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Direito Civil I

Obrigações
Material Teórico

Direito Civil - Obrigações

Responsável pelo Conteúdo e


Revisão Textual:
Prof. Dr. André V. L. de Freitas
Aula/ – Teoria Geral D. Civil - Obrigação

• Introdução

• Conceito Geral das Obrigações

• Direito Obrigacional

• Classificação das Obrigações

··Conceito de Obrigação
··Distinção obrigação Moral;
··Distinção obrigação Natural;
·Distinção obrigação Propter rem;

Pedimos atenção especial aos materiais complementares da unidade. Procure, na


medida do possível, efetuar as leituras recomendadas. As atividades propostas, também,
são extremamente importantes!!!
É importante que você leia, atentamente, o material teórico. Além disso, procure ler os
livros indicados na seção material complementar. Há também indicação de vídeos,
procure assisti-los.

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Unidade: Direito Civil - Obrigação

Contextualização
O Direito das obrigações, também chamado de Direito Pessoal, é um conjunto de
normas que regem as relações jurídicas de ordem patrimonial, onde um sujeito tem o
dever de prestar e o outro tem o direito de exigir essa prestação, ou seja, um deve fazer
algo e o outro deve receber esse algo.
Diz –se do ramo do Direito Civil que trata dos vínculos entre credores e devedores,
somente trata das relações pessoais, uma vez que, seu conteúdo é a prestação
patrimonial que é a ação ou omissão da parte vinculada (devedor) tendo em vista o
interesse do credor, que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação.
Se houver por parte do devedor uma resistência em cumprir sua obrigação, o poder
judiciário poderá ser acionado para que se obtenha através da penhora do patrimônio do
devedor, o capital necessário para que se extinga o débito.

O Direito das obrigações tem uma grande


importância nos dias atuais, uma vez que,
existem muitas relações jurídicas de
obrigações.
O homem sente hoje, devido ao enorme
progresso tanto da tecnologia quanto das
comunicações (leia-se mídia) e da
urbanização, uma enorme necessidade de
consumir, seja por simples manutenção de
status, seja por real necessidade.
Junto com esse consumo desenfreado ele desenvolveu também uma intensa
atividade econômica, que acabou por fazer com que normas jurídicas fossem criadas para
que essas atividades fossem controladas e regulamentadas essas normas constituem o
chamado Direito das Obrigações, que tem por objetivo equilibrar as relações entre os
sujeitos ativos e passivos.
Os Direitos patrimoniais consistem no conjunto de bens, direitos e obrigações de
uma pessoa natural ou jurídica.

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Introdução

Você já se perguntou o conceito de Obrigações??? Ou ainda: Se os


direitos obrigacionais são formados exclusivamente por coisas???
Para pensar

A parte especial do Código Civil de 2002 é inaugurada pelo livro de Direito das
Obrigações, sendo reservado do artigo 233 ao 420 para o exaurimento da matéria.
As obrigações podem ser conceituadas como relações jurídicas estabelecidas de
forma transitória pelo sujeito ativo (credor) e pelo sujeito passivo (devedor), tendo como
objeto uma prestação econômica que pode ser positiva (obrigações de dar e de fazer) ou
negativa (obrigação de não fazer) e que se inadimplida terá como garantia o patrimônio do
devedor.
A prestação econômica, denominada o elemento objetivo da obrigação, é o objeto da
obrigação e deve ser lícito, possível e economicamente apreciável e pode constituir-
se em: dar, fazer e não fazer.
A fonte da obrigação pode ser um contrato, um ato ilícito ou um ato unilateral de
vontade, que caracterizam o vínculo jurídico, ou seja, o liame legal que une os sujeitos da
obrigação.
O ponto crucial da matéria muito cobrado nos exames da Ordem e concursos
públicos são as modalidades de obrigações, levando em consideração a classificação e
distinção de cada uma delas. As obrigações dividem-se em: obrigação de dar coisa certa,
obrigação de dar coisa incerta, obrigações de fazer e não fazer, e seus desdobramentos:
obrigação divisível e indivisível e obrigações solidárias.
Na definição de Sílvio de Salvo Venosa, obrigação é uma relação jurídica transitória
de cunho pecuniário unido duas (ou mais) pessoas, devendo uma (o devedor) realizar uma
prestação à outra (o credor).
O direito das obrigações é tratado pelo Código Civil em seu Livro II, em conforme
Carlos Roberto, consiste num complexo de norma que regem relações jurídicas de ordem
patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro. Pablo
Stolze de forma objetiva define o direito das obrigações como conjunto de norma e
princípios jurídicos reguladores das relações patrimoniais entre um credor e um devedor a
quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar,
fazer ou não fazer.

