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PODER JUDICIÁRIO

JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE IPOJUCA

Rua Cel. João de Souza Leão, s/n, Centro, Ipojuca-PE, CEP 55590-000, Fone: (81)3181-9432

PROC.: 0003402-67.2021.8.17.2730

SENTENÇA COM FORÇA DE MANDADO

1 – RELATÓRIO.

Vistos.

JOSÉ AMARO DE SANTANA FILHO, já qualificado, ajuizou a presente AÇÃO DE REVISIONAL


DE ALIMENTOS em face de JEFFERSON DOS SANTOS DE SANTANA, nascido em 12/02/2000 e JANAILSON
JOSÉ DE SANTANA, também qualificados, aduzindo os fatos e fundamentos jurídicos constantes da petição inicial, a
qual veio acompanhada de documentos.

Alega a parte autora na exordial que ӎ pai dos demandados JEFFERSON DOS
SANTOS DE SANTANA e de JANAILSON JOSÉ SANTOS DE SANTANA, nascidos em 2000 e
2002, conforme demonstram as certidões de nascimento anexas. Em 28 de setembro de 2016, o
autor e a genitora dos demandados firmaram acordo nos autos do processo nº 0000064-
81.2015.8.17.0730 – Ação de Alimentos – que tramitou nesta 2ª Vara de Cível desta comarca
(Termo de Audiência e Certidão de Trânsito anexos). Na ocasião, restou pactuado que o
demandante pagaria em favor de seus filhos JEFFERSON DOS SANTOS DE SANTANA e
JANAILSON JOSÉ SANTOS DE SANTANA, ora demandados, pensão alimentícia mensal
correspondente 22% (vinte e dois por cento) dos rendimentos financeiros brutos do demandado,
deduzidos os descontos legais obrigatórios, acrescido de respectivo salário família, mediante
desconto em folha de pagamento, no caso de possuir vínculo empregatício. Na ocasião, deixaram
de pactuar valor em caso de desemprego conforme termo de audiência anexo. Ocorre que hoje o
autor possui MAIS TRÊS FILHOS MENORES, quais sejam: MARÍLIA BETÂNIA SALES DA
ROCHA (nascida em 27 de MARÇO DE 2005), CLARICE MARIA DE SANTANA (nascida em 28
de JULHO de 2007) e MARIANE SALES DE SANTANA (nascida em 31 de MAIO de 2009)
conforme certidões de nascimento acostadas adiante. De modo que o ora demandante arca
também com o sustento desses filhos e de seu novo núcleo familiar. Vale registrar que a filha
mais velha do novo casamento sofre de intolerância à lactose, conforme laudos e exames
acostados, de sorte que precisa de cuidados especiais. Desta feita, resta claro que o percentual
de alimentos fixados em favor dos demandados, considerando o número de filhos e de pensões
pagas pelo promovente, não atende atualmente ao critério possibilidade do alimentante. As
principais despesas do Requerido são as mesmas previstas no texto constitucional, no seu art.
7°, inciso IV, e definidas como "necessidades vitais básicas" aquelas destinadas a atender
despesas com "sua família, com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e previdência social", que, somadas, comprometem mais de cem por cento
dos seus rendimentos mensais. Isto posto, o valor pago de alimentos em favor dos demandados
é até mesmo superior à renda mensal do demandante, o qual atualmente precisa arcar com
remédios e alimentação diferenciada para uma de suas filhas. Da forma como a situação está

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posta, o demandante não vem conseguindo honrar com o compromisso de pagar alimentos em
prol de todos os seus filhos sem comprometer o seu próprio sustento e do seu novo núcleo
familiar. Saliente-se que não é pretensão do autor se eximir da sua obrigação alimentar paterna
em relação aos demandados, mas sim reajustar a pensão alimentícia para um valor que ele
possa pagar sem comprometer o próprio sustento nem deixar seus outros filhos sem assistência
material devida. Assim, requer-se que a pensão alimentícia devida a JEFFERSON DOS SANTOS
DE SANTANA e de JANAILSON JOSÉ SANTOS DE SANTANA seja revisada para 15% (quinze
por cento) dos vencimentos líquidos do demandante enquanto este permanecer empregado, e
10% (por cento) do salário mínimo enquanto estiver desempregado.” Por fim, a parte autora
pugnou: “a) a gratuidade da justiça, em conformidade com os arts. 98 e 99 do CPC; b) o
deferimento da tutela provisória de urgência, a fim de que a pensão alimentícia devida a
JEFFERSON DOS SANTOS DE SANTANA e JANAILSON JOSÉ SANTOS DE SANTANA seja
provisoriamente revisada para 15% (quinze por cento) dos vencimentos do demandante enquanto
este permanecer empregado, e 10% (dez por cento) em razão de seu atual desemprego; c) a
citação da parte demandada para integrar a relação processual e sua a intimação para
comparecer à audiência de conciliação ou mediação (CPC, art. 319, VII), momento a partir do
qual poderá oferecer contestação no prazo legal, sob pena de se considerar verdadeiros os fatos
aduzidos na inicial; d) a intimação pessoal da parte demandada para todos os atos processuais,
consoante reza o art. 186, §2º, do CPC; e) a intimação do Ministério Público para intervir na
presente ação como fiscal da ordem jurídica (CPC, art. 178, II); e, f) ao final, a confirmação da
tutela de urgência, com a revisão do percentual da pensão alimentícia devida a JEFFERSON
DOS SANTOS DE SANTANA e JANAILSON JOSÉ SANTOS DE SANTANA, fixando-o em 15%
(quinze por cento) sobre o salário líquido ou 10% do salário mínimo no caso de desemprego
comprovado; g) a condenação da parte demandada ao pagamento das despesas processuais e
verbas sucumbenciais, equivalente a 15% (quinze por cento) sobre o valor da causa, revertendo
[1] se em benefício da DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO (CNPJ nº
02899512000167, Conta Corrente nº 00001138-1, Operação 006, Agência 1294, Caixa
Econômica Federal).”

