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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

CONDOMÍNIO SHOPPING CENTER D, inscrito no CNPJ sob o nº.


00.087.900/0001-18, com sede na Avenida Cruzeiro do Sul, nº. 1.100, Canindé, na
cidade de São Paulo, estado de São Paulo, CEP 03033-020, por seus advogados
regularmente constituídos, endereço eletrônico contencioso@ksalaw.com.br, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 1.015,
parágrafo único, do Código de Processo Civil, interpor o presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO

em face da r. decisão de fl. 1.218, proferida pelo MM. Juízo da 14ª Vara Cível do Foro
Central da Comarca de São Paulo/SP, nos autos do incidente de Cumprimento de
Sentença nº. 0032095-45.2021.8.26.0100 proposto em face de ADM COMÉRCIO DE
ROUPAS LTDA., ÁLVARO JABUR MALUF JÚNIOR e CARINA SIGGIA GANDRA MALUF,
pelas razões a seguir expostas.

1
O AGRAVANTE informa que realizou o pagamento da taxa judiciária
referente ao preparo recursal, conforme comprovante anexo.

Desde já, requer que todas as intimações relativas ao presente recurso


sejam publicadas exclusivamente em nome de Matheus Garrido de O. Kabbach, inscrito
na OAB/SP sob o nº. 274.361, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 23 de novembro de 2023.

MATHEUS GARRIDO DE O. KABBACH


OAB/SP Nº. 274.361

MARIANA MORAES GARCIA


OAB/SP Nº. 401.370

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PEÇAS QUE INSTRUEM O PRESENTE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Este recurso é instruído com cópia integral do incidente de cumprimento de sentença


nº. 0032095-45.2021.8.26.0100, em trâmite perante a 14ª Vara Cível do Foro Central da
Comarca de São Paulo/SP (“Cumprimento de Sentença”) (documento 1), e daquelas
obrigatórias previstas no art. 1.017, I, do Código de Processo Civil, abaixo discriminadas:

- Procuração outorgada aos patronos do AGRAVANTE (fls. 17/33 do documento 1);

- Procuração outorgada ao patrono dos AGRAVADOS (fls. 563/568 do documento 1);

- Decisão agravada (fl. 1.218 do documento 1); e

- Certidão de publicação da r. decisão agravada (fl. 1.220 do documento 1).

ART. 1.016, IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

PELO AGRAVANTE: Matheus Garrido de O. Kabbach, inscrito na OAB/SP sob o nº.


274.361, com escritório na Av. das Nações Unidas, nº. 14.401, Torre C2, 29º andar,
Chácara Santo Antonio, na cidade de São Paulo/SP, CEP 04794-000.

PELOS AGRAVADOS: Daniel de Aguiar Aniceto, inscrito na OAB/SP sob o nº. 232.070, e
João Alfredo Stievano Carlos, inscrito na OAB/SP sob o nº. 257.907, ambos com
escritório na Rua Dr. Eduardo de Souza Aranha, nº. 387, 12º andar, Cj. 121, Vila Nova
Conceição, na cidade de São Paulo/SP, CEP 04543-121.

ART. 425, IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Atesta o ora signatário que as cópias juntadas ao presente recurso são autênticas e
correspondem aos originais, nos termos do art. 425, inciso IV, do Código de Processo
Civil.

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RAZÕES RECURSAIS

AGRAVANTE: CONDOMÍNIO SHOPPING CENTER D


AGRAVADOS: ADM COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA., ÁLVARO JABUR MALUF JÚNIOR e
CARINA SIGGIA GANDRA MALUF
D. JUÍZO A QUO: 14ª Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo/SP
Nº. DO PROCESSO DE ORIGEM: 0032095-45.2021.8.26.0100

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Ínclitos Desembargadores

I. SÍNTESE DA DEMANDA

A r. decisão agravada foi tirada do incidente de Cumprimento de


Sentença instaurado pelo AGRAVANTE em face dos AGRAVADOS, em razão do
inadimplemento do acordo celebrado entre as partes nos autos da ação de despejo nº.
1078720-96.2016.8.26.0100 (“Ação de Despejo”).

O AGRAVANTE vem sendo diligente na condução do feito executivo desde


a sua distribuição, porém, até o momento, não teve êxito em satisfazer o seu crédito
por meio de medidas restritivas típicas de constrição de bens dos AGRAVADOS.

Por tal razão, o AGRAVANTE requereu a expedição de ofícios ao Instituto


Nacional de Seguridade Social (INSS) e ao Ministério do Trabalho e Emprego, para que
os órgãos informassem se os AGRAVADOS ÁLVARO JABUR MALUF JÚNIOR e CARINA
SIGGIA GANDRA MALUF recebem algum benefício previdenciário ou possuem registro
de vínculo empregatício ativo.

