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Gratuita
Confederações
unem forças
em defesa das
empresas
PROJETO PROMOVA
45% das mulheres
tiveram uma promoção
de carreira
FUNDOS EUROPEUS
Análise do Eurodeputado
ENTREVISTA José Manuel Fernandes
Jorge de Melo
CEO da Sovena
ECONOMIA CIRCULAR
CIP junta mais de 1.600
empresas para discutir
desafios
Editorial
Foi dado, assim, um passo fundamental para que as cinco Confederações que integram
este Conselho possam intervir de forma coesa, procurando, simultaneamente e em
António Saraiva
cada circunstância, as formas mais adequadas para a expressão e defesa dos interesses
PRESIDENTE DA CIP
comuns em matérias transversais às empresas no seu conjunto.
Sem que esgote ou substitua as cinco entidades que integra – este Conselho reúne-as,
“Tivemos já no seu papel mobilizador do universo empresarial, fazendo ouvir uma voz coesa na
defesa dos seus interesses comuns.
oportunidade de
assumir uma posição As causas comuns que nos unem são claras:
Economia 31
Livro Verde sobre N.º de registo na ERCS - 108372 Tiragem
o Futuro do Trabalho Depósito Legal 0870-9602 10.000 exemplares
Conjuntura Económica 33
Estatuto Editorial
https://cip.org.pt/revista-cip/
Internacional 37
Presiência Portuguesa do Conselho
da União Europeia: um balanço
Homenagem 45
Francisco Mantero
1948-2021
CONFEDERAÇÕES
PATRONAIS
UNEM-SE PARA
ACELERAR
RECUPERAÇÃO
DAS EMPRESAS
E DA ECONOMIA
de esforços tem por base duas grandes conjunto do setor empresarial do país”,
preocupações: a preservação A união de esforços no contextualizou a este propósito Eduardo
do tecido produtivo existente Oliveira e Sousa, presidente da CAP
e a reorientação do modelo de CNCP tem por base duas e porta-voz do CNCP, durante
crescimento e de desenvolvimento grandes preocupações: a apresentação da iniciativa.
económico e social do país. a preservação do tecido Na agenda deste novo Conselho Nacional
O plano será pronunciarem-se sob está o objetivo de trabalhar no sentido
o “chapéu” do CNCP relativamente produtivo existente de obter um enquadramento favorável
a questões que, “de forma horizontal” e a reorientação do que permita às empresas vencer cinco
e transversal, e em termos empresariais, modelo de crescimento grandes desafios transversais com que
digam respeito ao desenvolvimento da se defrontam. Nomeadamente,
economia. “Procuraremos encontrar e de desenvolvimento a recuperação de clientes e mercados
consenso para que as respostas económico e social e a adoção de novas estratégias
sejam fortalecidas pela união do do país comerciais, a manutenção da
“O crescimento
só se faz através
da iniciativa privada”
EDUARDO OLIVEIRA E SOUSA
PRESIDENTE DA CAP
“É UM ERRO TOTAL
DISCUTIR O PRR
SEM SE DISCUTIR
O PORTUGAL 2030”
O Eurodeputado José Manuel Fernandes analisou as diferentes opções
de financiamento disponibilizadas pela União Europeia e debruçou-se
em particular sobre o programa InvestEU que poderá ser utilizado para
responder às necessidades de financiamento e de capitalização das PME.
As oportunidades para o tecido no Plano de Recuperação e Resiliência comunitário, acima dos 13,9 mil milhões
empresarial associadas aos fundos (PRR), e chamou a atenção para outros de euros acessíveis em subvenções
europeus que chegam a Portugal instrumentos financeiros também através do PRR.
estiveram em debate na última reunião acessíveis às empresas.
da Direção da CIP que contou com a “O PRR não devia ser para fazer mais
participação do Eurodeputado José “Temos estado a discutir o PRR e sou do mesmo ou até para fazer o que o
Manuel Fernandes. Na ocasião, o muito crítico num ponto: é um erro Portugal 2030 vai fazer. Devia ser para
Eurodeputado que tem acompanhado total discutir o PRR sem se discutir o executar aquilo de que precisamos e
as negociações destes apoios da União Portugal 2030”, começou por dizer José que o Portugal 2030 não vai financiar”,
Europeia (UE) – tendo sido relator do Manuel Fernandes, lembrando que são explicou, acrescentando que “essa
programa InvestEU – defendeu uma cerca de 30 mil milhões de euros os complementaridade se exigia” na
discussão agregadora e não tão centrada apoios associados ao próximo quadro discussão desses apoios.
Neste sentido, o Eurodeputado defendeu de 400 mil milhões de euros para apoiar à exceção daquela dirigida às PME. No
que primeiro deveriam ter sido definidos investimentos públicos e privados que InvestEU existem dois compartimentos:
os objetivos a atingir em 2030, e só estejam em linha com as políticas da UE um europeu e um nacional.
depois então avaliado o que cada via empréstimos, podendo este ainda ser O compartimento europeu é uma
instrumento financeiro permite fazer. utilizado para capitalizar as PME. garantia de 26,2 mil milhões de
“Em vez de se fazer a pergunta do euros, sendo que o Banco Europeu
costume – o que é que há a fundo de Investimento (BEI) gere 75% desta
perdido? – deveríamos perguntar: O garantia e os restantes 25% destinam-se
que queremos? De que financiamento aos bancos de promoção nacional.
