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AO JUÍZO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA - RJ

PROCESSO Nº 0000038-85.2022.8.19.0050

CARLOS ANDRÉ NASCIMENTO DE OLIVEIRA, já devidamente qualificado nos autos do


processo em epígrafe, vem por intermédio de seu advogado com procuração anexo interpor
APELAÇÃO com base no art. 513 em desfavor do apelado também já devidamente
qualificado.

Destaca-se desde logo que a apelação é tempestiva no que o autor possui o benefício
de gratuidade de justiça, assim, requer a intimação do apelado para que querendo apresente
suas contrarrazões e ainda o recebimento da apelação em seu duplo efeito conforme art 520
CPC, obedecida as formalidade de estilo requer a remessa dos autos ao tribunal de justiça.

Nestes termos,

Pede deferimento

Santo Antônio de Pádua – RJ, 28 de junho de 2023.

PEDRO DOS SANTOS RODRIGUES

OAB/RJ 231.087

pedros.rodrigues@hotmail.com (22) 98845-5559


RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

Apelante: CARLOS ANDRÉ NASCIMENTO DE OLIVEIRA

Apelado: OI S.A

JUÍZO DE ORIGEM: 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA - RJ

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGREGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

EGRÉGIO COLÉGIO,

COLENDA TURMA,

ÍNCLITOS JULGADORES!

1. DA TEMPESTIVIDADE

De acordo com o Código de Processo Civil (CPC), o prazo para interposição da apelação
é de 15 (quinze) dias úteis, a contar da data da intimação da sentença.

Conforme apresenta-se em fls.375, a sentença fora proferida e conforme fls.379, o


recorrente fora intimado sob a decisão em 14/06/2023, desta feita, observa-se que este
recurso é considerado tempestivo

2. DO PREPARO

Informa a este nobre juízo que o recorrente possui o benefício de gratuidade de justiça,
assim, justifica a ausência de pagamento das custas processuais.

3. DO OBJETO DO PRESENTE RECURSO

O recorrente , ao requerer junto a uma instituição bancária conta corrente e cartão de


credito, foi informado pela instituição que haveria restrição em seu nome junto ao órgão de
restrição ao crédito e que por mediante a isso, não poderia abrir a conta bancária.
Desta feita, inconformado com o ocorrido, o recorrente buscou informações sob
qualquer cobrança em seu nome, e deparou-se com cobranças realizadas pela ré, cobrança
esta que constava junto ao sistema SERASA, que, após o preposto da agencia bancária
identificar que o autor estava inadimplente, recusou-se a abrir conta corrente e conceder
cartão de crédito ao recorrente.

Ocorre que o recorrente desconhece as cobranças, onde nunca contratou os serviços


da recorrida, e nunca veio a ser ao menos notificado da referida cobrança, somente vindo o
recorrente a descobrir após passar constrangimento junto a agencia bancária e ter sua conta
corrente e seu crédito negado.

Contudo, após toda a marcha processual, o juízo a quo julgou a presente lide da
seguinte forma, vejamos;

Contudo, o juízo a quo julgou parcialmente a pretensão autoral, mas julgou


improcedente os danos morais, assim, a respeitável decisão merece reforma, no que será
debatido a seguir.

4. RAZÕES DA REFORMA

Em que pese o julgamento procedente da presente lide, o juízo de piso julgou


improcedente os danos morais pleiteados pelo recorrente, tal situação deve ser
avaliada, tendo em vista que o recorrente passou por constrangimento junto a
agencia bancária no qual requereu conta corrente e cartão de crédito, uma vez que o
recorrente pessoa humilde, residente no interior do estado, sempre buscou a zelar
pelo pagamento de suas dívidas e a manutenção de seu bom nome.

Desta feita, a negativa da agencia bancária gira em torno de uma dívida que o
recorrente desconhece, uma vez que nunca veio a contratar os serviços da ré, assim,
torna-se evidente a cobrança indevida realizada pela recorrente, vez que sem
nenhuma justificativa a recorrente possui os dados pessoais do recorrente, aplicou
uma cobrança no qual ficou registrado publicamente junto ao sistema SERASA,
sistema este que é usado como parâmetro de todos os sistemas bancários e
financeiros deste país, uma vez que havendo qualquer restrição ou cobrança em
aberto, aponto indicativo para que o avaliador não conceda o crédito.

Assim, fica totalmente demonstrado a falha no serviço da recorrida em agregar


uma cobrança ao recorrente sem nenhuma razão, no que resultou a uma anotação
junto ao SERASA, no que resultou a restrição de crédito do recorrente, e assim,
surgindo o sentimento de frustração e constrangimento, tendo em vista que, se o
recorrente vai em busca de um cartão de credito a uma agencia bancária, foi
sabendo que o seu nome não havia nenhuma restrição que pudesse impedi-lo de
adquirir o seu cartão de crédito.

