assertif.com.

br NOVEMBRO
2023
DEZEMBRO

Nº 03

Economia verde:
planejar é tudo.
Mas precisa também de um
relato mobilizador.

Tecnologia e valor Uma ótima reforma Blockchain Padrões ESG e os

humano: a essência do é inimiga de uma gera energia. novos paradigmas
sucesso empresarial. boa reforma. do mercado.
Pág: 04 Pág: 06 Pág: 12 Pág: 20
Somos uma fonte conf iável de informações
e análises relacionadas à economia,
f inanças, tributação e seguros.
Além disso, incentivamos
o desenvolvimento do pensamento
crítico e a ampliação de horizontes.
Comprometemo-nos a oferecer
insights originais e opiniões de líderes
influentes para ajudá-lo a compreender
as tendências e desaf ios que afetam
as pessoas, os negócios e o mundo.
Com experientes colunistas, exploramos
uma ampla variedade de temas relevantes
para prof issionais, empreendedores
e investidores, visando orientá-los
na tomada de decisões mais informadas.

EXPEDIENTE
PONDERA é uma publicação da assertif destinada
aos seus clientes e parceiros comerciais.

CEO: José Guilherme Sabino

Diretor de Operações: Mauricio Pinheiro

Direção Editorial: Bertrand Douet e André Nicolella.

Editor de Arte: Guilherme Souza

2
04 16

índice
OPINIÃO GESTOR
Tecnologia e valor humano: Desaf ios para a adoção
a essência do sucesso do ESG
empresarial
Artigo de Adonai Aires de Arruda

06 18
FISCAL GESTOR
Uma ótima reforma Saúde na cidade
é inimiga de uma Artigo de Bertrand Douet

boa reforma

09 20
SEGUROS ESPECIALISTA
Apólices de seguros: Padrões ESG e os novos
despesa ou investimento? paradigmas do mercado
Artigo de Daniela Dutra Lacombe e
Guilherme Domingues de Oliveira

12 22
FINANÇAS ARTIGO
Blockchain agora Na economia verde,
gera energia planejar é tudo.
Artigo de Bertrand Douet

3
opinião
Tecnologia e valor humano: a
essência do sucesso empresarial.
por Adonai Aires de Arruda - CEO da 3 A Mentoria; Presidente da
Serra Verde Express e Presidente da FACOP.
A vida de uma empresa se
assemelha ao corpo humano, de
forma simplista: cabeça, corpo e
membros podem ser traduzidos
como administrativo, comercial
e operacional.
Se expandirmos, poderemos ter
cérebro, nervos, artérias, veias, os-
sos, órgãos internos, dedos, etc.,nas
companhias; compras, marketing,
TI e logística, entre outros. No
entanto, o mundo moderno não
permite mais o amadorismo.
Nessa terra de prof issionais e espe-
cialistas, no caso das instituições,
começa pela sua porta de entrada:
por mais currículos, especializações
e tecnologias que cada setor ou
departamento possua, felizmente
eles não conseguem operar sem
4
a presença do ser humano. E, por
mais tecnológica e moderna que a
empresa seja, ou o negócio que ela
ofereça, seja de alta performance e
digital, algumas necessidades
sempre existirão.Se vamos deixar
de ter a copeira para confeccionar
e servir o café, a máquina terá
de ser abastecida, ligada e,
obviamente, limpa com alguma
f requência; se vamos substituir a
telefonista por uma URA, alguém
terá de programar, revisar e
manter esta URA; se vamos passar
para uma portaria eletrônica,
alguém terá de estar à f rente do
monitor e programar o sistema.
Algumas situações são ainda mais
delicadas, como a energia, os
condicionadores de ar, os sanitários
e as lixeiras, entre outros.
No entendimento de que o ponto
fulcral de relevância do ser humano
é a autoestima e a dignidade,
nasceu, há 21 anos, na região
metropolitana de Curitiba, na
cidade de Almirante Tamandaré,
um modelo único, onde Capital
e Trabalho se associaram ao
interesse comum: a maior escola
de formação de prof issionais da
base da pirâmide educacional e
econômica do mundo, a FACOP –
Fundação do Asseio e Conservação,
Serviços Especializados e Facilities.
Com bases também em Londrina
– PR, na Cidade do Rio de Janeiro e
com duas bases internacionais, pois
é homologada pela WFFSC (World
Federation of Facility Services
Contractors LLC), nas cidades de
Querétaro/México, em convênio
com a Associação Mexicana
(AMCPSI – Asociación Mexicana de
Contratistas y Prestadores de
Servicios para la Industria AC) e
em Calama/Chile, dando a
representação para o Grupo ADS.
Com mais de 6 mil metros
quadrados construídos em
Almirante Tamandaré, possui seus
cursos virtuais distribuídos pelo
mundo todo por apenas US$ 5.00
por curso/aluno e, em todas as suas
bases, possui o sistema presencial
com várias premiações nacionais e
internacionais.Com amplo foco no
social, a FACOP disponibiliza
hoje inúmeros cursos de
prof issionalização, tanto no sistema
virtual quanto presencial, estes
nas suas unidades f ísicas e até
“In company”.
Hoje, com um programa de
software de gestão para a maior
parte das atividades de Facilities,
propicia ao mercado em geral,
5
principalmente quando possuem
serviços terceirizados por empresas
responsáveis e atentas às
obrigações de Convenção Coletiva
opinião
de Trabalho e focadas no ESG e
nas ODS, muitas facilidades
operacionais.
Através do site www.facop.org.br e
do e-mail dionathan.rl@facop.org.br
e, com integrações com a
ASSERTIF, que também presta
assessoria a esta Fundação,
lembramos fundamentalmente
que:
Gente, não tem preço; Gente tem
valor!
E, no apoio ao desenvolvimento
prof issional em todas as escalas,
concluímos reiterando que: Por
mais tecnologia, modernidade e
digitalização, o ápice do CX
(Customer Experience) nunca
acontecerá sem a devida
preocupação, cuidado e preparo
do seu colaborador, esteja ele
em qualquer parte do seu
organograma.
Adonai Aires de Arruda,
fundador da Operadora BWT e da
Serra Verde Express, ocupou
a presidência da Holding HigiServ,
do Curitiba Convention & Visitors Bu-
reau, Federação dos Convention
& Visitors Bureaux do Estado do
Paraná, da WFFSC e o único brasileiro
a liderar a WFBSC nos anos 2010/2012
e 2018/2019. Atualmente, é
o presidente e CEO da FACOP
(Fundação de Asseio e Conservação
do Paraná), 3 A Mentoria e Serra
Verde Express.
fiscal

