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COMARCA DE XXXXXXXXX
Roberta Soares, brasileira, casada, desempregada, filha de Laura Santos, portadora da identidade
777, CPF 888, residente e domiciliada na Rua Coronel Oliveira, casa 28 – Contagem-SP – CEP
4444, vem respeitosamente perante a Vossa Excelência propor
Malharia Fina Ltda, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ nº XXXXXXXXX, com sede
XXXXXXXXXXo, nº XXX, CEP XXXXXX, com endereço eletrônico XXXXXX e telefone
XXXXXXXXX, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir e no final requer:
1 – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Cumpre salientar que o reclamante não possui condições financeiras de arcar com custas
processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo ao seu próprio sustento e de sua família,
requerendo desde já os benefícios da justiça gratuita, nos termos do artigo 4º da Lei 1.060/50, com
redação introduzida pela Lei 7.510/86.
2 – FATOS
A requerente trabalhou para a sociedade empresária Malharia Fina Ltda. localizada na capital
mineira, como auxiliar de produção, de 20/02/2018 a 30/09/2023, quando foi dispensada sem justa
causa, sem o pagamento de verbas rescisórias. Atualmente Roberta está desempregada, mas, na
época em que atuava na Malharia Fina, ganhava 2 salários-mínimos mensais.
Roberta é presidente do seu sindicato de classe, ao qual está filiada desde a admissão, tendo sido
eleita e empossada no dia 20/06/2020 para um mandato de 3 anos, bem como cientificada a
empregadora do fato por e-mail, exibido ao advogado. Roberta recebeu uniforme e EPI da empresa,
jamais sofrendo descontos no seu salário em razão isso. Recebia, também, alimentação (almoço e
lanche) gratuitamente e trabalhava de 2ª a 6ª feira das 14:00h às 23:00h, com intervalo de 1 hora, e
aos sábados, das 8:00h às 12:00h, sem intervalo. Após o horário informado, gastava 10 minutos
para tirar o uniforme. Nunca recebeu adicional noturno nem horas extras, tampouco havia regime de
compensação de horas.
Durante o contrato de trabalho, Roberta apenas gozou férias em janeiro de 2020. Os 13º salários
lhes foram pagos normalmente até 2020.
Roberta, no ano de 2021, comprovadamente, doou sangue em duas ocasiões, faltou ao emprego em
ambas e foi descontada a título de falta. Já em 2022, ela foi descontada em três dias, quando se
ausentou para viajar para o Nordeste e comparecer ao enterro de um primo, que falecera em
acidente de trânsito.
Hugo, o superior imediato de Roberta, era chefe do setor de produção, e recebia remuneração de R$
6.000,00. Duas vezes na semana, no mínimo, dizia que ela tinha um belo sorriso. Por educação,
Roberta agradecia o elogio, mas se sentia incomodada com as investidas de Hugo. Em 2020, em
razão de doença, Hugo ficou afastado do serviço por 170 dias e ela o substituiu até o seu retorno,
mas continuou recebendo a sua remuneração, de dois salários mínimos, durante o período da
substituição.
Nos seus contracheques, em todos os meses desde a admissão, havia o lançamento de crédito de
dois salários mínimos, além de descontos de INSS, do vale-transporte, da contribuição assistencial e
da confederativa.
3 – DIREITO
Não é a primeira nem a última vez em que empresas se utilizam de trabalhadores clandestinos para
suprimir os direitos trabalhistas de seus empregados, ocorre que a jurisprudência pátria já tem um
demasiado acervo de como devem ser tratados tais relações, senão vejamos:
(…)
Passando agora discorrer acerca do mérito, a reclamante foi contratado pela reclamada para exercer
a função como auxiliar de produção de 20/02/2018 a 30/09/2023, quando foi dispensada sem justa
causa, sem o pagamento de verbas rescisórias
No art. 3º da Nova CLT, o legislador trouxe o conceito de empregado estabelecendo todos os
requisitos necessários para que um indivíduo seja reconhecido como empregado:
Dessa forma, para ser considerado, é necessário que todos os requisitos trazidos pela legislação
estejam preenchidos cumulativamente.
Durante todo o período em que a Reclamante prestou serviços para a Reclamada, estiveram
presentes todas as características do vínculo de emprego, quais seja a pessoalidade, onerosidade,
subordinação e não eventualidade.
