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AO JUÍZO DO TRABALHO DA VARA DE CURVELO/MG.

Processo nº 0011549-29.2020.5.03.0056

JOSIANE GONÇALVES VIEIRA, já qualificada nos autos da


RECLAMATÓRIA TRABALHISTA C/C DANOS MORAIS, em epígrafe, vem,
respeitosamente, através de seus procuradores infra-assinados, apresentar
IMPUGNAÇÃO, em face da contestação apresentada pelos réus, ROSA
FERNANDES FELIPE, MARIA JOSÉ FERNANDES DE ARAÚJO e
FERNANDO FERNANDES, também já qualificados nos autos em epígrafe, pelos
motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

QUANTO A CONTESTAÇÃO PROPRIAMENTE DITA

Em síntese, colhemos que a essência da defesa reserva os seguintes


argumentos: 
a) A Reclamante prestou serviços à Reclamada unicamente na
condição de autônoma, pacto este celebrado mediante Contrato verbal;
b) Da ilegitimidade Passiva da filha, Rosa Fernandes Felipe;
c) Do não cabimento da gratuidade da justiça a autora;
d) Da inépcia da Inicial e do valor da causa;
e) Das Verbas Rescisórias
f) Na ausência de relação jurídica obreira, não é devido o pagamento
de verbas rescisórias, especialmente aquelas apontadas na exordial;
Fazendo-se um cortejo entre a documentação juntada e ora avaliada,
ressalta à primeira vista, o que a abaixo a se segue; s

I. DO VINCULO EMPREGATÍCIO

Trata-se de vinculo empregaticio, que merece ser reconhecido, pois as


atividades desempenhadas pela reclamada, preenchem todos os requisitos previstos no
artigo 3º da CLT.

Extrai-se do art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho que


“considera-se empregado toda e qualquer pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. “
Os reclamados ao dizerem que não tinha tanto contato com a mãe,
assume o presente descaso com a mesma e não poderia informar quaisquer dos
requisitos presentes no artigo citado acima, que assume o vinculo empregaticio uma vez
que, não tinha controle nenhum de jornada de trabalho desempenhada pela reclamante.

Desde quando contratada de forma verbal, prevista no artigo 443 da CLT,


a reclamada laborava com carga horária de segunda a sexta de 07:00 às 17:00, e aos
domingos ela trabalhava duas horas pela manhã e duas horas pela tarde. Não fazia
intervalo intrajornada, laborava 10 (dez) horas ininterruptas. Isto de 28/10/2017 até
17/03/2020, onde recebia um salário de R$700,00 (setecentos reais).
Do dia 18/03/2020 até o dia da demissão sem justa causa, dia
09/08/2020, passou a laborar de segunda a sábado de 07:00 as 17:00 horas, e aos
domingos iniciava às 08:00 horas e laborava até as 17:00 horas da segunda feira, passou
a receber um salário mínimo R$1.045,00 (um mil e quarenta e cinco reais) mais
R$60,00 (sessenta reais) pelos domingos. Este lapso, até a dispensa, tiveram 21 (vinte
um) domingos, mas a Reclamada só recebeu 14 (quatorze), valor também que não
corresponde à remuneração correta devida pelo trabalho desumano de domingo a
segunda, compreendendo também o período noturno ininterrupto. Cito na inicial.

Durante todo o período em que a Reclamante prestou serviços para os


Reclamados, estiveram presentes todas as características do vínculo de emprego, como
ja comprovamos exaustivamente, quais seja a pessoalidade, onerosidade, subordinação e
não eventualidade, mesmo assim, jamais teve sua CTPS assinada pelos Reclamados,
como comprova CTPS, ja anexada.

Com muita clareza se constata que os Reclamados não negam o vínculo


contratual entre as partes, nem mesmo o labor pessoal prestado pela Reclamante.
Todavia, destaca que o seja de mera prestação de serviço, autônoma., mas percebe-se
visivelmente todos os requisitos do vinculo empregaticio com os reclamados Nega,
assim mesmo, qualquer possibilidade de vínculo empregatício.