Uma ótima reforma é inimiga

de uma boa reforma.
Atual texto aprovado para mudar sistema tributário já pode
ser um grande avanço para a economia brasileira.

Há muitas críticas à versão da fazem com que as pessoas de alta

Reforma Tributária recém-
aprovada na Câmara dos Deputados
este ano. Algumas delas, inclusive,
serão abordadas nesta reportagem.
Entretanto, há uma questão que
torna essa mudança na legislação
– mesmo no modo original em que
foi votada – mais do que propícia: a
regressividade. O que signif ica esse
conceito? O Imposto de Renda
no Brasil é um bom exemplo: as
alíquotas efetivas dessa tributação
6
renda sejam menos impactadas
do que as pessoas de menor poder
aquisitivo.
O modelo aprovado pelos
deputados federais fará com que o
sistema tributário brasileiro se torne
progressivo, ou seja, passe a cobrar
mais de quem tem mais e menos
de quem tem menos. Em um país
com uma das mais altas taxas de
má distribuição de renda no
mundo, somente esse fato
justif icaria a aprovação do texto
original. Como diz o ditado popular,
“mais vale um pássaro na mão, do
que dois voando”.
O aumento do salário mínimo,
a gestão da inflação e as
transferências diretas de renda são
def initivamente as políticas mais
ef icazes para redistribuir a riqueza.
Porém, é sabido que a
progressividade tributária está
diretamente ligada a um
crescimento econômico
redistributivo e regenerativo.
Segundo o economista Manoel
Pires, coordenador do Observatório
de Política Fiscal do IBRE FGV, sem
retirar a regressividade do sistema,
o Brasil continuará a desincentivar
os investimentos de longo prazo,
manterá a informalidade atual da
economia e aumentará as atuais
taxas de sonegação de impostos.
No seu livro “Progressividade
Tributária e Crescimento
Econômico”, Manoel Pires destaca
outro exemplo clássico de
regressividade no atual sistema
brasileiro. Trata-se da isenção de
impostos sobre lucros e dividendos.
Uma medida que foi estabelecida
a partir de 1995 e vigora até hoje.
Se, naquele momento, o Brasil
seguia tendências mundiais, agora
o enredo mudou: a medida passou
a ser vista mundialmente como um
engano.
Hoje, a isenção de impostos sobre
lucros e dividendos só é vigente em
mais dois países, além do Brasil.
Por meio dela, empresários e
executivos brasileiros de alta renda
têm em média 58% de seus
vencimentos sem nenhuma
7
tributação. Esse é um ponto, por
exemplo, que não avançou no
texto aprovado pelos deputados
federais e deve f icar para uma
fiscal
segunda fase da Reforma
Tributária. A justif icativa é que essa
mudança pede simultaneamente
uma redução do Imposto de Renda
das pessoas jurídicas de modo que
não haja uma tributação abusiva.
A segunda parte da Reforma
Tributária deve ser enviada ao
Congresso Nacional até meados
e 2024 pelo Ministério da Fazenda.
Nesse texto, vão entrar as
mudanças no Imposto de Renda.
O principal ponto do projeto de lei
será o f im da isenção para lucros e
dividendos distribuídos pelas
empresas. Também são esperadas
modif icações no mecanismo de
Juros sobre Capital Próprio (JCP)
pagos aos acionistas. A iniciativa
deve trazer, ainda, a redução dos
tributos sobre o lucro das pessoas
jurídicas.
Com o Imposto de Renda de Pessoa
Jurídica (IRPJ) de 15% e uma
Contribuição Social sobre o Lucro
líquido (CSLL) de 9%, o Brasil tem
uma alíquota corporativa de 24% e
um adicional de 10% para lucros
acima de R$ 20 mil. Trata-se de
uma das mais altas do mundo. Os
mecanismos de dedução também
estão fora do padrão internacional.
Nas empresas do Simples,
a alíquota média é de 6,1%. No lucro
presumido, de 20%. No lucro real,
de 23% a 29%. Segundo cálculos do
Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), as empresas
brasileiras são tributadas,
aproximadamente, em 23%.
A carga tributária brasileira foi de
 33,71% em 2022, segundo o Tesouro
Nacional. Do total, 22,78% são
tributos federais, 8,59% estaduais,
e 2,34% municipais. Esse volume
fiscal
de arrecadação faz com que os
brasileiros trabalhem quase duas
vezes mais para pagar impostos
atualmente do que nas décadas de
1980 e 1970. O levantamento é do
Instituto Brasileiro de
Planejamento e Tributação (IBPT). O
estudo do IBPT, comparado a dados
da Organização para a
8
Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), mostra que os
cidadãos do Brasil trabalham mais
para pagar os impostos do que os
habitantes de países como
Argentina, Uruguai, México, Chile,
Japão, Suíça, Coreia do Sul e
Estados Unidos. Mais uma razão
para que o atual sistema seja logo
alterado para um mais moderno
e justo, mesmo com todos os
eventuais “senões” que o texto
possa apresentar.

