Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA __VARA DA

COMARCA DE (CIDADE), ESTADO DE (UF).

ASSOCIAÇÃO FILANTRÓPICA DE AMPARO AO IDOSO, entidade civil de


direito privado, inscrita no CNPJ nº xx.xxx.xxx/xxxx-xx, (endereço eletrônico)
com endereço na (endereço completo), representada pelo Coordenador
Geral GUILHERME DE BASKERVILLE, (nacionalidade, estado civil,
profissão, RG, CPF, endereço), por intermédio de seus procuradores,
mandato incluso, vem à digna presenta de Vossa Excelência propor a
presente AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS em desfavor
de JORGE DE BURGOS, (nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF,
endereço), pelas razões fáticas e de direito doravante alinhavadas.
1 - Dos fatos
O Réu foi membro da Diretoria Executiva da Associação como Coordenador
Geral por um período de 04 (quatro) anos.

Enquanto empossado no cargo mais alto da Associação, o Réu, de forma


arbitrária, julgou-se merecedor de uma remuneração mensal, a qual fixou em
R$ 3.000,00 (três mil reais), reajustando-a ao longo do período até o valor de
R$ 3.564,00 (três mil, quinhentos e sessenta e quatro reais), contrariando
expressa disposição estatutária que veda a remuneração de membros da
diretoria.

A completa ausência de legitimidade para o ato de estipular remuneração a si


mesmo, não impediu o Réu que o fizesse pelo período de 39 meses,
conforme levantamento feito pela nova administração, totalizando um desvio
de R$ 129.044,10 (cento e vinte e nove mil e quarenta e quatro reais e dez
centavos) reais, considerando os devidos acréscimos, quais sejam,
atualização segundo o INPC-IBGE e juros compensatórios de 01% (um por
cento) ao mês até presente data, conforme planilha em anexo.

2 – Dos fundamentos
2.1 – Do dever de reparar
Com muita propriedade, Marton define a responsabilidade como “a situação
de quem, tendo violado uma norma qualquer, se vê exposto às
consequências desagradáveis decorrentes dessa violação, traduzidas em
medidas que a autoridade encarregada de velar pela observância do preceito
lhe imponha”. É, portanto, a consequência que o agente, em virtude de
violação de dever, sofre pela prática de seus atos.

A noção de que todo homem pode ser titular de direitos e obrigações na


órbita civil é um conceito legal (art. 1º, CC). No ato de administrar, existe o
desenvolvimento de um processo obrigacional que deve culminar com
satisfação do objetivo de que se incumbiu o titular do cargo.

Assim, os incidentes que ocorrem nesse iter, ou que venham a decorrer dele,


trazendo consequências danosas, são passíveis de responsabilização, visto
que o administrador é a pessoa que tem em suas mãos determinados bens
ou dirige interesses alheios.
Isso em vista, consigna-se que a conduta do Réu se subsume no conceito de
ato ilícito (art. 186, CC), prática em desacordo com a ordem jurídica, violadora
de direito subjetivo individual, ensejando dano.

 "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito."
Conforme bem se sabe, concorrem para a configuração do ato ilícito esses
três elementos: a) fato lesivo voluntário ou imputável (CC, art. 186, 1ª parte);
b) ocorrência de um dano; c) nexo de causalidade entre o dano e o
comportamento do agente. Conforme se demonstra adiante, tais elementos
são observáveis no presente caso.

O ato de estipular remuneração a si mesmo, contrariando expressa


disposição estatutária, ao arrepio de preceito geral de direito, que manda
sejam respeitados os bens alheios (princípio geral da vedação do
enriquecimento sem causa), mandamento traduzido no art. 884, CC, constitui
fato lesivo voluntário.

 Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de


outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários.
A existência do fato alegado é demonstrada pelos documentos anexos, que
são recibos de pagamento assinados pelo Réu, coincidentes com o período
em que exercia cargo na Diretoria Executiva.

