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SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO – SFH
ASPECTOS GERAIS
Na década de 1950, observou-se no Brasil uma migração das pessoas do campo para as
cidades, principalmente devido a industrialização nas grandes metrópoles brasileiras. Com a
urbanização acelerada, as cidades tiveram um crescimento populacional sem que houvesse estrutura
de moradia adequada, intensificando o movimento periférico de favelas.
O financiamento habitacional era caro e não possuía regulamentação específica. A partir
disso, o Governo criou um sistema que facilitasse o acesso da população a financiamentos
imobiliários mais baratos e a longo prazo, principalmente para as pessoas de baixa renda, utilizando
os recursos depositados em poupança.
Assim, em 1964, foi criado o Sistema Financeiro da Habitação pela Lei nº 4.380.
A lei criou ainda o Banco Nacional da Habitação, que ficou responsável pela centralização
e disciplina das normas de habitação do país, além da correção monetária, que terminou de
viabilizar o oferecimento de financiamentos mais baratos.
Logo após, em 1966, outra lei muito importante para o desenvolvimento habitacional
urbano no Brasil foi editada, de nº 5.107, que trouxe para o ordenamento jurídico brasileiro o
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), permitindo que o trabalhador utilizasse os
recursos, dentre outros, para aquisição e construção da casa própria, além de, assim como a
poupança, servir de recursos para aplicação na atividade da construção civil por meio de concessão
de financiamento aos incorporadores e adquirentes das unidades habitacionais, junto com o
surgimento das Sociedades de Crédito Imobiliário e as Associações de Poupança e Empréstimo,
formando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo – SBPE.
Porém, com a crise econômica vivida pelo país na década de 1980, o financiamento
imobiliário precisou passar por reformulação e, em 1986, o Decreto-lei 2.291 extinguiu o BNH,
distribuindo suas atribuições entre o Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
(MDU), o Conselho Monetário Nacional (CMN), Banco Central (Bacen) e a Caixa Econômica
Federal (CEF).
O CMN ficou com a responsabilidade de editar as normas gerais do SFH, o Bacen de
fiscalizar a aplicação e a CEF como agente operador do FGTS.
INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS
Nem todos os agentes que compõem o Sistema Financeiro Nacional estão autorizados e
atuar no SFH.
Atuar no SFH significa poder realizar operações de financiamento habitacional de acordo
com as regras definidas para o SFH, ser agente financeiro do FGTS para captar recursos junto ao
Fundo e aplicar em financiamentos habitacionais, efetuar saques nas contas vinculadas dos cotistas
para utilização etc.
Quem pode atuar no âmbito do SFH:
• Bancos múltiplos;
• Bancos comerciais;
• Caixas econômicas;
• Sociedades de Crédito Imobiliário;
• Associações de Poupança e Empréstimo;
• Companhias Hipotecárias;
• Fundações e cooperativas habitacionais;
• Caixas Militares;
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• Entidades Abertas de Previdência Complementar;
• Entidades Fechadas de Previdência Complementar;
• Companhias Securitizadoras de crédito imobiliário;
• Cooperativas de Crédito;
• Centrais Cooperativas de Crédito;
• Outras instituições autorizadas pelo CMN;
• Outras Instituições Financeiras autorizadas pelo Bacen.
Apesar de todos os agentes acima descritos poderem atuar no SFH, nem todos podem
captar recursos de poupança, a exemplo das Companhas Securitizadoras de Créditos Imobiliários,
Companhias Hipotecárias, Entidades de Previdência Complementar.
Para essas entidades, a autorização de atuar no SFH significa possibilitar a realização de
saques nas contas vinculadas do FGTS de seus mutuários, viabilizando muitas vezes a realização
do financiamento.
Podem captar poupança:
• Bancos múltiplos com carteira de crédito imobiliário;
• Caixas econômicas;
• Sociedades de crédito imobiliário;
• Associações de poupança e empréstimo.
Além disso, deve respeitar o enquadramento, de acordo com a origem dos recursos
aplicados: poupança ou FGTS.
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• Deve ser contrato os seguros de Morte e Invalidez Permanente – MIP e o de Dano
Físico ao Imóvel – DFI; Responsabilidade Civil do Construtor – RCC, se for
concedido financiamento para construção do imóvel);
• Atualização monetária de acordo com o contrato;
• Permitida a capitalização de juros.
Poupança
A poupança é considerada uma forma de investimento. Surgiu com o Imperador Dom
Pedro II, em 1861, concebida para captar recursos da população mais pobre, oferecendo um
rendimento de 6% ao ano, e com a certeza de que poderia ter seu valor devolvido quando quisesse.
Hoje, não é mais o governo propriamente dito que capta a poupança, mas os bancos, com
a finalidade de aplicação de acordo com as normas do Bacen, que também regula o valor de
remuneração, ou seja, todos os bancos praticam a mesma taxa de juros para remuneração da
poupança.
Até abril de 2012, a remuneração da popança era de 0,5% ao mês + TR. Com a entrada em
vigor da Medida Provisória 567, a remuneração da poupança ficou da seguinte maneira:
• Quando a taxa de juros estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança
será fixo: 0,5% ao mês mais a taxa referencial (TR).
• Quando a taxa de juros estiver abaixo ou igual a 8,5% ao ano, a poupança rende
70% da Selic mais a TR.
Há pouca burocracia para abertura de uma conta poupança, pois não há cobrança de taxas
bancárias, não há incidência de IOF, nem imposto de renda para as pessoas físicas e para as
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entidades sem fins lucrativos (pessoa jurídica a alíquota do IR é de 22,5% sobre o rendimento),
além de possuir liquidez diária.
