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EXMO. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA


DA CAPITAL /RJ.

xxxxxxxxxxxxxxxxxx, (nacionalidade, estado civil, profissão), portador da


carteira de identidade n.º xxxxxxxxx expedida pelo xxx/RJ e inscrito no CPF
sob o n.º xxxxxxxxxxxxxxx, residente e domiciliado na
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx/RJ, Cep. xxxxxxxx, vem, por seus
advogados infra-assinados (Barelli & Barbosa Escritório de Advocacia), com
escritório situado nesta cidade, onde recebe intimações e avisos, vem à
presença de V. Exa., propor a presente

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

em face de XXXXXX XXXXXX , inscrito no CNPJ sob o nº xxxxxxxxxxxxxxxx,


com endereço na xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx/ RJ, CEP: xxxxxxxxxxxxx, em
vista das seguintes razões de fato e de direito:

DOS FATOS

No dia xx de xxxx de 20xx o Autor adquiriu um xxxxxx através do site do Réu


(www.xxxxx.com), no valor de R$ xxx,xx , sendo o valor de R$ xxx,xx referente
ao produto e R$ xx,00 referente ao frete, conforme comprova o Pedido de nº
xxxxx, em anexo.

A referida compra foi feita através do cartão de crédito do Autor, da bandeira


MASTERCARD, final xxxxx, em 5 vezes de R$ xx,xx.
No entanto, o Réu não entregou o produto adquirido pelo Autor e, na tentativa
de compensá-lo, ofereceu um "vale compra" no valor de R$ xxx,00.

O Autor, em xx de setembro de 20xx, utilizou o "vale compra" ofertado e


efetuou outra compra pelo site do Réu de 02 (duas) camisas TOMY HILFIGER,
no valor total de R$ xxx,xx, sendo os R$ xxx,00 do "vale compra" e R$ xx,xx
que o Autor teve que complementar, conforme comprova o Pedido de nº xxxxx,
em anexo.

A referida compra foi feita através do cartão de crédito do Autor, da bandeira


MASTERCARD, final xxxx, em 2 vezes de R$ xx,xx.

No entanto, APÓS 4 MESES DA COMPRA, o Réu encaminhou um


comunicado ao Autor no dia xx de janeiro de 20xx, através do e-mail
xxxxxxxxxxxxxxxxx.com, com os seguintes dizeres: "diante da recessão que
atinge nosso país, e em virtude a alta vertiginosa do dólar norte americano, não
conseguimos finalizar a operação de importação das mercadorias objeto de
seu pedido. Viemos informálo que já efetuamos a solicitação de cancelamento
de sua compra junto à Cielo (cópia à disposição de vossa senhoria caso
necessite). Contudo a administradora do cartão, por motivos que fogem ao
conhecimento de nossa empresa, nos últimos 90 (noventa) dias, tem criado
numerosos entraves para a formalização de qualquer tipo de estorno de
compras. No intuito de proteger nossos clientes, notificados a administradora
de cartões por diversas vezes para que acate imediatamente as solicitações de
estorno, contudo, até o momento não obtivemos resposta positiva. Caso a
Cielo não aceite nossos pedidos seremos obrigados a solicitar socorro ao
poder judiciário para que clientes não sejam prejudicados e iremos até o final
de qualquer discussão necessária a manter intactos direitos de nossos
consumidores."
Impende clarificar, por oportuno, que o Réu até a presente data não entregou
os produtos adquiridos pelo Autor, nem, tampouco, estornou os valores já
pagos, descumprindo, portanto, a obrigação consubstanciada no contrato entre
eles pactuado.

Não é demais ressaltar que, em todos estes meses, várias tentativas de


contato foram feitas pelo Autor através do e-mails encaminhados ao SAC do
Réu (todos em anexo) no sentido de ver-se ressarcido dos prejuízos sofridos,
que restaram de todo infrutíferas.

Em vista dos fatos acima narrados é evidente o desrespeito à legislação, assim


como a ofensa à moral, à honra e à dignidade do Autor, que, apesar de cumprir
com as suas obrigações no contrato, não obteve do Réu a presteza e cortesia
esperada, incutindo na mesma sofrimento, angústia, constrangimento e
tratamento desrespeitoso.

DOS FUNDAMENTOS

Resta evidenciada a relação de consumo existente entre as partes, tendo o


Autor como consumidor e o Réu como fornecedor de serviços, motivo pelo qual
deve ser aplicado à hipótese o CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, que
disciplina tal relação, principalmente ao ser constatado o descumprimento dos
deveres das práticas comerciais e contratuais de boa-fé, lealdade, de prestar
corretas informações e serviço adequado e eficiente ao consumidor.

1º - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Cabe ressaltar que o Código de Defesa do Consumidor traz uma inovação
inserida no inciso VIII, artigo 6º do CDC, onde visa facilitar a defesa do
consumidor lesado, com a inversão do ônus da prova, a favor do mesmo.

