Você está na página 1de 7

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DO TRIBUNAL

DE PERNAMBUCO/PE

Processo nº 1017015-30.2022.8.26.0100

ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DE BENEFICIÁRIOS DE PLANOS DE SAÚDE


DE PERNAMBUCO (ADBPP), vem, a presença de Vossa Excelência, com
fulcro no artigo 105, III, da Constituição Federal e art. 1.029, do CPC/2015,
interpor

RECURSO ESPECIAL

em face do acórdão proferido por este competente juízo, nos autos da ação
que move em face de “ACÉM HEALTH” E “SEMHELP”, pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 29.309.127/0001-79 com sede em Rua
Arquiteto Olavo Redig de Campos, 105, Torre B, Edifício Ez Towers, Chácara
Santo Antônio, Recife/PE, pelos motivos de fato e de direito que serão logo
aduzidos.

Outrossim, requer a intimação da parte contraria para querendo apresentar


suas contrarrazões. Por fim, requer a remessa ao Egrégio Superior Tribunal de
Justiça e ao final, ser provido em sua totalidade.

Nestes termos,
pede deferimento.
Recife – PE

José Moreira Júnior


OAB/PE nº. 54321
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL

RECORRENTE: ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DE BENEFICIÁRIOS DE


PLANOS DE SAÚDE DE PERNAMBUCO(ADBPP)

RECORRIDO: “ACÉM HEALTH” E “SEMHELP”

Origem: 6ª Vara da Cível da Comarca de Recife - PE

Processo nº.: 1017015-30.2022.8.26.0100

COLENDA CÂMARA,

EMÉRITOS JULGADORES,

DOS FATOS

A ADBPP foi procurada por diversas pessoas em janeiro de 2022 e, todas elas,
de forma idêntica, reclamaram que seus planos de saúde passaram por uma
grande mudança, sendo a carteira de pessoas mais idosas (todas acima de 55
anos) integralmente assumida por outra empresa e sob a condição de que
obrigatoriamente se submetessem a novas cláusulas contratuais para que
permanecessem sendo atendidas, sob pena de imediata cessação de todos os
benefícios.

Todas essas pessoas eram beneficiárias de planos da empresa “Acém Health”


e passaram a compor de forma automática o novo plano “SemHelp”, que
pertence ao mesmo grupo econômico, mas que conta com uma rede de
atendimento muito inferior àquela inicialmente contratada. O novo plano não
possui hospitais importantes que constavam da rede anterior. Além disso, ele
tem um número menor de médicos, que se encontram exclusivamente nos
hospitais próprios do plano, localizados na apenas na capital do estado,
mesmo tendo o plano a promessa de um amplo atendimento nacional.
Os beneficiários ainda foram obrigados a aderir a um novo contrato em que há
cláusula de permanência máxima de 15 dias de internação em UTI e carência
para utilização dos serviços de assistência médica nas situações de
emergência por 90 dias a contar da migração para o “SemHelp”.

Essas pessoas são associadas da Associação de Defesa de Beneficiários de


Planos de Saúde de Pernambuco (ADBPP), e pediram para que fosse tomada
uma medida judicial urgente a fim de que todos fossem protegidos contra essas
atitudes da empresa.

Em razão disso, o advogado José ajuizou uma Ação Civil Pública em face das
duas empresas de saúde, visando a permanência delas com as exatas
condições anteriores e anulando as cláusulas abusivas que a elas foram
impostas.

Apesar de o magistrado ter negado a concessão de liminar contra as empresas


por entender não ter sido comprovado o “periculum in mora”, você conseguiu
reverter essa situação interpondo o agravo de instrumento de nosso último
encontro, que foi julgado provido pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco.
Parabéns!

Após isso, o processo teve andamento, com a oitiva de testemunhas, provas


periciais e, por fim, foi julgado integralmente procedente pelo magistrado de
primeiro grau, com a anulação da substituição da prestação dos serviços de
planos da empresa da “Acém Health” pelo novo plano “SemHelp”.

Assim, o magistrado de primeiro grau tornou sem efeito a substituição das


empresas sem a prévia ciência e participação dos consumidores beneficiários,
entendendo ser ilícita em razão da abusividade das medidas.

As empresas rés apelaram da decisão e o Tribunal de Justiça de Pernambuco


julgou improvido o recurso de apelação, condenando as rés a manter os
beneficiários no plano de saúde original, sem qualquer alteração contratual.

Contudo, a decisão silenciou completamente a respeito do pagamento de


honorários e demais verbas de sucumbência à associação ganhadora,
transparecendo haver uma omissão do relator a esse respeito.
As empresas rés apelaram da decisão e o Tribunal de Justiça de Pernambuco
havia dado integral improvimento ao recurso em favor da Associação. Contudo,
houve omissão quanto à condenação das empresas de saúde em honorários
sucumbenciais em favor da Associação, fazendo com que você opusesse
embargos de declaração em nosso último encontro.