 Há, dessarte, conflitos de argumentos entre os reclamados maiormente


no que diz respeito ao vínculo de emprego existente entre esses e a sua subordinação.
Dessa maneira, esses fatos não merecem mais debate visto que fictamente foram tidos
como verdadeiros.

II. DA IMPUGNAÇÃO DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA FILHA,


ROSA FERNANDES FELIPE, MARIA JOSÉ FERNANDES DE
ARAÚJO e FERNANDO FERNANDES

A reclamada, ROSA FERNANDES FELIPE, alega ilegitimidade passiva,


mas na sua própria defesa assumi o seu descaso para com a mãe, Marta e seu irmão,
Eduardo, uma vez que diz, “não mantém contato constante”, senão possui contato com
os mesmos, como pode ser administradora dos bens do Sr. Eduardo? E ainda ser
proventa de seu sustento?

Independente de qualquer situação a responsabilidade solidária deve ser


de todos os filhos, pelo interesse e dever de assistência aos pais. Na oportunidade,
responsabiliza ELZA FERNANDES, que é sua irmã e a curadora de Marta.

Já os reclamados MARIA JOSÉ FERNANDES DE ARAÚJO e


FERNANDO FERNANDES, tambem alegam a ilegitimidade passiva sobre a
reclamação trabalhista proposta, ora, estes que tambem não tem porque justificar a
preliminar, haja vista que a obrigação de cuidar é de todos.

Em face disso não há o que se falar em ilegitimidade passiva ou


obrigação exclusiva de um filho apenas.

III. DA IMPUGNAÇÃO DO NÃO CABIMENTO DA GRATUIDADE DA


JUSTIÇA A AUTORA

A reclamada, ROSA FERNANDES FELIPE, contesta indevidamente a


concessão da gratuidade da justiça, visto que, tendo a parte autora juntado provas que o
vinculo com os empregadores se rompeu, não é necessário pressumir a inveracidade da
afirmação que consta na inicial, de que a autora encontra-se desempregada. Uma vez
que é evidente e lamentável o contexto de crise economica que imobiliza a maior parte
dessa classe trabalhadora no momento, além de não haver viabilidade da produção de
prova de rendimentos insuficientes, sendo certo que nada recebe, configurando-se sua
hipossuficiencia econômica.

Assim, não resta contestação contra copia da CTPS e Declaração de


Hipossuficiencia, em anexo inicialmente, e se quer falar em indeferimento de
Gratuidade da Justiça para a reclamante, na medida que desempregada, em tese, não tem
previsiveis rendimentos bastantes para assegurar, sem prejuizo a manutenção propria e
de sua familia.

IV. DA IMPUGNAÇÃO DA INEPCIA DA INICIAL E O PEDIDO

Alega a primeira Reclamada, que a petição inicial é inepta, aduzindo que


não deixam os requerimentos claro, bem como, que não apontam especificamente as
lesões ocorridas à Reclamante.
Cabe mencionar inicialmente que se fosse inepta os Reclamados não
teriam contestado “termo a termo” dispostos na exordial. Diferentemente do que
alegado, considera-se inepta a petição inicial somente quando houver objetivamente o
enquadramento nos incisos do Artigo 840 da CLT, o que não ocorreu no presente caso.

Outrossim, não prospera a tese sustentada pela reclamada. Os pedidos


expostos na exordial congregam a condenação solidária das partes figurantes no polo
passivo, como se comprova na inicial e nos cálculos exaustivos nos respectivos, ID
16b6a12 e ID 812f8ae, pois, o seu pedido é certo, e determinado. Sendo que a breve
exposição exigida na inicial é o suficiente para demonstrar o interesse da reclamante,
uma vez que a causa de pedir e o pedido estão suficentemente expostos, restando
impugnada no tópico e que requer seja julgada improcedente.

V. DAS HORAS

Os Reclamados alegam que o Reclamante não fazia horas extras e que


usufruía intervalo intrajornada, mas alegações dos reclamados por si sós confirmam o
justo pleito da reclamante, uma vez que, demonstram o inconteste descontrole das
jornadas e horas extras devidas.

