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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE

DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE


JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS.

Processo nº: 5052669-89.2022.8.13.0145


Magno Cezar Gonçalves, alhures qualificada nos autos de
processo em epígrafe em face de Companhia de
Saneamento Municipal – Cesama, vem à presença de
Vossa Excelência apresentar

IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO

o que faz pelas razões de direito que passa a expor a seguir:

RESUMO DAS ALEGAÇÕES


Douto Juízo, em apertada síntese, sob infundados argumentos
juntou a ré aos autos provas unilaterais – telas sistêmicas –
buscando se desvencilhar da responsabilidade pelos
danos/constrangimentos gerados ao autor pela negativa de
cancelamento do fornecimento de água. Isto mesmo após
inúmeras tentativas de contato em atendimento presencial e
pelos canais remotos de atendimento ao consumidor,
comprovados pelos protocolos de atendimento
disponibilizados.

Como se verificará nas exposições realizadas por este que lhe


subscreve respeitavelmente, a empresa ré incorre em
inconsistências em sua contestação, como a colação de
julgados não aplicados in casu e especulações de situação não
prevista na exordial. Tudo isso demonstra uma conduta
desrespeitosa, que deve ser considerada também no momento
de proferimento da respeitável decisão, a fim de que não se
reitere.
Resumidamente, a ré apresentou as seguintes teses defensivas:

1. Ilegitimidade Ativa do Autor;

2. Falta de interesse Processual


3.Culpa exclusiva do consumidor;

4. Inépcia da Inicial por Pedido Genérico

Destarte, é a presente para impugnar as teses lançadas em


contestação pela ré, bem como para tecer considerações sobre
seus efeitos nos presentes autos, pedindo vênia para isto.

1) DAS PRELIMINARES
a. ILEGITIMIDADE ATIVA E DA FALTA DO
INTERESSE DEAGIR.

Insta a ré em dizer que faltam ao autor pressupostos de


condição da ação tal como legitimidade para pleitear a
demanda e da falta de interesse na ação. Razão não assiste aos
argumentos conforme se depreende pelas próprias provas
juntadas aos autos pela empresa. Conforme explicito nas
conversas, o autor se encontra na condição de comodatário do
imóvel e, por assim ser, deve zelar como se fosse sua a
propriedade. Aos autos o entendimento do art. 582 do CC:

Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a


coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a
natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário
constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o
aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.

Não obstante, somado as condições de sua genitora, o


autor vem a este juízo cuidar de interesse próprio vez que se
constitui como responsável pelas dívidas enquanto
comodatário do imóvel. Assim, não há que se falar na ausência
de legitimidade e nem mesmo falta de interesse, por estar o
autor pleiteado em uma relação que estabeleceu com a ré. Se
assim não fosse, por qual razão a ré se negaria a fornecer seus
serviços no novo endereço do autor?

b. DA INÉPCIA DA INCIAL
Aduz a ré que, em razão da necessidade de emenda a
inicial a petição inicial está inapta para o julgamento. Não
somente, mas que foram formulados pedidos genéricos, o que
implicaria, em último caso, no indeferimento da petição inicial,
nos moldes do parágrafo único do art. 31 do CPC/15.

Mais uma vez, encontra-se equivocada a ré. Isto pois,


encontra-se elencados, objetivamente, no tópico “Do Pedido”,
os pedidos do autor, mais especificamente, no subitem “C”, a
termo:

“inexigibilidade do débito cobrado pela, referente aos


meses com fatura em aberto eis que são indevidos haja vista as
inúmeras tentativas de cancelamento do serviço e o consumo ínfimo
relatado pela ré em certidão de consumo em anexo”

Com isso não resta dúvida que o pedido principal da lide é


a declaração de inexigibilidade dos débitos cobrado pela ré
referente aos meses em que não foi realiza a prestação do
serviço. Veja bem, o ator encontra-se com cobrança através de
consumo médio por não ter gerado consumo relevante em seu
hidrômetro. Cobranças essas mesmo após ter pedido
cancelamento. Uma prática extremamente abusiva frente aos
direitos do autor.

Vale menção que a necessidade de a necessidade de


emenda a inicial não implica em caráter de conduta, como quis
mostrar a ré.

Tais alegações imputariam responsabilidade ao


demandante, pessoa humilde que buscou o presente Núcleo
para sua representação por não possuir recursos para
representação particular onerosa especializada. Falta tato e
humanidade daquele que escreveu tal parágrafo.