Apólices de seguros:
despesa ou investimento?
A resposta pode ser encontrada no caso real do setor de
transporte de cargas no Brasil.
Adquirir apólices de seguros é uma
despesa ou um investimento? A
resposta depende do chapéu que a
pessoa veste. Pode ser daquela que
pensa a garantia de um ativo como
um custo ou pode ser daquela que
pensa essa garantia como uma
aplicação f inanceira de longo
prazo. Tal qual um fluxo de caixa
descontado, na planilha do bom
gestor devem ser colocados os
dados sobre a possibilidade de
perdas monetárias com sinistros
versus o dispêndio de recursos em
sua proteção. Nada melhor do que
um caso concreto para saber como
f ica esse balancete na vida real das
empresas.
Toma-se a situação da mobilização
de ativos nas rodovias brasileira. As
estradas representam 65% do total
movimentado no País, o que inclui
as exportações pelos portos e
aeroportos. Conf ronta-se esse
cenário com os dados da Associação
de Proteção Veicular APVS Truck,
9
seguros
colhidos entre os seus associados.
Os números mostram um aumento
de 22,5% nos casos de roubo e furto
de caminhões entre janeiro e
fevereiro de 2023 em comparação
com o mesmo período do ano
anterior.
Apenas nos primeiros meses
deste ano, mais de 4,6 mil
registros de roubos e furtos foram
reportados, o que equivale a uma
média de 17 caminhões levados
diariamente. Não é nenhuma
surpresa verif icar que os estados da
região sudeste são os mais
atingidos pelos assaltos de carga,
com 85,1% dos sinistros. São Paulo
e Rio de Janeiro lideram as
estatísticas, o primeiro com 45,2%
e o segundo com 31,3% das
ocorrências.
A economia brasileira sof re
prejuízos expressivos com roubo de
cargas. A estimativa é que o
montante total das perdas alcance
 a cif ra de R$ 1,2 bilhão. Algo que,
obviamente, sai do caixa das
empresas e revela bem como ter
uma apólice de seguro se mostra
seguros
um investimento. Novamente, são
os produtores agrícolas e indústrias
da região Sudeste que respondem
pela maior parte desse prejuízo,
com o percentual de 81,3%. Isso
signif ica a soma de R$ 966 milhões.
As cargas campeãs de roubos são
alimentos, combustíveis e produtos
farmacêuticos. Segundo o estudo
da APVS Truck, autopeças, materiais
têxteis, confecções, cigarros,
eletroeletrônicos, bebidas e
defensivos agrícolas também
entram nessa lista. No quesito de
cidades mais visadas, São Paulo
e Guarulhos lideram as estatísticas,
com 685 e 291 ocorrências,
respectivamente.
Quanto mais ativos em mobilidade,
maior o risco. Os dados da
Confederação Nacional de
Transporte (CNT) não deixam
dúvidas de que a atividade do
segmento está em expansão. O
Produto Interno Bruto (PIB) do setor
deu um salto de 5,1% do primeiro
trimestre de 2022 para o mesmo
período de 2023. Na comparação
com os últimos três meses do ano
passado, o aumento foi de 1,2%.
Isso se deve em grande parte ao
desempenho do agronegócio, que
obteve uma elevação de 21,6% e, as-
sim, movimentou um enorme
volume de grãos até às indústrias
de benef iciamento.
Os bons gestores do agronegócio
brasileiro sabem que adquirir
apólices de seguros é um
investimento. Ainda mais ao se
considerar a elevação da
sinistralidade em seis pontos
percentuais em 2002. A taxa atingiu
10
o nível recorde de 56%, a mais
expressiva dos últimos cinco anos.
O aumento dos roubos, aliado ao
bom PIB do transporte, fez o setor
de seguro de carga crescer
de carona. Segundo a
Superintendência de Seguros
Privados (Susep), o segmento
registrou R$ 5,4 bilhões em prêmios
emitidos no ano passado, uma alta
de 25% sobre o exercício anterior.
Conforme dados da CNT, o volume
de serviços do transporte
rodoviário de cargas aumentou
23,7% em março, em comparação
com janeiro, o que coincide com o
período de colheita de soja e milho
de 1ª saf ra. Já o crescimento dos
outros segmentos da
movimentação terrestre, o que
inclui as ferrovias, foi de 20,9%
no mesmo período.
No entanto, os números de janeiro
de 2023, último dado disponível,
mostram uma retração de 7,4% no
faturamento do setor de seguro de
carga ante igual mês de 2022. Ainda
assim, como o mercado de
transporte deve crescer entre 10%
e 15%, a expectativa é que as vendas
de apólices avancem entre 25% e
30% neste ano.
As estimativas são da Comissão de
Seguro de Transporte da
Federação Nacional de Seguros
Gerais (FenSeg). O otimismo se
deve, obviamente, ao dado de maior
movimentação de grãos e produtos
manufaturados em 2023. Como já
assinalado, quanto mais ativos em
mobilidade, maior o risco. Desse
modo, em um período de aumento
de insegurança nas estradas, o bom
planejamento ensina que os inves-
timentos nas apólices são a melhor
garantia dos reais “ativos circulan-
tes” das empresas.
finanças
Blockchain agora gera energia.
Tecnologia permite novo tipo de financiamento
no setor elétrico.
A expansão do setor elétrico
brasileiro agora tem uma nova
opção de f inanciamento. Trata-se
da emissão de security tokens.
Esse é o termo utilizado para
as representações digitais
criptografadas de ativos do mundo
real, tais como ações na bolsa de
valores ou imóveis. Esses arquivos
dão aos seus detentores direitos
sobre os bens tangíveis, bem como
autorização para a negociação
desses papeis on-line pelo preço
que acharem conveniente num
determinado tempo e ambiente.
Tipos inovadores de financiamento
são especialmente importantes
para as chamadas fontes limpas de
eletricidade. Segundo o Balanço
Energético de 2022, do Ministério de
Minas e Energia, 56,8% da
energia elétrica produzida no Brasil
vem de hidrelétricas. Quando
somado ao percentual importado
de países vizinhos, o número chega
a 60,2%. Outros insumos renováveis
somam 22,8% de participação no
12
sistema integrado. O mesmo estudo
revela que os combustíveis
fósseis representam cerca de 16%
da energia produzida no Brasil.
A nuclear responde por 1,1%. Essa
composição favorece
bastante a sustentabilidade do
sistema elétrico do País. Um estudo
do Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas (IPEA)
mostra bem essa relevância: em
2018, o Brasil emitiu 34,5 tCO2/tJ
na combustão de fontes primárias
de energia. Enquanto isso, em
países membros da Comunidade
Econômica Europeia (OCDE), que
usam apenas 10% de insumos
renováveis, esse número chegou
a 51,6 tCO2/tJ.
O Brasil pretende avançar ainda
mais nas fontes limpas. No dia 11
de agosto de 2023, juntamente à
terceira edição do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC),
cuja implementação estima triplicar
os investimentos públicos federais
em inf raestrutura nos próximos
anos, o Governo Federal lançou o
Plano de Transição Ecológica.
A ideia é aprimorar as formas de
f inanciamento para a expansão das
matrizes eólica, solar e hidrelétrica.
A captação de recursos junto aos
organismos usuais de crédito no
Brasil apresenta conhecidos
desaf ios. Além de taxas de juros
altas, o prazo de desembolso
f requentemente pode até
inviabilizar o projeto. Para
complicar, muitas vezes,
o proprietário tem de investir
sempre uma parcela de capital
próprio e aguardar uma licença
que pode demorar mais do que o
previsto ou, até mesmo, não sair.
Entre os principais modelos de
f inanciamento para o setor elétrico
no Brasil, estão:
1. Fundo de Clima
Dentre os diversos subprogramas
do Fundo Clima, destaca-se o de
Financiamento de Energia
Renovável, que pode ser
utilizado, entre outros f ins, para
