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Exmo. Sr. Dr.

Juiz de Direito Do Juizado Especial da Comarca


de Governador Valadares/MG.

FELLIPE MORAES FRANÇA, brasileiro, casado, empresário inscrito


no CPF sob o nº 065.239.266-05, residente e domiciliado na Rua
Quatorze, nº 717, Bairro Ilha dos Araújos, Governador Valadares/MG,
CEP 35.020- 720, vem mui respeitosamente diante Vossa Excelência
por meio de sua advogada infra assinada em documento anexo
propor a presente AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALOR C/C DANO
MORAL em face de RB KING CWB, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita sob CNPJ :25.995.939/0001-64, com sede situada
na Rua Anneliese Gellert Krigsner, n° 3.033, bairro Iná, município de
São José dos Pinhais/PR, CEP 83.065-470,
email:rbkingcwbvendas@gmail.com., nesse ato representado por
seu representante legal RUBENS NARCISO BONATTO DE LIMA,
residente e domiciliado na Rua Anneliese Gellert Krigsner, n° 3.033,
bairro Iná, município de São José dos Pinhais/PR, CEP 83.065-470,
telefone de contato (41) 9962372737, pelos fatos e fundamentos
aduzidos a seguir:

DA JUSTIÇA GRATUITA:
Inicialmente requer seja deferida a gratuidade de justiça, de acordo
com Lei 1.060/50, com alterações introduzidas pela Lei nº 7.510/86,
uma vez que sua situação financeira não permite arcar com os ônus
processuais, sem prejuízo de seu sustento e de seus familiares. Nos
termos do art. 5º, LXXIV, da CF e do art. 4º da Lei 1.060/50 art. 98
da Lei 13.105/15 (Estabelece normas para a concessão de assistência
judiciária aos necessitados).

DOS FATOS:

Inicialmente, o autor esclarece que no dia 22 de agosto do ano


corrente efetuou a compra de 02 (duas) malas Rimowa no valor de
R$ 2.300,00 (dois mil e trezentos reais), conforme se verifica no
recibo de venda em anexo, e ainda, do comprovante de depósito via
PIX da efetuação do pagamento.
Tal negócio jurídico tinha como prazo para a entrega do produto
adquirido o período de até 10 dias úteis. Porém Excelência até a
presente data o autor não recebeu o produto comprado através do
Instagram e WhatsApp da empresa ré, mesmo tendo seu
representante legal enviado ao mesmo um documento de postagem
do produto.
Vale salientar Excelência que o código de rastreamento (QA 685 602
994 BR) do mencionado produto não consta na base de dados dos
Correios.
O autor Excelência por várias vezes solicitou junto a empresa a
devolução dos valores pagos, conforme demonstrados nas conversas
entre o autor e o representante legal da empresa e na notificação
extrajudicial enviada na data de 20 de setembro, onde demonstra o
interesse do autor em resolver o problema de forma harmoniosa,
porém as atitudes irresponsáveis do representante legal da empresa
frustraram o autor.
Consta Excelência que o representante legal da empresa ré na data
de 18 de setembro chegou a simular uma transferência de valores
enviando ao autor um comprovante de transferência via mercado
pago, porém esses valores nunca foram depositados na conta
indicada pelo autor.
O autor Excelência registrou um boletim de ocorrência, pois se sentiu
vítima de um golpe realizado pela empresa devido a desonestidade
do seu representante legal em fornecer dados falsos como o rastreio
dos correios e um comprovante de transferência bancária.
Que devida tantas tentativas frustradas por parte do autor em ter seu
direito ressarcido, visto a evidente atitude desonesta da empresa ré
que não enviou os produtos comprado e quitados pelo autor, o
representante legal da empresa fez uma transferência a advogada do
autor no valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais) apenas.
Ora Excelência devido a todo o exposto não resta dúvida do dever de
indenizar por parte da empresa ré, visto o grande transtorno causado
ao autor já a alguns meses, restando ao autor buscar a interferência
estatal pra ter seus direitos garantidos.

