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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DE FAMÍLIA E

SUCESSÕES DA COMARCA DE XXXXXXX


OBS: Verificar se há vara especializada na comarca
[Requerente], [Qualificação completa], através de seu advogado devidamente
constituído mediante procuraçã o em anexo (fls. xx) vem, respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, com supedâ neo da Lei nº 11.804/2008, na Lei 5.478/68, na Lei
10.406/02 e no Có digo de Processo Civil propor a presente
AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS C/C TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA
ANTECIPADA
em face de [Requerido], [Qualificação completa], expondo e requerendo os fundamentos
fá ticos e jurídicos que serã o a seguir apresentados:
I- DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
O Requerente pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, com fundamento no art. 98 e
seguintes do Có digo de Processo Civil c/c art. 5º, LXXIV, da Constituiçã o Federal, tendo em
vista nã o possuir condiçõ es financeiras para arcar com despesas processuais e honorá rios
advocatícios, sem prejuízo pró prio ou da família. Nesse sentido, junta-se declaraçã o de
hipossuficiência (fls. x).
II- DOS FATOS
A Requerente manteve relacionamento amoroso com o Requerido por aproximadamente
03 (três) meses, conforme comprovam as fotos do casal.
A uniã o amorosa do casal resultou na gravidez da Requerente, sendo que hodiernamente a
mesma encontra-se grá vida de 05 (cinco) meses, conforme corroboram exames médicos.
Ocorre que desde que o casal dissolvera a uniã o em meados de junho de 2021 o Requerido
nega-se a assumir os gastos gestacionais e preparató rios para a chegada do filho, motivo
pelo qual a mesma vira-se compelida a ajuizar a presente demanda.
Há de se salientar que com a gravidez a Requerente nã o consegue trabalho para prover a
pró pria subsistência, sendo que atualmente a mesma se encontra desempregada, de modo
que suas despesas mensais se tornaram muito pesadas em razã o dos vá rios exames
rotineiros da gestaçã o e quem tem lhe ajudado a sobreviver sã o seus genitores.
As necessidades da Requerente sã o muitas e notó rias, englobando todos aqueles gastos
especiais corriqueiros a qualquer mulher grá vida, quais sejam moradia, á gua, luz, enxoval,
mó veis, alimentaçã o, vestuá rio, assistência médica e pré-natal, hodiernamente perfazendo
um valor mensal de R$1.563,77 (um mil quinhentos e sessenta e três reais e setenta e sete
centavos), conforme comprovam cá lculos e documentos (fls. x).
Nã o bastasse há de se relevar ainda que com o oportuno advento do nascimento do bebê, a
Requerente ainda arcará com valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do
parto, devendo gastar inclusive com alimentaçã o especial, exames complementares,
internaçõ es, medicamentos e demais prescriçõ es preventivas e terapêuticas indispensá veis
ao momento do nascimento do filho.
Em contrapartida o Requerido possui ó tima condiçã o financeira e contributiva, exercendo
atividade de inspetor de alunos, revertendo todos os proventos advindos do seu labor
ú nica e exclusivamente para benefício pró prio, pelo que detém plenas condiçõ es para
ajudar a custear as necessidades oriundas da gravidez da Requerente
Logo em face à s comprovadas necessidades da Requerente, bem como a explícita boa
capacidade contributiva do Requerido deve este MM. Juízo fixar alimentos em prol da
Requerente, em caso de emprego formal no importe de 30% (trinta por cento) de seus
rendimentos líquidos, assim entendida toda a renda bruta menos o desconto da
previdência social oficial, incidindo sobre décimo terceiro salá rio, abono constitucional de
férias, horas extraordiná rias, PLR, FGTS, adicionais, e demais abonos, desde que nã o
inferior a 01 (um) salá rio mínimo nacional, mantido o indexador para futuros reajustes,
com adimplemento mediante automá tico desconto em folha de pagamento com posterior
depó sito da quantia em conta bancá ria de titularidade da Requerente, a ser aberta para tal
fim.
Já em caso de desemprego ou emprego informal, o Requerido deverá pagar a títulos de
alimentos com o equivalente a 01 (um) salá rio mínimo nacional, mantido o indexador para
reajustes futuros, devendo o adimplemento da prestaçã o alimentícia neste caso ser
efetuado todo dia 10 (dez) de cada mês, mediante depó sito bancá rio feito pelo pai na conta
de titularidade da genitora da prole já supracitada, valendo o comprovante bancá rio como
recibo de pagamento, sendo vedado o depó sito em sistema eletrô nico de autoatendimento.
III- DO DIREITO
Ab initio, incumbe salientar que o direito busca, precipuamente, resguardar os direitos e
interesses do menor, devendo ser conduzida a presente demanda ao fim de atendê-lo.
Nesse sentido, é salutar que toda criança conviva em um ambiente familiar, sendo que o
dever da família de assegurar o bem-estar da criança possui amplo respaldo constitucional,
conforme disposto no caput do art. 227 e na primeira parte do art. 229 da Constituiçã o
Federal:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar
e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Nesse sentido, sob a égide dos aspectos do Có digo Civil, a personalidade jurídica do
nascituro já se inicia com a concepçã o, vinculada, contudo, ao seu nascimento com vida,
como se prevê:
Art. 2º - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.
Nã o haveria outro motivo senã o os direitos aderentes do nascituro estarem vinculados a
Requerente, para sua subsistência, visto que se encontra desempregada e nã o possui
condiçõ es financeiras de arcas com os custos da vida hodierna e exames médicos.
Assim, tal sistemá tica aplica-se aos alimentos gravídicos, devendo ser concedido a
Requerente ao qual está gestando para fins de resguardo da saú de e pleno amadurecimento
do nascituro, encontrando-se assentamento na Lei de Alimentos Gravídicos (Lei
11.804/2008), ipsis litteris:
Art. 1º Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido.

