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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO
ADMISSIBILIDADE
MÉRITO
A parte autora postula a concessão dos benefícios da justiça gratuita sob argumento de
que não possui condições financeiras para arcar com as despesas processuais.
Pois bem.
Sendo assim, faz jus a autora ao benefício da justiça gratuita que lhe foi
deferido em sentença.
Nego provimento.
A ré, intimada, aduz que a autora "foi beneficiada no acordo homologado em ação
coletiva, não podendo atacar a coisa julgada em ação individual" e que "não há
necessidade de intimação do representante do Ministério Público do Trabalho, tendo em
vista que o órgão ministerial acompanhou a pactuação realizada nos autos de n.º
0001719-22.2017.5.12.0047, opinando pelo prosseguimento do feito". Juntou parecer do
MPT.
A autora, por fim, afirma que, segundo jurisprudência do TST, não há coisa julgada ou
litispendência entre a ação individual e a ação coletiva proposta por sindicato.
Consultando os autos da ação coletiva, verifico que a ação foi proposta em 09-11-2017 e
o acordo, apresentado em 31-08-2022, foi homologado em 06-09-2022. Conforme
ajustado, foi "estabelecido (...) o pagamento do adicional de insalubridade em grau
máximo, para as funções de (...) ajudante de serviços gerais (limpeza e higienização de
banheiros)". No rol de empregados beneficiados, consta o nome da autora, com o valor
de R$ 401,50.
Embora a autora tenha se beneficiado com o acordo homologado na ação coletiva, com o
importe de R$ 401,50, isso não é suficiente para reconhecer a coisa julgada, uma vez que
a autora ingressou com a ação individual após o ajuizamento da ação coletiva e não
requereu a suspensão processual, na forma do art. 104 da Lei nº 8.078, de 1990. Outra
possibilidade para extensão dos efeitos da coisa julgada à ação individual seria se a
empregada tivesse outorgado poderes específicos à Federação para a transação, o que
não é o caso.
Rejeito a preliminar.
Pois bem.
3.ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
A autora alega que trabalhava em condições insalubres em razão do contato com fezes
humanas e utilização de produtos químicos, sem receber o adicional de insalubridade.
Postula pagamento do respectivo adicional, com reflexos.
A ré nega o labor nas condições alegadas. Aduz que o ajudante de serviços gerais "deve
realizar a limpeza do piso, banheiros e recolher o lixo da empresa" e que a autora recebia
EPIs. Nega que a autora fizesse limpeza de caixa de esgoto.
Analiso.
Após verificar o local e as condições de trabalho da autora, o perito concluiu que "as
atividades executadas pela reclamante, na função de 'Ajudante de serviços gerais', junto
a empresa reclamada supracitada, não foram insalubres em grau máximo, tendo em
vista a existência de medidas de ordem técnica e/ou administrativas e/ou individuais,
conforme preveem as Normas Regulamentadoras (NRs), do Ministério do Trabalho e
Previdência Social, em especial a NR-15 (Atividades e operações insalubres) e a NR-06
(Equipamentos de Proteção Individual) que descendem da Portaria 3.214/78".
[...]
[...]
Explico.
O Anexo XIV da NR 15, que trata dos agentes biológicos, estabelece ser devido
adicional de insalubridade em grau máximo no caso de trabalho em contato permanente
com lixo urbano.
I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o
empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da
atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho.
Em audiência, a preposta admitiu que a autora fazia a limpeza dos banheiros (fato
incontroverso, em verdade, porque também admitido na contestação), mas negou a
limpeza na caixa de esgoto. Disse que na ré havia cerca de 140 a 150 colaboradores, em
dois turnos de trabalho, e que também havia um banheiro exclusivo para o pessoal de
fora, na parte da recepção. Afirmou que a autora fazia a dosagem de produtos na caixa de
estação de tratamento, cerca de uma vez por dia, mas isso não era limpeza.
A testemunha Jean (convidada pela ré) foi dispensada pelo Juízo porque declarou ter sido
apenas em julho de 2022 e confirmou que na época a autora não trabalhava mais no local.
A testemunha Cleiton (convidada pela ré), por sua vez, declarou que trabalha como
operador de empilhadeira e que a autora trabalhava na parte de serviços gerais, limpeza;
que via a autora varrendo, limpando o banheiro, limpando as salinhas; que nunca viu a
autora limpando a caixa de esgoto.
Destaco que o fato de a autora não permanecer durante toda a jornada apenas na limpeza
dos banheiros não afasta a conclusão, visto que a análise da insalubridade por agente
biológico é qualitativa e não quantitativa.
Por todo o exposto e por amparo legal, condeno a réa pagar à autora o adicional de
insalubridade em grau máximo em razão do contato com lixo urbano, calculado sobre o
salário-mínimo (nacionalmente unificado).
Reflexos em repouso semanal remunerado são indevidos, posto que a fixação mensal do
adicional de insalubridade (calculado sobre o salário-mínimo mensal) já inclui os dias de
repouso remunerado (OJ nº 103 da SDI-I do E. TST). (grifos no original)
À análise.
Pelo exposto neste laudo, conclui-se que as atividades executadas pela reclamante na
condição de "Ajudante de serviços gerais", junto a empresa reclamada supracitada, não
foram insalubres, tendo em vista a existência de medidas de ordem técnica e/ou
administrativa e/ou individuais, conforme preveem as Normas Regulamentadoras (NRs),
do Ministério do Trabalho e Previdência, em especial a NR-15 (Atividades e operações
insalubres) e a NR-06 (Equipamentos de Proteção Individual) que descendem da Portaria
3.214/78. (grifos no original)
b) Não haver no rol das atividades da reclamante, mesmo que por similaridade, o
desempenho permanente (constante ou intermitente) de coleta e industrializaçãode lixo
urbano;
c) Não haver no rol das atividades da reclamante, mesmo que por similaridade, o
desempenho permanente (constante ou intermitente) com galerias ou fossas de esgoto. Se
ocorreu, foi de forma muito pontual;
d) Não haver no rol das atividades da reclamante, mesmo que por similaridade, o
desempenho de atividades equiparadas com qualquer outra condição citada no anexo nº
14 da NR-15;
e) Não haver os elementos essenciais previstos no artigo 189 a CLT, para se estabelecer
condição insalubre.
Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
f) Limpeza das instalações sanitárias e a coleta de seus resíduos (lixo), por parte da
reclamante, em termos de eventuais riscos à saúde dos trabalhadores, não ser equiparada
com aqueles previstas no rol do anexo nº 14 da NR-15;
R - Do limitado tempo diário destinado para efetuar a limpeza dos banheiros (limpeza do
piso, paredes, pias, armários, espelhos, box sanitário, coleta de lixo sanitário, reposição
de papel, sacos plásticos, detergentes líquidos, entre outros), por parte da reclamante
junto a reclamada, informa-se que tais atividades ocorriam de maneira semelhante à
realizada numa residência ou em qualquer outro estabelecimento comercial. O
diferencial está apenas no volume de instalações.
Pois bem.
4.HONORÁRIOS PERICIAIS
Prospera a insurgência.
sobre a soma dos valores atualizados dos pedidos integralmente rejeitados (letra "b").
Aplicável, contudo, a condição suspensiva de exigibilidadena forma prevista no § 4º do
art. 791-A. (grifos no original)
Pois bem.
Pelo que,