Deste modo, tornou-se frustrado a pretensão do recorrente, dado a falha no


serviço da recorrente, onde fica perfeitamente demonstrado o nexo causal entre a
falha do serviço e o dano ao recorrente, pois o cerceamento de crédito tornou-se
uma punição ao consumidor sem razão, ou seja, o recorrente foi punido por uma
cobrança manifestamente ilegal

Nesta esteira, com base a tudo que foi exposto, vejamos algumas decisões de
alguns tribunais a respeito deste assunto;

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - INSERÇÃO DO NOME
NO SISTEMA SERASA LIMPA NOME - DANOS MORAIS - OCORRÊNCIA -
DÍVIDA INEXISTENTE - NECESSIDADE DE ACIONAMENTO DO JUDICIÁRIO -
PERDA DE TEMPO ÚTIL. - Não pode o credor inscrever o nome do
consumidor em cadastro de proteção ao crédito com base em dívida
inexistente, tampouco pode lançar mão da plataforma "SERASA
LIMPA NOME", com a proposta de negociação do débito, pois esse
comportamento cria a falsa impressão no devedor de que a dívida
pode ser cobrada, tratando-se tal procedimento de conduta que
configura um repudiável constrangimento ao consumidor, que lhe
causa abalo emocional, constrangimento, aflição, angústia e
sofrimento, a configurar o dano moral, o que mais se reforça em
razão de ter a parte de ter contratado advogado para acionar o
Judiciário, a fim de se ver livre de despropositada cobrança, o que
importa em perda de tempo útil.

(TJ-MG - AC: 10000220862486001 MG, Relator: Evandro Lopes da Costa


Teixeira, Data de Julgamento: 25/05/2022, Câmaras Cíveis / 17ª CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 26/05/2022)
DÍVIDA PRESCRITA - MANUTENÇÃO POR TEMPO EXCESSIVO EM BANCO
DE DADOS PÚBLICOS PARA FINS DE SCORE - DANO MORAL MANTIDO.
Alega a autora que no site Serasa Consumidor consta dívida de
22/12/12 vencida e não paga que se encontra prescrita, prejudicando
seu score. Pleiteia a declaração de prescrição e indenização. Sentença
de procedência, declarando a prescrição e inexigibilidade do débito de
R$ 4.444,25, referente ao contrato 4675000025080320424, condenando
a ré a se abster de efetuar novas cobranças relativas ao contrato
supramencionado, e na obrigação consistente em não negativar o nome
da autora ou o retirar dos cadastros restritivos de crédito no prazo de
dez dias, caso já o tenha inscrito, sob pena de multa diária de R$ 150,00
por cada descumprimento no que se refere ao referido contrato cuja
dívida já está prescrita. A sentença condenou a ré em danos morais
fixados em R$ 4.000,00. Apelam as partes. Falha na prestação do
serviço da ré configurada. Manutenção de dívida prescrita em
banco de dados para fins de score. Plataforma limpa nome. Dívida
inexigível que não pode prejudicar o histórico do consumidor , não
havendo razão para permanecer em plataforma destinada a
regularização, posto que obrigação natural. Tempo de permanência nos
cadastros considerável. Dano moral presente. Valor adequado e
proporcional. Tempo excessivo de manutenção do nome da autora
por dívida prescrita em banco de dados públicos do Serasa para
fins de score. Condenação ao ônus da sucumbência de
responsabilidade integral da ré. Juros de mora quanto à fixação do
dano moral a contar da citação. Recurso da ré desprovido . Recurso
da autora provido.

(TJ-RJ - APL: 00288235420208190203, Relator: Des(a). NATACHA


NASCIMENTO GOMES TOSTES GONÇALVES DE OLIVEIRA, Data de
Julgamento: 30/09/2021, VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 01/10/2021).

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER C/C INDENIZATÓRIA. OI MÓVEL S/A . ALEGAÇÃO DE COBRANÇA
INDEVIDA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. RECURSO DE
APELAÇÃO CÍVEL INTERPOSTA PELA AUTORA VISANDO A MAJORAÇÃO
DA VERBA ARBITRADA A TÍTULO DE DANO MORAL. NEGATIVAÇÃO DO
NOME DA AUTORA. INCIDÊNCIA DOS VERBETES SUMULARES Nº 89 E
192, DO TJRJ. DANO MORAL CONFIGURADO. VERBA COMPENSATÓRIA
(R$ 4.000,00) QUE SE MAJORA PARA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS) EM
ATENÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE, SEM OLVIDAR A NATUREZA PUNITIVO-
PEDAGÓGICA DA CONDENAÇÃO. REFORMA PARCIAL DO DECISUM. 1. "O
fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos". (Art. 14 do
CDC); 2- "O ônus da prova incumbe: ...II - ao réu, quanto à existência de
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor". (Art. 373,
II do CPC); 3- "A inscrição indevida de nome do consumidor em cadastro
restritivo de crédito configura dano moral, devendo a verba
indenizatória ser fixada de acordo com as especificidades do caso
concreto, observados os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade." (Verbete sumular nº 89 TJRJ); 4. "A verba
indenizatória do dano moral somente será modificada se não
atendidos pela sentença os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade na fixação do valor da condenação." (Verbete
sumular nº 343, TJRJ ); 5. Dano moral configurado. Verba
compensatória fixada em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), que se
majora para R$ 10.000,00 (dez mil reais), valor que mais se adequa
aos parâmetros do método bifásico, observadas a peculiaridades
do caso concreto. Precedentes desta Eg. Corte; 8. Provimento do
recurso, nos termos do voto do relator.

