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DIDIER + AULAS

AULA 22/02/19

PETIÇÃO INICIAL

Lembrando: Princípio da Inércia – a jurisdição é inerte por dever do princípio da


imparcialidade. O processo começa por provocação externa.

A demanda está intimamente relacionada à inércia da atividade jurisdicional e é ela que vai
“startar” o processo (o procedimento).

*Em processo civil 2 trabalhamos apenas o procedimento comum, a partir do art. 319 (parte
especial do CPC).

“A petição inicial é um projeto de sentença” – ela delimita a atividade cognitiva dentro do


processo (se não pode conhecer, não pode decidir). A petição inicial contém o que o
demandante deseja ser o conteúdo da decisão que vier a acolher o seu pedido.

O réu, em sua defesa, geralmente traz fatos novos e, ao fazê-lo, está redelimitando a atividade
cognitiva.

*Atividade cognitiva – quando ela fala nisso está falando intrinsecamente em atividade
instrutória/probatória –> em processo, não é possível conhecer sem instruir, sem produção
probatória.

O processo nasce com a propositura da demanda – data do protocolo da petição inicial (art.
312). A partir de então, surge a litispendência (pendência da causa): o processo existe e, pro
autor, todos os efeitos daí decorrentes se produzem, enquanto pro réu a litispendência só
produz efeitos após sua citação.

A petição inicial é a forma da demanda (ato jurídico), é como a vontade se expressa e como se
prova o ato jurídico; a demanda é instrumento/conteúdo da petição inicial.

REQUISITOS

- Clareza e coerência, de modo geral.

Art. 319. A petição inicial indicará:

I – o juízo a que é dirigida;

Observar as regras de competência.

Comarca = unidade territorial da Justiça Estadual.

Seção Judiciária = unidade territorial da Justiça Federal

Juiz federal e Juiz de direito.

“Exmo. Sr. Juiz de Direito da Vara de Família da Comarca de Salvador, Estado Federado da
Bahia”.

II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o


número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
Qualificação das partes – no processo civil pressupõe-se uma relação jurídica anterior entre as
partes que permita esse grau de conhecimento por parte do autor. O processo civil foi
idealizado pra ser um processo de natureza pessoal.

Pessoa jurídica – a petição deve ser acompanhada do estatuto social e da documentação que
comprova a regularidade da representação.

Autor nascituro – deve ser identificado como “nascituro de fulana”.

III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

Epicentro da petição inicial.

Fundamentos fáticos e jurídicos: necessário em toda demanda – como instrumento da


demanda, a petição inicial deve revela-la integralmente.

Na petição inicial o autor deve expor todo o quadro fático necessário pra obter o efeito
jurídico desejado e demonstrar como os fatos narrados autorizam a produção desse efeito
através da exposição do suporte normativo subsumido ao fato.

A inépcia é uma das espécies/causas do indeferimento da petição inicial.

Inépcia = defeito quanto aos pedidos e seus fundamentos; a petição não tem aptidão pra dar
continuidade à relação processual.

Causas de pedir => próxima (fundamentos jurídicos – vínculo jurídico que dá suporte ao
pedido, ex.: contrato de locação) e remota (fundamentos fáticos – subsunção da norma ao
fato). Ao exigir a apresentação de ambos os suportes fático e jurídico na petição inicial, o CPC
adotou a Teoria da Substancialização da causa de pedir.

ATENÇÃO: às vezes, a causa de pedir é composta = exige uma pluralidade de fatos


individuadores de uma única pretensão. Se um dos elementos do suporte fático não constar na
narrativa do autor, a causa de pedir não se completa e a petição inicial não pode ser admitida.
Ex.: ação de responsabilidade civil exige conduta, culpa, nexo de causalidade e dano; se faltar
um deles não se pode obter o efeito jurídico pretendido.

Fundamento jurídico não é igual a fundamentação legal (dispensável) => enunciado n. 281 do
Fórum Permanente de Processualistas Civis. A tipificação do fato pelo autor é irrelevante, pois
o juiz conhece o direito e deve categorizar os fatos corretamente.