Não há o que se falar em salario proporcional, ou porcentagem, pois, o


horário que a reclamada laborava faz jus as horas 44 hs semanais, não podendo ser pago
valor menor que o salário minimo vigente.

A evolução salarial apresentada, aponta para um único reajuste legal de


salário, aliás, direito de todo trabalhador e não o seu elevado padrão de vencimentos,
correto.

No caso em apreço, verifica-se que a Reclamante cumpria diariamente 2


horas extraordinárias durante o período de vigência do contrato de trabalho, sendo que
os Reclamados jamais lhe efetuou o pagamento destas horas extraordinárias e seus
reflexos, tampouco em sua rescisão contratual, valores estes que faz jus a Reclamante
em receber, conforme demonstrado na inicial.

Os Reclamados tentam justificar a ausência de pagamento de horas


extras, colocando a Reclamante como exercente de cargo de confiança e autonônoma.
Não há como enquadrar a reclamante na categoria dos cargos de confiança ou
autonônoma, porque não era ele a “chefe”,  quem a reclamante estava subordinada,
devendo-lhe prestação de contas e serviços.

Como nenhum documento foi juntado, provando a compensação e nem


tampouco os períodos em que ocorreram as horas extraordinárias, nada se provou sobre
compensação ou pagamento de horas extras, A QUE O RECLAMANTE ESTAVA
SUJEITO, assim, configuira o direito à percepção de horas extraordinárias .

Impugnam-se as arguições dos réus, haja vista que não refletem a


realidade vivida pela Reclamante. Em sede de instrução processual ficará robustamente
provado que a Reclamante fazia horas extras.

VI. DOS TRABALHOS AOS SABADOS, DOMINGOS E DSR

Impugna a Reclamante a contestação da Reclamada no aspecto, haja vista que


ficarão comprovadas no decorrer do processo.
Portanto, reiteram-se os termos da exordial no que tange as horas extras,
trabalhos aos domingos e DSR, requerendo a condenação da demandada aos valores a
serem apurados oportunamente.
No mais, a Reclamada não logrou demonstrar a existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Reclamante, ônus que lhe
incumbia, a teor da regra do art. 333, II, do Código de Processo Civil.

VII. DAS VERBAS RECISÓRIAS

Os reclamados confessam o período contratual, bem como o local da prestação


dos serviços apontados pela reclamante, na inicial, consequentemente, o vinculo
empregatício.

Os reclamados, insurge-se contra a inicial aduzindo não haver indenizatório


decorrente dos fatos narrados pela reclamante, porém, comprovado o vinculo
empregaticios, não há o que se discuti sobre os valores devidos das verbas recisórias.

VIII. DOS DOCUMENTOS JUNTADOS PELOS RECLAMADOS EM


CONTESTAÇÃO

Em relação aos documentos juntados pelos Reclamados, ressalte-se que são


inconsistentes e são de extrema importância no decorrer do processo, sendo
que, os documentos são comprovações da culpa confessa dos Reclamados:
1. Não foi juntado contrato de trabalho, mas todos os reclamados afirmam
ter conhecimento da reclamada ter sido contrata pela 4ª reclamada, culpa,
confessa.
2. Não foi juntado recibos de pagamentos das horas extras
3. Não foi juntado Comprovantes (recibos) de pagamento do 13º, férias ou
verbas recisórias.

Requer, pois, sejam afastadas as alegações da Reclamada, ratificando os


pedidos contidos na inicial, considerando todos os documentos anexados
pela Reclamante junto à Reclamatória Trabalhista.

IX. DOS DANOS MORAIS

A TERCEIRA RECLAMADA, Elza Fernades, ao ficar inerte no


processo, assume o pedido preliminar da exordial, dos danos morais pleitados, uma vez
que partiu da mesma a acusação de maltratar Marta e Eduardo e também de carregar as
despesas da casa para o seu próprio consumo. Causando a reclamada, lesão aos direitos
de personalidade e também dor e sofrimento, fundamentado no art. 5º, V e X, da CF/88.
Com uso de má fé a mesma, após as acusações, dispensou a reclamante, a fim de
intimida-la para que não buscasse pelos seus direitos.