O rendimento segue uma regra chamada de “dia de aniversário”. A partir dessa data é que
é possível verificar o rendimento dos valores. Para as pessoas físicas, há rendimento a partir do
primeiro mês de permanência do valor na poupança, após a data de aniversário, e para as pessoas
jurídicas, após 3 meses.
Além disso, a poupança tem garantia de até R$ 250 mil, por depositante, realizada pelo
Fundo Garantidor de Créditos.
Os entes autorizados a captar poupança devem destinar 65% dos recursos a operações
ligadas ao SBPE, 20% deve ser recolhido ao Bacen e os 15% é de livre movimentação. Dos 65%
destinados ao SBPE, no mínimo 80% deve ser destinado a operações contratadas no âmbito do
SFH, e até 20% em operações fora do SFH.
20% 80%
65%
20%
15%
Os percentuais de direcionamento têm como base de cálculo o menor dos seguintes valores,
em dias úteis:
• Média aritmética dos saldos diários dos depósitos de poupança nos 12 MESES
antecedentes ao mês de referência, ou
• Média aritmética dos saldos diários dos depósitos de poupança do mês de referência
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❖ Poupança Rural
Na década de 1980, o Governo Federal buscava ampliar a concessão de crédito rural e, para
isso, criou a poupança Rural, estabelecendo agentes específicos para atuarem no ramo, como o
Banco do Brasil, Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia.
Atualmente, são autorizados a captar recursos em poupança rural o Banco do Brasil, Sicredi
e o Bancoob.
O objetivo da poupança rural é a captação de recursos (funding) para aplicação em operações
de crédito rural e, assim como a poupança comum, são garantidas em até R$ 250 mil, pelo FGC /
FGCoop.
Os entes autorizados a captar poupança rural devem destinar 90% do que foi captado,
necessariamente, para o crédito rural e até 10% para o financiamento imobiliário.
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6. Amortizações/Liquidação: conforme pactuado com a Caixa (geralmente de
acordo com cronograma de reembolso pelos mutuários finais).
❖ Letra Hipotecária2
A Letra Hipotecária (LH) é um título de dívida garantidos por créditos de primeira hipoteca,
ou seja, uma espécie de empréstimo que a instituição financeira toma do investidor, em troca de
uma remuneração sobre o valor investido, que pode ser pré-fixada ou pós-fixada, com prazos entre
6 meses e 30 anos.
Podem ser emitidas por Instituições Financeiras autorizadas a conceder créditos
hipotecários, ou seja, Caixa Econômica Federal, Bancos Múltiplos com Carteira de Crédito
Imobiliário, Associações de Poupança e Empréstimo, Sociedades de Crédito Imobiliário e
Companhias Hipotecárias. Esse título é garantido por créditos hipotecários de primeira hipoteca.
A aplicação é isenta de Imposto de Renda (IR) para as pessoas físicas e o resgate antecipado
somente poderá ser realizado depois de transcorrido o prazo de seis meses da emissão.
1 Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004 - Dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, Letra
de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Bancário, altera o Decreto-Lei no 911, de 1o
de outubro de 1969, as Leis no 4.591, de 16 de dezembro de 1964, no 4.728, de 14 de julho de 1965, e no 10.406, de
10 de janeiro de 2002, e dá outras providências.
2 Lei nº 7.684, de 2 de dezembro de 1988 - Estabelece as condições para emissão de Letras Hipotecárias.
3 Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997 – Dispõe sobre o Sistema de Financiamento Imobiliário, institui a alienação
❖ Cédula Hipotecária4
É um título de crédito nominativo lastreado por contratos de empréstimos com garantia
hipotecária, com exceção do crédito rural, isenta de IR para pessoas físicas.
Título garantido por créditos Créditos hipotecários e garantia Lei 7.684, de Há controvérsias, prevalece entendimento do
Letra Hipotecária (LH) Isento para PF
hipotecários fidejussória adicional 12/02/1988 BACEN, sob consulta
Título representativo de créditos Lei 10.931, de
Cédula de Crédito Imobiliário (CCI) Créditos imobiliários Isento para PF SIM (Art. 18, da Lei 10.931/2004)
imobiliários 02/08/2004
Título garantido por créditos Créditos imobiliários e garantia Lei 10.931, de Somente se autorizadas expressamente pelo
Letra de Crédito Imobiliário (LCI) Isento para PF
imobiliários fidejussória adicional 02/0/2004 BACEN (Art. 12, da Lei 10.931/2004)
Lei 13.097, de
Créditos imobiliários em regime
Título garantido por créditos 19/01/2015 NÃO (Art. 2º, da Resolução CMN 4.598, em que
Letra Imobiliária Garantida (LIG) fiduciário e garantia fidejussória Isento para PF
imobiliários, sob regime fiduciário Resolução CMN 4.598, pese o art. 64, da Lei 13.097/2017)
adicional
de 29/08/2017
Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964 – Institui a correção monetária nos contratos imobiliários de
interesse social, o sistema financeiro para aquisição da casa própria, cria o Banco Nacional da
Habitação (BNH), e Sociedades de Crédito Imobiliário, as Letras Imobiliárias, o Serviço Federal
de Habitação e Urbanismo e dá outras providências.
Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986 – Define os crimes contra o sistema financeiro nacional, e dá
outras providências.
Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009 – Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida –
PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas; altera o
Decreto-Lei no 3.365, de 21 de junho de 1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de 1964, 6.015,
de 31 de dezembro de 1973, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 10.257, de 10 de julho de 2001, e a
Medida Provisória no 2.197-43, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.
Resolução CMN nº 4.598, de 29 de agosto de 2017 – Dispõe sobre a emissão de Letras Imobiliárias
Garantidas por parte das instituições financeiras que especifica.