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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO …….

JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA BARRA DA TIJUCA - RJ

George, estado civil, em união estável, advogado, inscrito na OAB/RJ sob o nº…...portador
da carteira de Identidade nº ……, expedida pelo ….., inscrito no CPF nº ……., no endereço
eletrônico ……., morador da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, residente e domiciliado no
endereço …..., vem, perante Vossa Excelência, atuando em causa própria com fulcro nos
artigos 106, 318 e 319 do CPC, propor a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C TUTELA DE URGÊNCIA E


INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS

Em face da empresa Móveis Madeiras Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob o
CNPJ nº …..., a ser citada na pessoa de seu representante legal, portador do nº de identidade
…….., inscrito no CPF ……., no endereço eletrônico …….. e situado no endereço …….,
CEP …….., pelos fatos e fundamentos passa a expor:

I- DA TUTELA DE URGÊNCIA
Conforme o artigo 300 do CPC, será concedida tutela de urgência, independente da
citação ou intimação da parte ré, sempre que a situação possa acarretar prejuízos de dano ou
perigo de dano que gerem risco ao resultado útil do processo.
Diante o caso exposto, pede o deferimento deste pedido, visto que a parte ré não
cumpriu com o que fora acordado, não entregando dentro do prazo os móveis encomendados
para compor o escritório da parte autora, o que a impossibilitou de cumprir seus
compromissos da melhor forma junto com seus clientes. Vale salientar, que o cliente já estava
pagando os serviços de telefonia, internet e luz desde o momento que se planejou para
receber os móveis na primeira data dada pela empresa ré, entretanto não pode usufruir de fato
desses serviços contratados, pois faltava a mobília. Nesse sentido, percebe-se a urgência da
situação, isso, pois, os dois atrasos no prazo e o não fornecimento do serviço impossibilita
diariamente que o autor exerça plenamente seu ofício.

Dessa forma, pede-se a Vossa Excelência que conceda, com fulcro no artigo 300 do
CPC/15 C/C artigo 84, § 3º do CDC, a tutela de urgência, de forma liminar e inaudita
altera parte, sob pena de multa diária de R$ 400,00 (trezentos reais) face ao descumprimento,
além do estabelecimento da inversão do ônus da prova.

II - DOS FATOS
Inicialmente informo a V.Exa. que a parte autora, realizou no site da empresa Móveis
Madeiras Ltda., a compra de móveis planejados para compor seu escritório profissional e
assim poder atender seus clientes, tanto os atuais quanto os futuros, da melhor forma possível
no conforto de um belo escritório localizado no Recreio dos Bandeirantes.
Na data da compra, a empresa ré acordou com o cliente em questão que a data
prevista para a entrega dos móveis no local seria no dia 23/02. Nesse sentido, o cliente se
programou para receber a mercadoria nesta data e poder começar a atender seus clientes no
novo endereço profissional a partir de tal data. Ademais, ressalta-se que serviços adicionais,
como luz, água e telefone, foram contratados para estarem funcionando no local também a
partir da data disposta no contrato a fim de que os clientes tivessem um bom conforto ao
serem atendidos.

Ocorre que, se aproximando do fim do prazo de entrega, a parte ré informou que, por
falta de matéria prima, os móveis não poderiam ser entregues na data acordada, dando um
novo prazo para o dia 01/04. Dessa forma, a parte autora necessitou remarcar com seus
clientes para outro local, já que seu escritório não estaria pronto, já implicando um
desconforto para o autor. No entanto, aproximando-se novamente do novo prazo informado
pela empresa ré, a mesma expôs que a entrega não poderia ser feita de novo no dia 01/04,
sendo postergado para o dia 15/04, causando novamente transtornos para o autor, que não
poderia exercer plenamente sua profissão da maneira que desejava em seu escritório jurídico,
além do mesmo estar pagando por serviços que não poderiam ser de fato utilizados no
endereço.
III - DO MÉRITO
III.I -DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS:
Pelos fatos acima expostos, entende-se que a ré não cumpriu a sua parte da venda que
consistia na entrega dos móveis planejados no endereço profissional do autor, conforme
contrato assinado na data da compra. Assim, percebe-se que a empresa Móveis Madeiras
Ltda. cometeu uma falha na prestação de seu serviço, causando um transtorno para a parte
autora.

De acordo com o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor (CDC):

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.