A forma como tratava Marta e Eduardo, e todos os fatos aduzidos


poderão ser comprovados por Vossa Excelencia, em prova testemunhal, rol de
testemunhas, e documental com declaração do posto de saúde onde a Reclamante
acompanha Marta e Eduardo em seus tratamentos, já anexos.

Em foto tirada, há poucos dias, ainda pode se comprovar o apego que o


Eduardo tem com a reclamante, onde chega a ir em sua casa lhe pedir café e comida.
Como uma pessoas que sofria maustratos pode ter essa afeição, pela agressora como a
acusaram.
1ª Foto registrada (17/11/20)
2ª Foto registrada (11/11/20)

Logo adiante, comprovamos ainda o descaso com o Eduardo, por fotos,


que mostra visivelmente a exposição a condições de risco, ficando nas ruas de grande
movimento, na chuva, e se pondo em perigo de vida, e onde estão os reclamados, que
tem a obrigação de cuidar, principalmente a senhora Rosa, que assume não ter contato
frequente com os mesmos, mas mesmo assim é curadora de Eduardo. Poderiamos
acusar a estes os maus tratos , novamente;
Fotos registradas na data de 17/11/2020.
Fotos registradas na data de 11/11/2020.

Vossa Excelencia, é notório, que tal acusações não passa do uso de Má


fe para com a reclamante, a fim de denegrir a sua imagem e lhe causar transtornos,
tendo violado seus direitos individuais de cada cidadão relativamente à sua intimidade,
privacidade, honra e imagem, de natureza íntima e pessoal em que se coloca em risco a
própria dignidade da pessoa humana, diante do contexto social em que vive.

X. DO MERITO

Pois bem, vejamos alguns fatos narrados na inicial que não foram
contestados pela parte adversa, tornando-se revel nesse ponto e, mais, relevando-se
como incontroversos e verdadeiros, a saber:

Os reclamados, assumem serem réus confessos e assumem o vínculo


empregatício em audiência, quando apresentam proposta de acordo, não aceitado pela
reclamante, pois não fazem menção se quer dos valores das verbas recisórias devidas.

Art. 389.  Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte


admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.

Constatada que a Reclamada não nega o vínculo contratual entre as


partes, nem mesmo o labor pessoal prestado pelo Reclamante. Registre-se, desse modo,
que houvera confissão expressa e literal, real e espontânea.

Por todo exposto fica perfeitamente demonstrado que para fundamentar


seus arguntos os reclamados não trouxeram quaisquer prova ou elemento suficiente
desconstituir o direito da reclamante, razão pela qual não merecem acolhimento.

Dessa forma, requer que seja reconhecido o vínculo empregatício, para


que os reclamados procedam à anotação da CTPS da reclamante, surtindo todos os
efeitos legais, como pagamento referente a todas as verbas rescisórias e indenizatórias,
advindas da rescisão do contrato de trabalho sem justa causa, bem como a substituição
das guias de seguro desemprego pelo pagamento de indenização correspondente e os
danos morais sofridos.

XI. DOS PEDIDOS

Pelo exposto requer se digne Vossa Excelência em acolher a preliminar


arguida, aplicando a contagem do prazo estipulado em 5 (cinco) dias úteis, de acordo
com a previsão do artigo 775 da CLT, considerando essa impugnação tempestiva
perante o devido processo legal;

Resta impugnada a contestação de Id’s 438afde e bf3bb85, pois não se


coaduna com a verdade dos fatos à qual está devidamente exposta na exordial, e que
será corroborada pela instrução processual, com total procedência da pretensão inicial.
Restam ainda impugnados um a um dos documentodos juntados pelos reclamados.

Requer se digne Vossa Excelência em receber a presente impugnação, a


fim de dar pela procedência da ação com a condenação da reclamada nos pedidos
contidos na exordial.
Nestes termos,
Pede deferimento.

Curvelo, 16 de Novembro de 2020.

_______________________________
CLEBIO ROBERTO MENDES
OAB/MG 180.727

______________________________________
AMANDA PINHEIRO ANTUNES LUCENA
OAB/MG 189.686

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