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Petição Inicial é o primeiro ato para a formação do processo judicial. Trata-se de um pedido por escrito e por
meio dele o poder judiciário é acessado.
O processo começa por Iniciativa da Parte (art. 2º, CPC) – há a necessidade de provocação à
jurisdição.
Essa provocação é feita através da Petição Inicial (art. 319, CPC - é o exercício do direito de ação).
Daniel Assumpção: “peça escrita no vernáculo e assinada por patrono devidamente constituído em que o
autor formula demanda que virá a ser apreciada pelo juiz, na busca de um provimento final que lhe conceda
a tutela jurisdicional pretendida”;
Humberto Theodoro Júnior: a petição inicial é o veículo de manifestação formal da demanda, “que revela
ao juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu, que o autor julga necessária para
compor o litígio”.
Misael Montenegro: “É o ato que fixa os limites do processo, tanto os objetivos quanto os subjetivos,
predefinindo quem pede (autor), em face de quem o pedido é formulado (réu), o que pede (pedido) e a causa
de pede”.
Quem pede?
O que pede?
Conceito - é o instrumento pelo qual se introduz a demanda em juízo - é ato processual escrito, podendo,
eventualmente ser veiculada por meio eletrônico, pelo qual se exerce o direito de ação, dando início à
atividade jurisdicional (conceito mais abrangente).
Funções
Formalidade
A petição inicial submete-se a uma forma preestabelecida em lei para que o magistrado tenha condições de
compreender as suas finalidades e de determinar o seu processamento.
Se a petição inicial não se apresenta apta, por lhe faltar um requisito, há ausência de pressuposto de
desenvolvimento válido e regular do processo.
A petição oral é admitida no processo trabalhista, e reduzida a termo após distribuição, e no processo civil
não há previsão, a exceção é o Juizado Especial. A regra é a petição escrita.
Arts. 319 a 321, CPC - a lei processual exige o cumprimento de alguns requisitos formais, o que torna a
petição inicial um ato processual solene.
Ausência dos Requisitos - pode gerar uma nulidade sanável (sendo caso de emenda da petição inicial) ou
insanável (sendo caso de indeferimento liminar de tal peça).
Requisitos subjetivos
Clareza: além da precisão, os fatos devem ser descritos com clareza/coerência, para que possam ser
entendidos pelo juiz e pelo réu. Este requisito é importante, pois se o magistrado não entender o
que é demandado pelo autor da ação, certamente não atenderá a seu pedido.
Concisão: o autor da ação deverá fazer uma seleção dos fatos que são relevantes para a ação,
deixando de lado aqueles fatos que são irrelevantes, ou seja, deverá fazer uma breve exposição dos
fatos.
5. EVITE PERÍODOS LONGOS – frases intermináveis também tornam a leitura cansativa. Opte por
frases curtas, de até duas linhas, construindo parágrafos com duas a três frases;
II. INDIVIDUAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DAS PARTES – (art. 319, II, CPC) - autor e réu devem
ser individuados e qualificados corretamente. É indispensável a fim de permitir a citação do réu e
a individuação dos sujeitos processuais parciais para a incidência dos limites subjetivos da demanda.
O nome (de família – ex: Melo Mota) e prenome (o que identifica a pessoa na família – Ex: Cauan).
O estado civil das partes importa à incidência ou não da exigência de autorização ou citação do
cônjuge/companheiro, verificando se a outorga uxória se faz necessária (art. 73, CPC).
A profissão do réu tem importante repercussão em nível de citação (art. 243, PU e 247, CPC), além
de provocar a limitação à atividade probatória (exemplo: sigilo profissional (art. 388, II).
O domicilio das partes (residência com ânimo definitivo) interessa à determinação da competência –
ônus da parte em manter informado o juízo sobre o seu endereço (art. 274, PU). A indicação da
residência das partes é relevante para fins de citação.
Cabe ao autor informar o numero de inscrição das partes no cadastro de pessoas físicas (CPF), para
facilitar a identificação de ações anteriores idênticas ou semelhantes entre as mesmas partes.
O endereço eletrônico serve para viabilizar a comunicação dos atos processuais diretamente às
partes.
Dificuldades na Qualificação – art. 319, §1º, CPC – caso não disponha das informações, o autor
requererá ao juiz diligências necessárias para a sua obtenção.
Não Indeferimento à Inicial – art. 319, §2º, CPC – sendo possível a citação do réu, ainda que
incompleta a qualificação, a inicial não será indeferida; também não haverá indeferimento se a
obtenção das informações tornar oneroso o acesso à justiça (art. 319, §3º, CPC).
III. FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO – CAUSA DE PEDIR (art. 319, III).
Cumpre ao autor narrar os fatos dos quais decorrem seu direito e demonstrar a razão jurídica
para que, em decorrência desses fatos, seja merecedor da tutela jurisdicional pretendida.
O CPC/2015 adotou a teoria da substanciação: é imprescindível a exposição dos fatos a fim de que se
possa verificar o nexo jurídico destes com o pedido.
Nota: A Fundamentação legal - indicação dos dispositivos da lei que respaldam o pedido - não constitui
requisito obrigatório da petição inicial, uma vez que se presume que “o juiz conhece a lei”. Todavia,
sempre é interessante indicar!