Ademais, o artigo 6º do CDC ainda garante como direito básico do consumidor:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;

Nesse sentido, observa-se que a empresa faltou com a sua parte no negócio, não
garantindo a efetiva entrega do produto ao consumidor, postergando a entrega por duas vezes.
Tal fato acarretou grandes prejuízos e transtornos para o autor, que ficou impedido de
inaugurar seu escritório profissional e exercer plenamente seu trabalho da melhor forma, não
entregando o conforto que gostaria aos seus clientes. Da mesma forma, o autor precisou
continuar pagando por serviços de internet, água e telefonia, os quais não poderia usufruir por
seu escritório não estar em funcionamento. Desse modo, salienta-se a necessidade da empresa
em reparar o consumidor nos danos morais que lhe foram causados. Dessa maneira,
percebe-se que a empresa ao não cumprir os prazos informados, acabou por cometer um ato
ilícito perante o ordenamento jurídico, conforme dispõe os artigos 186 e 927 do Código Civil:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Neste caso, compreende-se a necessidade de que se faça cumprir uma indenização


moral no valor de R$10.000 pela falha de serviço da empresa, que causou transtornos à parte
autora ao não cumprir com os prazos de entrega do produto, fazendo com que o autor ficasse
impossibilitado de inaugurar seu escritório profissional.

1ª Ementa
Des(a). MARCELO LIMA BUHATEM - Julgamento: 29/03/2022 - OITAVA CÂMARA
CÍVEL

DIREITO DO CONSUMIDOR - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO INDENIZATÓRIA -


FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - ATRASO DE MAIS DE DEZ MESES PARA
A ENTREGA DOS MÓVEIS ADQUIRIDOS PELA PARTE AUTORA - SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA - APELO DO AUTOR - RELAÇÃO DE CONSUMO -
RESPONSABILIDADE OBJETIVA - INCONTROVERSO QUE HOUVE O ATRASO
DE MAIS DE DEZ MESES PARA QUE A EMPRESA RÉ EFETIVASSE A ENTREGA
DO PRODUTO - FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - DANO MORAL
CONFIGURADO - TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR OU
PERDA DO TEMPO ÚTIL - NECESSIDADE DE RECORRER AO JUDICIÁRIO PARA
VER SEU DIREITO GARANTIDO - STJ - INDENIZAÇÃO QUE DEVE SER
MAJORADO PARA O VALOR DE R$ 3.000,00, QUANTIA PLEITEADA NA INICIAL,
O QUE SE AFIGURA RAZOÁVEL E PROPORCIONAL ÀS CIRCUNSTÂNCIAS DO
CASO CONCRETO, ARBITRADA PARA HIPÓTESES SEMELHANTES A DOS
AUTOS DA-SE PROVIMENTO PARCIAL AO APELO.

III. II - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Ademais, solicita-se juntamente a inversão do ônus de prova em favor da parte autora,
conforme preconiza o artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,
acritério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências

Isso pois, diante do cenário de angústia e estresse por não conseguir ter seu escritório
profissional em pleno funcionamento para o que tinha se planejado e por estar pagando por
outros serviços, como luz, telefone e água, sem ao menos poder de fato usufruí-los, faz-se
necessário dispor da facilitação da defesa dos direitos do consumidor, a qual é um dos
fundamentos básicos que dispõe o ordenamento jurídico, já que o comprador é a parte
hipossuficiente da relação.

Dessa forma solicita-se a inversão do ônus de prova.

IV - DOS PEDIDOS:
Diante do exposto acima, pede-se:

a) A citação do réu para integrar a relação processual;


b) A designação da audiência de conciliação ou mediação e intimação do réu para seu
comparecimento, a qual poderá ser imediatamente convolada em audiência de
instrução e julgamento, caso as partes não cheguem a um acordo, sob pena de revelia;
c) O deferimento da tutela de urgência solicitada ao Douto Juízo, a fim de garantir a
entrega dos móveis planejados para que a parte autora possa de fato exercer
adequadamente sua profissão e atender seus clientes;
d) A determinação da inversão do ônus da prova em prol da parte autora, conforme
dispõe o artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor;
e) O julgamento procedente do pedido de pagamento de indenização por danos morais
no valor de R$10.000 reais para compensar a parte autora pelo atraso na entrega dos
móveis, o que impossibilitou o autor de atender seus clientes devidamente em seu
escritório;
f) Que seja julgado procedente a confirmação da tutela de urgência ao final da lide.

V - DAS PROVAS:
Requer a produção de provas por todos os meios admitidos em direito, seja documental, testemunhal,
depoimento pessoal da requerida, sob pena de confesso.

VI - DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 10.000

Nestes termos,
Pede deferimento

LOCAL/ DATA
ADVOGADO/ OAB

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