ATENÇÃO: ao decidir, o juiz está limitado aos fatos jurídicos alegados e ao pedido formulado,
mas não está vinculado ao dispositivo legal invocado pelo demandante, pois é sua a tarefa de
verificar se houve incidência da norma ao fato.

IV – o pedido com as suas especificações;

Epicentro (também) da petição inicial. => petição sem pedido é inepta, a ensejar o seu
indeferimento.

ATENÇÃO: há extinção do processo por defeito da petição inicial (claro que tendo havido
oportunidade de emenda à petição inicial).

V – o valor da causa;

Requisito da petição inicial – se não tiver e não for emendada, a petição vai ser indeferida.
Não há causa sem valor, nem causa de valor inestimável ou mínimo – não é correto dizer que o
valor da causa tem fim “meramente fiscal”.

O valor da causa deve ser fixado conforme dispõe o art. 292. Se a causa não se adequar a
nenhuma das situações do referido dispositivo, o autor deve atribuir um valor, segundo seu
critério – princípio da boa-fé, postulados da razoabilidade e proporcionalidade.

VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

*Prova é sempre de fatos! Às vezes, no entanto, como no caso do julgamento antecipado do


mérito (feito antes da fase probatória), não é necessária a produção de provas – quando a
questão versa somente sobre direito (linguagem CPC 73). No CPC 2015 se usa a expressão
“não haja necessidade de produção de outras provas”, pois apesar de o debate ser jurídico,
não existe processo que seja exclusivamente baseado no direito, que não tenha suporte fático.

“Protesto por todos os meios de prova pelo direito admitidos” – pedido extremamente
genérico de provas.

Esse dispositivo tem pouca eficácia prática: o órgão julgador pode determinar ex officio a
produção de provas (art. 370); no momento próprio – fase de saneamento do processo – as
partes são intimadas a indicar de quais meios de prova se servirão.

VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação;

Se você não disser nada, optou pela audiência; se disser que não quer a audiência porque não
tem o animus conciliatório, a audiência vai ser realizada ou não dependendo da manifestação
do réu.

ATENÇÃO: quando um não quer, 2 conciliam => pra haver dispensa da audiência, as duas
partes têm que previamente dizerem que não querem conciliar.

§1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição
inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.

O CPC 2015 inovou pro caso de não se ter as informações do réu.

§2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se
refere o inciso II, for possível a citação do réu.

Uma vez validamente citado, o próprio réu tem o dever, pelo Princípio da Cooperação, de
disponibilizar os dados faltantes.

§3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste
artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o
acesso à justiça.

Importância dessas inovações do CPC pra possibilitar o acesso à justiça pra pessoas que não
tem vínculo prévio, que muitas vezes são de menor condição econômica.

A petição inicial deve ser escrita, datada e assinada.

*Admite-se postulação oral nos Juizados Especiais Cíveis, em pedido de concessão de medidas
protetivas de urgência em favor da mulher que se afirma vítima de violência doméstica ou
familiar e no procedimento especial da ação de alimentos – de qualquer forma, essa
postulação oral é reduzida a termo escrito depois.
*Antigamente se considerava que a petição não assinada era um vício insanável. Hoje, sob a
ótica do Princípio da Primazia da Resolução do Mérito, o vício é tido como sanável e a ele
deve ser dada a oportunidade de sanação – assim como todos os vícios sanáveis, de acordo
com o CPC 2015.

Existem casos especiais em que o leigo tem capacidade postulatória, mas via de regra a petição
tem que ser assinada por advogado regularmente inscrito da OAB, defensor público ou
membro do MP; acompanhada da procuração e do endereço eletrônico e residencial do
advogado.

Princípio da Liberdade das Formas dos Atos Processuais – os atos processuais não têm que
seguir a forma, salvo se a lei assim o dispuser. Ex.: petição inicial em quadrinhos.

DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS À PROPOSITURA DA DEMANDA

Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da
ação.

