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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA

DE FAMÍLIA DA COMARCA DE _______________/UF

PROCESSO NÚMERO:
Fase de cumprimento de sentença
FULANA DE TAL (ALIMENTADO) , menor impúbere, neste ato representada
por sua genitora, CICLANA DE TAL, já qualificada nos autos em epígrafe, por
meio de sua procuradora, na ação de cumprimento de título judicial – pensão
alimentícia, que move em face de MÉVIO DAS QUANTAS (ALIMENTANTE),
vem, a presença de Vossa Excelência, requerer PENHORA DOS VALORES
REFERENTES À AUXÍLIO EMERGENCIAL, pelos fatos e fundamentos de
direito a seguir relatados:
I -BREVE RELATO
Foi proferida sentença (id) nos autos em epígrafe, condenando o Executado
ao pagamento de pensão alimentícia ao Exequente, no valor correspondente
a xx% (percentual arbitrado na sentença) do salário mínimo vigente,
totalizando o valor de R$ (descrever o valor), com vencimento para o dia 10
(dez) de cada mês.
A r.sentença, transitou livremente em julgado. Ocorre que, o Executado não
tem honrado com sua obrigação alimentar desde o mês (indicar mês do
atraso) de 2020.

Desta forma, a pretensão da exeqüente não foi atingida e,


consequentemente, não está percebendo os alimentos que a esta são
devidos em consequência desse abandono material por parte do Executado,
razão pela qual se viu obrigado a socorrer ao Poder Judiciário.

O Exequente tem ciência que o Executado preencheu os requisitos e,


portanto, irá beneficiar-se das 03 (três) parcelas do Auxílio Emergencial,
fornecido pelo Governo Federal, no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais)
cada.
Portanto, sendo certo que a exeqüente necessita dos valores alimentícios
para seu sustento e levando em consideração a atual situação de crise na
saúde e financeira que o país atravessa em razão da pandemia, outra medida
não há senão o requerimento de PENHORA DE VALORES REFERENTE AO
DE AUXÍLIO EMERGENCIAL em nome do executado no importe máximo
permitido em lei, qual seja 50% (cinqüenta por cento) do valor recebido.
II- DO DIREITO
O artigo 528, § 1º do Novo Código de Processo Civil dispõe sobre o direito de
executar o débito alimentício:

Art. 528  No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de


prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a
requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente
para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a
impossibilidade de efetuá-lo.
§ 1º Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento,
não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de
efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se,
no que couber, o disposto no art. 517.

Ocorre que, apesar de devidamente intimado e oportunizado o pagamento


das prestações alimentícias vencidas, o executado não o fez, assumindo o
abandono material da parte exeqüente.

A presente ação tem como natureza o caráter coercitivo para forçar o


adimplemento das verbas alimentícias por parte do executado. Em razão
disto, necessário se faz, também em caráter excepcional e emergencial, por
se tratar de prestação alimentícia, que seja oportunizada à exeqüente outros
meios para que suas verbas alimentares sejam prestadas.

O artigo 530 define que não cumprida as obrigações, observar-se-á o


disposto nos arts. 831 e seguinte, in verbis:
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários
advocatícios.

Dessa feita, encontra-se fundamentado o pedido da exequente, sendo


legítimo e urgente, sob pena de prejuízos irreparáveis, requerendo assim
sejam penhorados valores das contas que houverem em nome do Executado,
nos termos do art. 831 do NCPC.

II.2 - DA PENHORA DOS VALORES DE AUXÍLIO EMERGENCIAL


O Governo Federal concedeu auxílio emergencial destinado aos
trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos
e desempregados, e tem por objetivo fornecer proteção emergencial no
período de enfrentamento à crise causada pela pandemia do Coronavírus -
COVID 19.

Tem-se a informação de que o executado foi beneficiado fazendo jus ao


recebimento do referido auxílio.

A Resolução nº 318 do CNJ, reconhece o caráter alimentar do auxilio


emergencial, nos termos do art. 833, IV e X do NCPC, sendo portanto, verba
impenhorável.

Todavia, o referido artigo traz em seu bojo a exceção à regra em seu


parágrafo 2º, senão, vejamos:

Art. 833. São impenhoráveis:


[...]
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações,
os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem
como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao
sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e
os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º ;
[...]
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40
(quarenta) salários-mínimos;
[...]
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de
penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente
de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta)
salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no
art. 528, § 8º , e no art. 529, § 3º  .

Portanto, é permitida a penhora dos valores de auxílio emergencial para


pagamento de prestação alimentícia, devendo esta ser concedida em favor da
exeqüente, no importe de 50% (cinqüenta por cento) da verba recebida pelo
executado.

III- DA MEMÓRIA DISCRIMINADA DE CÁLCULO ATUALIZADA


O valor do débito total atualizado até a presente data é de R$ (valor do
débito alimentar vencido).
(Inserir planilha de débito ou juntar como anexo).
Cumpre informar que no cálculo a correção monetária foi efetuada utilizando-
se a Tabela Prática do E. TJMG, mais taxa de juros simples de 1% (um por
cento) ao mês, aplicados sobre a obrigação mensal, que corresponde a 30%
do salário mínimo vigente, na data dos seus respectivos vencimentos.

IV-DO PEDIDO
Isto posto, requer seja concedido o pedido da Exequente determinando a
penhora de 50% (cinquenta por cento) do AUXÍLIO EMERGENCIAL,
constantes em nome do Executado, quanto bastar para o adimplemento do
débito alimentar, despesas e honorários advocatícios;

Requer a expedição de ofício à Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil,


gestoras das contas do FGTS, PIS/PASEP, ABONO salarial e AUXÍLIO
EMERGENCIAL, para que informe acerca dos saldos mantidos naquelas
instituições em nome do executado;
Ainda, a retenção de valores referentes à condenação de honorários
advocatícios em id, no importe de XX% (percentual arbitrado na
sentença) sobre o valor atualizado do débito (acima descrito), nos termos do
art. 85, § 1º, NCPC, com a consequente expedição do alvará judicial;

Termos em que,

Pede deferimento.

Cidade, _____ de __________ de 2020.

Advogado

OAB/UF

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