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Previsão Legal
Está muito ligado à construção civil, mas também pode-se falar em empreitada na
obrigação de escrever um livro, organizar evento, elaborar programa de
informática, etc.
Para diferenciação, focar no tratamento dado pelo Código Civil para cada um dos
contratos, que é diferenciado.
Envolve um “saber fazer” e por isso algumas vezes é celebrado intuitu personae
(conforme acima, é via de regra impessoal). Portanto, atentar para o art. 626 CC,
que determina que o contrato de empreitada não se extingue em caso de morte de
quaisquer das partes, a menos que ajustado em vista das qualidades pessoais do
empreiteiro.
Art. 626. Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer
das partes, salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais do
empreiteiro.
Importante também é o art. 622, que trata da possibilidade de confiar a execução
da obra, ou parte dela, a terceiros (subempreitada). Tendência de ocorrer
subempreitada na atualidade, tendo em vista a maior especialização dos diversos
serviços (p. ex.: hidráulicos, elétricos).
Art. 622. Se a execução da obra for confiada a terceiros, a responsabilidade
do autor do projeto respectivo, desde que não assuma a direção ou
fiscalização daquela, ficará limitada aos danos resultantes de defeitos
previstos no art. 618 e seu parágrafo único.
Modalidades
Art. 610. O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu
trabalho ou com ele e os materiais.
§ 1º A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da
vontade das partes.
Atentar ao disposto neste parágrafo!
§ 2º O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de
executá-lo, ou de fiscalizar-lhe a execução.
Salvo estipulação em contrário, não há direito de acrescer o preço, a menos que
haja autorização escrita. Sobre isso, ver suavização da regra do § único do art.
619.
Art. 619, Parágrafo único. Ainda que não tenha havido autorização escrita, o
dono da obra é obrigado a pagar ao empreiteiro os aumentos e acréscimos,
segundo o que for arbitrado, se, sempre presente à obra, por continuadas
visitas, não podia ignorar o que se estava passando, e nunca protestou.
Riscos
O prazo de garantia
O caput do art. 618 contempla prazo de garantia contra defeitos que abalem a
solidez ou a segurança da obra. Infiltrações podem ser enquadradas neste conceito
(ver, no STJ, REsp 49.891). Não se trata de prazo de prescrição ou de decadência.
Durante estes 5 anos pode-se reclamar do vício sem demonstração de culpa do
construtor (responsabilidade objetiva). Posteriormente ao escoamento deste prazo
de 5 anos também é possível reclamar dos vícios, mas o regime não será o da
responsabilidade objetiva do construtor.
Para perdas e danos oriundas dos vícios (ação condenatória), resta ainda, mesmo
após os cinco anos do prazo de garantia, o prazo prescricional, ou de 3 anos
conforme o art. 206, §3º, V, CC, ou de 5 anos, conforme o art. 27 do CDC, ou o
prazo de dez anos, aplicando-se o art. 205 do CC. Em fevereiro de 2014 o STJ,
no REsp 1.290.383, decidiu que o prazo é de dez anos, com base no art. 205
do CC. Todavia, não há uniformidade jurisprudencial sobre o assunto, e cada vez
mais os julgadores têm aplicado o art. 27 do CDC, como na Apelação Cível
70049507205, julgada pelo TJRS.
Acórdãos Destacados
STJ
O crédito oriundo de contrato de empreitada para a construção, ainda que parcial, de
imóvel residencial, encontra-se nas exceções legais à impenhorabilidade do bem de
família.
Processo: REsp nº 1.221.372/RS
Relator: Ministro Marco Buzzi
Tribunal de Origem: TJ/RS
Órgão julgador: 4ª Turma do STJ
Data do julgamento: 15/10/2019
Ementa: RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO DE DUPLICATAS REFERENTES
A EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO PARCIAL DA EDIFICAÇÃO - PENHORA
DO PRÓPRIO IMÓVEL OBJETO DO CONTRATO DE EMPREITA - INCIDENTE
DE IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA REJEITADO -
IRRESIGNAÇÃO DOS EXECUTADOS - RECURSO DESPROVIDO.
TJ/RS
Resolução de contrato escrito que havia sido alterado verbalmente.
Processo: Apelação Cível nº 70083556175
Relator: Desembargador Guinther Spode
Comarca de Origem: São Luiz Gonzaga
Órgão julgador: 11ª Câmara Cível
Data do julgamento: 16/03/2020
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO
DE RESOLUÇÃO CONTRATUAL. CONTRATO DE EMPREITADA.
COBRANÇA DE SALDO DE CONTRATO ESCRITO E INDENIZAÇÃO PELOS
ACRÉSCIMOS AJUSTADOS VERBALMENTE. INVIABILIDADE. AUSÊNCIA
DE PROVA DO FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. ÔNUS DO
RECORRENTE. ART. 373, INCISO I, DO CPC. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.
Na hipótese, além do pleito estar confrontado com as provas produzidas no feito, nada
restou comprovado quanto ao fato constitutivo do direito vindicado, ônus que era do
demandante.
Destarte, deve ser mantida a sentença de improcedência.
Honorários sucumbenciais do patrono da parte demandada majorados, nos termos do §
11 do artigo 85 do CPC.
APELO IMPROVIDO.
TJ/SP
Sobre a prescrição em ação de cobrança por inadimplemento em contrato de
empreitada.
Processo: Apelação Cível nº 1009912-45.2019.8.26.0161
Relator: Desembargador Régis Rodrigues Bonvicino
Comarca de Origem: Diadema
Órgão julgador: 21ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 20/02/2020
Ementa: AÇÃO DE COBRANÇA. Extinção. Reconhecimento da prescrição quinquenal,
conforme disposto no artigo 206, § 5º, I, do Código Civil. Contrato de empreitada parcial com
preço global. Inadimplemento. Pretensão de cobrança de dívida líquida constante instrumento
particular e posterior emissão de notas fiscais. Recurso Improvido. Sentença de Extinção e
parcial procedência mantida.