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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DA JUSTIÇA DO

TRABALHO DA CIDADE

Procedimento Comum Ordinário

CLT, arts. 837 ao 852

JOANA DE TAL, solteira, comerciária, residente e

domiciliada na Av. X, nº. 0000, nesta Capital – CEP nº. 66777-888, inscrita no
CPF(MF) sob o nº. 444.333.222-11, com CTPS nº. 554433-001/PP, com endereço
eletrônico joana@joana.com.br, ora intermediada por seu mandatário ao final
firmado – instrumento procuratório acostado –, esse com endereço eletrônico e
profissional inserto na referida procuração, o qual, em obediência à diretriz fixada
no art. art. 287, caput, do CPC, indica-o para as intimações que se fizerem
necessárias, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, sob o
Rito Ordinário Comum, para ajuizar a apresente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS,


( COM PLEITO DE “RESCISÃO INDIRETA” DE CONTRATO DE TRABALHO)

contra FONIA FONE LTDA, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida na


Rua Z, nº. 0000, nesta Capital – CEP nº. 55444-33, inscrita no CNPJ(MF) sob o nº.
00.111.222/0001-33, endereço eletrônico fone@fone.com.br,

e, na qualidade de litisconsorte (responsável subsidiária)

1
em desfavor da SEGURADORA DO SEGURO S/A, pessoa jurídica de direito
privado, com sede na Rua K, nº. 0000, nesta Capital – CEP nº. 66555-4440,
inscrita no CNPJ(MF) sob o nº. 77.888.999/0001-55, endereço eletrônico
desconhecido,

em razão das justificativas de ordem fática e de direito, tudo abaixo delineado.

INTROITO

( a ) Benefícios da justiça gratuita (CLT, art. 790, § 4º, da CLT)

A Reclamante, máxime alicerçada nos documentos ora


carreados, comprova sua insuficiência financeira.

Encontra-se, neste momento, desempregada, o que se


evidencia de sua CTPS, termo de rescisão contratual, guia de seguro-desemprego
e declaração de imposto de renda. (docs. 01/04)

Diante disso, abrigada no que rege o § 4º, do art. 790, da


CLT, requer o benefício da justiça gratuita. Ressalva, ainda, para isso, que seu
patrono detém essa prerrogativa, a qual se encontra inserta no instrumento
procuratório acostado. (CPC, art. 99, § 4º c/c 105, in fine).

1 – SUCINTAS CONSIDERAÇÕES FÁTICAS


CLT, art. 840, § 1º c/c art. 319, inc. III, do CPC

1.1. Síntese do contrato de trabalho

A Reclamante foi admitida em 00 de novembro de


0000, para exercer a função de operadora de tele atendimento à primeira
Reclamada. Todavia, tinha como exclusiva tomadora dos serviços a segunda
Reclamada. (doc. 05)

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Desempenhava suas funções, como regra, de
segunda-feira a sexta-feira, no horário das 08:00h às 14:00h, com 2(dois)
intervalos intrajornada de 10 minutos e 1(um) intervalo para lanche de 20 minutos.
Trabalhava, eventualmente, aos sábados e domingos.

Pelo labor exercido a Reclamante recebia a


remuneração mensal de R$ 000,00 ( .x.x.x. ).

Durante todo o período em que permaneceu


trabalhando na primeira Reclamada não usufruiu de qualquer período de férias.

A Reclamante, mais, tivera de se afastar da empresa


em 00/11/2222, dando por reincidido indiretamente o pacto laboral, em razão da
infração legal abaixo mencionada. Não recebeu, por esse compasso, as verbas
rescisórias atinentes à espécie contratual.

1.2. Inobservância de aspectos contratuais e legais

A Reclamante tivera de suportar, durante todo o trato


contratual, assédio moral por parte da primeira Reclamada, na pessoa do
Supervisor Chaves de Tal.