O direito das obrigações pode ser entendido como uma


relação jurídica na qual alguém, chamado de sujeito
passivo (devedor), compromete-se a dar ou restituir coisa
certa ou incerta, fazer ou não fazer alguma coisa em favor
de outrem, chamado sujeito ativo(credor). Estabelecido o
vínculo obrigacional, caso ocorra o descumprimento, o
devedor responde com o seu patrimônio pelo
inadimplemento.

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Classificações das Obrigações
A obrigação é uma relação jurídica por meio da qual alguém (sujeito passivo - devedor) se
compromete a cumprir uma prestação de dar, fazer ou não fazer para outrem (sujeito ativo
– credor), sob pena de não o fazendo, seu patrimônio responde pela dívida.

Nesse sentido, podemos classificar as obrigações quanto à exigibilidade; ao resultado; à


eficácia; à execução e à liquidez. Vejamos:

1)Classificação das obrigações quanto à exigibilidade:

a) Obrigações naturais: são obrigações inexigíveis judicialmente;


b) Obrigações civis: são aquelas em que se pode exigir o cumprimento judicialmente.

2) Classificação das obrigações quanto ao resultado:

c) Obrigação de resultado: o devedor não depende de nenhum aspecto externo para


cumprir a obrigação contraída.
Como a contratação de um arquiteto famoso para a feitura de um projeto de edifício: a
obrigação de fazer é infungível e de resultado.
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Unidade: Direito Civil - Obrigação

d) Obrigação de meio: o devedor depende de fatores externos para atingir o resultado


desejado. Mas deve empregar todos os meios necessários para tentar alcançá-lo.
Como o caso do médico que opera um paciente gravemente acidentado. Em se tratando
de obrigação de meio, a responsabilidade só recairá sobre o devedor, caso ele não tenha
empregado todos os meios possíveis para chegar ao resultado.

3) Classificação das obrigações quanto à eficácia:

e) Obrigações simples: são aquelas que independem de outros requisitos para sua
eficácia. Logo: é de cumprimento imediato.
f) Obrigações condicionais: hipótese em que o cumprimento da obrigação depende de
um evento futuro e incerto.
O devedor só se obrigará a cumprir a obrigação se houver o implemento da condição
estipulada.
g) Obrigações à termo: modalidade em que o cumprimento da obrigação depende de um
evento futuro e certo.
De sorte que se tem a certeza da exigibilidade pelo cumprimento da obrigação, mas deve
ser respeitado o momento certo convencionado.

4) Classificação das obrigações quanto à execução:

h) Execução imediata ou instantânea: a prestação e a contraprestação devem ocorrer no


mesmo momento. Devendo, no entanto, ser respeitado o tempo mínimo da realização.
Temos como exemplo a relação obrigacional decorrente do serviço de restaurante.
i) Execução periódica: a obrigação é cumprida em trato sucessivo, de modo que a
prestação tem como característica a renovação singular e sucessiva.
j) Execução diferida: a obrigação deverá ser cumprida de uma única vez, porém, em
futuro certo. Tem-se como exemplo a emissão de cheque pós-datado.

5) Classificação das obrigações quanto à liquidez:

k) Obrigação líquida: trata-se da obrigação certa quanto a sua existência e determinada


quando ao seu conteúdo. Podendo ser exigir seu cumprimento desde logo.
l) Obrigação ilíquida: hipótese de obrigação que muito embora seja certa quanto a sua
existência, não é certa quanto ao seu conteúdo, pois não existe exatidão, tornando
impossível a exigência do cumprimento. Desta feita, a exigibilidade da obrigação depende
de regular liquidação.

