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EXMO. SR. DR.

JUIZ DA 6ª VARA DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO - RIO


DE JANEIRO.

PROCESSO: ________________

FULANO DE TAL, (qualificação completa), nos autos da


RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, interposta em face de
__________________, vem, inconformada com a r. decisão a quo que
não recebeu o Recurso Ordinário interposto pelo Reclamante, por deserto, vem,
por seus advogados, com fundamento no artigo 897, b da CLT interpor o
presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO

a fim de ser invalidada a d. decisão, o que faz com arrimo nas anexas razões,
requerendo a V. Exa. que se digne a recebê-lo e processá-lo, distribuindo o
presente a uma das Colendas Turmas do Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho desta Região.

Termos em que,
Pede Deferimento.
Rio de Janeiro, ______________.
EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO E. TRIBUNAL
REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

AGRAVANTE: _________________________
AGRAVADOS: ________________________

RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Egrégios Desembargadores do TRT da 1ª Região


Colenda Turma:

Merece reforma o r. despacho que negou seguimento ao Recurso


Ordinário interposto pelo Reclamante, ora Agravante, que o julgou deserto
pelos motivos abaixo relacionados:

De fato, não houve recolhimento das custas processuais por várias


razões: primeiramente, consta na exordial o pedido de gratuidade de justiça,
uma vez que o Reclamante/agravante, não ter meios de arcar com tais despesas
sem comprometer seu próprio sustento bem como de sua família.

E mais:

O Agravante, quando da interposição do Recurso Ordinário,


reiterou o pedido de concessão da gratuidade de justiça, visto que, ante o atual
quadro de pandemia, decorrente do COVID-19, continuava desempregado, sem
condições financeiras de arcar com qualquer despesa sem comprometer sua
própria sobrevivência.
Ressalta-se, ainda, que quando do ajuizamento da Reclamação
Trabalhista, juntou Declaração de Hipossuficiência de id c4fa7c2.

É bem verdade que a lei 13.467/2017, conhecida como reforma


trabalhista, introduziu o parágrafo 4º no artigo 790 da CLT, passando-se a
exigir a comprovação da insuficiência de recursos. Sem dúvida, uma condição
menos favorável à pessoa natural do que aquela prevista no Código de Processo
Civil.

Embora tal lei tenha passado a exigir a comprovação da


insuficiência de recursos para conceder assistência judiciária gratuita, a regra
não pode ser aplicada isoladamente, mas interpretada sistematicamente com
as demais normas constantes da CLT, da Constituição da República e do CPC.
Não se pode atribuir ao trabalhador que postula na Justiça do
Trabalho uma condição menos favorável do que a destinada aos cidadãos
comuns que litigam na Justiça Comum, sob pena de afronta ao princípio da
isonomia.

A Lei 1.060/1950 considerava necessitada a pessoa cuja situação


econômica não lhe permitisse pagar às custas do processo e os honorários de
advogado sem prejuízo do sustento próprio ou da família. O artigo 4º dessa
norma estabelecia como requisito para a concessão da gratuidade da Justiça
apenas a afirmação da parte nesse sentido na petição inicial. Havia assim, a
presunção da veracidade da declaração de hipossuficiência.

Na mesma linha, o artigo 99 do Código de Processo Civil presume


verdadeira “a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural”.
Mas não é só. Diz o parágrafo 3º do artigo 790 da CLT:

§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e


presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer
instância conceder, a requerimento ou de ofício, o
benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a
traslados e instrumentos, àqueles que
perceberem salário igual ou inferior a 40%
(quarenta por cento) do limite máximo dos
benefícios do regime geral de previdência
social. (grifos nossos)

Nobres Julgadores, o último salário do Reclamante/Agravante, foi


de R$1.375,01 (mil trezentos e setenta e cinco reais e um centavo), acrescido de 30%
do adicional de periculosidade, ou seja, valor inferior aos 40% do limite máximo
previsto no artigo supra mencionado.

Assim, não conceder ao Reclamante/Agravante os benefícios da


gratuidade de justiça é o mesmo que impedir o amplo acesso ao Poder Judiciário
e discriminar o trabalhador em relação às pessoas naturais que litigam na Justiça
Comum.

Fato é que o Agravante encontra-se desempregado de forma que


não tem condições de arcar com as custas processuais a que fora condenado a
pagar, sem o comprometimento de seu sustento e de sua família, uma vez que
estar passando a tempos dificuldade financeira, sem conseguir se recolar no
mercado de trabalho.

Tal situação agravou-se, ainda mais, com a pandemia decorrente


da COVID-19.
E mais: além de negar a gratuidade de justiça ao
Reclamante/Agravante, o Ilmo. Juízo “a quo” extinguiu o processo sem
julgamento de mérito por não ter o Reclamante comparecido à audiência
virtual.

Nobres Julgadores, tal extinção não se deu por inércia ou por falta
de interesse do Reclamante/Agravante, mas sim por problemas de conexão
(internet).

Verifica-se que na intimação de id 39c97cd, consta que seria


admissível a presença do Reclamante no mesmo acesso virtual de seu advogado.
Vejamos:
Ficam intimadas as partes a trazer os respectivos
endereços eletrônicos, para fins do envio do link
necessário ao comparecimento/acesso/presença
virtual nas audiências por videoconferência, sob as
consequências estampadas no art 844 da CLT, ou seja,
diante do não comparecimento de partes e/ou
Advogados, especialmente diante de possível
negligência ao cumprimento do que ora determinado,
ficando registrado, desde já que justificativa quanto ao
não fornecimento dos endereços eletrônicos não será
aceita.
Registre-se ainda que é admissível a presença
no mesmo acesso virtual da parte e do
respectivo Advogado, esperando-se, entretanto
que seja observada a boa fé processual que se
impõe. (não há grifo no original).

Sendo assim, o Reclamante/Agravante dirigiu-se até o escritório


de seus patronos para participar da audiência virtual de conciliação. Todavia,
seus patronos tiveram problemas de conexão, não conseguindo adentrar na
sala virtual, de forma que quando, finalmente, acessaram a plataforma, a
audiência já havia se encerrado.

E mais: conforme Ata de id 51d5bf3, o Juízo “a quo” sequer


concedeu prazo de 15 dias para que o Reclamante/Agravante justificasse sua
ausência. Extinguiu o processo e o condenou em custas e honorários de
sucumbência.

Portanto, condenar o Reclamante/Agravante ao pagamento de


custas, por não ter tido o mesmo, condições técnicas de acessar a plataforma
para participar de uma audiência virtual é, no mínimo, negar ao mesmo o
acesso à Justiça, pois imputa a este a responsabilidade de pleno funcionamento
de internet.
CONCLUSÃO:

Isto posto, requer o Agravante que seja recebido e conhecido o


presente recurso de Agravo de Instrumento, sendo o mesmo julgado provido, no
sentido de invalidar a decisão que negou seguimento ao Recurso Ordinário
interposto pelo Reclamante, para que assim, se faça a mais salutar Justiça!

Rio de Janeiro, _____________

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