O referido supervisor, durante todo o período de laço


contratual trabalhista, a título de cobrança de maior produtividade, sempre tratara a
Reclamante com palavras ríspidas e de baixo calão. Certa feita, mais precisamente
no dia 00/11/2222, o mesmo chamou-a de “ imbecil” e, mais, que ela era “para
estar em um estábulo junto com outros animais . ”

Importa ressaltar que tal conduta odiosa também fora


perpetrada com outros empregados da Reclamada, sempre a título de severas
cobranças de metas. Frise-se, de outro modo, que as humilhações sentidas pela
Reclamante eram bem maiores quando reiteradamente eram feitas na presença
dos demais colegas de trabalho.
3
Desse modo, é irrefutável a ocorrência de uma
reprovável conduta da Reclamada, por notório e caracterizado abuso. Assim, trata-
se de gritante e intolerável ato ilícito, violador, claro, dos direitos de qualquer
empregado. Em conta disso, perpetrara evidente constrangimento, humilhação, dor
e sofrimento, máxime por subjugar o mais fraco e hipossuficiente, pela força
econômica e pela força decorrente do poder diretivo patronal indevida e
ilegalmente utilizadas.

Por tais circunstâncias fáticas (lesão do direito),


sobretudo em razão do insustentável e constante assédio moral constatado, não
restou outra alternativa à Reclamante senão afastar-se da empresa.

Dessa maneira, pleiteia-se a rescisão indireta do


contrato (por culpa exclusiva do empregador), considerando-se como data de
desligamento o dia do ajuizamento desta ação ou, secundariamente, a data de 00
de junho próximo passado, data que se afastou da empresa demandada.

1.3. Da responsabilidade subsidiária – Súmula 331, inc. IV, do TST

Segundo se observa do quadro fático, existira


descumprimento, por parte da primeira Reclamada, das obrigações trabalhistas,
sobremaneira decorrência de assédio moral.

Nesse contexto, incidiu em colisão a preceitos contidos


na legislação obreira (CLT, art. 483, “d” e “e”).

Importa ressaltar, diante disso, que a segunda


Reclamada, quando contratou os serviços da primeira Reclamada, incorreu em
culpa in eligendo e in contrahendo. Nesse passo, deve figurar, igualmente, no polo
passivo e, mais, arcar com a condenação que será imposta por força do
inadimplemento contratual em espécie.

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Reconhecendo o c.TST que a Súmula nº 256 poderia
tomar rumos diferentes de interpretações na contratação de empresa de prestação
de serviço editou uma nova, mais abrangente, que esclarecesse e regulamentasse
a matéria como um todo, exsurgindo dessa forma a de nº 331, a saber:

TST - Súmula nº 331.

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do


item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT
divulgado em 27, 30 e 31.05.2011

I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal,


formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no
caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).

II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa


interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração
Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).

III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de


serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e
limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio
do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação
direta.

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do


empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
relação processual e conste também do título executivo judicial.

V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta


respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da

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Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de
mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
empresa regularmente contratada.

VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange


todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da
prestação laboral.

( destacamos )

A responsabilização pelos serviços prestados, em face


do ato ilícito, prescinde da configuração da culpa, em qualquer das suas
modalidades. Aqui, no caso em estudo, funda-se na existência do risco, que se
justifica no fato de ela ter-se beneficiado dos serviços prestados pela Reclamante,
nos termos do artigo 942 do Código Civil.

A doutrina também tem entendido que, não obstante a


legalidade dos contratos de prestação de serviços, deve a tomadora responder de
forma subsidiária pelos créditos trabalhistas dos empregados que lhes tenham
prestado serviços por meio da empresa contratada. É suficiente o mero
inadimplemento da prestadora.

Com esse enfoque, urge transcrever o magistério de


Vólia Bomfim Cassar, ad litteram:

“Sob a influência da retração do mercado interno, da globalização e da


necessidade de redução de custos, a consequência foi flexibilizar as
relações de trabalho, comportamento refletido na jurisprudência. Por

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esse motivo, foi cancelada a Súmula nº 256 do TST e outra editada
(Súmula nº 331 do TST) em 1993, ampliando as hipóteses de
terceirização. Foram incluídas as atividades de conservação, limpeza e
outras ligadas à atividade-meio do tomador ou de mão de obra
especializada, sempre com a ressalva da inexistência de pessoalidade e
subordinação direta com o tomador.
Depois, a Resolução nº 96/2000 do TST modificou a redação do inciso IV
da Súmula nº 331 para incluir de forma expressa a responsabilidade
subsidiária da Administração Direta, Autárquica ou Fundacional, bem
como as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Com isso,
o tomador de serviços deve responder de forma subsidiária.
Após o julgamento da ADC nº 16, foi emitida a Res. nº 174/2011, que
acrescentou os incisos V e VI, além de alterar o inciso IV, cuja redação
atual da Súmula nº 331 do TST é:

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

I – A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal,


formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no
caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).
II – A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta,
não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública
direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).

III – Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de


serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e
limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio
do tomador, desde que inexistentes a pessoalidade e a subordinação
direta.
IV – O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos

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serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
relação processual e conste também do título executivo judicial.
– Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da
Lei nº 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de
mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
empresa regularmente contratada.
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas
as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação
laboral. “CASSAR, Vólia Bomfim Cassar. Direito do Trabalho [livro
eletrônico]. 11.ª Ed. São Paulo: Método, 2015. Epub. ISBN 978-85-309-6-
498-6)

Desse modo, o reconhecimento da responsabilidade


não está relacionado, portanto, à ilegalidade ou inidoneidade da contratação.
Representa apenas maior efetividade aos créditos trabalhistas, ante o caráter
alimentar da parcela, e de ter a tomadora também se beneficiado da força de
trabalho despendida.

Dessa forma, deveria a segunda Reclamada zelar e


vigiar a empresa da qual tomou os serviços, principalmente pelo adimplemento dos
direitos laborais, sendo, portanto, corresponsável pela quitação trabalhista, devida
à Reclamante, motivo pelo qual deverá ser responsabilizada solidariamente.

2 - NO MÉRITO
Fundamentos jurídicos dos pedidos

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CLT, art. 769 c/c CPC, art. 319, inc. III

2.1. DA RESCISÃO INDIRETA

2.1.1 Assédio moral


Descumprimento de obrigação legal
CLT, Art. 483, “a”, “b” “c” e “e”

A Reclamante, bem como outros colegas de trabalho,


sofreram continuamente, durante todo o trato contratual, assédio moral. É dizer, o
procedimento adotado pela primeira Reclamada, ao exigir o cumprimento de metas
absurdas, levava verdadeiro terror e constrangimentos a todos empregados que
estavam submetidos e a ela vinculados.

De forma rigorosamente excessiva, exercia o controle


da jornada de trabalho não só da Reclamante, mas de todas as empregadas que
trabalhavam no atendimento das ligações do Call Center da segunda Reclamada.

O empregador, o qual assume os riscos do negócio,


deve propiciar a todos os empregados um local de trabalho no mínimo respeitoso.
Isso sob todos os aspectos, incluindo-se tanto os da salubridade física, quanto o
da salubridade psicológica. Ademais, o empregador não pode dispensar ao
empregado rigor excessivo, expô-lo a perigo manifesto de mal considerável ou
praticar contra ele ato lesivo da sua honra e boa fama, que é a hipótese ora trazida
à baila.

Caracterizadas, portanto, as hipóteses das alíneas "a"


e "b" do art. 483 da CLT, assim como, de passagem, a de submissão do autor a
perigo manifesto de mal considerável (alínea "c") e a de prática contra o
empregado de ato lesivo à honra deste (alínea "e").

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O assédio moral demonstrado, o qual, no escólio da
psicanalista francesa Marie-France Hirigoyen, in Assédio Moral, editora Bertrand) é
definível como "toda conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...)
que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade
psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando o seu emprego ou degradando o
clima de trabalho".