necessitamos? E depois olharmos então "Um mesmo projeto pode Já no compartimento nacional um
para as oportunidades”, afirmou. Estado-membro pode colocar recursos
ter uma parte financiada financeiros para constituir uma
InvestEU: uma ferramenta para apoiar com empréstimos do garantia e assegurar o financiamento
pequenos projetos e PME InvestEU, outra que seja dos projetos pretendidos. Há ainda a
Na sua intervenção, José Manuel possibilidade de um Estado-membro
Fernandes salientou ainda a existência financiada por subvenções colocar neste compartimento 4% do
de um conjunto de importantes fontes de e ainda uma outra parte envelope do PRR e 5% do envelope da
financiamento da UE para as empresas financiada pela banca" política de coesão.
nacionais que vão para além do PRR
e do Portugal 2030. Mais concretamente, “Portanto, um Estado-membro não tem
o InvestEU, programa aprovado no a desculpa de que não tem recursos
Parlamento Europeu a 9 de março, que Os empréstimos podem ter um prazo financeiros para constituir a garantia.
resulta da fusão de 14 instrumentos de até 30 anos, sendo as taxas de juro Depois, com esse compartimento
financeiros, e dá continuidade ao “plano adequadas a permitir a viabilidade faz aquilo que entender em termos
Juncker” que apoiou mais de um milhão dos projetos em causa. Em termos nacionais”, clarificou o Eurodeputado
de Pequenas e Médias Empresas (PME). concretos, “o InvestEU financia tudo co-relator do InvestEU. Uma das
Este mecanismo pretende a mobilização o que o PRR e o Portugal 2030 não características deste mecanismo é o
financiam”, explicou José Manuel facto de, através do compartimento
Fernandes, destacando ainda o nacional, ser possível apoiar pequenos
caráter “adicional” como seu princípio projetos e, em concreto, as PME.
fundamental e a “mescla de fundos”
que permite. O Eurodeputado chamou ainda a atenção
"Em vez de se fazer a para a possibilidade de serem criadas
“Um mesmo projeto pode ter uma plataformas de investimento – de âmbito
pergunta do costume
parte financiada com empréstimos regional, nacional ou temáticas, por
– o que é que há a do InvestEU, ter outra que seja exemplo – com vista a apoiar projetos
fundo perdido? – financiada por subvenções e ainda empresariais mais pequenos. “Não vão
uma outra parte financiada pela ser financiados diretamente pelo BEI ou
deveríamos perguntar:
banca”, adianta o Eurodeputado. São pelo implementing partner. É o Banco
O que queremos? De quatro as janelas de investimento do de Fomento ou um banco nacional que
que financiamento InvestEU – infraestruturas sustentáveis; se candidata à garantia através de uma
investigação, inovação e digitalização; parceria com o BEI e depois é o banco
necessitamos? E depois
PME; investimento social e competências que seleciona os projetos nacionais”,
olharmos então para as – sendo que todo o tipo de empresas pode explica o Eurodeputado relativamente
oportunidades" ser incluído em qualquer destas janelas, a este tipo de apoio. n
A iniciativa insere-se no projeto da CIP Economia + Circular, Quadro legislativo e regulatório é entrave à circularidade
que conta com o apoio da EY-Parthenon, e que, além A legislação e o enquadramento regulamentar são uma
de fazer o levantamento do estado da arte da Economia das principais barreiras apontadas pelas empresas à adoção
Circular em Portugal, pretende ainda estimular a adoção de processos mais sustentáveis e circulares. “É um tema
de uma metodologia de medição da circularidade nas com o qual nos deparamos no nosso dia a dia. Entendemos
empresas portuguesas, amplamente testada a nível que devia haver mais confiança nas empresas, que são
internacional, e desenvolvida pela Fundação Ellen MacArthur. estranguladas com legislação normalmente extensa, difícil
de interpretar, com processos extremamente burocráticos
A urgência da transição de uma Economia Linear para uma e com custos associados à sua análise e à emissão
Economia Circular está bem patente no quadro das políticas de licenças. Atualmente, até para reutilizarmos água tratada,
nacionais e europeias, e é condição essencial ao crescimento necessitamos de ter uma licença. A simplificação seria
sustentável, bem como a uma economia competitiva e neutra um contributo muito positivo para a circularidade”, afirmava
em carbono. Rita Tovim, responsável pela área de Ambiente e Qualidade
da Pavigrés. Críticas que foram transversais nos vários setores
No encerramento deste ciclo de webinars, Carla Sequeira, de atividade que participaram nestes encontros - têxtil,
Secretária-Geral da CIP, deixou uma nota aos responsáveis indústrias de base florestal, distribuição, química, cerâmica,
políticos e aos representantes da sociedade civil: “Que não metal e embalagens.
haja dúvidas que as empresas querem fazer a transição para
uma economia verde. Mas essa transição tem de assegurar
que as empresas europeias não perdem competitividade
ao nível global, pois de outra forma será o emprego “A transição tem de assegurar
e a sustentabilidade social que estarão em causa”.
que as empresas europeias
Também Inês dos Santos Costa, Secretária de Estado não perdem competitividade
do Ambiente, destacou o desafio da regulação e legislação ao nível global"
europeia no sentido de equilibrar as condições competitivas
e de sustentabilidade das empresas europeias face CARLA SEQUEIRA,
às empresas de países terceiros. SECRETÁRIA-GERAL DA CIP
água tratada, necessitamos de ter Apesar das dificuldades, são muitas as empresas
uma licença. A simplificação seria que já começaram a trilhar este caminho, embora a maioria
um contributo muito positivo dos cidadãos não estejam ainda sensibilizados para o tema.
Por isso mesmo, as empresas defendem a necessidade
para a circularidade" de informar e sensibilizar os consumidores, não só sobre
a emergência do desafio, mas também sobre questões
RITA TOVIM
práticas como a qualidade e performance das matérias-
PAVIGRÉS
primas secundárias ou sobre a correta separação de resíduos,
cuja quantidade de fluxos terá tendência a aumentar.