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Unidade: Direito Civil - Obrigação

OBRIGAÇÃO NATURAL

A obrigação civil produz todos os efeitos jurídicos, mas a obrigação natural não, pois
corresponde a uma obrigação moral. Há autores que a chamam de obrigação degenerada.
São exemplos: obrigação de dar gorjeta, obrigação de pagar dívida prescrita (art. 205 CC),
obrigação de pagar dívida de jogo (art. 814 CC), etc.

A obrigação natural não pode ser exigida pelo credor, e o devedor só vai pagar se quiser,
bem diferente da obrigação civil.

Vocês sabem que se uma dívida não for paga no


vencimento o credor se arma da pretensão de executar, e
a dívida se transforma em responsabilidade patrimonial.
Mas tratando-se de obrigação natural, o credor não terá a
pretensão para executar o devedor e tomar seus bens
(art. 189 CC).

A dívida natural existe, mas não pode ser judicialmente cobrada, não podendo o credor
recorrer à Justiça.

Conceito: obrigação natural é aquela a cuja execução não pode o


devedor ser constrangido, mas cujo cumprimento voluntário é
pagamento verdadeiro.

Por que a obrigação natural interessa ao Direito se


corresponde a uma obrigação moral? Porque a obrigação
natural, mesmo sendo moral, possui um efeito jurídico:
soluti retentio ou retenção do pagamento.

Mesmo tratando-se de uma obrigação moral, o pagamento de obrigação natural é


pagamento verdadeiro e o credor pode retê-lo. Então se João paga dívida prescrita e
depois se arrepende não pode pedir o dinheiro de volta, pois o credor tem direito à
retenção do pagamento (art. 882 CC).

Como diz a doutrina, “a obrigação natural não se afirma senão quando morre”, ou seja, é
com o pagamento e sua extinção que a obrigação natural vai existir para o direito,
ensejando ao credor a soluti retentio.

Mas não se confunda obrigação natural com obrigação


inexistente: se João paga dívida inexistente o credor não pode
ficar com o dinheiro, e João terá direito à repetitio indebiti ( =
devolução do indébito; em direito “repetir” significa “devolver”, e
“indébito” é o que não é devido).

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Então quem efetua pagamento indevido pode exigir a devolução do dinheiro ( = repetitio
indebiti) para que outrem não enriqueça sem motivo.

O credor de obrigação natural tem direito à soluti retentio, mas quem recebe dívida
inexistente não (ex: pago a meu credor João da Silva, mas por engano faço o depósito na
conta de outro João da Silva, que terá que devolver o dinheiro, art. 876 CC).

Na obrigação natural não cabe a repetitio indebiti, pois o credor dispõe


da soluti retentio.

Em suma, a obrigação natural não se cumpre por bondade ou liberalidade ou doação, mas
por um dever moral, e a moral influencia o Direito, tanto que a lei lhe atribui o efeito jurídico
da soluti retentio.

OBRIGAÇÃO MORAL

Neste tipo de obrigação o inadimplemento não da direito ao credor de se exigir


judicialmente o cumprimento pelo credor, pois neste caso a obrigação não passa de um
dever de consciência, que encontra seu principal fundamento nas regras morais, e o
cumprimento de uma obrigação de cunho moral sempre será visto como uma liberalidade,
e não como pagamento.

Olhando por outro lado, aquele que por livre e espontânea vontade cumprir uma prestação
moral, também não terá direito ao arrependimento.

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OBRIGAÇÃO PROPTER REM

As obrigações propter rem são denominadas como obrigações hibridas, ou ambulatórias,


como bem explica Tartuce , por manterem-se entre os direitos patrimoniais e os direitos
reais, perseguindo a coisa onde quer que ela esteja, ou seja, tem caráter hibrido por não
decorrer da vontade do titular, mas ainda sim decorrer da coisa.

Maria Helena Diniz nos ensina que tal obrigação surge no momento em que “o titular do
direito real é obrigado, devido a sua condição, a satisfazer certa prestação”.

Noutros dizeres, a obrigação propter rem é uma relação entre o atual proprietário e/ou
possuidor do bem e o obrigação decorrente da existência da coisa. Destaque-se que a
obrigação é imposta ao titular adquirente da coisa, que se obriga a adimplir com as
despesas desta.