Oportuno ressaltar o magistério de Yussef Said Cahali:

“Recentemente, os tribunais têm admitido como manifestações


preconceituosas certas atitudes do empregador que colocam o
funcionário em uma situação vexatória, degradante, de humilhação, que,
sempre prejuízo de representarem causa de demissão indireta, ofendem
à honra, a dignidade, o respeito do operário como ser humano,
provocando dano moral reparável. “ (CAHALI, Yussef Said. Dano Moral. 4ª
Ed. São Paulo: RT, 2011, p. 443)

A esse respeito, convém trazer à colação as lições de


Mauro Vasni Paroski:

“O assédio moral pode ser exteriorizado de varridas formas: gestos,


agressões verbais, comportamentos obsessivos e vexatórios,
humilhações públicas e privadas, amedrontamento, ironias, sarcasmos,
coações públicas, difamações, exposição ao ridículo (p. ex.: servir
cafezinho, lavar banheiro, levar sapatos para engraxar ou rebaixar
médico para atendente de portaria), sorrisos, suspiros, trocadilhos, jogo
de palavras de cunho sexista, indiferença à presença do outro, silêncio
forçado, trabalho superior às forças do empregado, sugestão para pedido
de demissão, ausência de serviço e tarefas impossíveis ou de dificílima
realização, controle do tempo no banheiro, divulgação pública de

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detalhes íntimos, agressões e ameaças, olhares de ódio, instruções
confusas, referências a erros imaginários, solicitação de trabalhos
urgentes para depois jogá-los no lixo ou na gaveta, imposição de horários
injustificados, isolamento no local de trabalho, transferência de sala por
mero capricho, retirada de mesas de trabalho e pessoal de apoio, boicote
de material necessário à prestação de serviços e supressão de funções. “
(PAROSKI, Mauro Vasni. 2ª Ed. Dano Moral e sua reparação no direito do
trabalho. Curitiba: Juruá, 2008, p. 108)

Reiteradamente, nessas circunstâncias, tocante à


rescisão indireta, vem decidido os Tribunais que:

ASSÉDIO MORAL. CONFIGURAÇÃO. RESCISÃO INDIRETA. OCORRÊNCIA.


O assédio moral caracteriza-se por conduta abusiva e reiterada, seja do
empregador que se utiliza de sua superioridade hierárquica para
constranger seus subalternos, seja dos empregados entre si e,
comprovada a sua existência, pode ensejar o reconhecimento da
despedida indireta. (TRT 5ª R.; RO 0000131-14.2016.5.05.0013; Segunda
Turma; Relª Desª Dalila Nascimento Andrade; DEJTBA 23/08/2017)

ASSÉDIO SEXUAL. RESCISÃO INDIRETA. INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL.
Diante da comprovação do assédio sexual direcionado à reclamante, em
ofensa à sua honra e dignidade, mostra-se correta a declaração da
rescisão indireta do contrato de trabalho (artigo 483, "e", da CLT) e a
condenação ao pagamento de indenização por dano moral. (TRT 3ª R.;
RO 0010418-68.2015.5.03.0064; Rel. Des. Antônio Gomes de
Vasconcelos; DJEMG 18/08/2017)

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2.1.2 Assédio moral – Dever de indenizar

A pretensão indenizatória por danos morais, prevista


no art. 7o., inciso XXVIII, da CF/88 e artigos 186 e 927 do Código Civil, pressupõe,
necessariamente, um comportamento do agente que, " desrespeitando a ordem
jurídica, cause prejuízo a outrem, pela ofensa a bem ou direito deste. Esse
comportamento deve ser imputável à consciência do agente por dolo (intenção) ou
por culpa (negligência, imprudência ou imperícia), contrariando seja um dever
geral do ordenamento jurídico (delito civil), seja uma obrigação em concreto
(inexecução da obrigação ou de contrato) " (Rui Stoco, Responsabilidade Civil, 2a.
edição, ed. Revista dos Tribunais).

A situação delineada nesta peça vestibular,


maiormente quando na forma como traçada no tópico anterior, teve como causa a
conduta ilícita da Reclamada. A Reclamante sofreu momentos angustiantes e
humilhantes, o que afetou, no mínimo, a sua dignidade, a sua autoestima e
integridade psíquica.

Demonstrada, portanto, a relação de causalidade entre


a ação antijurídica e o dano causado, requisitos esses que se mostram suficientes
para a configuração do direito à reparação moral ora pretendida.

As circunstâncias do caso recomendam que a


condenação seja de valor elevado, como medida pedagógica, maiormente quando,
corriqueiramente, as empresas se utilizam dessa sistemática vergonhosa e
humilhante de xingamentos direcionados ao empregado.