2º - DA APLICAÇÃO DA LEI 8.078/90

À vista dos esclarecimentos retro, consubstanciado pela prática do


inadimplemento contratual perpetrado pelo Réu, revela-nos que o seu
procedimento discrepa inteiramente do princípio da probidade e da boa-fé
objetiva, consagrados no artigo 422 do Código Civil, vez que tal ato foi
claramente praticado com intenção dolosa e espírito de maleficência, com
vistas a se locupletar financeiramente às custas da Autora.

Não se contesta que agiu o Réu em verdadeiro abuso de direito,


caracterizando, assim, a prática de ilícito civil.

O art. 422 do Código Civil, abaixo transcrito, claramente estipula os deveres e


as obrigações que os contratantes devem observar:

"Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do


contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé".

Assim sendo, o Réu, descumprindo o contrato, violou o princípio da boa-fé


contratual, demonstrando nitidamente, através de sua conduta inidônea, a
transgressão ao dever jurídico que ensejou, com isto, o enriquecimento sem
causa.
Pelo conteúdo do ato praticado resulta a ilegalidade, vez que o Réu contrariou
o senso comum da honestidade, retidão, justiça, boa-fé e os princípios éticos
da razoabilidade, consubstanciando uma completa consagração de desrespeito
e abuso face ao direito alheio.

Portanto, restou nítida a violação do dever jurídico, como também a


transgressão das normas legais, através da conduta dolosa, incoerente e ilícita
do réu, repleta de má-fé, tendo em vista que praticou o ato com o obvio intuito
de causar dano.

Disto resulta que, quem pratica qualquer ato, seja comissivo ou omissivo, de
que resulte prejuízo, deve suportar as consequências de seu procedimento. É
regra elementar do equilíbrio social. A justa reparação é a obrigação que a lei
impõe a quem causar o dano injustamente a outrem.

Vale ressaltar que o Autor, em conformidade como que dispõe o artigo 333,
inciso I do Código de Processo Civil, traz aos autos a prova do fato constitutivo
de seu direito, vez que demonstra cabalmente que comprou e pagou por dois
livros no site do Réu e que estes não foram entregues até a presente data.

Outrossim, conforme assente na doutrina e na jurisprudência, no que tange à


indenização a título de dano moral, temos que esta somente é cabível diante
da ação ou omissão praticada injustamente pelo ofensor. No caso em tela,
restou demonstrada esta ação. A inadimplência dolosa da obrigação contratual
carreou transtorno, constrangimento, irritação, angustia, indignação, revolta,
além de ofender e desrespeitar o autor nos seus legítimos direitos.

O art. 927, parágrafo único do Código Civil, que estabelece:


Art. 927 - .....

Parágrafo Único - “Haverá obrigação de reparar o dano, independente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, riscos para o
direito de outrem.”

A reparabilidade do dano moral não se questiona, haja vista que a Constituição


Federal, no seu artigo 5º, incisos V e X, reconhece o direito da indenização dos
danos que não atingem o patrimônio material da vítima.

Ressalta evidente, desse modo, o absoluto cabimento da pretensão à


indenização por danos patrimoniais e morais aludidos na presente exordial, eis
que, como suficientemente demonstrado, pode se imputar ao réu o
ressarcimento a dano decorrente de fato lesivo a que, efetivamente, deu causa.

Adite-se que a reparação do dano deve atender ao tríplice caráter: punitivo,


indenizatório e educativo, como forma de desestimular a reiteração do ato
danoso. O valor da reparação não deve constituir causa de enriquecimento,
mas sim indicar juízo de reprovação.

Tal posicionamento, inclusive, é fortalecido pelo entendimento do Des. Sergio


Cavalieri Filho:

“Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia
que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a
reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento
experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as
condições sociais do ofendido e outras circunstâncias mais que se fizerem
presentes”. (Programa dt Responsabilidade Civil. Editora Malheiros, 5ª ed,
p.108)

As alegações aqui defendidas encontram amplo e pacífico apoio da


jurisprudência pátria, com destaque para o acórdão abaixo, da lavra do Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que, pela semelhança, se
aplica ao presente caso:

"1011641-74.2011.8.19.0002 – Relator – Des. Jorge Luiz Habib – j. 13/08/2012


– Décima Oitava Câmara Cível. (R$3.000,00). DIREITO DO CONSUMIDOR E
PROCESSUAL CIVIL. COMPRA NA INTERNET. PRODUTO NÃO
ENTREGUE. VALOR NÃO ESTORNADO. DANO MORAL IN RE IPSA. Ação
de responsabilidade civil proposta por consumidora em face de loja varejista
porque produto adquirido através de sítio da vendedora na internet não foi
entregue, a tanto não correspondendo estorno do preço. Pedido de repetição
em dobro, bem como indenização por dano moral. Sentença de parcial
procedência que não reconheceu o dano moral. Apelo da demandante por
entender ser cabível o pleito indenizatório.1. Impõe dano moral ao consumidor
o comerciante que recebe o preço de mercadoria posta à venda e não o
entrega nem devolve o dinheiro recebido; torna mais grave a ofensa se a
mercadoria é adquirida por avó para presentear o neto no Natal. 2. Dada as
circunstâncias pessoais da autora e baixo preço da mercadoria (R$ 73,16),
mostra-se justo indenização de R$ 3.000,00. 3. Recurso ao qual se dá
provimento na forma do art. 557, § 1.º-A, do CPC. (0086862-
20.2010.8.19.0001 – Relator – Des. Fernando Foch Lemos – j. 29/05/2012 –
Terceira Câmara Cível.)"