“O consumidor tem de ter apetência e interesse nestas
Entre os entraves legislativos, as empresas destacam, propostas. Não pode ser unilateral porque, caso contrário,
sobretudo, as dificuldades no processo de desclassificação não haverá implementação no mercado nem mudança
dos resíduos e a sua classificação em subprodutos, de hábitos”, lembrava Ana Moreira, da Unilever.
além dos custos associados ao licenciamento e a sua elevada
carga burocrática, que os torna demorados O que se faz de melhor em Portugal
e complexos. Os responsáveis identificaram ainda São muitos os exemplos de empresas que procuram diminuir
os baixos preços das matérias-primas virgens como a pegada carbónica, seja pela utilização e produção
outra importante barreira à circularidade, sem que de materiais reciclados ou pela reutilização e valorização
exista em Portugal um sistema fiscal que permita dos desperdícios. Na Valerius Hub, reciclam-se fibras têxteis
mitigar este efeito. Sobre o tema, o Ministro e estuda-se o desenvolvimento de novas fibras a partir
do Ambiente e da Ação Climática reconhece que de papel, banana ou ananás. A Grestel apostou numa nova
“não temos um sistema orientado” pasta de cerâmica composta em 97% por resíduos
para o reaproveitamento de materiais. e subprodutos e que, no espaço de apenas um ano,
João Pedro Matos Fernandes adianta que: permitiu à empresa reduzir os custos com a compra
“Não temos sequer um sistema fiscal de matéria-prima em 6%, enquanto a produção cresceu 5%.
que o beneficie. Eu gostava de poder Na HyChem procuram-se soluções viáveis para a produção
dizer que é mais barato desconstruir de biocombustíveis para a aviação, quer a partir de biomassa
um edifício e aproveitar o que ele lá de microalgas autotróficas, quer por via da fermentação
tem para construir outro, do que utilizando resíduos florestais. Já na Silampos, empresa
encomendar ferro ou ir ao rio que lançou a primeira panela de pressão em Portugal
buscar areia para fazer em 1961, o produto é hoje modular, o que permite a sua
as argamassas. reparabilidade, e é 100% reciclável. n
O contributo das indústrias AIMMP, APCOR The Navigator Company, Sonae Arauco,
de base florestal e CELPA Amorim Cork Composites e SusDesign
Grupo Pavigrés,
Desafios no setor cerâmico APICER
Grestel e Roca
Desafios e oportunidades
APED Silvex
dos bioplásticos na distribuição
Desafios e oportunidades
AIMMAP e APF Silampos e Aapico
no setor do metal
PROJETO PROMOVA
› Daniel Traça, Dean da NOVA SBE, e António Saraiva, Presidente da CIP › Ana Rita Gomes da Fidelidade, Sandra Ferreira da EDP
e Luisa Santos do Millennium BCP
Em parceria com a NOVA SBE, foi
desenvolvido um programa de um
ano, que incluiu módulos de formação
executiva, sessões de coaching, onde é
realizado um plano de desenvolvimento
individual, e sessões de mentoria
cruzada. No total, foram 96 horas de
formação executiva, complementadas
com coaching, mentoria e um vasto
leque de eventos de networking, entre as
participantes e com líderes de topo.
› António Saraiva, Presidente da CIP › Paula Vieira da Silva e Marta Azevedo da Sonae MC
António Saraiva, Presidente da CIP, são os principais fatores de empresas e candidatas. Participam
reforça a importância da promoção competitividade das empresas e, logo, nesta edição a Whitestar Asset
das mulheres a cargos de liderança: da economia”. António Saraiva felicitou Solutions, Deloitte, EDP Inovação, EDP
“A sociedade, e as empresas em ainda as 32 participantes que, apesar Global Solutions, Medtronic, L´Oréal
particular, não podem desperdiçar 50% de um contexto totalmente adverso, Portugal, Mautomotive, Norfin, Faurecia,
do talento disponível. É já reconhecido concluíram este projeto. ActivoBank, Microsoft, Randstad,
por todos que a diversidade A segunda edição do Projeto Promova Worten, Toyota, EDP, Sonae, Zippy, Leroy
das equipas de gestão, a par do já arrancou. As candidaturas são Merlin, SONAE MC, Introsys, Fidelidade
conhecimento e das competências, realizadas de forma conjunta, por e Nova SBE. n
Desafios
e oportunidades
do Teletrabalho
Muito se tem falado de teletrabalho e avulsa, impregnada apenas pelo actual
em Portugal mas, na realidade, apenas momento pandémico.
assistimos a uma forma excepcional O teletrabalho cria novas obrigações –
e transitória de uma reorganização obrigações de parte a parte – mas não
do trabalho, imposta pelos sucessivos deverá ser prémio nem castigo para
estados de emergência. A pandemia nenhuma delas.
de COVID-19 obrigou as Empresas, dos
mais diversos sectores de actividade, Para os empregadores e para
a recorrer ao teletrabalho para evitar os trabalhadores, a distância traduz-se
Armindo Monteiro uma disrupção ainda mais vincada na no estabelecimento de uma cultura de
Vice-Presidente da CIP actividade económica nacional. Por confiança e responsabilidade mútuas.
esta razão, é necessário distinguir A organização hierárquica mantém-se,
as limitações do trabalho à distância naturalmente, e pede novas formas de
enquanto medida sanitária, no presente, concretização e acompanhamento. Não
e as potencialidades do teletrabalho mudam os vínculos e obrigações
"Para os empregadores desenvolvido fora da era do coronavírus. de parte a parte. As estruturas de apoio
e para os trabalhadores, ao colaborador e os seus direitos estão
a distância traduz-se Parece-me evidente que o teletrabalho salvaguardados. O trabalho realizado
não é uma revolução! É, seguramente, à distância não os enfraquece em
no estabelecimento uma evolução que ganhou impulso absolutamente nada.