Os alimentos gravídicos serã o fixados na medida em que se mostrarem evidenciados a


presença de indícios da suposta paternidade, sendo requisito imprescindível a certeza da
gestaçã o. Dessa forma, a mesma encontra-se grá vida de 05 (cinco) meses, conforme
corroboram exames médicos (fls. x), e que entã o preenche os requisitos do art. 6º da
aludida lei:
Art. 6º Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o
nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.

Acerca do quantum a ser fixado, as despesas médias estimadas alcançam o montante


mensal de R$1.563,77 (um mil quinhentos e sessenta e três reais e setenta e sete centavos),
conforme comprovam cá lculos e documentos, tendo em vista moradia, á gua, luz, enxoval,
mó veis, alimentaçã o, vestuá rio, assistência médica e pré-natal, e demais gastos necessá rios
a vida satisfató ria de uma mulher gestante, preenchendo os aspectos do art. 2 da Lei
11.804/2008:
Art. 2º Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais
do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação
especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais
prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere
pertinentes.
Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada
pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção
dos recursos de ambos.

Outrossim, resta comprovado o binô mio necessidade-possibilidade, tendo em vista que o


Requerido possui ó tima condiçã o financeira e contributiva, exercendo atividade de
inspetor de alunos, revertendo todos os proventos advindos do seu labor ú nica e
exclusivamente para benefício pró prio, nã o havendo ó bices para custear a subsistência da
Requerente, preenchendo senã o os requisitos do § 1º do art. 1694 do CC e pará grafo ú nico
da lei supracitada, in verbis:
Art. 1694. § 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada.

Corroborando acerca da explanaçã o do tema, Cristiano Chaves de Farias e Nelson


Rosenvald aduzem que:
Promovida a ação de alimentos gravídicos, o juiz fixará o valor da pensão alimentícia quando houver mero indício
de paternidade, não se exigindo uma comprovação definitiva da perfilhação. Sob o ponto de vista prático, significa
a desnecessidade de realizar exame de DNA no ácido amniótico, sendo suficiente demonstrar a existência de
indícios de paternidade, através da produção de outras provas, como, por exemplo, a colheita de testemunhos ou
a juntada de documentos (fotografias, filmes, cartas e bilhetes de amor, mensagens cibernéticas etc.). Trata-se de
um momento processual bastante singular, pois o magistrado deferirá os alimentos gravídicos com base em juízo
perfunctório, independentemente de prova efetiva da paternidade, bastando a existência de meros indícios. (In
Curso de Direito Civil. 4ª Ed. Bahia: JusPodivm, 2012. Págs. 809-810)

E também o jurista Yussef Cahali denota suas contribuiçõ es sobre o tema:


A lei 11.804/08 procura proporcionar a mulher grávida um autêntico auxilio maternidade, sob a denominação latu
sensu dos alimentos, representado por uma contribuição proporcional ao ser imposta ao suposto pai, sob forma de
participação nas despesas adicionais do período de gravidez e que sejam delas decorrentes, da concepção ao
parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares,
internações, parto, medicamentos e demais prescrições prescritivas e terapêuticas indispensáveis, ajuízo do
médico, além de outros que o juiz considere pertinentes (CAHALI, Yussef. Said. Dos Alimentos. 5. ed. São Paulo:
RT, 2012.)

Ante o exposto, depreende-se oportuno o presente pleito de condenaçã o do requerido ao


pagamento de alimentos gravídicos para que a gestante e o nascituro possam subsistir com
o mínimo de dignidade, assegurando-lhes os direitos oriundos do direito maior, qual seja, o
direito à vida.
IV- DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
Os alimentos provisó rios pleiteados na presente açã o têm como objetivo promover o
sustento da gestante na pendência da lide, ao qual nã o é razoá vel admitir que as despesas
vitais da gravidez sejam suportadas exclusivamente pela Requerente. Tal pedido encontra-
se previsto no art. 4º da Lei n.º 5.478/68 e no caput e § 1º do art. 300 do CPC, senã o
vejamos:
Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se
o credor expressamente declarar que deles não necessita.
CPC, Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea
para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