DO DIREITO:

DA APLICABILIDADE DO DIREITO DO CONSUMIDOR:


O Código de Defesa do Consumidor define, de maneira bem lúcida,
que o consumidor de produtos e serviços deve ser agasalhado pelas
suas regras e entendimentos senão vejamos:
"Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestações de serviço."
Com isso, fica espontâneo o vislumbre da responsabilização da
empresa requerida sob a égide da Lei nº 8.078/90, visto que se trata
de um fornecedor de produtos que, causou danos efetivos a um de
seus consumidores.
Neste sentido devem ser aplicados os artigos Art. 31 do Código de
Defesa do Consumidor que dispões sobre a proteção do consumidor.
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços
devem assegurar informações corretas, claras, precisas,
ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características,
qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos
de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os
riscos que apresentam à saúde e segurança dos
consumidores.
Neste caso Excelência ficou evidente que o representante legal da
empresa ré passou diversas informações falsas ao autor ao adquirir o
produto o Senhor Rubens ora representante da empresa deixou claro
que ao autor que seu produto chegaria em até 10 dias uteis após a
efetivação do pagamento, bem como simulou a devolução dos valores
quitados pelo autor.

DA OPÇÃO PELA RESTITUIÇÃO DA QUANTIA PAGA:


Se ao adquirir um produto, se o consumidor verificar que ele não for
entregue, o Código de Defesa do Consumidor assegura, em seu artigo
35, que:
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar
cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o
consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I - Exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da
oferta, apresentação ou publicidade;
II - Aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a
perdas e danos.
Diante do exposto fica claro que a parte requerida não cumpriu com
suas obrigações estabelecidas em contrato, desta forma, opta o autor
por resolver o contrato em perdas e danos, pleiteando a restituição
imediata da quantia despendida, corrigida e atualizada
monetariamente, com fulcro no disposto no inciso III do do artigo
35, do diploma consumerista.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:


Percebe-se, outrossim, que o autor deve ser beneficiado pela
inversão do ônus da prova, pelo que reza o inciso VIII do artigo 6º do
Código de
Defesa do Consumidor, tendo em vista que a narrativa dos fatos
encontra respaldo nos documentos anexos, que demonstram a
verossimilhança do pedido, conforme disposição legal:
"Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: (...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;"
O requerimento ainda encontra respaldo em diversos estatutos de
nosso ordenamento jurídico, a exemplo do Código Civil, que
evidenciam a pertinência do pedido de reparação de Danos.
Além disso, segundo o Princípio da Isonomia, todos devem ser
tratados de forma igual perante a lei, mas sempre na medida de sua
desigualdade. Ou seja, no caso ora debatido, o autor realmente deve
receber a supracitada inversão, visto que se encontra em estado de
hipossuficiência, uma vez que disputa a lide com uma empresa de
grande porte, que possui maior facilidade em produzir as provas
necessárias para a cognição do Excelentíssimo magistrado.

DO DANO MORAL
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso X, preceitua
que:
“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação”.
O dano moral na moderna doutrina é toda agressão injusta àqueles
bens imateriais insusceptível de quantificação pecuniária, porém
indenizável com tríplice finalidade: satisfativo para a vítima,
dissuasório para o ofensor e de exemplaridade para a sociedade.
Em outras palavras, a nossa Constituição assegurou a
obrigatoriedade do ressarcimento em caso de dano material e moral a
alguém, sendo o dano moral representado pelo sentimento de dor,
injúria moral, vergonha e humilhação causada injustamente.
Foi o que ocorreu no presente caso, pois o Autor, ao tentar adquirir
um produto, fazendo o pagamento a vista deste, além de não receber
o produto comprado, vem há meses sendo submetido a um enorme
stress mental, pois não consegue ter o valor pago restituído.
Destarte, restou caracterizada a conduta abominável do
representante legal da empresa em dispor dados falsos ao autor tais
como o código de rastreio e um comprovante de transferência
bancário que nunca foi feito.
Sobre o assunto, ainda em nossa Carta Magna, no seu artigo 5º,
inciso X, encontramos que:
“X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação".
Ora, Excelência quando o autor não tem realizado a compra de um
produto comprado por fruto do suor do seu trabalho, bem como o
tratamento irresponsável do representante legal da empresa que vem
se esquivando de suas obrigações gerando um transtorno que dura
meses fica caracterizada a dor moral passível de uma indenização.
O dever de indenizar e claramente estabelecido nos artigos. 927
(arts. 186 e 187), Código Civil.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.
A jurisprudência tem defendido a indenização por danos morais em
casos como o sofrido pelo autor:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E DANOS MORAIS.
PRODUTO COMPRADO VIA INTERNET. AUSÊNCIA DE ENTREGA.
FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESTITUIÇÃO DO VALOR
DA COMPRA. DANOS MORAIS. CONFIGURAÇÃO. INDENIZAÇÃO
DEVIDA. QUANTUM INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS
OBEDECIDOS. REDUÇÃO. NÃO CABIMENTO. - Nos termos do
caput, do art. 14, do CDC, o fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços. - A teor do disposto no §3º do referido
dispositivo legal, o fornecedor de serviços só não será
responsabilizado quando provar que, tendo prestado o
serviço, o defeito inexiste ou que houve culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiros. - Constatada a não entrega de
produto adquirido via internet, afigura-se cabida a
condenação do fornecedor imediato à restituição, de forma
simples, do importe total da compra. - A ausência de entrega
de produto comprado regularmente via internet e a dificuldade
em resolver o problema são infortúnios que, em conjunto,
ultrapassam a fronteira do mero aborrecimento, razão pela
qual faz jus o consumidor ao recebimento de indenização a
título de danos morais. - A indenização por danos morais deve
ser fixada de acordo com os critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, para que a medida não represente
enriquecimento ilícito, bem como para que seja capaz de
coibir a prática reiterada da conduta lesiva por seu causador. -
In casu, o quantum indenizatório fixado na r. sentença
encontra-se aquém dos valores arbitrados por esta Câmara
Cível, em situações análogas, pelo que qual não é cabível a
minoração. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.23.185813-
5/001, Relator(a): Des.(a) Luiz Artur Hilário , 9ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 07/11/2023, publicação da súmula em
08/11/2023).