(TJ-RJ - APL: 00155927520168190210, Relator: Des(a). LUIZ FERNANDO


DE ANDRADE PINTO, Data de Julgamento: 04/12/2019, VIGÉSIMA
QUINTA CÂMARA CÍVEL).

Nota-se nobres julgadores, que há muitos julgados sobre a cobrança de dívida


prescrita sendo cobrada junto a plataforma “SERASA LIMPA NOME”, ocorre que o presente
caso aqui debatido ainda é mais grave, pois o recorrente foi constrangido, e teve o seu
crédito cerceado por uma dívida absolutamente ilegal, vez que o recorrente nunca deu causa
a cobrança.

Com base a estas informações, requer a este nobre juízo o reconhecimento dos danos
morais requeridos pelo recorrido, vez que ficou comprovado nos autos que a cobrança é
ilegal, assim, resta-se configurados a falha no serviço, bem como o nexo causal entre a
conduta do recorrente ao dano causado a este consumidor, vez que além de um
constrangimento o recorrente teve o seu crédito deturpado, no que tal prática deve ser
coibida pelo judiciário, vez que resulta em diversos processos e danos significativos aos
consumidores neste país.

5. DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

Consoante a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau, a presente lide foi julgou
parcialmente procedente os pedidos formulados pelo autor, ora apelante, condenando o
apelado à restituição dos valores pagos pelo recorrente.

Os honorários de sucumbência foram fixados da seguinte maneira, vejamos;

No entanto, a decisão recorrida fixou honorários sucumbenciais em R$ 600,00


(seiscentos Reais), sendo tais valores irrisórios.
além disso, o presente caso denota aspectos de maior complexidade, tal como
exigindo trabalho único e exclusivo à causa que devem ser considerados.

I - GRAU DE ZELO: Este caso envolveu o recolhimento de diversos documentos, assim como análise contratual de
cláusulas e entendimentos dos Tribunais Superiores, exigindo pesquisa de inúmeros julgados, demonstrando a
complexidade do caso;

II - LUGAR DO SERVIÇO: Em virtude de o apelante ser morador interiorano, este causídico encontrou dificuldade
para a comunicação com seu cliente;

III - NATUREZA E IMPORTÂNCIA: Por tratar-se de causa de objetivando indenização por danos morais e
materiais que envolvem princípios inerentes ao contrato, bem como legislações especificas como CPC, CDC, CC,
para que assim seja possível comprovar a abusividade do pedido de garantia complementar, exigindo do
profissional grande envolvimento e estudos específicos acerca do caso.

Para tanto, devem ser observados a complexidade e empenho do profissional


no caso em concreto, como bem salienta a doutrina:

Por tais razões, a decisão deve ser revista para fins de que seja majorada a
condenação em honorários advocatícios, devendo ser fixado nos parâmetros legais
entre 10% à 20% do valor da causa, conforme art. 85, § 2º do CPC. Ressalta-se que em
virtude da necessidade da fase recursal tem-se a majoração do § 11º do dispositivo
citado.

6. DOS PEDIDOS

Face ao exposto, requer seja:

a) Conhecido o presente recurso de apelação, tendo em vista estar devidamente


preenchidos os requisitos de admissibilidade;

b) O provimento do pedido de condenação em danos morais pela cobrança


manifestamente ilegal, no que resultou infundado constrangimento e cerceamento
de crédito ao recorrente

d) Seja recebido o presente recurso em seus regulares efeitos suspensivos e


devolutivo;

e) A intimação da Recorrida para se apresentar contrarrazões caso queira, nos


termos do § 1º, art. 1.010 do CPC;
f) O provimento do pedido de fixação de honorários advocatícios por meio de
percentual, haja vista ser o único meio de garantir valor justo e em conformidade
com o valor principal, devendo ser fixado no percentual máximo previsto em lei de
20%;

Nestes termos,

Pede deferimento

Santo Antônio de Pádua – RJ, 28 de junho de 2023.

PEDRO DOS SANTOS RODRIGUES

OAB/RJ 231.087

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