desenvolvimento tecnológico de
energias renováveis; projetos de
geração ou conversão energética;
e apoio a projetos de geração de
energia elétrica a partir de fontes
renováveis. Deve ser solicitado
diretamente ao Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) ou por meio de uma
instituição f inanceira credenciada.
2. Pronaf Bioeconomia
No âmbito do Plano Saf ra o
Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura
Familiar (Pronaf) tem, entre
suas modalidades, o Pronaf
Bioeconomia. Coordenado pelo
13
BNDES, esse instrumento permite
f inanciar tecnologias de energia
renovável, como o uso da energia
solar, da biomassa, eólica,
finanças
miniusinas de combustíveis e a
substituição de tecnologia de
combustível fóssil por renovável
nos equipamentos e máquinas
agrícolas.
3. Inovagro
Assim como o Pronaf, o Programa
de Incentivo à Inovação
Tecnológica na Produção
Agropecuária (Inovagro) também
faz parte do Plano Saf ra e é
coordenado pelo BNDES. Neste
caso, trata-se de uma iniciativa
que incentiva a adoção de novas
tecnologias nas propriedades rurais,
com o objetivo de aumento da
produtividade e melhoria da gestão.
4. Finame
Essa linha de crédito do BNDES in-
clui a opção Finame Baixo Carbono,
que permite f inanciar a aquisição
e comercialização de sistemas de
geração de energia solar e eólica,
aquecedores elétricos, além de ve-
ículos, máquinas e equipamentos
com maiores índices de ef iciência
energética.
5. Finem
Assim como o Finame, o Finem é
uma linha de crédito do BNDES
que possui, entre suas modalidades,
uma opção que permite fazer o
f inanciamento de energia
renovável.
6. Crédito cooperativo
As cooperativas f inanceiras são
algumas das instituições que
oferecem mais vantagens nas
taxas de juros na solicitação de um
f inanciamento de energia
 renovável. Muitas são credenciadas
pelo BNDES e oferecem todas as
possibilidades anteriormente
mencionadas, além de linhas de
finanças
crédito próprias para realizar esse
investimento.
7. Bancos públicos
As principais instituições
f inanceiras públicas do Brasil
oferecem f inanciamento para
energia solar. É o caso, por exemplo,
da Caixa Econômica Federal, que
oferta crédito para 100% do projeto
solar fotovoltaico em até cinco anos.
O Banco do Brasil tem diferentes
planos, como o Consórcio Placas
Fotovoltaicas e o Convênio BB
Crédito Energia Renovável.
O f inanciamento do sistema é de
até 90% do valor, com prazo de
pagamento em até 60 meses.
8. FNE Sol
O FNE Sol é um programa de
f inanciamento para energia solar
oferecido pelo Banco do Nordeste.
Nele, além das empresas,
a solicitação pode ser feita pelos
produtores rurais ou, até mesmo,
por pessoas f ísicas. O incentivo
contempla a instalação de sistemas
de energias renováveis em geral.
Também são aceitos projetos
eólicos e de biomassa.
O f inanciamento pode chegar
a 100% do valor do projeto e o
parcelamento depende do
solicitante, o que varia entre oito
e 24 anos.
9. Bancos privados
Há os bancos privados para
consulta de crédito para a
instalação de projetos de energia,
especialmente os solares.
O Bradesco, por exemplo, tem um
prazo de até 60 meses no
14
f inanciamento e uma carência
de 90 dias. Há possibilidade de
cobertura total do sistema.
O Santander, por sua vez, conta
com condições de prazo melhores:
96 meses e uma carência de 120
dias.
A empresa de energia Ampere ten-
ta sair desse roteiro de
f inanciamento exposto acima e
busca o investimento em seus
projetos por meio da tecnologia
Blockchain. A geradora planeja
captar na Suíça US$ 600 milhões
para f inanciar projetos eólicos e
solares no Brasil por meio da
emissão de security tokens.
O primeiro passo da Ampere foi
mapear 600 MW em projetos no
Brasil, a maior parte já com
contratos de compra e venda
assinados com um consumidor
específ ico. Numa primeira fase,
serão f inanciados 350 MW
referentes a empreendimentos
em estágios mais avançados. A
classif icação das iniciativas foi
elaborada de acordo com a licença
ambiental emitida, a engenharia
básica pronta e o terreno adquirido.
Cada security token a ser emitido
pela Ampere vai equivaler a 1 watt
instalado. O cálculo do valor será
feito a partir do custo médio de
instalação por watt, ao se levar em
conta a média entre usinas eólicas
e solares. No entanto, o ativo digital
será precif icado no mercado
secundário de acordo com a oferta
e demanda do papel online.
A previsão é ter 1,1 GW instalado em
cinco anos a partir dessa emissão.
Atualmente, existem cerca de 15,1
GW eólicos e 2,1 GW solares
implantados no Brasil.
O detentor do security token
receberá dividendos de acordo com
a rentabilidade do projeto e poderá
negociar o ativo em lojas de troca
reguladas de criptomoedas,
inclusive para uma eventual troca
por dinheiro f iduciário. Na Ampere,
a listagem do ativo será feita na Six,
a principal bolsa de valores suíça.
Quais as principais vantagens
desse novo modelo de
f inanciamento no setor elétrico?
Para o investidor europeu, são duas
conquistas: a primeira é alcançar
uma taxa de retorno de 11% a 12%
ao ano e a segunda é o acesso um
tipo de aplicação hoje reservada
15
somente para agentes
institucionais.
Já o tomador brasileiro poderá
finanças
contar com taxas de juros mais
baixas do que o empreendedor está
acostumado no Brasil, o que inclui
as praticadas pelo BNDES.
Um benef ício adicional é uma
elasticidade muito maior no
tempo para o desembolso.
Uma opção tecnológica de
f inanciamento que, pelo jeito,
qualquer gerador de energia no
Brasil terá de considerar a partir
de agora.
gestor
Desafios para a adoção do ESG.
Pesquisa e estudo mostram as dificuldades e oportunidades
para a adoção da Governança Ambiental, Social e Corporativa
nas empresas.
Os executivos brasileiros não
estão muito contentes com o
desempenho de suas empresas na
implementação da Governança
Ambiental, Social e Corporativa,
o ESG, na sigla em inglês. Nada
menos do que 42% deles
classif icam que a atuação das
suas organizações nesse quesito é
apenas razoável. Apenas 27% das
lideranças estão bem satisfeitas
com os projetos desenvolvidos para
contemplar as metas das três siglas
que agora fazem a diferença no
universo corporativo.
Segundo a pesquisa realizada em
2023 pela Data-Makers com 170
líderes de negócios, entre CEOs
e C-Levels dos mais diferentes
segmentos, as barreiras mais
importantes para a adoção de
ESG nas organizações são a falta de
conhecimento (49%), a pressão por
resultados de curto prazo (48%), a
falta de prof issionais preparados
(46%) e a ausência de prioridade
ao tema (45%).
16
Um palpite para entender
a dif iculdade dos gestores com o
ESG é a prioridade de objetivos que
os executivos atribuem ao tema. Os
líderes acreditam que a imagem é a
principal motivação para a adoção
de práticas na área, com 85% das
menções. Em segundo lugar, vem
a reputação corporativa, com 65%
dos apontamentos. Questões
operacionais surgem bem depois
da preocupação com o puro e
simples polimento da marca.
Os executivos brasileiros deveriam
ler um artigo da McKinsey
denominado “Five ways that ESG
creates value”, em português,
“cinco maneiras de o ESG criar
valor”. No estudo, os consultores
Witold Henisz, Tim Koller e Robin
Nuttall identif icam como a
Governança Ambiental, Social e
Corporativa vai muito além do
marketing e pode contribuir
com a gestão. Conf ira os pontos
sugeridos pela consultoria.
1. Crescimento de receita