Decisão declinatória de competência prolatada pelo Juízo de Direito da 1ª Vara


Cível desta Comarca no ID nº 94814863 - Pág. 1.

Decisão indeferitória de tutela de urgência exarada no ID nº 98004552 - Págs. 1/2.

Em audiência de instrução e julgamento, cujo termo repousa no ID nº 110885674 - Pág. 1, restou


inexitosa a tentativa de conciliação entre as partes, tendo as partes rés, por meio de seu advogado, informado que
deveria ser considerado para fins de contestação a petição de ID nº 107365819 – Pág. 1. Ato continuo, fora coletado
o depoimento pessoal das partes e por fim, as partes apresentaram suas alegações finais oralmente.

Vieram-me os autos conclusos.

É o relatório.

2 – FUNDAMENTAÇÃO.

Tomando em análise as provas produzidas nos autos, observo que


a parte autora além dois filhos demandados, possui ainda três filhos menores de idade, de nomes
MARÍLIA BETÂNIA SALES DA ROCHA (nascida em 27/3/2005), CLARICE MARIA DE
SANTANA (nascida em 28/7/2007) e MARIANE SALES DE SANTANA (nascida em 31/5/2009).

Por outro turno, os demandados JEFFERSON DOS SANTOS DE SANTANA e


JANAILSON JOSÉ DE SANTANA, apesar de terem completado a maioridade civil, encontram-se
matriculados em cursos técnicos, conforme comprovado nos autos, as quais devem perdurar até
o término dos respectivos cursos técnico, que estão cursando no momento.

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De outra face, a manutenção ao percentual atual da pensão alimentícia no
patamar de 22% (vinte e dois por cento) dos rendimentos financeiros brutos do demandado,
deduzidos os descontos legais obrigatórios, acrescido de respectivo salário família, mediante
desconto em folha de pagamento em relação aos alimentandos JEFFERSON DOS SANTOS DE
SANTANA e JANAILSON JOSÉ DE SANTANA, está a se configurar em caráter oneroso ao
alimentante, vez que possui outros três filhos menores de idade, a necessitar também de alimento
para sua susbsistência, somando-se o fato de que a fixação da obrigação alimentar deve se
pautar no binômio necessidade do alimentado/possibilidade do alimentante.

Assim sendo, reputo de bom alvitre a redução da pensão alimentícia para o


percentual de 16% (dezesseis por cento), dos rendimentos financeiros brutos do demandante, em
favor dos alimentandos JEFFERSON DOS SANTOS DE SANTANA e JANAILSON JOSÉ DE
SANTANA, sendo 8% (oito por cento) para cada filho, deduzidos os descontos legais obrigatórios,
acrescido do respectivo salário família, mediante desconto em folha de pagamento. Acaso o
alimentante venha a ficar desempregado, deverá pagar alimentos aos alimentandos JEFFERSON
DOS SANTOS DE SANTANA e JANAILSON JOSÉ DE SANTANA, até o dia 30 de cada mês, por
meio de depósito/transferência bancária ou em mão, mediante recibo, o percentual de 16%
(dezesseis por cento), do salário mínimo, sendo 8% (oito por cento) para cada filho.

Tals percentuais atribuíveis a cada um dos alimentandos se justifica em virtude


de que o demandante, consoante afirmado, possui três outras filhas menores, de modo que,
considerando-se esse percentual para cada filho, estaria atingido o total de 40% (quarenta por
cento) dos vencimentos do autor a titulo de despesas com os filhos.

Em que pese a maioridade dos demandados, a fixação da obrigação alimentar se


justifica pelo fato de ainda se encontrarem no início da idade adulta e por necessitarem de auxílio
financeiro para as despesas com ensino, visto que estão matriculados em curso técnico
profissionalizante, a justificar pois, a fixação da obrigação alimentar nos moldes ora assinalados,
com termo final correspondente às datas de conclusão, pelos alimentandos, do curso
profissionalizante por eles frequentado no momento.