Além dos preceitos legais violados, já mencionados, cabe ainda destacar o


ensinamento de Maria Helena Diniz que, ao define a autocontratação,
demonstra a imoralidade de tal negócio jurídico:

 (...) o negócio jurídico em que uma só pessoa vem a representar


ambas as partes, como no caso, por exemplo, do contratante que
intervém por si mesmo, em seu próprio nome, e como
representante de outrem, manifestando sua vontade sob dois
ângulos diversos, de tal sorte que haja duas vontades jurídicas
diferentes, embora expressas por uma única pessoa. (Dicionário
jurídico. V. 1, Saraiva, 1998. p. 344) O direito positivo não oferece
uma solução clara e em princípio parece contrário à validez e
admissibilidade dessa classe de contratos.
Claramente, quando se está diante de um autocontrato que encobre uma
remuneração pelo exercício de atribuições inerente ao cargo do dirigente,
está-se diante de uma grave violação ética.

Ainda sobre o ato lesivo, além da violação ao art. 884, CC, destaca-se


também a inobservância dos deveres de cumprir e fazer cumprir o estatuto,
bem como do dever de lealdade para com a Associação.

É mister destacar que o dolo na conduta do Réu se demonstra pelo fato


deste, como associado no exercício de cargo da diretoria executiva, conhecia
o teor do art. XX do estatuto, que veda a remuneração dos membros da
Diretoria Executiva.

A ocorrência de dano é evidente, posto que os recibos apresentados (anexo)


indicam que o Réu prodigalizava o patrimônio da Autora em proveito próprio,
causando um prejuízo de R$ 129.044,10 (planilha em anexo), ao longo de um
período de 39 meses.

O nexo de causalidade entre o fato lesivo e o dano se evidencia na relação de


exata proporção existente entre o valor subtraído do patrimônio da Autora e o
acrescido ao patrimônio do Réu, conforme faz prova os recibos em anexo.

Evidenciada a existência de ato ilícito no presente caso, mister destacar que


se está diante de responsabilidade civil aquiliana (arts. 186 e 927, CC).
Decorre, portanto, a obrigação do Réu em reparar os danos causados.

 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.
É evidente a obrigação do Réu em reparar o dano causado ao patrimônio da
Autora em decorrência da ilicitude da conduta daquele. Passa-se, portanto, à
delimitação do dano material.

2.2 – Do quantum debeatur


Atualizada a dívida segundo INPC, acrescida de juros compensatórios de
01% (um por cento) ao mês, tem-se a seguinte tabela:

 (Inserir tabela. Sugestão de sítio eletrônico para cálculos e


tabelas de atualização
monetária: http://www.drcalc.net/Index.asp)
O resultado, portanto, é o valor de R$ 129.044,10 (cento e vinte e nove mil,
quarenta e quatro reais e dez centavos), que equivale ao quantum debeatur,
ou dano material a ser reparado.
3 – Dos requerimentos
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

3.1 – O recebimento da presente ação e a designação de audiência prévia de


conciliação;

3.2 - A CITAÇÃO do Réu para, caso queira, conteste os termos da inicial, sob
as penas da revelia e da confissão ficta;

3.3 – A total procedência dos pedidos aqui formulados, no sentido de:

3.3.1 – Reconhecer o dever do Réu de reparar os danos materiais por ele


causados em virtude da ilicitude de seu ato;

3.3.2 – Condenação do Réu ao pagamento de R$ 129.044,10 (cento e vinte e


nove mil, quarenta e quatro reais e dez centavos) a título de danos materiais
à Autora;

3.4 – Protesta pela produção de provas por todos os meios legais, em


especial pelos documentos em anexo.

Atribui-se à causa o valor de R$ 129.044,10 (cento e vinte e nove mil,


quarenta e quatro reais e dez centavos).

Nestes termos, pede e espera deferimento

Local e data.

Nome do advogado, OAB/UF - XX.XXX

Você também pode gostar