de uma cultura em consequência da situação
epidemiológica e, na minha opinião, O teletrabalho é fonte de oportunidades,
de confiança e seria um retrocesso preocupante se mas suscita também algumas questões
responsabilidade fosse elaborada legislação precipitada como por exemplo, a protecção dos
mútuas"
dados pessoais dos trabalhadores • Teletrabalho pendular: esta forma de Por outro lado, não obstante a faculdade
bem como dos dados que os mesmos trabalho permite alternar a prestação de acompanhamento conferida ao
processam, o respeito pela sua vida de trabalho, alguns dias por semana, empregador ser uma contrapartida
privada e a imperativa necessidade de dentro e fora da Empresa. normal e inerente ao contrato da
conciliação entre a vida profissional prestação de trabalho, essa permissão
e a vida familiar. • Teletrabalho colaborativo: não pode ser exercida de forma
o teletrabalhador desenvolve a sua excessiva, violando o respeito pelos
O teletrabalho permite que o trabalhador actividade com outros intervenientes, direitos e liberdades dos trabalhadores.
exerça as suas funções fora das geograficamente distantes, através de Em termos concretos, um sistema que
instalações da Empresa. O trabalhador aplicativos, groupwares, etc… coloque os trabalhadores sob vigilância
pode, portanto, desenvolver a sua remota permanente, ainda que tenha
actividade em casa ou num telecentro como objectivo o controlo do tempo de
(por exemplo, se morar longe da trabalho, poderá ser excessivo, pelo
Empresa ou for nómada digital). que não deverá ser implementado, na
“As novas formas de premissa de existirem, seguramente,
O teletrabalho pode assumir liderança implicam meios alternativos menos intrusivos
configurações distintas: que permitam o acompanhamento
que os processos hierárquico da actividade do trabalhador.
• Teletrabalho nómada: internos sejam mais
o teletrabalhador exerce a sua Aliás, as novas formas de liderança
actividade fora das instalações da colaborativos e menos implicam que os processos internos
Empresa, mas nem sempre a partir do hierárquicos” sejam mais colaborativos e menos
mesmo local. Exemplo: Consultores hierárquicos. Neste contexto, enquanto
e Comerciais. nova organização do trabalho,
À semelhança do que sucede no o teletrabalho implica também
trabalho desenvolvido nas instalações a adopção de novos métodos de
da Empresa, também no teletrabalho, supervisão e avaliação do trabalho,
é fundamental garantir a segurança devendo a sua implementação ser
dos dados pessoais do utilizador e da precedida de uma profunda reflexão
Organização, através de procedimentos da Organização sobre estas questões.
e protocolos de segurança, sendo Acredito que o acompanhamento
necessário avaliar o nível de segurança hierárquico e funcional do trabalho
dos dados pessoais e da organização; prestado pelos colaboradores pode ser
gerir os riscos de perda de privacidade; realizado através da definição
criptografar e garantir a integridade de mapas e respectivos cronogramas
da informação e das assinaturas que estabeleçam objectivos e metas
digitais; autenticar os utilizadores a cumprir num determinado período.
e gerir as autorizações; rastrear os Naturalmente, esses objectivos deverão
acessos e gerir os incidentes; gerir ser razoáveis, passíveis de quantificação
a subcontratação de serviços; tornar objectiva e verificáveis a intervalos
seguras as comunicações/partilhas com regulares.
outras entidades; etc…
Assumo a ousadia de considerar que,
frequentemente, a mera implementação
de um relatório regular do funcionário
poderia ser um meio, não intrusivo,
de controlar a sua actividade
em teletrabalho. n
MERCADONA
Plano de
crescimento
reforça aposta
em Portugal
Atualmente com 21 lojas em Portugal, a Mercadona investirá
um total de 150 milhões de euros nos 9 supermercados
projetados para este ano, o primeiro dos quais abriu no dia
9 de junho, em Guimarães. A nível ibérico, a cadeia possui
1.641 supermercados e emprega 95.000 pessoas. Juan Roig,
presidente da Mercadona, salienta os desafios decorrentes
da Pandemia e assegura o reforço da aposta em Portugal,
num modelo de negócio assente na transformação digital
e na sustentabilidade.
"Não existe no
País a convicção
de que é
fundamental
o Estado
colaborar com
os empresários"
Jorge de Melo assumiu a
liderança da Sovena em
2018. Em entrevista à revista
Indústria, o empresário destaca
o papel das grandes empresas,
enquanto criadoras de emprego
e geradoras de riqueza para o
país, e defende o aumento do
seu peso no acesso direto aos
fundos europeus. Do Estado,
diz que deveria ser um
facilitador de processos de
inovação, enquanto legislador
e pela via fiscal, mas também
através da Educação,
estimulando, desde os
primeiros anos de vida,
a pensar de forma diferente
e criativa.
Jorge de Melo
CEO da Sovena
A transição digital e a sustentabilidade Quais as principais dificuldades que Contudo, a meu ver, cabe ainda ao Estado,
ambiental são dois grandes desafios sentem no desenvolvimento destes numa ótica de facilitador/legislador criar
que se colocam atualmente às empresas processos? alguns incentivos diretos mais relevantes
portuguesas e que foram já assumidos São processos que nem sempre são do que os que atualmente existem, de
pelo grupo Sovena. Que projetos estão a rápidos de implementar, pelo menos o forma a terem um impacto real a curto
desenvolver nestas áreas? quanto gostaríamos. Estamos a falar prazo. Este aspeto poderá, no dia-a-dia das
Na Sovena procuramos permanentemente de adaptações que implicam não só empresas, ajudar a promover processos de
identificar e adotar as melhores práticas investimentos, mas adequação de inovação.