Em suma, o reclamante cumpria jornada de trabalho delimitada pelo empregador, além do que
trabalhava diariamente, exclusivamente para a Reclamada, não podendo ser substituído, e mediante
ânimo subjetivo de perceber uma contraprestação mensal.
Conforme se pode observar à presente inicial, o vínculo empregatício existente entre a Reclamada e
a Reclamante é inegável, tendo em vista que esta laborava de forma subordinada, pessoal, onerosa e
não eventual.
Dessa forma, requer que seja reconhecido o vínculo empregatício, para que a reclamada proceda à
anotação da CTPS da reclamante, surtindo todos os efeitos legais, como pagamento referente a
todas as verbas rescisórias e indenizatórias, advindas da rescisão do contrato de trabalho sem justa
causa, bem como a liberação das guias de seguro desemprego ou pagamento de indenização
correspondente, sem mencionar a compensação de todos os encargos trabalhistas e sócias já
vencidos, os quais o reclamante possuía o direito durante o seu labor.
Tendo em vista a inexistência de justa causa para a rescisão do contrato de trabalho, surge para o
Reclamante o direito ao Aviso Prévio indenizado, prorrogado o término do contrato ,uma vez que o
§ 1º do art. 487, da Nova CLT, estabelece que a não concessão de aviso prévio pelo empregador dá
direito ao pagamento dos salários do respectivo período, integrando-se ao seu tempo de serviço para
todos os fins legais.
Dessa forma, o período de aviso prévio indenizado, corresponde a mais 30 dias de tempo de serviço
para efeitos de cálculo do 13º salário, FGTS + 40%, haja vista o reclamante ter laborado por nove
anos para a reclamada, sendo demitido sem justo motivo.
As leis 4090/62 e 4749/65 preceituam que o décimo terceiro salário será pago até o dia 20 de
dezembro de cada ano, sendo ainda certo que a fração igual ou superior a 15 dias de trabalho será
havida como mês integral para efeitos do cálculo do 13º salário.
Como o reclamante não recebeu 13º salário de 2021.2022 e 2023, este tem o direito reaver os
valores vencidos, haja vista laborou até o dia 30/09/2023, (tempo de serviço + aviso prévio).
Diz o art. 15 da lei 8036/90 que todo empregador deverá depositar até o dia 7 de cada mês na conta
vinculada do empregado a importância correspondente a 8% de sua remuneração devida no mês
anterior.
Sendo assim, Vossa Exa. Deverá condenar a Reclamada a efetuar os depósitos correspondentes todo
o período da relação de emprego desde seu início até o final, tendo em vista que a CTPS da
Reclamante não foi sequer assinada.
Além disso, por conta da rescisão injusta do contrato de trabalho, deverá ser paga uma multa de
40% sobre o valor total a ser depositado a título de FGTS, de acordo com § 1º do art. 18 da
lei 8036/90 c/c art. 7º, I, CF/88.
No prazo estabelecido no art. 477, § 6º, da Nova CLT, nada foi pago ao Reclamante pelo que se
impõe o pagamento de uma multa equivalente a um mês de salário revertida em favor da
Reclamante, conforme § 8º do mesmo art.
A Reclamada deverá pagar a Reclamante, no ato da audiência, todas as verbas incontroversas, sob
pena de acréscimo de 50%, conforme art. 467 da CLT, transcrito a seguir:
Dessa forma, protesta a Reclamante pelo pagamento de todas as parcelas incontroversas na primeira
audiência.
4 – PEDIDOS
a) Que seja deferido o benefício da assistência judiciária gratuita, devido à difícil situação
econômica do reclamado, que não possui condições de custear o processo, sem prejuízo próprio.
e) Pagar o Aviso Prévio indenizado (30 dias), 13º salário vencido, os depósitos de FGTS de todo o
período acrescido de multa de 40% à título de indenização;
g) Além disso, condenar a Reclamada ao pagamento da multa prevista no § 8º, do art. 477 da Nova
CLT, e, em não sendo pagas as parcelas incontroversas na primeira audiência, seja aplicada multa
do art. 467 da Nova CLT, tudo acrescido de correção monetária e juros moratórios.
Protesta provar o alegado por todos os meios no Direito permitidos, notadamente oitiva de
testemunhas e depoimento pessoal.
Dá-se à causa o valor de R$ 20.000 (Vinte mil reais) para efeitos fiscais.
Termos em que,
Pede Deferimento.
Contagem/MG