É de rigor, pois, a procedência parcial do plieito autoral

3 – DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA.

Nesta fase processual, passo a reanálise do pedido de concessão de tutela de


urgência requerido pela parte autora na exordial para o fim de “que a pensão alimentícia devida a
JEFFERSON DOS SANTOS DE SANTANA e JANAILSON JOSÉ SANTOS DE SANTANA seja
provisoriamente revisada para 15% (quinze por cento) dos vencimentos do demandante enquanto
este permanecer empregado, e 10% (dez por cento) em razão de seu atual desemprego.”

Quanto ao pedido antecipatório dos efeitos da tutela, embora não analisado


anteriormente, nada impede que este seja tratado no momento da prolação da sentença, visto
que, como ensinam NELSON NERY JÚNIOR e ROSA MARIA ANDRADE NERY, “(...) é possível
a concessão da tutela antecipada na própria sentença, desde que presentes os pressupostos
legais (...)? - (V. Código de Processo Civil Comentado e legislação extravagante, 2006, p. 457).
No caso em tela, este será determinado em função do julgamento de mérito.

Tomando em análise os fatos narrados na exordial, os documentos acostados aos autos, concedo
em parte a tutela de urgência para reduzir a pensão alimentícia para o percentual de 16% (dezesseis por cento), dos
rendimentos financeiros brutos do demandante, em favor dos alimentandos JEFFERSON DOS SANTOS DE
SANTANA e JANAILSON JOSÉ DE SANTANA, sendo 8% (oito por cento) para cada filho, deduzidos os descontos
legais obrigatórios, acrescido do respectivo salário família, mediante desconto em folha de pagamento. Acaso o
alimentante venha a ficar desempregado, deverá pagar alimentos aos alimentandos JEFFERSON DOS SANTOS DE

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SANTANA e JANAILSON JOSÉ DE SANTANA, até o dia 30 de cada mês, por meio de depósito/transferência
bancária ou em mão, mediante recibo, o percentual de 16% (dezesseis por cento), do salário mínimo, sendo 8% (oito
por cento) para cada filho.

4 – DISPOSITIVO.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido formulado na peça exordial para: 1)
REDUZIR liminarmente a pensão alimentícia para o percentual de 16% (dezesseis por cento), dos rendimentos
financeiros brutos do demandante, em favor dos alimentandos JEFFERSON DOS SANTOS DE SANTANA e
JANAILSON JOSÉ DE SANTANA, sendo 8% (oito por cento) para cada filho, deduzidos os descontos legais
obrigatórios, acrescido do respectivo salário família, mediante desconto em folha de pagamento. Acaso o alimentante
venha a ficar desempregado, deverá pagar alimentos aos alimentandos JEFFERSON DOS SANTOS DE SANTANA
e JANAILSON JOSÉ DE SANTANA, até o dia 30 de cada mês, por meio de depósito/transferência bancária ou em
mão, mediante recibo, o percentual de 16% (dezesseis por cento), do salário mínimo, sendo 8% (oito por cento) para
cada filho; 2) DEFERIR EM PARTE o pedido autoral redução da pensão alimentícia para o percentual de 16%
(dezesseis por cento), dos rendimentos financeiros brutos do demandante, em favor dos alimentandos JEFFERSON
DOS SANTOS DE SANTANA e JANAILSON JOSÉ DE SANTANA, sendo 8% (oito por cento) para cada filho,
deduzidos os descontos legais obrigatórios, acrescido do respectivo salário família, mediante desconto em folha de
pagamento. Acaso o alimentante venha a ficar desempregado, deverá pagar alimentos aos alimentandos
JEFFERSON DOS SANTOS DE SANTANA e JANAILSON JOSÉ DE SANTANA, até o dia 30 de cada mês, por meio
de depósito/transferência bancária ou em mão, mediante recibo, o percentual de 16% (dezesseis por cento), do
salário mínimo, sendo 8% (oito por cento) para cada filho. Em consequência, extingo o feito com resolução do mérito,
com fundamento no artigo 487, inciso I, do CPC.

Condeno as partes rés ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor
da Defensoria Pública, no percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor da causa, correspondente ao
duodécuplo do valor da obrigação mensal ora deferida (CPC, artigo 292, inciso III), com aplicação do artigo 98, § 3º,
do CPC, pelo fato das partes rés serem beneficiárias da justiça gratuita.

P.R.I.

Após o trânsito em julgado, proceda a escrivania ao cumprimento das


providências determinadas no Provimento - CM nº 03/2022 (DJe de 16/3/2022) e, em seguida,
arquive-se.

Cópia da presente, autenticada por servidor em exercício nesta unidade, servirá como Mandado.

Cumpra-se.
Ipojuca(PE), em 27 de julho de 2022.

EDUARDO JOSÉ LOUREIRO BURICHEL

Juiz de Direito

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