Consideram-se indispensáveis:

- Documentos que a lei expressamente exige (documentos substanciais – Amaral Santos) =>
título executivo, na execução; prova escrita na ação monitória; procuração em qualquer caso;
laudo médico na ação de interdição.

- Documentos que se tornam indispensáveis porque o autor se refere a eles na petição inicial
como fundamento de seu pedido (documentos fundamentais – Amaral Santos).

*É possível a produção ulterior de prova documental – art. 435.

*É possível que o autor requeira a aplicação analógica do §1º do art. 319, pra que o juiz tome
diligências necessárias à obtenção do documento.

*O autor pode, na petição inicial, solicitar a exibição de documento que, apesar de ter sido
referenciado na petição, esteja em poder do réu ou de terceiro – art. 397 e segs.

EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e
320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de
mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete,
indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

Inovação do CPC/2015 => o juiz deve determinar no despacho o que é pra ser corrigido da
petição.

Permite-se uma nova determinação de emenda se a primeira não for satisfatória. Sempre que
o defeito for sanável, o magistrado deve determinar a correção => aproveitamento dos atos
processuais, princípio da cooperação e instrumentalidade das formas.

*Não é sanável: falta de interesse de agir.

*É sanável: ausência de juntada de tradução de um documento.


ATENÇÃO: pode haver emenda da inicial após a contestação, contato que não modifique o
pedido ou a causa de pedir sem o consentimento do réu – nesse caso não seria emenda, seria
aditamento da petição. Se não for corrigida, impõe-se a extinção do processo sem resolução
do mérito.

DIDIER + AULA 22/03/2019

*Lembrando de TGP => ação como relação jurídica autônoma em relação ao direito material.

INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL

Às vezes, a petição inicial possui vícios => deve se observar se são sanáveis ou insanáveis.
Sendo sanáveis, é promovida a sanação (emenda); sendo insanáveis, tem-se a extinção do
processo sem resolução do mérito (art. 485, I) como fundamento de sentença processual.

O indeferimento da petição inicial é uma sentença processual (julgamento de admissibilidade


– nem chegou no mérito).

Só ocorre no início do processo, antes da ouvida do réu.

ATENÇÃO: a inépcia pode ser reconhecida a qualquer tempo, mesmo depois da contestação,
mas aí não implica indeferimento da inicial, mas extinção do processo sem análise do mérito
pelo art. 485, IV. – depois da citação não tem como ser indeferimento (a petição já foi
admitida e o processo já começou), a ação vai ser extinta por falta de pressupostos.

Indeferimento = espécie de extinção do processo que se dá por falta de um pressuposto


processual.

Doutrina processual – a emenda da petição inicial deve ser promovida sempre, mesmo em
hipótese de indeferimento. Só indeferir quando não for possível mesmo a correção do vício ou,
devolvida ao autor ele não corrigir. Marinoni foi pioneiro na descrição da emenda da petição
inicial como direito subjetivo da parte.

*Rever pressupostos processuais em TGP.

Não se admite indeferimento indeterminado => só será indeferida a petição cujo defeito não
puder ser corrigido ou cujo autor não fez a correção tendo sido dada a chance.

Pode ocorrer em juízo singular e em tribunal (por decisão do relator ou por acórdão).

Pode ser total ou parcial (o juiz rejeita apenas parte da demanda – ex.: o juiz verifica a inépcia
de um dos vários pedidos cumulados). Contra a decisão de indeferimento parcial da petição,
cabe agravo de instrumento – art. 354, § único.

Nem toda decisão que indefere a petição inicial é uma sentença (e, portanto, submetida ao
recurso de apelação).

Indeferimento parcial => não extingue o processo – a decisão que determinou o


indeferimento não é uma sentença, é uma decisão interlocutória (se foi de juízo singular) ou
uma decisão unipessoal/acórdão (se foi de tribunal).

Indeferimento total => extingue o processo – a decisão pode ocorrer em tribunal (decisão
unipessoal ou um acórdão) ou em juízo singular (sentença).
ATENÇÃO: a decisão que indefere a petição inicial só é sentença se feita por juízo singular e
declarar indeferimento total.

