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EXMO.(A) SR.

(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 8ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


CARIRI DO OESTE – ESTADO DO PERNAMBUCO.

Processo nº 0001234-56.2022.8.26.999

EUGENIE LALANDE, já qualificada nos autos em epígrafe, por


seu advogado in fine assinado, na ação de despejo que lhe move AUGUSTO DUPIN,
também já qualificado, vêm a presença de Vossa Excelência, não se conformando com a r.
sentença proferida, interpor

RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL

nos termos do art. 1.009 e seguintes do Código de Processo Civil,


pelas razões que seguem acostadas.

Requer-se o recebimento do presente recurso e que em seguida


sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco,
com as inclusas razões recursais anexa.

Outrossim, informa que deixa de efetuar o preparo por ser


beneficiária da gratuidade de justiça nos moldes do art. 98, VIII e seguintes do Código de
Processo Civil.

Nesses termos, pede deferimento.

Cariri do Oeste/PE, data ____de _____de _____.

ASSINATURA ADVOGADO
OAB Nº
AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PERNAMBUCO

RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

Apelante: EUGENIE LALANDE


Apelado: AUGUSTO DUPIN
Processo de origem nº 0001234-56.2022.8.26.999
8ª Vara Cível da Comarca de Cariri do Oeste – PE

EGRÉGIO TRIBUNAL,
ILUSTRE DESEMBARGADORES

Não se conformando com a r. sentença proferida pelo juízo a quo,


data maxima venia, requer a Apelante que se dignem os Nobres Desembargadores em
acolher o presente recurso, para, no mérito, juntamente com seus pares, provê-lo em todos
os seus termos pelos motivos que serão expostos, tendo a certeza de que, desta forma,
estarão evitando que decisões como aquela, perdurem no tempo, de forma contrária ao
real/verdadeiro espírito da Lei.

1. DO CABIMENTO E DO PREPARO

Há adequação do presente recurso com a espécie de decisão proferida,


visto que tem seu cabimento delineado pelo artigo 994 do CPC. Como a decisão recorrida
consiste em sentença com fundamento no art. 487, I CPC, comporta o presente.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

A apelante, desde logo, informa que é pobre na forma da lei e não tem
condições para bancar às custas do processo recursais sem prejuízo da sua própria
sobrevivência nos moldes dos arts. 98 e 99, ambos do Código de Processo Civil Brasileiro.
Assim, deixa de efetuar o preparo por ser beneficiária da gratuidade de justiça nos moldes
do art. 98, VIII e seguintes do Código de Processo Civil.

2. DA TEMPESTIVIDADE

O presente recurso de apelação é tempestivo, visto que a decisão


recorrida foi publicada em data de (...), produzindo seus efeitos em data de (...), logo a
súplica recursal se mostra tempestiva na presente data de (...), quando este recurso for
protocolizado, conforme comprovante anexo. Como previsto no art. 1.003, § 5º, 219 e 231,
inciso V do CPC, o prazo de 15 dias úteis para interposição do recurso.

Diante disso, pleiteia-se o processamento do presente recurso de apelação


cível, sendo o mesmo distribuído a uma das Câmaras Cíveis deste Egrégio Tribunal de
Justiça, para que seja analisado o pedido de revisão da decisão objurgada

3. BREVE RELATO DOS FATOS

A requerida firmou em 13 de março de 2020 contrato de locação relativo


ao imóvel localizado à Rua Morgue, s/n, no Município de Cariri do Oeste/PE, de
propriedade do Sr. Auguste Dupin, autor da presente ação.

Primeiramente, importante frisar que a recorrente não foi devidamente


citada da ação, posto que tomou conhecimento dos fatos por intermédio de uma prima, a
qual recebeu a citação em seu e-mail.

Após tomar conhecimento do teor dos autos, a recorrente prontamente


promoveu a purgação da mora, recolhendo os valores relativos aos aluguéis, multa, juros e
honorários, na forma do art. 62, II da Lei 8.245/91.

Ocorre que, mesmo com a purgação da mora e a concordância do locador


quanto aos valores, o douto magistrado de primeiro grau, em que pese o costumeiro acerto,
equivocou-se ao manter a rescisão contratual, contrariando, assim, dispositivo legal.
Inconformada com a sentença proferida, a recorrente vem a este r.
tribunal buscando a reforma do quanto decidido pelo juízo a quo pelas razões de direito
que passa a expor.

4. DA PRELIMINAR

4.1 Da nulidade da citação

Antes de adentrar ao mérito, importante informar que a apelante não foi


validamente citada nos autos do processo em epígrafe, trazendo vício insanável ao presente
feito.

O art. 238 do Código de Processo Civil é cristalino ao definir o conceito


de citação, sendo que, em não sendo esta efetivada, a relação processual não se aperfeiçoa.
A fim de garantir a efetiva abertura do contraditório e ampla defesa no curso da relação
processual, é indispensável a realização de citação válida, nos exatos termos do art. 239, in
verbis:

Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do


executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de
improcedência liminar do pedido.

(...)
Art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do
representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado.

É de grande importância e indispensável a sua realização a fim de


promover a validade do processo, podendo ser alegada em qualquer tempo ou qualquer
fase processual, extinguindo se daí a incidência da preclusão.