É o pedido que demonstra o objeto litigioso - é o elemento central da petição inicial, tem a função de
expressar o provimento jurisdicional que o autor espera obter (O QUE O AUTOR QUER).
Especificações do Pedido
1. Pedido Certo e Determinado – Pedido Certo (art. 322, CPC) é sinônimo de pedido expresso, explícito
(tutela jurisdicional pretendida); Pedido Determinado (art. 324, CPC) é aquele perfeitamente definido
quanto à quantidade e qualidade (liquidez do pedido). REGRA GERAL O PEDIDO DEVE SER CERTO
E DETERMINADO, HAVENDO EXCEÇÕES QUANTO AO REQUISITO “DETERMINADO”.
2. Pedido Genérico – Exceção à regra do pedido determinado (art. 324, §1º, I, II e III do CPC); é ilíquido
pois não indica a quantidade de bens da vida pretendida. Cabimento:
a) nas ações universais (impossível individualizar os bens demandados); Ex: petição de herança.
b) na impossibilidade em determinar, desde logo, as consequências do ato ou fato ilícito; Ex: o fato
ainda não exauriu suas consequências danosas.
c) quando para determinar o valor ou objeto da condenação depender de ato do réu; Ex: ação de exigir
contas.
3. Pedido Cumulativo
a) Cumulação Simples – Art. 327, CPC - é possível a cumulação em um único processo de vários pedidos,
contra o mesmo réu; devem ser compatíveis, mesmo juízo competente, mesmo procedimento aplicável a
todos (ATENÇÃO - exceção: vide §2º, art. 327).
b) Pedido alternativo – art. 325, caput, CPC – o pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação,
o devedor puder cumprir a prestação por mais de um modo. Trata-se de pedido único que comporta mais
de uma forma de cumprimento. Ex: contrato que fixa formas diversas de pagamento.
d) Cumulação Subsidiária – Art. 326, CPC - não se confunde com a hipótese de obrigação alternativa, o
segundo pedido somente será apreciado se não for acolhido o primeiro, de forma subsidiária.
e) Cumulação Sucessiva: efeito dominó; o segundo pedido dependerá do deferimento do primeiro pedido.
Ex: investigação de paternidade + alimentos.
4. Pedido Implícito – art. 322, §1º, in fine, CPC – diz respeito a honorários de advogado, despesas
processuais, juros moratórios, correção monetária, prestações vincendas, em relação a estes não há
necessidade de pedido expresso.
Aspectos Relevantes – art. 329, inciso II, CPC – possível até o saneamento do processo (após a citação do
réu), somente se altera o pedido ou a causa de pedir, com o seu consentimento – até a citação o autor poderá
modificar a causa de pedir.
NOTA: em nenhuma hipótese poderá ser alterado o pedido após o saneamento do processo
Possibilidade de redução do pedido - não está subordinada às regras do art. 329, CPC – a parte autora pode
renunciar a uma parte do seu pleito; pode haver a transação parcial.
Importância – para regular as despesas de custas e preparo do processo - para servir de base de cálculo para
os honorários advocatícios - para fixação de multas (litigância de má-fé); para fixação dos ritos processuais;
os inventários e partilhas o valor da causa influi sobre a adoção do rito de arrolamento.
Da Impugnação ao Valor da Causa – art. 392, CPC – o réu poderá impugnar, em preliminar de contestação,
o valor atribuído à causa.
A lei exige que o autor indique as provas com que pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados
– é considerado um requisito puramente formal, pois, em virtude do livre convencimento e da
verdade real, as provas têm momento para serem especificadas (arts. 385, CPC).
NOTA: se a falta da indicação de provas for percebida pelo juiz, quando do recebimento da inicial, deve ele
ordenar ao autor que a emende (art. 321, CPC), ainda que o seu requerimento seja promovido de forma
genérica.
Da Necessária Reiteração do Pedido de Provas - mesmo tendo sido realizado o pedido genérico na
petição inicial (autor) ou contestação (réu), haverá preclusão da prova na hipótese de a parte não
reiterar sua vontade de produzi-las no momento em que for intimada para especificá-las.
Trata-se de busca pela composição amigável do conflito antes mesmo da apresentação da Contestação.
Havendo na petição inicial o requerimento de sua realização, a postura do réu torna-se inútil.
Exemplo da parte final da petição inicial, contendo Pedido + Opção pela audiência preliminar + Provas +
Valor da Causa + Assinatura do Advogado:
DOS DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS – Art. 320, CPC.
Regra: as provas documentais devem ser produzidas no momento da postulação (art. 434, CPC).
Definição de Indispensáveis – são aqueles que a lei exige para a propositura da ação (ex: procuração, cópia
dos documentos pessoais do autor, comprovante de recolhimento das custas iniciais) + aqueles que o autor
referiu na sua inicial, como fundamento da sua pretensão.
Ausência dos Documentos Indispensáveis – verificando o juiz a ausência dos documentos indispensáveis,
deverá determinar que o autor faça juntada no prazo de 15 dias, sob pena de indeferir o seu pleito (art. 321).