em toda a nossa cadeia de produção de processos, pelo que a rapidez é inimiga da
forma a garantir o alinhamento da cadeia qualidade de implementação. Mas, numa Sabemos que os empregos do futuro
de abastecimento dos nossos produtos. empresa como a Sovena, é preciso esta serão diferentes, mais digitais, mais
Aliás, o posicionamento recentemente ambição e perseverança de não desistir flexíveis, mais globais. Qual é o papel das
assumido pela marca corporativa Sovena perante as adversidades. Foram estas empresas nesta transição? E que papel
pretende refletir a sua capacidade de características que nos trouxeram até aqui cabe ao Estado?
reinvenção constante e a sua visão perante e ser hoje uma empresa que atua em todas As empresas precisam de estar atentas
o futuro da alimentação global. Este novo as fases da cadeia de valor. aos sinais que os colaboradores vão dando
posicionamento refletido na assinatura e estar abertas a aceitar essas mudanças.
‘Feeding Futures’, tem na inovação – com Na Sovena já estávamos a alinhavar
as melhores práticas e uma procura “O legislador não tem algumas políticas nesse sentido, em que a
contínua de inovação ao nível do produto, noção das necessidades pandemia veio ter um efeito acelerador. O
packaging e negócio – o principal drive de Estado tem de criar as condições legais e
crescimento. dos empresários e gestores, regulamentares para que isso aconteça.
Ao nível da produção a nossa aposta passa nem dos constrangimentos
pela transformação digital. As áreas
em que nos estamos a concentrar são a
que estes têm no seu Quais os principais constrangimentos
que se colocam atualmente ao
digitalização das operações das unidades dia a dia” desenvolvimento da atividade
industriais para processos de compras, empresarial em Portugal?
gestão de laboratório, qualidade, produção Importa, em primeiro lugar ter noção
e controlo de stocks e otimização dos que, em termos genéricos, Portugal é
processos de planeamento de produção e Qual a avaliação que faz do papel do um mercado periférico com um tecido
da cadeia de abastecimento. Estado, enquanto obstáculo ou facilitador empresarial subdimensionado e presente
No que respeita à área da de processos de inovação? Sobram sobretudo em atividades de baixo valor
sustentabilidade, estamos a finalizar o barreiras e faltam incentivos? Quais? acrescentado. A este cenário acrescem os
Plano e a Estratégia de Sustentabilidade Não acredito numa sociedade em que cabe constrangimentos naturais e já conhecidos,
para os próximos três anos revisitando ao Estado o papel central na inovação. A como são a falta de escala e a ausência de
todos os temas de uma forma transversal inovação deverá estar em tudo o que se faz um mercado interno relevante.
a todas as áreas de negócio. Pretendemos e deverá ser transversal numa sociedade Perante este cenário, resta-nos como
alinhar os novos objetivos numa lógica moderna. Nessa medida, ao Estado cabe alternativa trabalhar mais e melhor
que privilegie a valorização do impacto a função de facilitador dessa mesma o desenvolvimento de competências,
da nossa atividade nos ecossistemas, inovação. Caberá ao Estado, por exemplo, sobretudo de novas tecnologias; tirar
nas pessoas e nas comunidades e, a função de estimular, desde os primeiros melhor partido da estabilidade política
naturalmente, no nosso negócio. Estamos anos de ensino, a pensar de forma e social; melhorar a agilidade do
a definir compromissos, objetivos e diferente e criativa, não criando barreiras e enquadramento jurídico e simplificar
metas claros e partilhados por todos, pré-conceitos. Só assim as Instituições de a carga burocrática. Adicionalmente,
para as áreas de sustentabilidade que Ensino funcionarão como alimentadores um enquadramento fiscal que promova
identificámos como prioritárias. Para de recursos humanos criativos, resilientes, o investimento e ajude a influenciar
lhe dar um exemplo, desde 2019, que o com capacidades de adaptação perante a escolha de Portugal para sedear
PET reciclado foi assumido como uma grandes desafios. Só assim teremos perfis investimento poderia ter um impacto
prioridade para a Sovena: fizemos a qualificados em áreas mais técnicas/ positivo, pelo menos não desincentivando o
incorporação de 28% de plástico reciclado tecnológicas e que, a prazo, se constituam investimento corporativo e individual face a
que nos permite substituir, até 2025, mais como incubadoras naturais de startups, outras geografias.
de três mil toneladas de plástico virgem. por exemplo. Sendo certo que parecemos poder estar
“Quando se tentou
reduzir o papel
do Estado tivemos
algumas dificuldades
em estabelecer
reguladores fortes
e independentes,
o que se reflete
num Estado pouco
exigente”
“Defendo iniciativas que de ferramentas e tecnologias inovadoras. e fiscais e no apoio direto ao investimento.
Estas, aliadas a medidas que continuem Por exemplo, o controlo das despesas
fomentem o crescimento a promover o investimento em ciência e públicas com reformas estruturais e
de todas as empresas, tecnologia digital, vão permitir ao setor redução da taxa normal de IRC, traria
A elaboração de um Livro Verde e a vida familiar e direito à desconexão, económicas e sociais que, na altura,
do Futuro do Trabalho consta a Proteção social nas novas formas se anteviam para o nosso País
do Programa do XXII Governo, que foi de prestar trabalho, as Competências, e para o Mundo.
apresentado e debatido na Assembleia Formação profissional e aprendizagem
da República em finais de outubro ao longo da vida, entre outros e só Ou seja, a definição dos temas e objetivos
de 2019. Em 09 de julho de 2020, para salientar os mais relevantes, sobre que o Livro deveria prosseguir foram
o Governo deu início à discussão os quais a CIP elaborou Contributo tomados num contexto e com perspetivas
em torno dos aspetos-chave que remetido à CPCS em 10 de maio de 2021. muito diferentes das atuais.