Uma forte proposta ESG ajuda as
empresas a explorar novos
mercados e a se expandir para os
já existentes. Quando as
autoridades governamentais
conf iam nas empresas, é mais
provável que concedam acesso,
aprovações e licenças que
proporcionem novas oportunidades
de crescimento.
2. Reduções de custos
O ESG também pode reduzir
substancialmente os custos. Entre
outras vantagens, a execução ef icaz
do programa pode ajudar a
combater o aumento das despesas
operacionais, tais como os custos
das matérias-primas e a despesa
real com água ou carbono. Uma
pesquisa da McKinsey descobriu
que esses elementos podem afetar
os lucros operacionais em até 60%.
3. Redução das intervenções
regulatórias e legais
Uma proposta de valor extern
mais forte pode permitir às
empresas alcançar maior liberdade
estratégica, o que alivia a pressão
regulatória. Na verdade, a McKinsey
analisou dezenas de casos em todos
os setores e geograf ias e constatou
que a força do ESG ajuda a reduzir o
risco das organizações com sanções
governamentais.
4. Aumento da produtividade
dos funcionários
Uma forte proposta ESG pode
ajudar as empresas a atrair e
reter colaboradores de qualidade,
aumentar a motivação dos
prof issionais – ao incutir um
sentido de propósito – e aumentar
a produtividade em geral.
17
5. Investimento e otimização de
ativos
Uma proposta ESG forte pode
aumentar o retorno do
gestor
nvestimento, ao alocar capital para
oportunidades mais promissoras
e mais sustentáveis, tais como
energias renováveis, redução de
resíduos e depuradores.
O desconhecimento dos cinco
pontos levantados pelo artigo da
McKinsey pode explicar também a
diferença que existe entre a
relevância que os líderes
brasileiros atribuem ao tema e o
conhecimento que admitem ter
sobre o assunto. Segundo os dados
da pesquisa da Data-Makers, 92%
dos executivos determinam o ESG
como extremamente importante ou
muito importante para o futuro das
empresas. Porém, o domínio sobre
a pauta é diminuto. Somente 16%
dos gestores garantem conhecer
a questão em profundidade.
A falta de entendimento do ESG
não é o único elemento a dif icultar
o avanço desse tema estratégico
nas organizações. Segundo os
executivos, também há a
necessidade de um melhor sistema
de mensuração. A pesquisa mostra
que entre os fatores mais
limitantes para a adoção de práticas
nessa área estão a ausência de
dados (38%), KPIs claros (37%) e
fontes de benchmarking (32%).
gestor
Saúde na cidade.
por Bertrand Douet, Co-Founder & assertif’s Managing Partner.
Dez mil passos. Os benefícios da
caminhada para a saúde não
precisam ser demostrados. Mas até
que ponto as características do
ambiente incentivam esta atividade
e ajudam na prevenção de certas
doenças? Viver em bairros onde se
pode caminhar está associado a um
risco 26% menor de desenvolver
tipos de câncer relacionados com
a obesidade, conforme um estudo
recente.
Neste trabalho, publicado na
Environmental Health Perspectives,
pesquisadores da Icahn School of
Medicine do Mount Sinai de Nova
York acompanharam durante quase
trinta anos mais de 14 mil mulheres.
Uma observação de longo prazo
bastante única. Por um lado,
estimaram o potencial pedestre do
bairro: a “caminhabilidade” de
acordo com o local de residência,
a densidade populacional, a
diversidade de ocupação da
paisagem (residencial, comercial,
recreacional), o desenho das ruas e
a conectividade, ou seja, a facilidade
de ir de um lugar para outro.
Ao mesmo tempo, identificaram
a incidência de tipos de câncer
18
primário ligados à obesidade nesta
população. Conforme as séries
utilizadas, o sobrepeso está ligado
a um maior risco de contrair treze
tipos de câncer, incluindo no seio
pós- menopausa, no ovário, no
endométrio e de tipo mieloma
múltiplo, dentre outros.
Lembrando que nos Estados Unidos,
42% da população ultrapassa
atualmente o limiar da obesidade
medido pelo Índice de Massa
Corporal (IMC superior a 30). No
Brasil, o indicador é da ordem de
22%, mas as projeções da última
edição do World Obesity Atlas são
preocupantes: em 2035, 41% dos
adultos brasileiros seriam obesos
(58% nos Estados Unidos).
O impacto econômico também tem
sido avaliado, no caso do índice de
sobrepeso (IMC superior a 25). Este
impacto inclui tanto os custos
diretos de tratamento da obesidade
quanto as consequências em termos
de produtividade econômica
(absenteísmo, presenteísmo –
redução da produtividade no
trabalho) e aposentadoria prematura
ou morte. Caso as projeções acima
se confirmarem, o impacto
econômico é nada menos do que
3% do PIB em 2035 (4% nos Estados
Unidos)! Voltando para o estudo da
corte de mulheres de Nova York, cuja
idade inicial era de 34 a 65 anos, e
com idade média de 50,6 anos, 18,2%
tiveram câncer nos quase trinta anos
de observação, sendo os mais
frequentes os do seio na pós-
menopausa, seguidos pelos do
cólon-reto e do endométrio. Em
comparação com aquelas que
moravam no bairro menos acessível
a pé, as voluntárias que viviam na
área mais “caminhável” tinham
um risco 26% menor de câncer
relacionado com a obesidade. Elas
também tinham o IMC mais baixo.
Vamos caminhar? Sim, mas, para
que aconteça, temos que planejar e
transformar nosso entorno urbano,
exigindo políticas coerentes.
É um bom negócio. Dez mil
passos de vez.
Bertrand Douet, Bacharel em
Direito Internacional, Administrador
de Empresas (École de Management
de Lyon, França). Douet possui MBA
Finance, pela The University of
Connecticut, USA, é PhD em Ciências
Sociais (El Colégio de México), e
Co-Founder & assertif’s Managing
Partner.
especialista
Padrões ESG e os novos
paradigmas do mercado.
por Daniela Dutra Lacombe e Guilherme Domingues de Oliveira.
Entre os muitos desaf ios que as
companhias terão que enf rentar
nas próximas décadas, um dos
principais será encontrar o
equilíbrio necessário entre
o crescimento econômico,
o respeito ao meio ambiente
e os investimentos sociais.
Os aspectos ESG (Environmental,
Social and Governance – ou, em
português, ASG - Ambiental, Social
e Governança) impõe às empresas
repensarem seu papel e os métodos
de condução de seus negócios.
Mais até do que isso: quem
ainda não está alinhado, com foco
na responsabilidade socioambiental
e na ética - seja com a comunidade,
colaboradores, clientes, governo ou
meio ambiente - já f icou para trás.
Se por um lado a sociedade
espera que as empresas tenham
não só direitos, mas também suas
responsabilidades ampliadas, por
20
outro, diversas corporações já
descobriram que ser sustentável
é vantagem competitiva.
Uma mentalidade sadia – e possível
– de negócio atrai benef ícios reais e
duradouros, sobretudo f inanceiros,
como investimentos, redução de
custos, maior receita anual e
tratamento preferencial em
processos administrativos
governamentais (os “fast-tracks”).
A responsabilidade socioambiental
não é (mais) despesa, mas um
paradigma inédito para
o propósito-f im dos setores em
geral. Novas áreas estão sendo
criadas nas estruturas corporativas,
tais como gestão de riscos,
operações ecoef icientes e diálogo
com as comunidades do entorno,
com enorme relevância e respeito
nas tomadas de decisões
estratégicas dos negócios.
Sob outra ótica, trata-se da transformam a postura e o dia a dia
transição mais hostil do capitalismo de uma empresa.
(shareholder capitalism) para um
sistema em que as empresas A PR 2030 é a semente que, assim

