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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DA 84ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE PERNAMBUCO

Autos nº 235

EUGENIE LALANDE, já qualificados nos autos em epígrafe, por seu advogado


in fine assinado, na ação que lhe move AUGUSTE DUPIN, vêm à presença de
Vossa Excelência, ante a provável existência de contradição e omissão no
venerando acórdão proferido, opor:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
nos termos dos incisos I e II do art. 1.022 do Código de Processo Civil, pelas
razões de fato e direito que passa a expor.

DA SÍNTESE PROCESSUAL
Auguste Dupin ingressou com ação de despejo em face de sua, até então,
inquilina, Eugenie Lalande. Eugenie, de forma tempestiva, apresentou
purgação à mora, nos termos do art. 62, II da Lei 8.245/91, demonstrando seu
interesse em permanecer no imóvel. Após o regular tramite da ação, sobreveio
sentença de procedência do pedido que reconheceu a purgação da mora, mas
manteve a rescisão contratual, tendo sido objeto de recurso de apelação (no
qual houve, ainda, alegação de nulidade de citação) que, após o recebimento,
foi julgado improcedente.
O presente recurso de apelação foi interposto contra sentença proferida pelo
juízo de primeiro grau, o qual julgou procedente a ação de despejo, com a
finalidade de “DECLARAR RESCINDIDO o contrato de locação celebrado entre
as partes, por inadimplemento contratual da requerida no que diz respeito aos
pagamentos dos aluguéis e acessórios e, em consequência, DECRETO O
DESPEJO da ré”. Segundo consta da sentença, em que pese tempestiva purga
da mora, houve o descumprimento do pacto contratual, decorrente da falta de
pagamento, o que, per si, é motivo ensejador da rescisão.
Ocorre que do acórdão proferido consta contrariedade e omissão, razão pela
qual, visando à defesa de seus interesses, o ora embargante interpõe os
presentes embargos.

DA OMISSÃO
De início, Excelência, necessário informar que houve grave nulidade no
processo, qual seja, nulidade de citação, conforme já sustentado em pedido
anterior, serve este para reforçar novamente o direito da recorrente.
Vez que conforme é possível extrair do teor dos autos, a recorrente tomou
conhecimento da ação porque a citação foi enviada erroneamente para o e-
mail de sua prima, cujo prenome é idêntico ao seu, sendo esta citada em seu
nome por equívoco.
Nota-se nesse sentido que a ré não foi citada, em conformidade com o art. 238
do Código do Processo Civil. Portanto, requer nestes termos, seja conhecida
a nulidade da citação.
Ademais para que o processo seja valido é preciso que a parte ré seja
devidamente cidade, o que conforme já narrado nos fatos acima expostos não
ocorreu. Requer, portanto, mais uma vez seja conhecida a nulidade da citação
fulcro no art. 239 do Código do Processo Civil.
Ademais, não obstante a citação foi feita a pessoa estranha ao processo, qual
seja prima da ré, ocorre que a citação deveria ser pessoal, conforme prevê o
art. 242 do Código do Processo Civil.
Por fim em que pese, Vossa Excelência a citação poder ser feita por via
eletrônica, conforme prevê dispositivo legal do Código do Processo Civil em
seu art. 246, esta deve ser feita diretamente ao e-mail da parte requerida ao
processo, não fora o que ocorreu ao presente caso, visto que como exposto
nos fatos a requerente tomou ciência deste processo através de e-mail de um
terceiro estranho a esta lide.
Portanto ante todo o enredo fático e jurídico e que pleiteia a defesa pelo
conhecimento da nulidade de pleno direito da citação.
É importante frisar que o entendimento dos Tribunais é pacífico quanto ao
cabimento de Embargos de Declaração para sanar tal omissão, vejamos:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSO REGIDO PELA LEI 13.015/2014. OMISSÃO.
EMBARGOS PARA SANAR OMISSÃO. PROVIMENTO. Hipótese em que se dá provimento
aos embargos de declaração para sanar omissão, sem, contudo, imprimir efeito modificativo ao
julgado. Embargos de declaração providos para sanar omissão.

Portanto ante todo o enredo fático e jurídico e que pleiteia a defesa pelo
conhecimento da nulidade de pleno direito da citação.

DA CONTRADIÇÃO
A contradição, que também enseja a oposição de embargos de declaração,
faz-se presente quando a decisão contém afirmações ou conclusões que se
nos mostram entre si inconciliáveis.
A contradição pode se dar de duas na decisão do magistrado, a primeira que
enseja a oposição de embargos é quando a contradição ocorre na mesma
parte da sentença. Por exemplo, há mandamentos que se contradizem na parte
dispositiva da sentença. Outra hipótese é no caso de esta se apresentar entre
partes diferentes da decisão, como no caso de a fundamentação do julgador
entrar em contradição com a parte dispositiva.
Vejamos parte dos autos que aponta a contradição do douto magistrado:
“Após o regular tramite da ação, sobreveio sentença de procedência do pedido
que reconheceu a purgação da mora, mas manteve a rescisão contratual,
tendo sido objeto de recurso de apelação”
A doutrina cita o exemplo em que o Magistrado em sua decisão fundamenta
que a parte não provou o seu direito de forma satisfatória, não cumprindo com
ônus na prova. Porém na parte dispositiva julga procedente o seu pedido.
Em análise a este acordão, restou claro que a decisão do douto relator em
decidir pela rescisão contratual contraria de forma equivocada a dispositivos
Legais.
A jurisprudência também não se omite e traz fundamento a este respeito,
senão vejamos:
MAA Nº 70067298307 (Nº CNJ: XXXXX-27.2015.8.21.7000) 2015/Cível EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. EXISTÊNCIA DE CONTRDIÇÃO. SANEAMENTO. EMBARGOS
ACOLHIDOS....Acolho, nesses termos, os embargos de declaração.... EM FACE DO
EXPOSTO, com fundamento nos artigos 535 e seguintes, do CPC , ACOLHO os embargos de
declaração para reconsiderar as determinações direcionadas à ré quanto à cobrança das cotas
condominiais.

Assim, requer que seja sanada a contradição apontada, a fim de reconhecer a


purgue da mora nos termos da Lei, julgando-se, desta forma, procedente o
Recurso de Apelação anteriormente interposto e deste modo evitar com que
não haja a rescisão do contrato entre as partes aqui envolvidas.

DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) Admissão dos embargos de declaração.
b) Intimação da parte contrária nos termos do art. 1.023 do CPC.
c) Provimento do embargo quanto à contradição e consequente procedência
da apelação.
d) De forma alternativa requer o reconhecimento da omissão, conhecendo
assim o pedido preliminar de nulidade de citação.

Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.

Cariri do Oeste, 13 de novembro de 2022.

Carlos Antônio Medeiros


Advogado OAB 263

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