No caso em questã o, evidente a necessidade de fixaçã o de tal provisã o legal, face à


dificuldade financeira enfrentada pela Requerente, amplamente demonstrado nos fatos, o
que fatalmente resvala na manutençã o do nascituro, preceito auferido pelo binô mio
necessidade e possibilidade do qual é facilmente verificado no presente caso.
Em relaçã o a probabilidade do direito, os direitos do nascituro encontram-se tutelados no
Có digo Civil e na Constituiçã o Federal, consubstanciados nos princípios do melhor
interesse da criança e da dignidade da pessoa humana, visto que nã o é possível para a
Requerente por si só , mantenha todos os gastos adicionais alusivos ao regular transcorrer
de sua gravidez.
No tocante ao evidente perigo na demora, haja vista que a Requerente nã o apresentar
condiçõ es de custear a gravidez, nã o há outro sentido senã o a fixaçã o de alimentos em prol
da Requerente, em caso de emprego formal no importe de 30% (trinta por cento) de seus
rendimentos líquidos, assim entendida toda a renda bruta menos o desconto da
previdência social oficial, incidindo sobre décimo terceiro salá rio, abono constitucional de
férias, horas extraordiná rias, PLR, FGTS, adicionais, e demais abonos, desde que nã o
inferior a 01 (um) salá rio mínimo nacional, mantido o indexador para futuros reajustes,
com adimplemento mediante automá tico desconto em folha de pagamento com posterior
depó sito da quantia em conta bancá ria de titularidade da Requerente, a ser aberta para tal
fim.
Já em caso de desemprego ou emprego informal, o Requerido deverá pagar a títulos de
alimentos com o equivalente a 01 (um) salá rio mínimo nacional, mantido o indexador para
reajustes futuros, devendo o adimplemento da prestaçã o alimentícia neste caso ser
efetuado todo dia 10 (dez) de cada mês, mediante depó sito bancá rio feito pelo pai na conta
de titularidade da genitora da prole já supracitada, valendo o comprovante bancá rio como
recibo de pagamento, sendo vedado o depó sito em sistema eletrô nico de autoatendimento.
V- DOS PEDIDOS
Em face do exposto, requer-se a Vossa Excelência:
a) Que seja DEFERIDO os benefícios da ASSISTÊNCIA GRATUITA em prol da Requerente,
com fulcro no Artigo 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal e Artigo 98 do Có digo de Processo
Civil, em face de ser o mesmo pobre na acepçã o jurídica do termo, nã o possuindo condiçõ es
de arcar com as despesas do processo sem prejuízo do pró prio sustento e de sua família;
b) A CITAÇÃO POR CORREIO do Requerido para, querendo, apresentar contestaçã o no
prazo legal de 5 dias, sob pena de imposiçã o da revelia e seus efeitos, conforme art. 7 da
11.804/2008 e Có digo de Processo Civil de 2015;
c) A INTIMAÇÃO do ilustre representante do Ministério Pú blico para intervir no feito ad
finem, a luz do inciso II do art. 178 do CPC;
d) A TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA do feito com fulcro no artigo 1048, II do Có digo de
Processo Civil em razã o de envolver menor, conforme faz prova documento acostado;
e) O PROCESSAMENTO da açã o sob SEGREDO DE JUSTIÇA, nos termos do art. 189, inciso
II, do CPC;
f) A CONCESSÃO IN LIMINE LITIS DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA
pleiteada, nos termos do § 1º e caput do art. 300 c/c art. 4º da Lei n.º 5.478/68, em prol da
Requerente, em caso de emprego formal no importe de 30% (trinta por cento) de seus
rendimentos líquidos, assim entendida toda a renda bruta menos o desconto da
previdência social oficial, incidindo sobre décimo terceiro salá rio, abono constitucional de
férias, horas extraordiná rias, PLR, FGTS, adicionais, e demais abonos, desde que nã o
inferior a 01 (um) salá rio mínimo nacional, mantido o indexador para futuros reajustes,
com adimplemento mediante automá tico desconto em folha de pagamento com posterior
depó sito da quantia em conta bancá ria de titularidade da Requerente, a ser aberta para tal
fim;
g) A EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO para abertura de conta em nome da Requerente a ser
utilizada para o exclusivo depó sito da pensã o alimentícia fixada;
h) A EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS para o INSS e a Prefeitura Municipal de XXXXX,
determinando que ambas informem de onde se originam as contribuiçõ es previdenciá rias
do Requerido já que a Requerente desconhece a natureza do vínculo em que o mesmo
exerce a atividade de inspetor de alunos;
i) Que ao final seja a presente demanda julgada TOTALMENTE PROCEDENTE,
consequentemente CONDENANDO o Requerido na prestaçã o de alimentos gravídicos de
modo definitivo nos termos pleiteados;
VI- DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos,
especialmente mediante as provas documental, testemunhal, depoimento pessoal e
pericial.
Atribui-se a causa o valor de R$ 13.200,00 nos termos do art. 292, III, do Có digo de
Processo Civil.
Termos que,
Pede deferimento.
Cidade, Data, Ano
Nome do Advogado (assinatura)
OAB/UF XXX-XXX

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