contemplam seus demais públicos
de interesse nos processos
decisórios (stakeholder capitalism).
E, como em toda transição, há
acidentes de percurso nas jornadas.
Diversos f rameworks, certif icações
e selos surgiram para “atestar” as
práticas ESG das companhias,
sejam ou não do mercado aberto.
ANBIMA, B3, CVM e Sistema B –
para citar apenas alguns exemplos
- passaram a avaliar e chancelar
empresas que apresentassem
políticas relatadas e atendessem a
determinados critérios de gestão,
muitas vezes com investimentos
vultosos fora de seu core business.
Por variados motivos, essas mesmas
empresas, apesar de propagarem
diversidade, equidade, emissões
neutras e preceitos de governança,
surgem envolvidas em escândalos
ambientais, f inanceiros e de
compliance. Certamente, somente
com parâmetros de medição ESG
melhor def inidos, editados e
auditados de modo independente,
se alcançarão resultados mais
signif icativos.
especialista
se espera, fará florescer um
ambiente empresarial cada vez
mais consciente e f iel às metas
criadas pela Agenda 2030 da ONU.
Adotar e seguir melhores práticas
socioambientais deve ser, em
resumo, parte do planejamento e
operações cotidianas. Respeito ao
meio ambiente, aos colaboradores
e às comunidades do entorno, além
de transparência e ética nas
tratativas, são os novos vetores de
transformação empresarial. Não
seguir politicas bem def inidas ESG,
cada vez mais, poderá levar uma
empresa, num piscar de olhos, da
doce bonança à uma dívida de
bilhões.
Daniela Lacombe é diretora da ASAS
– Agência de Soluções Ambientais
e Sociais. Guilherme Domingues é
socio do escritório Domingues Cintra
Napoleão Lins e Silva Advogados.

