidentário, quando
demonstrado que o acidente ou doença guarda relação de
causalidade com a execução do pacto laboral, segundo a
jurisprudência desta Corte (Súmula 378, II/TST). No caso
concreto, foi consignado no acórdão regional que "é de se
observar ser aplicável ao caso o artigo 118 da Lei n.
8213/91, pois a autora é detentora de estabilidade
provisória até um ano após alta médica, que ocorreu em
27/07/2015". Assim, tendo como presentes os requisitos
que ensejam o reconhecimento de que a Reclamante, à
época da sua dispensa, preenchia as condições
previstas no artigo 118 da Lei n º 8.213/91, deve ser
reconhecida a estabilidade provisória pleiteada, nos
moldes constantes no acórdão recorrido. Agravo de

4
instrumento desprovido. (TST, AIRR - 12196-
34.2015.5.15.0066, Relator Ministro: Mauricio Godinho
Delgado, Data de Julgamento: 18/12/2019, 3ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 07/01/2020) (grifei)

Entendimento jurisprudencial do TRT4:

ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. NEXO DE


CONCAUSALIDADE. Diante do reconhecimento da
doença ocupacional e do nexo de concausalidade, faz jus
o trabalhador à estabilidade acidentária prevista no art. 118
da Lei nº 8.213/91. A ausência de recebimento do auxílio-
doença acidentário não possui o condão de afastar a
mencionada estabilidade. (TRT-4, 8ª Turma, 0020808-
08.2020.5.04.0028 ROT, MARCELO JOSE FERLIN
D'AMBROSO - Relator(a), em 22/10/2021) (GRIFEI)

AUXÍLIO DOENÇA ACIDENTÁRIO (ESPÉCIE B91).


FRUIÇÃO COMPROVADA POR MAIS DE 15 DIAS.
GARANTIA DE EMPREGO CARACTERIZADA.
Comprovada a fruição de auxílio doença acidentário
(espécie B91) pelo trabalhador, por mais de 15 dias, faz jus
o empregado à estabilidade provisória no emprego prevista
no art. 118 da Lei 8.213/91, sendo devida a indenização
correspondente ao período de garantia de emprego.
(TRT-4, 4ª Turma, 0020856-13.2019.5.04.0024 ROT,
JOAO PAULO LUCENA - Relator(a), em 27/05/2021)
(grifei)

5
Assim, demostrado está que o trabalhador, apesar da irresignação da
recorrente, tem direito as verbas referentes a indenização substitutiva, que
corresponde ao período de estabilidade que foi indevidamente demitido por justa
causa.

2. DAS VERBAS RECISÓRIAS

A demissão do recorrido, conforme já demostrado, por justa causa, foi


indevida, já que não restou demonstrado de forma irrefutável qualquer causa que
pudesse justificar a medida tomada pela empresa.

Deste modo, conforme decisão do juiz da primeira grua, O RECORRIDO,


faz jus ao recebimento de todas as verbas rescisórias consoante a demissão
sem justa causa.

Diz a sentença em relação as verbas as quais o recorrido tem direito


(pág. 3):

“CONDENO a reclamada ao pagamento das verbas


rescisórias que incluem aviso prévio indenizado, saldo de
salário, férias vencidas, férias proporcionais, décimo
terceiro, salário proporcional, a juntada do FGTS
correspondente a todo o período de trabalho, incluindo a
multa de 40% por cento do FGTS”. (sublinhei)

Em relação a conversão da demissão com justa para sem justa causa


no entendimento do TRT4:

J RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE.


REVERSÃO DO PEDIDO DE DEMISSÃO. VERBAS
RESCISÓRIAS. ARTIGOS 467 E 477 DA CLT. Hipótese

6
em que demonstrado o vício de vontade na iniciativa da
reclamante para a ruptura da relação de emprego. Tem-se
por nulo o pedido de demissão efetuado, revertendo-se o
pedido de demissão para dispensa imotivada por
iniciativa da empregadora (despedida sem justa
causa), em 01/03/2018, com o pagamento das
rescisórias. (TRT-4, 8ª Turma, 0020606-
07.2019.5.04.0015 ROT, LUIZ ALBERTO DE VARGAS -
Relator(a), em 05/10/2020) (grifei)

Melhor explanação pode-se verificar na jurisprudência do TST:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE. 1.
NULIDADE DO JULGADO POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 2. REINTEGRAÇÃO.
ESTABILIDADE. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E
MATERIAIS. (...) 2. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT.
REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. A legislação prevê o
pagamento de diferentes parcelas a depender da
modalidade do término contratual, havendo substancial
diferença entre as verbas rescisórias devidas nas
dispensas sem justa causa e por justa causa. No caso da
justa causa, o trabalhador faz jus tão somente às parcelas
porventura vencidas e ao saldo de salário, deixando de
receber diversas verbas trabalhistas, como 13º salário,
férias proporcionais e multa de 40% do FGTS. Assim, esta
Corte Superior entende que a reversão da justa causa
em juízo não impede a incidência da multa do art. 477,
§ 8º, da CLT, uma vez que o empregador suprimiu