2) DA TUTELA DE URGÊNCIA

As mesmas razões da inicial se reiteram. O autor só sobrevive


porque conta com ajuda de vizinhos para ter água em casa. Isso
pois, conforme já elencado, a ré se recusa a prestar seu serviço
em razão do débito que possui o senhor Magno. Veja
excelência, nega-se a ré a fornecer o produto essencial à vida
para o autor que cuida de si e de dois enfermos em casa. Por
essa razão, para que possa ter água em suas torneiras, reitera-
se o pedido de declaração de inexistência de débitos para que
possa pedir um registro em seu nome na nova residência em
que mora.

3) DO MÉRITO

Reafirma o autor a necessidade da aplicação do código de


defesa do consumidor, por estarem presentes os requisitos
para caracterização da relação de fornecedor e consumidor,
conforme exposto em exordial. Destarte, o reconhecimento da
vulnerabilidade do autor que, mesmo após diversas tentativas
de cancelamento, tem seu consumo medido por média, haja
vista a recusa da ré em cortar o serviço no endereço Rua
Humberto Berzoini, nº 164, Santa Luzia, Juiz de Fora – MG.

Os efeitos de tal posicionamento autoritário da ré


culminariam em uma fábrica de dívida, vez que não tem
condições de pagar o que lhe foi atribuído. Dessa conduta
desleal e predatória, somado ao monopólio da prestação do
serviço e a recusa ao fornecimento de água em seu nome
endereço, ficam claras as intenções da ré. Não restando saída
ao autor que não fosse a demanda judicial como seu último
suplicio.

É entendimento do TJRJ:

APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS
MORAIS. CEDAE. FORNECIMENTO DE SERVIÇO DE ÁGUA.
FATURAS IMPUGNADAS PELO CONSUMIDOR.
COBRANÇA DE VALORES INDEVIDOS. SENTENÇA
DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS,
DESCONSTITUINDO TODAS AS FATURAS EM
ABERTO EM NOME DA GENITORA DO AUTOR,
CONDENANDO À RÉ EM PROCEDER AO
"ENCERRAMENTO" DO CONTRATO DE
FORNECIMENTO DE ÁGUA, BEM COMO AO
PAGAMENTO INDENIZAÇÃO NO VALOR DE
R$5.000,00 (CINCO MIL REAIS) A TÍTULO DE
DANOS MORAIS, DEVIDAMENTE CORRIGIDOS E
ATUALIZADOS. NO CASO EM TELA, CONSTATA-SE QUE
A PROVA PERICIAL PRODUZIDA NOS AUTOS (FLS.
267/275) DEMONSTROU QUE, A PARTIR DE
NOVEMBRO/2014, A PARTE RÉ PASSOU A REALIZAR
COBRANÇA POR ESTIMATIVA COM VOLUME MUITO
ACIMA DO RAZOÁVEL, CONSIDERANDO AS
CARACTERÍSTICAS DO IMÓVEL NA CATEGORIA
DOMICILIAR. PARTE AUTORA QUE LOGROU ÊXITO EM
COMPROVAR A FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO,
DECORRENTE DA COBRANÇA INDEVIDA EFETUADA PELA
RÉ QUE DEIXOU DE PROCEDER AO CANCELAMENTO DO
SERVIÇO DIANTE DA INFORMAÇÃO DE QUE O IMÓVEL SE
ENCONTRA FECHADO HÁ ANOS. DANO MORAL
CONFIGURADO, ENSEJANDO O DEVER DE INDENIZAR.
VALOR DA INDENIZAÇÃO ARBITRADO EM OBSERVÂNCIA
AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE. PRECEDENTES DO NOSSO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA. SENTENÇA CORRETA.
DESPROVIMENTO DO RECURSO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS MAJORADOS, EM RAZÃO DA
SUCUMBÊNCIA RECURSAL, EM 2% (DOIS POR CENTO), NA
FORMA DO ART. 85, §11 DO CPC/2015. SENTENÇA
MANTIDA.

(0034011-62.2019.8.19.0203 - APELAÇÃO. Des(a). CLAUDIO


BRANDÃO DE OLIVEIRA - Julgamento: 02/05/2023 -
SÉTIMA CÂMARA CÍVEL)
CLAMA-SE POR JUSTIÇA!
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Juiz de Fora, 09 de junho de 2023

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