haveriam de integrar o Livro Verde, Daí que o Livro aponte, claramente,
com a realização do webinar “Futuro para um caráter rigidificador do mercado
do Trabalho”, onde a CIP participou. de trabalho, ao invés de procurar
exponenciar ou dar espaço
Entretanto, a discussão em torno para o desenvolvimento e aproveitamento
do Livro Verde foi-se desdobrando “Discutir o futuro dos efeitos positivos que decorrem
em apresentações na Concertação
Social e troca de documentos,
do trabalho da digitalização, mormente em matérias
cuja definição poderia ser mais eficiente
que culminou, em 31 de março p.p., sem Empresas no âmbito da negociação entre as partes,
com a apresentação, por parte ao nível coletivo ou individual.
do Governo, na Comissão Permanente é o mesmo que
de Concertação Social (CPCS), da versão
completa do “Livro Verde sobre o Futuro
discutir o futuro Por outro lado – e o próprio Livro
reconhece-o – há falta de informação,
do Trabalho (Versão Trabalho/Discussão do trabalho sem pelo que a CIP não entende como pode
CPCS)”. o mesmo precipitar-se, projetando
trabalho” a necessidade de regular tudo o que se
O documento reflete 150 “Linhas lhe aparenta ser mais favorável a uma
de reflexão das políticas públicas Desde logo, sobressai que o compromisso das partes da relação, mormente aquela
a desenvolver em Portugal”, divididas em elaborar o Livro Verde, previsto que, intuitivamente ou com base em meras
por 11 temas, que vão desde o Trabalho no citado Programa do Governo, foi perceções ou estimativas, lhe parece ser
à distância e teletrabalho, o Trabalho formulado meses antes de a infeção a do trabalhador, ainda que o próprio possa
em plataformas digitais, a Diversidade COVID-19, declarada pandemia pela não querer assumir esse estatuto.
tecnológica, Inteligência artificial Organização Mundial de Saúde
e algoritmos, os Tempos de trabalho, em março de 2020, ter alterado, Com este pano de fundo, a CIP tem
Conciliação entre a vida profissional por completo, as perspetivas ressaltado a dificuldade associada
CONJUNTURA ECONÓMICA
Em Portugal e no mundo,
as expectativas melhoram,
à medida que a pandemia
é controlada
2º Trimestre 2021 indústria 33
Economia
1. 210
1. 210
1. 210
1. 200
1.190
1.180
1.250
1.180
1.180
1.180
Mundo
1.140
ago/2020
nov/2020
mai/2021
out/2020
dez/2020
jun/2020
fev/2020
set/2020
jan/2020
anr/2021
jul/2020
5.00
Os indicadores mensais mostram o regresso, em março e
0,2 abril, da dinâmica de recuperação económica, embora com
0.00
situações claramente diferenciadas segundo os setores –
-5.00 -2,2 -3,3
-4,0 -5,4
ver gráfico 5.
-10.00
-5,6 -6,1
-15.00 GRÁFICO 5
-14,0
-16,4
1º Tr. 20 2º Tr. 20 3º Tr. 20 4º Tr. 20 1º Tr. 21 Índices de volume de negócios
(Variações homólogas em %*) Fev. 2020 a abril 2021
Variação homóloga
Variação em cadeia 20%
Fonte: INE
10%
mar/2020
abr/2020
mai/2020
jun/2020
jul/2020
ago/2020
set/2020
out/2020
nov/2020
dez/2020
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Na indústria, o volume de negócios atingiu já, em março, Já em meados de junho, o Banco de Portugal reviu em alta
níveis superiores aos observados antes da crise, embora as suas projeções, para um crescimento do PIB de 4,8%
com algum retrocesso em abril. A situação continua, no em 2021 e de 5,6% em 2022, baseando-se na melhoria da
entanto, a mostrar-se muito heterogénea do ponto de vista confiança dos agentes económicos e em hipóteses mais
setorial. Entre as indústrias que ainda permanecem longe favoráveis para a procura externa e para o investimento,
dos níveis pré-pandemia destaca-se o vestuário, com um em particular o público.
volume de vendas 20% abaixo do observado há 24 meses. De acordo com estas projeções mais recentes, o
No comércio a retalho, o setor de produtos não alimentares crescimento do PIB em 2021-23 será superior ao da área
retomou a recuperação, mas o volume de negócios ficou do euro, compensando a maior quebra registada em 2020.
ainda 7,2% aquém do registado em abril de 2019, impedindo O regresso do PIB aos níveis do final de 2019 antecipar-se-
o índice global de regressar aos níveis pré-crise. ia para o início de 2022. No entanto, o choque deverá ter
Nos serviços, a situação tende também a desagravar-se, efeitos duradouros em alguns segmentos da economia mais
embora mais lentamente. O alojamento e restauração afetados pela pandemia.
continua a ser o setor mais afetado, com um volume de
negócios 53,4% abaixo do nível observado em abril de 2019. Emprego e desemprego
A dinâmica de recuperação no mercado de trabalho
PROJEÇÕES PARA A EVOLUÇÃO ressurgiu em fevereiro e março (com a criação líquida de
DO PIB EM PORTUGAL (%) 46,4 mil postos de trabalho), mais que compensando as
perdas de dezembro e janeiro. Terá, depois, esmorecido
Fonte 2021 2022 em abril, mês em que o emprego parece ter estabilizado –
segundo as estimativas provisórias do INE.
Banco de Portugal | março 3,9 5,1 A taxa de desemprego terá regressado em abril ao mesmo
FMI | abril 3,9 4,8 nível registado de novembro a janeiro (6,9%), depois de ter
diminuído em fevereiro e março para valores um pouco
Governo (Programa de Estabilidade) abril 4,0 4,9
inferiores – ver gráfico 6.