7
unilateralmente o pagamento de significativas verbas
rescisórias, devendo arcar com as consequências da
aplicação equivocada da dispensa por justa causa.
Precedente da SDI-1/TST. Recurso de revista conhecido e
provido. (TST, ARR - 2122-28.2014.5.09.0128, Relatora
Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento:
06/11/2019, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
08/11/2019) (grifei)

Ainda, na peça inicial foi pedido pela reclamante o pagamento de multa


nos termos do art. 477, § 8º da CLT, sendo este ponto não abordado na sentença
e nem contestado pela outra parte. Assim, a parte recorrida reitera o pedido a
que tem direito referente a multa em caso de descumprimento da quitação das
verbas rescisórias, sendo estas não cumpridas pelo recorrente.

I - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA SOB A


REGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. MULTA DO ART. 477, §
8.º, DA CLT. CONVERSÃO JUDICIAL DA DISPENSA POR
JUSTA CAUSA EM DISPENSA SEM JUSTA CAUSA.
DEVIDA. A multa prevista no art. 477, § 8.º, da CLT é
devida ao empregado quando o empregador deixa de
cumprir o prazo para o pagamento das verbas
rescisórias previsto no § 6.º do art. 477 da CLT, exceto
se o trabalhador der causa à mora. A referida multa é
devida, pois, nas situações de reversão judicial da
dispensa por justa causa em dispensa sem justa causa.
Isso porque o rompimento da relação empregatícia, no
caso de dispensa por justa causa, suprime diversas verbas,
que são devidas em razão da reversão judicial da dispensa
sem justa causa. Precedentes. Recurso de revista não
conhecido. (TST, RR - 1408-25.2012.5.04.0016, Relatora
Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento:

8
10/05/2017, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
19/05/2017) (grifei)

Sendo assim, a requer o recorrido o pagamento de todas as verbas


rescisórias, sem prejuízo da multo em caso de descumprimento do pagamento
após deferido por este juízo.

3. DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDÊNCIARIAS

Seguindo o entendimento de que o contrato de trabalho rescindido sem


justo motivo, tem direito o recorrido as verbas previdenciárias.

Este é o entendimento do juiz de primeiro grau, que condenou o


recorrente ao pagamento das verbas referentes a previdência. O juiz ainda
observou que este ponto foi declinado na reclamatória, e que nem uma objeção
foi imposta pelo recorrente nesta questão.

Sendo assim, o recorrido requer que seja mantido o entendimento do


juiz de primeiro grau em relação as verbas previdenciárias.

4. DO PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

A recorrente manifestou contrariedade em relação aos honorários de


sucumbência arbitrados pelo juiz de primeiro grau no percentual de 10%. A parte
recorrida argui que a lei 5.584/70 continua vigente, explicamos a parte contrária
que o presente processo se dá em data posterior a Lei nº 13.467, de 2017 e que
deste modo se aplica o Art. 791-A da CLT.

É direito do advogado os honorários de sucumbência. Nos termos do Art.


791-A do CLT:

”Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão


devidos honorários de sucumbência, fixados entre o

9
mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15%
(quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa”.

HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. VIGÊNCIA DA LEI


13.467/2017. ART. 791-A DA CLT. Não se aplica o art.
791-A, com a redação instituída pela Lei nº 13.467/17,
às demandas propostas anteriormente à vigência da
referida Lei. (...). (TRT-4, 1ª Turma, 0021557-
67.2016.5.04.0027 ROT, FABIANO HOLZ BESERRA -
Relator(a), em 23/05/2019) (grifei)

Deste modo, justo é que seja mantido os honorários de sucumbência em


desfavor da parte recorrente.

Dado todo exposto, deve ver mantido entendimento declinado na


sentença “a quo” para fazer valer o direito do Recorrido quanto a estabilidade
acidentária, as verbas rescisórias, as contribuições previdenciárias e os
honorários de sucumbência, conforme supra esclarecido.

III. DOS REQUERIMENTOS

Face aos fundamentos acima, REQUER que seja estas


contrarrazões recebidas em sua integralidade, como medida de Justiça, para:

a) o não conhecimento do Recurso Ordinário interposto


pela LOGISTICA RS;

10
b) caso o referido Recurso Ordinário seja conhecido, lhe
seja negado provimento.

c) que seja o recorrente condenado ao pagamento da


indenização substitutiva correspondente ao período de estabilidade que o
recorrido foi indevidamente demitido por justa causa.

d) que sejam pagas todas as verbas rescisórias, sem


prejuízo de multa em caso de descumprimento do pagamento.

c) que seja mantido o entendimento do juiz de primeiro grau


em relação as verbas previdenciárias.

d) que sejam mantidos os honorários de sucumbência em


desfavor da parte recorrente.

Nestes Termos, Pede e Espera

DEFERIMENTO.

Santa Maria, RS, 29 de novembro de 2022.

ADV xxxxxxxx

OAB-RS xxxx

11

Você também pode gostar