É consabido, de outro compasso, que o quantum


indenizatório não deve ser insignificante, a estimular o descaso do empregador,
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nem exagerado, de modo a proporcionar o enriquecimento indevido da
vítima/empregado. Desse modo, entende-se que R$ 40.000,00(quarenta mil reais)
se constitui valor eficaz a título de indenização por danos morais decorrentes de
assédio moral, tanto na mitigação do sofrimento da Reclamante, como na indução
de um comportamento do empregador mais vigilante e condizente com a relação
saudável que deva manter com seus empregados.

De outro turno, à luz do art. 944 da Legislação


Substantiva Civil, a despeito do porte econômico da Reclamada e considerado o
grau de culpa dessa (sempre contumaz e reviver este cenário degradante), à
gravidade da situação e as sequelas havidas pela Reclamante, é condizente que
condene a Reclamada no importe supra-aludido.

Especificamente sobre o tema tratamento humilhante e


sua conclusão como assédio moral, colacionamos os seguintes julgados:

ASSÉDIO MORAL. XINGAMENTO.

Sorte não cabe a reclamada, já que da análise do depoimento da


testemunha da reclamante, constata-se, efetivamente, que o seu
superior hierárquico, Sra. Luciana se dirigia a reclamante com
"xingamentos" e "humilhações". Tal fato implica em dano moral
indenizável (art. 5º, X, da CF e art. 927 do CC), por ferir a honra e a
imagem da autora. O dano moral ocasiona lesão na esfera personalíssima
do titular, violando sua intimidade, vida privada, honra e imagem,
implicando numa indenização compensatória ao ofendido. E, segundo a
melhor doutrina, desnecessária a prova do dano moral, pois, a esfera
atingida da vítima é a subjetiva, tal seja, seu psiquismo, sua intimidade,
sua vida privada, gerando dor, angústia, entre outros sentimentos de
indignidade. Basta a prova do fato ilícito, potencialmente gerador do
dano moral. Comprovado o ato da ré cabe indenização pelo dano moral

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causado. A fixação do valor da indenização deve se pautar pelo princípio
da razoabilidade e proporcionalidade (art. 944do CC), ou seja, satisfazer o
interesse de compensação do lesado e a repressão à conduta do lesador.
Assim, deve levar em consideração a gravidade da conduta; a extensão
do dano, tendo em conta o sofrimento e as repercussões pessoais,
familiares e sociais; a situação econômica do lesador e; o caráter
pedagógico da sanção. Isto porque, a indenização tem natureza
compensatória, uma vez que o dano moral é de difícil mensuração, pelo
que considero adequado o valor arbitrado pela sentença a quo, no
importe de R$ 10.000,00. Nego Provimento a Ambos os Recursos. (TRT 2ª
R.; RO 0000270-83.2014.5.02.0056; Ac. 2017/0566670; Quarta Turma;
Relª Desª Fed. Ivani Contini Bramante; DJESP 22/09/2017)

ASSÉDIO MORAL. COMPROVAÇÃO DE XINGAMENTOS, TRATAMENTO


HOSTIL E DEGRADANTE. INDENIZAÇÃO DEVIDA.

Cabalmente comprovada, por meio de prova testemunhal e pericial, a


existência de reiteradas condutas vexatórias e humilhantes, uma vez que
o reclamante era tratado por seu superior através de termos ofensivos e
também era obrigado a desenvolver suas atividades laborais sem
obediência às normas de proteção ao trabalho, resta devida a
indenização decorrente de assédio moral pleiteada na presente lide.
QUANTUM INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS A SEREM OBSERVADOS.
REDUÇÃO DO MONTANTE ARBITRADO EM SENTENÇA. Observando-se os
critérios de arbitramento do valor da indenização por danos morais,
como gravidade e extensão do ato danoso, capacidade econômica do
ofensor e caráter pedagógico/inibitório da sanção, impõe-se a redução
do valor arbitrado pelo juízo de origem, a fim de atender aos princípios
da razoabilidade e proporcionalidade. SEGURO-DESEMPREGO.