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DESCONTOS PONTUAIS


EFETUADOS NA CONTA BANCÁRIA. NÃO AUTORIZADO. ATO
ILICITO. DANO MORAL PRESUMIDO. NÃO OCORRÊNCIA. MERO
ABORRECIMENTO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. DATA DA
CITAÇÃO.
- O dano de cunho moral não se caracteriza pelo advento de
frustrações, chateações, aborrecimentos, inconvenientes,
dissabores, enfim, os direitos da personalidade não são
vilipendiados por atos inerentes ao piso elementar de
situações ordinárias afetas à dinâmica social e comercial, a
qual todos estão obrigados a suportar.
- No caso dos autos, foram efetuados 2 descontos, no ano de
2020, no valor total de R$ 130,03 (cento e trinta reais e três
centavos), sendo a demanda proposta no ano de 2022,
inexistindo nos autos provas que demostrem ofensa aos
direitos de personalidade da parte autora.
- A mera frustração de expectativa gerada pela não entrega de
produto adquirido pela internet não é fato, por si só,
ensejador de danos morais. - Comprovada a existência de
responsabilidade contratual entre as partes, os juros
moratórios devem ser fixados a partir da data da citação.
V.V.
Os descontos realizados de forma indevida na conta bancária a
título de serviços nunca contratados, são capazes de
configurar ilícito ensejador do dever de indenizar o
consumidor, pessoa hipossuficiente e vulnerável, pelos danos
que sofre em sua esfera moral em razão da dilapidação de sua
parca renda e perda de tempo útil em resolver o litígio. -
Atento ao critério bifásico de arbitramento, deve ser arbitrado
o importe devido a título de danos morais em valor adequado
e condizente com o vem sendo fixado em casos semelhantes.
(TJMG - Apelação Cível 1.0000.23.003395-3/002, Relator(a):
Des.(a) Amauri Pinto Ferreira , 17ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 08/11/2023, publicação da súmula em
08/11/2023)

DO PEDIDO:
Diante do exposto, requer a VOSSA EXCELÊNCIA:
a) a citação da ré, a ser efetivada na pessoa do seu representante
legal para que, querendo, responda aos termos da presente, sob
pena de revelia e confissão ficta;
b) seja determinada a inversão do ônus da prova sendo nos termos
do art. 6º, VIII, do CDC, pela vulnerabilidade técnica do requerente.
c) a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, por ser o
requerente, pessoa pobre na acepção jurídica do termo, nos termos
da Lei nº 1.060/50.
d) a condenação da requerida na restituição dos valores pagos pelo
autor no ato da compra do produto sendo estes valores atualmente
de R$ 1.952,18 (mil novecentos e cinquenta e dois reais e dezoito
centavos) já devidamente corrigido e atualizado.
Seja a presente ação julgada totalmente PROCEDENTE, condenando
a ré a indenizar os Danos Morais causados ao Autor no valor de
R$10.000,00 (dez mil reais).
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidas, em especial pelo depoimento pessoal do representante
legal da requerida, oitiva de testemunhas, prova documental e outras
cabíveis a espécie.
dar-se o à causa o valor de R$ 11.952,18 (onze mil novecentos e
cinquenta e dois reais e dezoito centavos).

Nestes termos
Requer deferimento

Governador Valadares 22 de novembro de 2023

MARIA DE LOUDES PENNA MORAES


OAB/MG 144.722

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