O código Civil de 2002 trouxe esta obrigação em alguns


artigos, como por exemplo o artigo 1.345:
O adquirente de unidade responde pelos débitos do
alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e
juros moratórios.
Para que se extinga a obrigação faz-se necessário a
desvinculação da titularidade da coisa.

A obrigação propter rem é figura frequente no Direito Ambiental e vem citada em inúmeros
estudos acadêmicos e precedentes judiciais; mas interligada de modo algo confuso à ideia
de uma obrigação objetiva ou de solidariedade, que não lhe pertencem, e sem diferenciar a
diversa natureza das obrigações tratadas no Direito Ambiental: a obrigação de fazer ou
não fazer, a multa administrativa, a multa cominatória e a indenização do dano ambiental.

"A obrigação propter rem constitui um direito misto, por


ser uma relação jurídica na qual a obrigação de fazer está
acompanhada de um direito real, fundindo-se os dois
elementos numa unidade, que a eleva a uma categoria
autônoma"

- A obrigação que tem o condômino de contribuir para a conservação ou divisão do bem


comum;
- A obrigação dos proprietários de imóveis vizinhos de concorrer para as despesas de
construção de tapumes divisórios;
- A obrigação do adquirente de um bem hipotecado de saldar a dívida que a este onera se
quiser libera-lo;

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- A obrigação que tem o proprietário de coisas incorporadas ao patrimônio histórico e


artístico nacional de não destruir ou realizar obras que modifique a aparência destes;
- A obrigação dos proprietários de imóveis confinantes de concorrer para as despesas de
demarcação e renovação dos marcos divisórios destruídos;
- A obrigação negativa no caso da servidão, onde o dono do prédio serviente não pode
embaraçar o uso legítimo da servidão;
- A obrigação do proprietário de prestar caução referente a dano iminente em prédio
vizinho;
- As obrigações atinentes ao direito de vizinhança;

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Material Complementar

Vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=n9KDFrxdYjY

https://www.youtube.com/watch?v=7IMWlbeJ4vk

Livros:

https://direitouninovest.files.wordpress.com/2016/03/direito-civil-brasileiro-2012-
vol-1-parte-geral-carlos-roberto-gonc3a7alves.pdf

https://estudeidireito.files.wordpress.com/2016/03/pedro-lenza-direito-civil-
esquematizado.pdf

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: volume 2 : obrigações e


responsabilidade civil. 17. ed. São Paulo, SP: Atlas, 2017 recurso online
Referências

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, v. 2: teoria geral das obrigações.
14. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2017

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, v.2: teoria geral das
obrigações. 29. ed. Rio de Janeiro, RJ: Forense, 2017

ADER, Paulo. Curso de direito civil, v.2 obrigações. 8. Rio de Janeiro Forense 2016

GOMES, Orlando. Obrigações. 18. Rio de Janeiro Forense 2016I

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil 1: parte geral, obrigações, contratos. 7. ed.
São Paulo, SP: Saraiva, 2017

LÔBO, Paulo. Direito civil: obrigações. 5. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2017

TARTUCE, Flávio. Direito civil, v.2: direito das obrigações e responsabilidade civil.
12.ed. Rio de Janeiro, RJ: Forense, 2017

ATIVIDADES PROPOSTAS
As unidades são interativas, portanto, o estudante deve aprimorar seus estudos
aproveitando os desafios, assistindo aos vídeos, complementando leituras disponíveis nas
atividades complementares, e criando vínculos e discussões através dos fóruns de
discussão da disciplina.

Ao realizar as tarefas, procurem escrever de forma simples, clara, conforme os conteúdos


estudados.

Abra-se para questionar, fazer reflexões, trocar vivências, aproveitar mesmo os estudos.

Reservem tempo para assistir aos vídeos completos sugeridos que são esclarecedores e de
grande sensibilidade.
Estaremos juntos nesse trabalho e , para isso, teremos canais abertos às discussões,
duvidas e aprofundamentos, como o seu SGA ou no CANVAS.

Esperamos que você aproveite os estudos!

Bom estudo a todos!!!


Prof. André

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