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FRUSTRAÇÃO DA PERCEPÇÃO POR CONDUTA DO EMPREGADOR.
INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. Comprovada a frustração da percepção do
seguro-desemprego por conduta imputável ao empregador, cabível o
pagamento da indenização substitutiva, nos termos da Súmula nº 389 do
C. TST. Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido. 1. (TRT 21ª
R.; RO 0000679-98.2016.5.21.0011; Primeira Turma; Rel. Des. Bento
Herculano Duarte Neto; Julg. 05/09/2017; DEJTRN 12/09/2017; Pág.
2599)

I - ASSÉDIO MORAL CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS


DEVIDA.

A prova testemunhal comprovou que a reclamante sofreu agressões de


ordem moral por parte de sua superior hierárquica, em especial
xingamentos e palavras de baixo calão utilizadas para se referir aos seus
subordinados. E, sem dúvida, a conduta da reclamada, na figura de sua
funcionária, foi capaz de ferir a honra e a dignidade da reclamante, pelo
que deve ser devidamente indenizada pela ofensa sofrida. II -
EMPREGADA GESTANTE. DESCONHECIMENTO PELO EMPREGADOR.
INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DO PERÍODO ESTABILITÁRIO DA GESTANTE.
A estabilidade ao emprego conferida à empregada gestante decorre de
norma de ordem pública, que visa a proteger não somente a empregada
gestante, mas, também, o nascituro (CF, art. 7º, XVIII e art. 10, II, b, do
ADCT), sendo assegurada desde a confirmação da gravidez até cinco
meses após o parto. O desconhecimento do estado gravídico pelo
empregador não afasta o direito ao pagamento de indenização
decorrente da estabilidade. Exaurido o período da estabilidade é devido
o pagamento de indenização substitutiva. (TRT 8ª R.; RO 0000160-

15
89.2016.5.08.0107; Rel. Des. Fed. Marcus Augusto Losada Maia; DEJTPA
09/08/2017; Pág. 65)

3 - PEDIDOS e REQUERIMENTOS

Diante do que foi exposto, a Reclamante pleiteia:

a) Sejam as Reclamadas notificadas para comparecerem à audiência


inaugural e, querendo, apresentar sua defesa, sob pena de revelia e
confissão quanto à matéria fática estipulada nessa inaugural;

c) pede que seja decretada a rescisão indireta do contrato de trabalho em


espécie, pelos fundamentos expostos nesta peça inaugural, tendo como
marco final do contrato a data do ajuizamento desta ação ou,
subsidiariamente (CPC, art. 326), na data do seu desligamento
(00/06/0000);

d) em virtude da ruptura contratual, por motivo exclusivos das


Reclamadas (CLT, art. 483, “a”, “b”, “c” e “e”), pede-se a
CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA DAS RECLAMADAS a pagarem:

( i ) aviso prévio e sua integração para todos os fins(CLT, art.


487, § 4º);

( ii ) férias vencidas e proporcionais, acrescidas do terço


constitucional;

( iii ) 13º salário proporcional;

( iv ) indenização compensatória de 40%(quarenta por cento) do


FGTS;

( v ) saldo de salários.

f) condenar, mais, à liberação das guias do seguro-desemprego, sob pena


de pagamento de indenização substitutiva (Súmula 389 do TST), assim

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como liberação das guias para saque do FGTS, com a devida baixa na
CTPS;

g) pede-se, outrossim, a condenação das Reclamadas, de forma solidária,


a pagaram indenização em virtude do assédio moral, no importe de R$
40.000,00(quarenta mil reais), valor este compatível com o grau de culpa,
a lesão provocada e a situação econômica das partes envoltas nesta
querela judicial.

Protesta provar o alegado por todos os meios de


provas admitidos, nomeadamente pela produção de prova oral em audiência, além
de perícia e juntada posterior de documentos.

Por fim, o patrono da Reclamante, sob a égide do art.


830 da CLT c/c art. 425, inc. IV, do CPC, declara como autênticos todos os
documentos imersos com esta inaugural, destacando, mais, que a presente peça
processual é acompanhada de duas (2) vias de igual teor e forma.

Dá-se à causa o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil


reais), consoante a diretriz fixada no art. 292, inc. V, do CPC c/c art. 3º, inc. IV, da
Resolução 39 do TST.

Respeitosamente, pede deferimento.

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