Recursos contra a decisão que indefere a petição inicial:

1.Agravo de instrumento => indeferimento parcial – juízo singular. (decisão interlocutória)

2.Apelação => indeferimento total – juízo singular. (sentença)

3.Agravo interno => indeferimento total ou parcial – decisão do relator.

4.Recurso ordinário constitucional, recurso especial ou recurso extraordinário (conforme seja o


caso) => indeferimento total ou parcial – acórdão.

Retratação – regra especial:

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5
(cinco) dias, retratar-se.

Apelação => houve a sentença processual do indeferimento, extinguindo o processo sem


resolução do mérito. A apelação é feita pelo autor, o réu não pode apelar visto que nem está
ciente da ação, nem foi citado (já que a petição inicial foi indeferida).

A retratação ocorre antes da remessa pro tribunal.

§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.

ATENÇÃO: não cita o réu pra contestar (não tem o que contestar, a ação nem foi admitida),
cita pra fazer as contrarrazões (ex.: fazer a defesa da decisão, que ela estava correta, que a
petição deveria mesmo ter sido indeferida por falta de seus pressupostos) em relação ao
recurso do autor. Se a apelação for provida, os autos retornam ao juízo da causa e intima-se o
réu pra contestar (porque agora a ação foi admitida). Se não for provida, acabou a ação.

*Pode o tribunal determinar emenda da petição inicial? Liana: só se no pedido recursal tiver a
possibilidade de emenda e que não foi dada a oportunidade pra correção, aí pode ser
determinada; se não tiver no pedido recursal, o tribunal não pode determinar emenda.

§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a


correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.

§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.

ATENÇÃO: o juiz não tem competência pra proceder ao juízo de admissibilidade da apelação –
função do tribunal. Por outro lado, o juiz não pode se retratar se a apelação for intempestiva,
pois nesse caso estaria revendo uma decisão transitada em julgado.

Diante de apelação intempestiva, o juiz deve apenas não se retratar e remeter a apelação ao
tribunal, órgão competente pra decidir o reconhecimento ou não do recurso. O juiz não tem
competência pra inadmitir apelação.

HIPÓTESES DE INDEFERIMENTO

1. INÉPCIA
Inépcia = defeitos relacionados à causa de pedir e aos pedidos; dificultam a ponto de impedir
o julgamento do mérito da causa. É quando existem vícios na formulação dos elementos
objetivos da demanda.

É um dos tipos de indeferimento, não são sinônimos.

Art. 330, § 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;

Sem isso, o órgão jurisdicional não consegue saber os limites da demanda e de sua atuação.

II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido


genérico;

Caso do pedido indeterminado na ação indenizatória por dano moral.

III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

A petição tem que ser coerente. Ocorre quando o pedido não resulta logicamente da causa de
pedir, da narrativa como um todo.

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

É o “pedido suicida”, quando um pedido aniquila o outro. Nesse caso, antes de indeferir, o juiz
deve determinar a correção dos pedidos.

Compatibilização de pedidos incompatíveis => cumular alternativamente (fazer cumulação


imprópria).

§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de
financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na
petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de
quantificar o valor incontroverso do débito.

Não basta o pedido de revisão da dívida, o autor tem que especificar o que é e o que não é
objeto da discussão (o que quer e o que não quer revisar e qual o valor correto). Do contrário,
o juiz determinará a emenda da petição, a qual, se não for realizada, ensejará em
indeferimento por inépcia.

ATENÇÃO: esse § é pra situação em que o autor é devedor e ele pretende controverter certas
obrigações. Ex.: devedor que propõe ação contra o banco discutindo inconstitucionalidade da
taxa de juros; consumidor contra construtora discutindo a parcela da prestação que aumentou
muito acima da inflação.

Ele tem que dizer qual parcela está controvertendo e qual o valor certo/devido por ele => tem
que fazer pedido determinado.