Mais recentemente, a ABNT

(Associação Brasileira de Normas
Técnicas), publicou a primeira
norma certif icadora do mercado –
a PR 2030 – que promete nortear
o caminho das companhias que
pretendem tornar-se mais
sustentáveis e aptas a captar
recursos de investidores imbuídos
desse espírito - de um
desenvolvimento e crescimento
econômico mais humano e
consciente. Mais do que “abraçar
árvores”, os padrões ESG

21
artigo

Na economia verde,
planejar é tudo.
Mas precisa também de um relato mobilizador.
por Bertrand Douet, Co-Founder & assertif’s Managing Partner.

Temos Plano de Transformação articular um modelo de

Ecológica, em conjunto com um
“Novo PAC” (Programa de
Aceleração do Crescimento) federal,
abrangente, desenhado
of icialmente conforme as
características socioeconômicas
do país. Por exemplo: não é só parar
de desmatar, também é preciso
22
desenvolvimento local em
consequência.
O que se sabe até agora é que o
Plano inclui a criação do mercado
regulado de carbono, a emissão
de títulos soberanos sustentáveis,
a criação de uma taxonomia
sustentável nacional e a
reformulação do fundo clima para
f inanciar atividades que envolvem
inovação tecnológica e
sustentabilidade. Ótimo, desde
que as leis pertinentes sejam
votadas em breve.
Também fala-se de uma nova
matriz energética, de Incentivos
setoriais para a internalização
tecnológica e de balizamentos
para os investimentos públicos e
privados. Vamos avançando,
desde que os desdobramentos
sejam detalhados o suf iciente para
que a transformação aconteça
antes do vencimento dos
compromissos, sejam quais forem,
quantitativos ou qualitativos,
incluindo de imagem e status
internacionais.
Tudo bem então do lado da oferta,
da criação de valor econômico e da
soberania. Mas uma aproximação
pelo Incentivo precisa de maiores
contrapartidas do que apenas uma
abordagem regulamentária para
chegar aos mesmos objetivos de
descarbonização.
Em resumo, pela regulação, as
23
autoridades públicas determinam
principalmente restrições e
reservam o instrumento
orçamentário para apoiar atores
artigo
econômicos que não podem arcar
sozinhos com os custos das novas
normas. Pelo Incentivo, o Estado
deve subsidiar até o necessário
para desencadear uma mudança de
comportamento, inclusive apoiando
atores que não precisariam desta
ajuda pública.
Com maior razão, o esforço precisa
ser acompanhado e estimulado por
um relato mobilizador que saiba
transmitir a magnitude do desaf io,
focando nas oportunidades e nas
novas gerações. Especialmente em
tempos de “guerras culturais” e
fake news.
Bertrand Douet, Bacharel em
Direito Internacional, Administrador
de Empresas (École de Management
de Lyon, França). Douet possui MBA
Finance, pela The University of
Connecticut, USA, é PhD em Ciências
Sociais (El Colégio de México), e
Co-Founder & assertif’s Managing
Partner.
24