Comissão Europeia | maio 3,9 5,1
GRÁFICO 6
OCDE | maio 3,7 4,9
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CIP – Departamento de Assuntos Económicos | Análise elaborada com informação até 11/06/2021
Presidência Portuguesa
do Conselho da União
Europeia: um balanço
Podemos afirmar que a Europa avançou positivamente, embora
não tanto como desejaríamos, para vencer os desafios, imediatos
e futuros, com que se confronta. Podemos orgulhar-nos
do contributo da PPUE para esse avanço, na construção
de consensos, no seio do Conselho, nas negociações
com o Parlamento Europeu e no trabalho com
a Comissão Europeia.
Seminário Empresarial
Portugal – África
Os desafios das alterações climáticas e a consciência da necessidade de caminhar para a
sustentabilidade económica, social e ambiental têm ganho peso na agenda internacional. As exportações
e o investimento proporcionam uma plataforma para galvanizar a ação conjunta no desenvolvimento
sustentável, facilitando uma ponte de convergência de atuação para o relacionamento Portugal – África.
Foi este o mote do Seminário Empresarial Portugal-África – "Exportar 'Verde': A internacionalização
das empresas na era da sustentabilidade", realizado pela CIP e pela AICEP Portugal Global no âmbito da
Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia. O evento decorreu a 22 de abril no CCB e visou
apoiar o desenvolvimento de uma estratégia conjunta para a sustentabilidade. Contou, entre outros, com
as intervenções de João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Ernesto Max
Tonela, Ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique, António Saraiva, Presidente da CIP, e
Luís Castro Henriques, Presidente da AICEP Portugal Global.
"Transita para a
Presidência Eslovena
o acordo com o Mercosul,
onde, apesar dos
significativos esforços
desenvolvidos, a PPUE
não conseguiu reunir
condições para um
desfecho positivo"
Empresas europeias
e indianas discutem
caminhos da cooperação
Mesa-redonda de negócios, que decorreu à margem da 16.ª Cimeira
UE-Índia, juntou altos responsáveis políticos e empresariais para
discutir os caminhos da cooperação entre as duas economias em
três áreas fundamentais: digitalização, clima e saúde.
A União Europeia (UE) e a Índia Europeia serviu de mote para uma digitalização e saúde. O diálogo procurou
partilham uma longa ligação histórica, mesa-redonda de negócios entre a UE explorar ideias concretas sobre o papel
que pretendem reforçar, através do e a Índia, onde foram debatidos caminhos das empresas para o aprofundamento
fortalecimento das suas relações para a cooperação entre as empresas das diversas parcerias entre a UE e a
comerciais e de investimento. Foi com europeias e indianas. Índia e no contexto do relançamento
esse propósito que se realizou a 8 de Organizada pela CIP – Confederação das negociações para o ACL UE-Índia,
maio, no Porto, a 16ª Cimeira UE-Índia, Empresarial de Portugal, em parceria considerado um “game changer” nas
de onde saíram importantes conclusões com a BusinessEurope e a Confederação relações bilaterais.
com destaque para o relançamento da Indústria Indiana, o encontro centrou- “Estabelecemos uma agenda ambiciosa.
das negociações para um acordo de se na discussão de propostas com vista ao Queremos, não apenas aproximar os
comércio livre (ACL) (ver caixa). O evento fortalecimento da cooperação económica nossos empresários, mas também
que decorreu no âmbito da Presidência bilateral e à construção de uma agenda definir a agenda em múltiplas áreas,
Portuguesa do Conselho da União positiva comum, nas áreas do clima, para que as empresas se tornem veículos
O compromisso deve ainda materializar atuação mais coordenada e integrada em associadas à mitigação e adaptação
soluções que permitam uma maior matéria de regulamentação, tecnologia às alterações climáticas, tais como, a
flexibilidade de vistos e autorizações e investimento, e promover uma lógica mobilidade urbana, nomeadamente, os
de trabalho, sinergias na educação e um de atuação em coligações ou alianças. veículos elétricos; a construção de uma
reforço da colaboração industrial entre Mas não só. Na lista de pedidos dos economia sustentável e comercialmente
os dois lados. empresários, para a agenda UE-Índia no viável, baseada no hidrogénio verde;
domínio da energia e clima, constavam na descarbonização das indústrias de
De destacar o potencial de simbiose ainda temas como a mitigação do risco energia intensiva, como o aço, cimento,
UE-Índia, entre o poder de investigação, e promoção do investimento em energias papel e químicos; na restauração da
desenvolvimento e design da UE, e a renováveis e tecnologia verde, incentivos biodiversidade e gestão das águas;
capacidade indiana de trazer o elemento para infraestruturas verdes, cooperação na economia circular; e no combate
da funcionalidade. B2B em áreas como a troca de talento, ao desperdício e às ineficiências
a facilitação de vistos de trabalho, regras na agricultura.
Tirar partido no acesso recíproco aos mercados,
do crescimento verde iniciativas conjuntas no domínio da Os participantes foram unânimes quanto
A Índia e a UE estão empenhadas no inovação e financiamento para projetos à necessidade de estabelecer com maior
movimento de esforços globais para de investigação conjuntos. clareza objetivos de desenvolvimento
combater as alterações climáticas sustentável para o curto prazo, para além
e a conservação da biodiversidade, daqueles estabelecidos a 30 anos,
nomeadamente através do reforço para 2050.
