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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região

Ação Trabalhista - Rito Sumaríssimo


0000096-57.2021.5.12.0054

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 18/02/2021


Valor da causa: R$ 32.000,00

Partes:
RECLAMANTE: PAMELA CRISTINA MARQUES SILVA
ADVOGADO: WANDERGELL LINS FERNANDES LEIROZA JUNIOR
RECLAMADO: GI GROUP BRASIL RECURSOS HUMANOS LTDA
ADVOGADO: FABIO GINDLER DE OLIVEIRA
RECLAMADO: SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

ADVOGADO: ANDRESSA REGINA ALBUQUERQUE VALENTE DE BARROS


ADVOGADO: JOSE PEDRO PEDRASSANI
PERITO: RODRIGO BRISTOT DE FARIA
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Fls.: 2

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO
3ª VARA DO TRABALHO SÃO JOSÉ
ATSum 0000096-57.2021.5.12.0054
RECLAMANTE: PAMELA CRISTINA MARQUES SILVA
RECLAMADO: GI GROUP BRASIL RECURSOS HUMANOS LTDA E OUTROS (2)

SENTENÇA

(Rito Sumaríssimo)

Dispensado o relatório, conforme o art. 852-I da CLT.

FUNDAMENTAÇÃO

MÉRITO

1. ESTABILIDADE DA GESTANTE

Alega a autora que, quando da despedida, estava grávida, fato


que lhe conferiria estabilidade. Pretende o pagamento de indenização substitutiva da
estabilidade da gestante e, subsidiariamente, a reintegração ao emprego e o
pagamento dos salários da despedida até a reintegração.

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O art. 10, II, “b”, do ADCT, veda a dispensa arbitrária ou sem


justa causa da empregada gestante desde a confirmação da gravidez até cinco meses
após o parto.

No entanto, no caso dos autos, as partes estabeleceram


contrato de trabalho temporário, como mostra o documento da fl. 17. 

Meu entendimento é no sentido de que as garantias de


emprego não ganham aplicação em casos de contrato por prazo determinado, ante a
incompatibilidade da prorrogação do contrato com a previsibilidade de seu término
que já existe quando da pactuação (art. 472, §2º, da CLT, e art. 10, §§ 1º e 5º, da Lei nº
6.019/1974).

Tal entendimento, em um primeiro olhar, parece colidir com a


Súmula nº 244, III, do TST.

No entanto, ao menos em relação ao contrato de trabalho


temporário, caso dos autos, tal colisão é apenas aparente.

O Tribunal Superior do Trabalho, em Incidente de Assunção de


Competência, estabeleceu “distinguinshing” entre a situação da trabalhadora
temporária e aquela contemplada no item III da sua Súmula nº 244. No acórdão,
publicado em 29.07.2020, foi firmada a seguinte tese: 

É inaplicável ao regime de trabalho


temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia de
estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 10,
II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Logo, não fazia a autora jus à estabilidade da gestante.

Indefiro.

2. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

A autora busca o pagamento de adicional de insalubridade.

Realizado exame técnico, concluiu o perito que a autora laborou


exposta a insalubridade em grau médio em apenas dois dias do contrato de trabalho,
decorrente de manuseio de álcalis cáusticos.

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A conclusão do perito veio baseada no relato de ambas as


partes de que a autora, em duas oportunidades, manuseou os produtos Topax 66 e Big
Blue, que são álcalis cáusticos.

Nos termos do art. 189 da CLT, são consideradas atividades ou


operações insalubres aquelas que exponham os empregados a agentes nocivos à
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade
do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

No caso, a autora, em todo o contrato de trabalho, esteve


exposta ao agente insalubre em apenas duas oportunidades.

Trata-se de exposição que não é nem ao menos eventual, e sim


episódica.

Essa exposição não se enquadra no conceito legal de


insalubridade, que pressupõe intensidade e tempo de exposição.

Por isso, indefiro o pedido.

3. JUSTIÇA GRATUITA

Considerando que a autora ajuizou a presente ação


pouquíssimo tempo após a extinção do contrato de trabalho entre as partes e que, se
alcançou novo emprego, só conseguiu, até então, receber um único salário, concedo-
lhe o benefício da justiça gratuita (art. 790 da CLT).

4. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Indevidos honorários advocatícios ao procurador da autora, pois


os pedidos foram julgados improcedentes.

Indevidos honorários advocatícios aos procuradores das rés,


ante o decidido pelo Supremo Tribunal Federal na ADI nº 5766.

5. HONORÁRIOS PERICIAIS

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Tendo em vista a complexidade da matéria e o grau de zelo do


profissional, fixo os honorários periciais em R$ 1.000,00, os quais ficam a cargo da
União, porque a autora, sucumbente na pretensão objeto da perícia, é beneficiária da
justiça gratuita (Resolução nº 35/07 do CSJT, Portaria GP nº 443/13 do TRT da 12ª Região
e decisão do STF na ADI nº 5766).

DISPOSITIVO

Ante o exposto, nos autos da ação trabalhista ajuizada por


PAMELA CRISTINA MARQUES SILVA em face de GI GROUP BRASIL RECURSOS HUMANOS
LTDA. e SPAL INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A, decido julgar IMPROCEDENTES
os pedidos formulados na inicial.

Concedo à autora o benefício da justiça gratuita.

Honorários periciais, de R$ 1.000,00, a cargo da União.

Custas pela autora, de R$ 640,00, calculadas sobre R$ 32.000,00,


valor atribuído à causa, dispensadas em face do benefício da justiça gratuita.

Intimem-se as partes. 

Nada mais.

SAO JOSE/SC, 31 de janeiro de 2022.

MARIANA ANTUNES DA CRUZ LAUS


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)

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https://pje.trt12.jus.br/pjekz/validacao/22013122550782600000046066658?instancia=1
Número do processo: 0000096-57.2021.5.12.0054
Número do documento: 22013122550782600000046066658

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