Atualidade tributária –
Jurisprudência CARF.
Despesas com “insumos de
insumos” aplicam para créditos
de PIS e Cofins?
A Tereos Açúcar e Energia Brasil
considerou despesas com “insumos
de insumos” na produção de açúcar
e álcool aplicáveis para a tomada
de crédito de contribuições ao PIS
(Programa de Integração Social)
e Cof ins (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade
Social). Neste caso, os “insumos de
insumos” são os serviços ou bens
utilizados na produção da cana de
açúcar, quando a cana é insumo
da fabricação do bem f inal (açúcar,
álcool ou energia). A primeira fase
é a agrícola, a segunda é industrial.
Porém, o contribuinte defendeu
a aplicabilidade do critério de
essencialidade, conforme Parecer
Normativo COSIT nº5/2018 da
Receita Federal. Ao apresentar o
recurso, a Fazenda Nacional
25
considerou que a primeira fase é
agrícola e, portanto, não faz parte
da fase de produção, não podendo
ser caracterizada como insumo.
atualidades
A Câmara Superior do Conselho
de Administração de Recursos
Fiscais (Carf) deu razão ao
contribuinte, por unanimidade.
Economia do futuro.
Primeira planta de conversão de
hidrogênio a partir do etanol do
mundo será construída na USP.
Foi lançado em 10/08, o projeto da
primeira estação de abastecimento
de hidrogênio renovável a partir do
etanol do mundo. Quando
f inalizada, em julho de 2024,
a estação vai produzir 4,5 quilos (kg)
de hidrogênio por hora e será usada
para o abastecimento de três
ônibus que circularão pela
Universidade de São Paulo (USP).
O plano é avaliar por dez meses o
 funcionamento dos reformadores
para então implantar uma fábrica
que produzirá 45,5 quilos (kg) de
hidrogênio por hora.
atualidades
Atualidade tributária –
Justiça em Números.
Maior ponto da série histórica
nas demandas que chegam ao
Judiciário brasileiro, o ano de 2022
foi marcado por um notável
ingresso de novos processos
(31,5 milhões, ou seja, +10% com
relação à 2021). É o que indica o
Relatório Justiça em Números,
publicado pelo Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), principal fonte das
estatísticas of iciais do Pode
Judiciário no Brasil desde 2004.
Destaque para o fato que a maior
parte dos processos de execução é
composta pelas execuções f iscais,
que representam 64% do estoque
em execução. Esses processos são
os principais responsáveis pela alta
26
taxa de congestionamento do
Poder Judiciário, representando
aproximadamente 34% do total
de casos pendentes e congestiona-
mento de 88% em 2022.
Atualidade tributária –
Jurisprudência STF.
O Supremo Tribunal Federal (STF),
por maioria, julgou
procedente a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 6188
ajuizada pela Procuradoria-Geralda
República (PGR), que questionava
um dispositivo da reforma
trabalhista que exigia quórum
qualif icado de dois terços no
Tribunal Superior do Trabalho (TST)
para editar súmulas e orientações
jurisprudenciais. Com a derrubada
do dispositivo, o TST terá mais
flexibilidade no seu trabalho
jurisprudencial.
 file:///C:/Users/ana_t/Downloads/drought.jpg

atualidades
Investindo no futuro – Mercados financeiros
A educação no Brasil e mudança climática.
O Brasil investe menos em
O mercado subestima o risco
educação do que os países da
de mudança climática em títulos
Organização para a Cooperação
verdes.
e Desenvolvimento Econômico
(OCDE). É o que aponta um
Os títulos soberanos ligados ao
relatório produzido com dados
f inanciamento de projetos que
sobre educação em países do bloco
combatem as alterações climáticas
econômico e seus parceiros.
estão na moda, com emissões
O Brasil investiu US$ 4.306 por
globais de 700 Bi de euros no ano
estudante do ensino fundamental
passado. No entanto, o preço pelo
ao superior em 2020, ao passo que
qual este ativo está sendo negocia-
as nações da OCDE gastaram, em
do pode não ser adequado.
média, US$ 11.560.
Segundo um relatório do Barclays,
os investidores estariam subesti-
Enquanto as aplicações em
mando o risco de danos à natureza
educação cresceram 2,1% entre 2019
causados ​​pelas alterações
e 2020 nesse grupo, no Brasil houve
climáticas e pela ação humana. Isto
uma redução de 10,5%. O gasto por
poderia levar a uma desvalorização
aluno também foi o terceiro pior
acentuada desta dívida.
entre 42 países analisados,
superando apenas México e Áf rica
do Sul. O Plano Nacional de
Educação (PNE) estabelece que o
país gaste ao menos 10% do PIB no
setor até 2024, mas um estudo
feito pelo Inep mostra que o
investimento brasileiro chegava
a apenas 5,5% em 2022.

27
28
29
30