Conforme é possível extrair do teor dos autos, a recorrente tomou


conhecimento da ação porque a citação foi enviada erroneamente para o e-mail de sua
prima, cujo prenome é idêntico ao seu, sendo esta citada em seu nome por equívoco.

Em que pese a possibilidade de citação eletrônica nos termos impostos


pelo art. 246 do Código de Processo Civil, esta deve ser realizada por meio dos endereços
eletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme
regulamento do Conselho Nacional de Justiça, o que não foi o caso, sendo utilizado para
tanto, e-mail de terceiro fornecido pelos autores, o que não se coaduna com os ditames
legais.

O Código de Processo Civil é taxativo ao impor em seu art. 242 que a


citação será pessoal, o que, por obvio, não ocorreu na instrução processual, sendo,
portanto, nula de pleno direito, ferindo, o direito ao contraditório constitucionalmente
garantido.

5. DO MÉRITO E DAS RAZÕES RECURSAIS

5.1 DA PURGAÇÃO DA MORA

A purgação da mora nada mais é do que o ato pelo qual o devedor


fulmina os efeitos do atraso causado, promovendo o efetivo pagamento da prestação
devida. É importante lembrar que a purgação da mora evita a rescisão do instrumento
contratual, servindo de verdadeiro instrumento de neutralização da mora.

Tal conclusão é facilmente percebida pelo teor do art. 62, II da Lei


Federal 8.245/91, in verbis:

Art. 62. Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel


e acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis,
ou somente de quaisquer dos acessórios da locação, observar-se-á o
seguinte:
[...]
II – o locatário e o fiador poderão evitar a rescisão da locação efetuando,
no prazo de 15 (quinze) dias, contado da citação, o pagamento do débito
atualizado, independentemente de cálculo e mediante depósito judicial,
incluídos:
a) os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação;
b) as multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis;
c) os juros de mora;
d) as custas e os honorários do advogado do locador, fixados em dez por
cento sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição
diversa [...]. (BRASIL, 1991, [s.p.])

Dessa forma, tendo manifestado sua intenção de manutenção do


instrumento contratual dentro do prazo estipulado no dispositivo supratranscrito e, ainda,
havendo nos autos a concordância do locador quanto aos valores ofertados, não há que se
falar em prosseguimento da rescisão e, consequentemente, decreto de despejo.
Não obstante, cumpre, ainda, apontar que a rescisão contratual somente
seria possível na hipótese de não comprovação da purgação da mora, o que não é o caso,
conforme entendimento pacificado nos tribunais:

APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE LOCAÇÃO. RESCISÃO.


DESPEJO. INADIMPLEMENTO DO LOCATÁRIO. FATOS
OBSTATIVOS DO DIREITO DO AUTOR. PAGAMENTO
TEMPESTIVO DO ALUGUEL. PURGAÇÃO DA MORA. AUSÊNCIA
DE DEMONSTRAÇÃO. CAUSA PARA A RESCISÃO. 1. Conforme
pactuado entre as partes, na falta do pagamento pontual do aluguel, o
contrato será rescindido de pleno direito, disposição que se coaduna com
o disposto nos artigos 23, inciso I, e 9º, inciso III, da Lei nº 8.245/91,
segundo os quais o locatário é obrigado a pagar pontualmente o aluguel e
os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo
estipulado, sob pena de desfazimento da locação. 2. As insurgências
deduzidas em sede de contestação, assim como no presente recurso, estão
desacompanhadas de qualquer elemento de prova que lhes possa dar
amparo, de modo que a presente controvérsia se resolve à luz do artigo
373 do Código de Processo Civil. 3. Em se tratando de pretensão de
despejo, cumulada com rescisão contratual, os fatos modificativos,
impeditivos ou extintivos do direito do autor poderiam, facilmente, ser
demonstrados por meio da apresentação de documentação que
comprovasse o pagamento da obrigação contratual tempestivamente ou a
purgação da mora no prazo da contestação, após o ajuizamento da
demanda. 4. Recurso conhecido e desprovido. ( BRASIL, 2020, [s. p.]

Gize-se que o motivo ensejador da rescisão contratual, qual seja, o art. 9º,
III da Lei 8.245/91, restou superado com a purgação da mora, a qual traduz-se em
verdadeiro direito do locatário, não sendo possível, desta forma, a manutenção do
entendimento relativo à rescisão.

6. PEDIDOS:

Diante de todo exposto, requer a Vossa Excelência que seja acolhida a


preliminar de apelação aventada, a fim de anular a decisão a quo e reconhecer a ausência e
nulidade de citação nos termos do art. 337, I do Código de Processo Civil.

Supletivamente, não sendo o caso de acolhimento da preliminar, seja o


presente recurso conhecido e, quando de seu julgamento, lhe seja dado integral provimento
para reforma da sentença recorrida extinguindo-se o feito sem resolução mérito, nos termos
do art. 485, IV do Código de Processo Civil, pela perda do objeto da ação.

Nesses termos, pede deferimento.

Cariri do Oeste/PE, data ____de _____de _____.


ASSINATURA ADVOGADO
OAB Nº

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