da sua própria parceria em Energia
Limpa e Clima. Um aprofundamento de Cooperação global é vital na Saúde
As empresas defendem
relações que deverá incluir o aumento O recente contexto pandémico demonstrou
dos investimentos em infraestruturas a concretização de a importância da cooperação global em
relacionadas com a mitigação um acordo comercial saúde, visando garantir o seu acesso
e adaptação às alterações climáticas, a preços acessíveis. Neste quadro,
abrangente, com três
desde logo no setor da energia. Como a cooperação entre os dois blocos
signatários do Acordo de Paris, ambos áreas de cooperação em económicos apresenta oportunidades
os lados reconhecem a necessidade de destaque: cibersegurança, para ambas as partes, nomeadamente
definir metas ambiciosas, bem como através do desenvolvimento de “uma
proteção de dados e as
o importante papel das empresas na nova abordagem ao comércio de produtos
abordagem aos riscos das mudanças competências digitais farmacêuticos” em que a Índia se pode
climáticas. tornar no parceiro de negócio da UE no
setor. Foi enfatizada, nomeadamente, a
A este propósito, as opiniões foram no As empresas encorajaram ainda a Índia necessidade de “pontos comuns”, na área
sentido de que a UE e a Índia deveriam e a UE a aumentarem os investimentos da regulamentação e da aprovação pelas
aprofundar a cooperação através de uma e a cooperação conjunta em áreas autoridades reguladoras do comércio de
produtos farmacêuticos entre as duas
regiões.
Francisco
Mantero
(1948-2021)
se batia no seu trabalho na CIP. No A sua vida de trabalho ao serviço das serviço de ambas as organizações e que,
Conselho Estratégico para a Cooperação, relações empresariais com África aliadas à sua vasta experiência de vida,
Desenvolvimento e Lusofonia incluiu passagens pela CCIP – Câmara pessoal, social, académica e profissional,
Económica, presidia com grande de Comércio e Indústria Portuguesa, contribuíram decisivamente para a
dedicação e entusiasmo às reuniões pela Comissão Nacional da UNESCO, aproximação das empresas portuguesas
que serviam o propósito de concertar as pelo Banco Mundial, pelo EBCAM – e europeias às novas realidades em
estratégias do setor privado nacional nos European Business Council for Africa África, tendo sempre desempenhado as
mercados em desenvolvimento. and the Mediterranean, pelo Forum suas funções com enorme sentido de
Afrique-Europe, entre outros. Presidiu Serviço e Independência.
Alertava para que não devêssemos a ELO – Associação Portuguesa para
esperar que a nossa ligação histórica a o Desenvolvimento Económico e a
África desse às empresas portuguesas Cooperação e foi Secretário-Geral da
uma vantagem competitiva, do mesmo Confederação Empresarial da CPLP Acérrimo defensor do
modo que as antigas relações históricas – Comunidade dos Países de Língua
de Portugal com o Brasil, China, Japão Portuguesa. Recentemente, foi consultor investimento na educação
ou com alguns países do Médio Oriente, da OCDE – Organização para a Cooperação dos jovens africanos,
não lhes trouxeram nenhuma. e Desenvolvimento Económico, acreditava que África
nomeadamente, membro do Advisory
Preferia destacar a grande riqueza Business Council do MENA (Middle East é um continente cheio
que defendia ser a língua portuguesa, & North Africa) e do Development Policy de talento à espera de
partilhada com outros oito países, os Group do BIAC – Business at OECD. oportunidades
países da CPLP, seis em África, Brasil
e Timor-Leste, sendo também língua Para além de exercer funções de
oficial em Macau até 2049. Por isso, Presidente da Mesa da Assembleia Geral Pelo mérito que foi demonstrando ao
advogava que a nossa ambição comum da SEMAPA e da The Navigator Company, longo da sua vida, foi condecorado
deveria ser a de acrescentar valor Francisco Mantero presidia, por pelo Presidente da República do Brasil
económico e empresarial à partilha da indicação da CIP, ao Africa Network da com o grau de Comendador da Ordem
língua portuguesa – o que, segundo BusinessEurope. Durante o seu mandato do Cruzeiro do Sul, pelo Presidente
Francisco Mantero, deveria ir para além à frente deste grupo de trabalho, da República de São Tomé e Príncipe
dos países lusófonos – em benefício assumiu o papel fundamental de motivar com a Medalha da Independência
das nossas empresas em África, e as empresas europeias com interesse Nacional e pelo Presidente da República
nunca esquecendo que Portugal é em África no sentido de uma atuação Portuguesa com o grau de Comendador
o único Estado lusófono na União incisiva, na defesa dos seus interesses da Ordem do Mérito.
Europeia (UE). junto dos decisores europeus, em
áreas-chave como a construção da nova Francisco Mantero deixou-nos
A outra grande riqueza de Portugal, arquitetura de financiamento europeia precocemente aos 72 anos de idade,
afirmava, é o seu extraordinário povo, e o apoio a iniciativas de integração vítima de morte súbita, na sua casa
destacando a conhecida capacidade de económica, como a Zona de Comércio de Cascais, no passado dia 11 de
adaptação, de humildade, de engenho Livre do Continente Africano. Acérrimo junho. O seu inspirador percurso de
e de resiliência dos portugueses. defensor do investimento na educação vida constituirá sempre um exemplo
Ser português no além-mar, dizia, é dos jovens africanos, acreditava que para a atuação de todos aqueles que
cada vez mais sinónimo de qualidade África é um continente cheio de talento à pretendam, na vida, servir as causas em
nos mais diversos domínios. Para espera de oportunidades. que verdadeiramente acreditam.
Francisco Mantero, estas duas riquezas
de Portugal deveriam constituir os Durante o seu trabalho na CIP e na À família e amigos prestamos as nossas
pilares da nossa política económica BusinessEurope, as pessoas que lhe mais sinceras condolências.
externa, numa articulação aberta e eram mais próximas destacavam a sua
descomplexada entre as empresas e o liderança, simpatia e amizade enquanto Que descanse em paz.
Estado. qualidades inatas que colocava ao Nunca o esqueceremos. n