"0038426-32.2012.8.19.0204 - APELACAO

1ª Ementa
DES. ANTONIO CARLOS BITENCOURT - Julgamento: 23/07/2015 -
VIGESIMA SETIMA CÂMARA CIVEL CONSUMIDOR

EMENTA APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. COMPRA DE PRODUTOS ADQUIRIDOS PELA
INTERNETATRAVÉS DE SITE DE COMPRAS COLETIVAS. MERCADORIA
NÃO ENTREGUE. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. FORTUITO
INTERNO. TEORIA DO RISCO DO EMPREENDIMENTO. SOLIDARIEDADE.
DANO MORAL CARACTERIZADO. PRECEDENTES DESTA CORTE. DEVE-
SE RECONHECER A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS RÉUS, DEVENDO
COMPENSAR A AUTORA PELO DANO MORAL SOFRIDO, RESSALTANDO-
SE QUE O DANO MORAL É INEQUÍVOCO, DECORRENTE DO PRÓPRIO
FATO, IN RE IPSA, SENDO INDISCUTÍVEIS OS ABALOS EMOCIONAIS E
PSICOLÓGICOS SUPORTADOS. RECURSO A QUE SE DÁ PARCIAL
PROVIMENTO, PARA INDENIZAR A AUTORA PELO DANO MORAL
SUPORTADO EM R$3.000,00 (TRÊS MIL REAIS), OBSERVADOS OS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE.
CONDENO, AINDA, AO PAGAMENTO DAS CUSTAS JUDICIAIS E
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS QUE FIXO EM 10% SOBRE O VALOR DA
CONDENAÇÃO. DÁ-SE PROVIMENTO AO RECURSO NA FORMA DO
ARTIGO 557, § 1º-A, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL."

"0008279-16.2009.8.19.0208 -

APELACAO

1ª Ementa
DES. REGINA LUCIA PASSOS - Julgamento: 14/09/2015 - VIGESIMA
QUARTA CÂMARA CIVEL CONSUMIDOR

Apelação Cível. Relação de Consumo. Ação Indenizatória. Compra de produto


pela internet. Mercadoria não entregue. Requerimento do Consumidor para
excluir o vendedor do produto do polo passivo, ante a impossibilidade de citá-
lo. Sentença de extinção, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 267,
VI, do CPC. Legitimidade Passiva da ré reconhecida por força da solidariedade.
Fabricante que colocou seu produto no mercado, por intermédio de
revendedor, não pode ser eximido da sua responsabilidade. Princípio da
Vulnerabilidade, norteador das normas consumeristas, contido no artigo 4º,
inciso I, CDC. Responsabilidade objetiva. Danos Morais e Materiais
configurados. Verba reparatória que ora se fixa em R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), em consonância com os Princípios da Razoabilidade e da
Proporcionalidade e parâmetros desta Corte. Precedentes citados: 0012868-
61.2012.8.19.0203. Apelação. DES. JUAREZ FOLHES - Julgamento:
14/08/2014 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL CONSUMIDOR;1631768-
75.2011.8.19.0004 APELAÇÃO DES. PETERSON BARROSO SIMAO -
Julgamento: 01/10/2013 - VIGÉSIMA QUARTA CÂM ARA CÍVEL
CONSUMIDOR. PROVIMENTO DO RECURSO."

Neste diapasão, o Autor, constrangido e prejudicado com o caso em comento,


necessita do poder Judiciário para poder fazer prevalecer o seu direito como
consumidora, vez que foi tratado de modo totalmente desrespeitoso e adverso
a Lei em Vigor.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

São devidos os honorários advocatícios decorrentes das verbas


sucumbenciais, no caso de interposição de recurso pelo Réu, na razão de 20%
sobre o valor da condenação. Os honorários de sucumbência tem caráter
alimentar e não podem ser sonegados ou fixados em valores que não
remunerem o trabalho do advogado.

DOS PEDIDOS:

Pelo todo o exposto, REQUER a V. Exa.:

I- A CITAÇÃO do Réu, na pessoa de seus representante legal, para oferecer


contestação, sob pena de revelia;

II - A aplicação da cláusula de inversão do ônus da prova, com fulcro no artigo


6º, inciso VIII da Lei n.º 8.078/90;

III- Seja julgado PROCEDENTE o pedido para:

III.1- Condenar o RÉU a devolução do valor de R$ xxx,xx, a título de


indenização por danos materiais, corrigido monetariamente;

III.2- Condenar o RÉU ao pagamento do valor de R$ xxxxxx a título de


indenização por danos morais;

IV - A procedência total do pedidos formulados pela parte Autora.

V- A condenação do Réu nas custas processuais e nos honorários


advocatícios, no montante de 20%.
Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em
especial a documental, testemunhal, e depoimento pessoal dos prepostos.

Dá à causa o valor de R$ xxxxxxxxxxxx

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