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Na r. decisão de fls. 1.169/1.170 do documento 1, o D. Juiz de primeiro
grau deferiu a expedição dos ofícios requeridos.

A partir dos comprovantes juntados pelo INSS (fls. 1.199/1.201 do


documento 1) foi possível constatar que o AGRAVADO ÁLVARO, desde 01/07/2020,
recebe uma remuneração mensal de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) da sociedade Q1
Comercial de Roupas S.A., inscrita no CNPJ sob o nº. 09.044.235/0001-50, na qual ele
também figura como sócio (fls. 1.206/1.213 do documento 1).

Além disso, os documentos juntados pelos AGRAVADOS (fls. 1.131/1.142


do documento 1) demonstram justamente isso: que o AGRAVADO ÁLVARO JABUR
MALUF JÚNIOR recebe mensalmente, a título de pro labore, a quantia de R$ 5.000,00
(cinco mil reais) da sociedade Q1 Comercial de Roupas S.A.

Por essa razão, o AGRAVANTE requereu a penhora de 30% dos


recebimentos mensais do AGRAVADO ÁLVARO (fls. 1.206/1.209 do documento 1).

Ocorre que, na análise do pedido do AGRAVANTE, o MM. Juízo a quo


indeferiu o pleito por ele deduzido, nos seguintes termos (cf. fl. 1.218 do documento 1):

“FLS. 1206/1214: INDEFIRO. A LEGISLAÇÃO É CLARA AO


TORNAR IMPENHORÁVEIS OS VALORES RECEBIDOS A TÍTULO
DE PROVENTOS, SALÁRIOS OU QUAISQUER RENDAS
PROVENIENTES DE ATIVIDADE LABORAL, EXCETO PARA
PAGAMENTO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA E AS QUANTIAS
EXCEDENTES A 50 (CINQUENTA) SALÁRIOS-MÍNIMOS MENSAIS.
DESTA FORMA, É IMPENHORÁVEL O RENDIMENTO RECEBIDO
POR SÓCIO DE PESSOA JURÍDICA A TÍTULO DE “PRO LABORE”,
POR SE EQUIPARAR A SALÁRIO, PARA FINS DE APLICAÇÃO DO
ART. 833 DO CPC.”

É essa a matéria devolvida a esse E. Tribunal de Justiça.

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II. DAS RAZÕES RECURSAIS

Com o devido respeito ao entendimento do D. Juízo singular, é cabível a


constrição de determinada parcela dos rendimentos obtidos pelo AGRAVADO ÁLVARO
JABUR MALUF JÚNIOR.

Conforme ensina Cândido Rangel Dinamarco: “Em casos concretos, não


havendo um modo de tratar o devedor de modo mais ameno, deve prevalecer o
interesse daquele que tem um crédito a receber e não pode contar senão com as
providências do Poder Judiciário” (DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito
Processual Civil. 4ª ed. São Paulo: Malheiros, 2019, p. 51).

Observado o princípio da menor onerosidade, mas, sempre levando-se


em consideração que a execução deve acontecer de maneira efetiva e de acordo com os
interesses do credor, tal como preconiza o art. 797 do Código de Processo Civil, o
devedor também responde pela dívida contraída com parte de seus recebíveis mensais.

A disposição prevista no art. 833, IV, do Código de Processo Civil deve ser
relativizada. Deve impedir a penhora de vencimentos, contudo, apenas em relação às
práticas excessivas e desarrazoadas, que possam comprometer a própria subsistência e
dignidade do devedor, o que definitivamente não se verifica na espécie.

Ao longo desse mais de 1 (um) ano de tramitação do feito, a despeito das


diversas tentativas envidadas pelo AGRAVANTE, não foi possível encontrar outros bens
dos devedores que pudessem satisfazer a execução.

Assim, é cabível o desconto razoável e proporcional de parte do pro


labore s salários e/ou benefícios percebido s pelo AGRAVADO ÁLVARO JABUR MALUF
JÚNIOR.

Sobre a possibilidade de constrição da receita fixa mensal, já decidiu o C.


Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o desconto de tal percentual, em certas

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ocasiões, como no caso concreto, é razoável ao sustento do devedor e respeita o
preceito da menor onerosidade. Confira-se:

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


PENHORA. RENDIMENTOS. POSSIBILIDADE. SÚMULA N. 83 DO
STJ. REEXAME DE CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1.
Segundo a jurisprudência desta Corte, a regra geral da
impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc.
(art. 649, IV, do CPC/73; art. 833, IV, do CPC/2015), pode ser
excepcionada quando for preservado percentual de tais verbas
capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família
(EREsp n. 1.582.475/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
CORTE ESPECIAL, julgado em 03/10/2018, DJe 16/10/2018). 2.
Inadmissível o recurso especial quando o entendimento adotado
pelo Tribunal de origem coincide com a jurisprudência do STJ
(Súmula n. 83/STJ). 3. O recurso especial não comporta exame de
questões que impliquem revolvimento do contexto fático-
probatório dos autos (Súmula n. 7 do STJ). 4. No caso concreto, o
Tribunal de origem analisou as provas contidas no processo para
concluir que a penhora é necessária à satisfação do crédito da
execução e não afeta a dignidade do devedor. Alterar esse
entendimento demandaria reexame do conjunto probatório do
feito, vedado em recurso especial. 5. Agravo interno a que se
nega provimento.” (AgInt no REsp n. 1.916.216/DF, relator
Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em
16/5/2022, DJe de 19/5/2022) (grifamos)

Da mesma forma, esse E. Tribunal de Justiça de São Paulo assim já


decidiu:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO – LOCAÇÃO DE VEÍCULO


AUTOMOTOR – AÇÃO DE COBRANÇA – APÓS DEFERIDA A

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PENHORA DE CONTA BANCÁRIA, FOI DETERMINADO O SEU
DESBLOQUEIO – QUANTIA INFERIOR A 40 SALÁRIOS-MÍNIMOS –
DESCABIMENTO – INTELECÇÃO DO ART. 833, INC. IV, DO CPC –
MITIGAÇÃO - POSSIBILIDADE. A jurisprudência do STJ tem
admitido a mitigação do regramento insculpido no art. 833, inc.
IV, do CPC. Os precedentes desta Corte de Justiça enveredam no
mesmo sentido. Ademais, tendo o valor entrado na esfera de
disponibilidade da executada, sem que fosse consumido
integralmente para suas necessidades básicas, perde seu
caráter alimentar, tornando-se penhorável respeitada a alçada
legal. Possibilidade de penhora sobre 30% dos rendimentos
líquidos da executada. Justiça gratuita. Manutenção.
PREJUDICADO O AGRAVO INTERNO. PARCIALMENTE PROVIDO O
AGRAVO DE INSTRUMENTO.” (TJSP; Agravo Interno Cível
2282491-17.2021.8.26.0000; Relator (a): Antonio Nascimento;
Órgão Julgador: 26ª Câmara de Direito Privado; Foro de
Americana - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 12/07/2022;
Data de Registro: 12/07/2022) (grifamos)

De outro lado, permitir a absoluta impenhorabilidade da verbado pro


labore salarial do AGRAVADO , mesmo diante da inexistência de outros meios para a
satisfação do crédito do AGRAVANTE, vai de encontro ao princípio da efetividade da
execução, além de representar verdadeiro enriquecimento ilícito dos AGRAVADOS.

Vale ressaltar que o AGRAVADO, enquanto sócio e detentor de xx% do


capital social da sociedade Q1 Comercial de Roupas S.A., também recebe significativa
receita oriunda de distribuição de lucros, de maneira que o desconto de exatos R$
1.500,00 (um mil e quinhentos reais), equivalente a 30% do pro labore, não
comprometerá a subsistência do AGRAVADO.

Assim, a penhora de percentual dos eventuais rendimentos pro labore do


AGRAVADO ÁLVARO JABUR MALUF JÚNIOR definitivamente não implica onerosidade

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excessiva, tampouco afronta o art. 833, inciso IV, do Código de Processo Civil, motivo
pelo qual revela-se plenamente possível na espécie.

III. CONCLUSÃO E PEDIDOS

Por todo o exposto, requer seja o presente agravo de instrumento


admitido e, ao final, integralmente provido, reformando-se a r. decisão agravada, para o
fim de autorizar a penhora de 30% dos rendimentos mensais recebidos a título de pro
labore do pelo AGRAVADO ÁLVARO JABUR MALUF JÚNIOR a título de pro laboreno
montante equivalente a 30% de seus recebíveis mensais.

Outrossim, reitera o pedido para que todas as intimações relativas ao


presente recurso sejam publicadas exclusivamente em nome de Matheus Garrido de O.
Kabbach, inscrito na OAB/SP sob o nº. 274.361, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 23 de novembro de 2023.

MATHEUS GARRIDO DE O. KABBACH


OAB/SP Nº. 274.361

MARIANA MORAES GARCIA


OAB/SP Nº. 401.370

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