Os embargos foram julgados improvidos.

São os breves relatos, a recorrente inconformada com a decisão do


excelentíssimo juízo, a seguir expõe as razões recursais para a reforma.

DO DIREITO

DO PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE

Estão presentes no presente recurso todos os requisitos de admissibilidade,


sendo escorreito o seu cabimento diante da lesão às normas federais expostas
nas presentes razões, a legitimidade da associação na interposição de seu
inconformismo e o interesse jurídico de ver reformada a decisão combatida.

DO PREPARO

Diante da gratuidade dos atos processuais na persecução das tutelas coletivas


aqui defendidas, motivo pelo qual deixa de demonstrar o pagamento de custas
de preparo e remessa, nos termos do Art. 18 da lei 7347/85

DA TEMPESTIVIDADE

É tempestivo e recurso, conforme o Art.1.003 § 5º CPC expõe, visto que a


publicação de intimação ocorreu no dia 24 de outubro de 2022 e o prazo de 15
dias úteis para interposição do encerraria no dia 16 de novembro de 2022.

DO PREQUESTIONAMENTO

Exige-se, para acolhimento de Recurso Especial, que a matéria tenha sido


prequestionada. Este requisito foi cumprido, já que, no julgamento dos
embargos de declaração, o competente Tribunal a quo manifestou-se sobre a
matéria, decidindo em desacordo e contrário a LEI FEDERAL, senão vejamos,
decorrente da não aplicação escorreita da Lei Federal no 7.347/85 (Lei da Ação
Civil Pública) e da Lei no 13.105 /2015 (CPC).
DO CABIMENTO

A decisão do Tribunal de Justiça do Pernambuco, de forma patente, contrariou


a legislação federal regente da matéria.

É cabível o presente Recurso com base no artigo 1029 do Novo Código de


Processo Civil, in verbis:

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos


na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-
presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:

...

E Art. 105, III, ‘’a” da Constituição da República Federativa do Brasil, in verbis:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última


instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

Satisfeitos que se encontram os requisitos genéricos da tempestividade,


legitimidade, interesse e adequação, resta demonstrar, a seguir, as razões para
que a r. Sentença seja reformada.

DAS RAZÕES RECURSAIS

Houve claro equívoco do douto Egrégio Tribunal na aplicação da Lei


Federal no 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) e da Lei no 13.105 /2015
(CPC), Senão vejamos:

A decisão silenciou completamente a respeito do pagamento de


honorários e demais verbas de sucumbência à associação ganhadora,
transparecendo haver uma omissão do relator a esse respeito. Neste sentido
faz se necessário a complementação da decisão, de acordo com o 85 do CPC:

“Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do


vencedor” (BRASIL, 2015, [s. p.]).
Ademais e não obstante salienta-se que em ação civil pública como é do caso
em tela, somente se beneficiará a parte autora, solvo comprovada má fé, o que
não ocorrera em relação parte recorrente.

Não obstante, também nos termos do art.18 da Lei no 7.347/1985, requer seja
conhecido o presente para que seja as recorridas condenadas ao pagamento e
todas custas de honorários advocatícios.

Insta salientar que as recorridas são representadas por advogados privados e


não pelo Parquet, o que lhes retiraria constitucionalmente o direito de
recebimento de honorários advocatícios. Ocorre que não é essa a realidade
dos caso em tela.

Portanto, restou evidente que a referida decisão dos nobres julgadores não
deve prosperar, ante mau aplicação da Lei Federal no 7.347/85 (Lei da Ação
Civil Pública) e da Lei no 13.105 /2015 (CPC). Devendo a recorridas serem
condenadas as pagamento das custas e honorários advocatícios em favor da
associação.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

a) O recebimento e devido processamento do presente recurso;


a fim de sanar violação a dispositivo de lei Federal e a consequente
reforma da decisão, condenando a parte recorrida ao pagamento em
honorários de 20% nos termos do rt 85, §2o, do CPC.

b) Seja o Recorrido intimado para se manifestar, querendo;

c) Seja dado total provimento ao presente recurso para que seja anulada a
decisão que indeferiu para que seja proferida nova decisão em face
ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DE BENEFICIÁRIOS DE PLANOS DE SAÚDE DE
PERNAMBUCO (ADBPP);

d) Seja determinada a redistribuição dos ônus sucumbenciais.

Nestes termos,
pede deferimento.
Recife – PE
José Moreira Júnior
OAB/PE nº. 54321

Você também pode gostar