*O juiz não fica adstrito a algum dos valores propostos pelas partes; conforme a prova dos
autos, ele pode determinar valor diferente (julga parcialmente improcedente), mas
respeitando os limites do pedido (se um pede 2.400 e o outro pede 2.700, o juiz não pode
determinar 2.100, isso seria extra petita).

§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e


modo contratados.
2. ILEGITIMIDADE DA PARTE

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:

II - a parte for manifestamente ilegítima;

“Manifesta ilegitimidade” => se evidencia da simples leitura da petição inicial. Ex. da pessoa
que se apaixona que você percebe estando a 3 quadras dela.

Didier: apenas a ilegitimidade extraordinária leva ao indeferimento da petição inicial (a


ordinária leva à improcedência do pedido) => quando, não sendo hipótese de substituição
processual, o autor da ação narra os fatos/fundamentos jurídicos e deixa evidente que o titular
do direito buscado não é ele, mas um terceiro que não compõe a relação processual.

Ex.: pai que propõe ação de indenização por danos morais, como autor, sendo a titular da
indenização sua filha menor de idade que sofreu lesão. O advogado na petição confunde a
representação com substituição processual.

Lembrando: legitimidade extraordinária = quando alguém, por autorização de lei


expressa/sistema jurídico, vai a juízo em nome próprio defender interesse alheio. Substituto
processual.

3. FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL

III - o autor carecer de interesse processual;

Pressuposto processual.

Interesse processual = utilidade (adequação da via processual eleita) + necessidade (lesão ou


ameaça de lesão).

4. NÃO ATENDIMENTO AO DISPOSTO NOS ARTS. 106 E 321

Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:

I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na


Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para
o recebimento de intimações;

II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.

§ 1o Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a


omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de
indeferimento da petição.

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e
320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de
mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete,
indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

AULA 21/03/2019
VALOR DA CAUSA – FINALIZANDO A PETIÇÃO INICIAL
Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico
imediatamente aferível.
Ex.: casos de pedido genérico; obrigação de fazer/não fazer.
Mesmo que a causa não tenha conteúdo patrimonial/economicamente aferível.
Se não for colocado o valor da causa, será determinada a emenda da petição inicial. Não sendo
sanado o vício, dá-se o indeferimento da petição inicial por falta de seus requisitos.
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
O valor da causa corresponde ao objeto do litígio.
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros
de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;
Lembrar: pedido de juros é legalmente previsto como pedido implícito.
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a
resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte
controvertida;
Inovação do CPC – antes o valor da causa era o valor do negócio jurídico, do contrato; agora o
valor da causa é o valor em disputa. Ex.: contrato no valor de 2 milhões de reais, a parte pagou
450 mil e quer reaver esse valor – o valor da causa no novo CPC vai ser 450 mil.
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;
É uma prestação continuada/sucessiva – o limite do valor da causa é uma prestação anual (12
meses).
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do
bem objeto do pedido;
Inovação do CPC – antes era o valor do terreno.
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;
*Resumo de José Maria no whats app.
O valor pretendido é aquele que é objeto do pedido.
Em relação à sucumbência, Liana não entende que a súmula do STJ foi superada (não foi
revogada expressamente pelo novo CPC). Não concorda com a sucumbência ser calculada com
base em relação ao valor do pedido. Isso é uma técnica de política institucional pra dificultar o
pedido de indenizações desse tipo.
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores
de todos eles;
Cumulação própria.
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
Cumulação imprópria.
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.
Cumulação imprópria.
§ 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e
outras.
Cumulação própria.
§ 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for
por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será
igual à soma das prestações.
Ex.: contrato de locação por tempo indeterminado/superando 12 meses – valor da causa é
uma prestação anual.
§ 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não
corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido
pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes.
Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa
pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a
complementação das custas.
Inovação do CPC: antes havia um incidente de impugnação ao valor da causa – formava autos
apartado, diferente nº do processo. Agora, essa defesa em relação ao valor da causa se dá
dentro do processo, em preliminar de contestação.

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