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RECURSO ESPECIAL Nº 1967729 - RN (2021/0344471-3)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES


RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
RECORRIDO : MARIA DAS NEVES SOUTO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : JUARES JOSE DE QUEIROZ - RN008597

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIA. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO


AO ARTIGO 1.022/CPC. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. RECURSO ESPECIAL
NÃO PROVIDO.

DECISÃO

Trata-se de recurso especial interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social


contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, assim ementado:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CÔNJUGE.


DEPENDÊNCIAECONÔMICA PRESUMIDA. ART. 16, I E § 4º, DA LEI Nº
8.213/91. CONDIÇÃO DESEGURADO À ÉPOCA DO ÓBITO.
DESEMPREGADO. RECEBIMENTO DE SEGURODESEMPREGO.
PERÍODO DE GRAÇA. POSSIBILIDADE. JUROS DE MORA E
CORREÇÃOMONETÁRIA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.
1. A questão debatida na presente remessa gira em torno da comprovação da
qualidade de segurado do instituidor do benefício, quando do óbito.
2. Conforme a disposição do art. 15, § 2º, da Lei nº 8.213/91, o prazo de 12
(doze) meses de manutenção da condição de segurado, após a última
contribuição, deve ser acrescido de mais 12 (doze) meses, para o segurado
desempregado.
3. Para estender o período de graça por 24 (vinte e quatro) meses, após a
última contribuição, o STJ pacificou entendimento de que a ausência de
registros na CTPS, por si só, não é suficiente para comprovar a situação de
desemprego da parte autora, admitindo-se, no entanto, que tal demonstração
possa ser efetivada por outros meios de prova que não o registro perante o
Ministério do Trabalho e da Previdência Social (REsp. 201201017190,
Relator: Ministro SÉRGIO KUKINA, Primeira Turma, DJEData: 01/12/2014).
4. Hipótese em que restou comprovada a qualidade de segurado do falecido,
tendo em vista que, quando do óbito, ocorrido em 30/01/2010, o segurado
ainda estava n o período de graça, uma vez que o registro do CNIS
demonstrou que o vínculo trabalhista formal dode cujuscessou em
05/11/2007, tendo recebido seguro-desemprego no período de 11/02/2008
até 26/05/2008, razão pela qual a qualidade de segurado se estendeu por 24
(vinte e quatro) meses, nos termos do art 15, § 2º, da Lei nº 8.213/91, ou seja,
perdurou ao menos, in casu, até 26/05/2010 (Id. nº 8200126.19012735, fls.
22 e 60).
5. " Cumpre destacar que, em relação à natureza jurídica do seguro
desemprego, em que pese alguma discussão doutrinária a respeito, prevalece
o entendimento de que se trata de benefício de natureza previdenciária, que
tem por finalidade prover a assistência financeira temporária ao trabalhador
desempregado involuntariamente. Assim, a contagem da perda da qualidade

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Publicação no DJe/STJ nº 3346 de 07/03/2022. Código de Controle do Documento: 6807738a-96a8-4268-a182-1205d85b4b7a
de segurado só deverá começar a partir da última parcela, tendo em vista, na
espécie, o falecido ter recebido o benefício
6. Quanto aos efeitos financeiros, o STF, nos autos do RE 870.947 ED/SE,
assim decidiu sobre a aplicação da Lei nº 11.960/2009: "O art. 1º-F da Lei nº
9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que
disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda
Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se
inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade
(CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a
capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins
a que se destina". Ressalte-se que o STF, em sessão realizada em 03/10/2019,
quando do julgamento dos Embargos de Declaração opostos no RE
870.947/SE, por maioria, rejeitou todos os embargos de declaração e não
modulou os efeitos da decisão anteriormente proferida.
7. Apelação do INSS improvida.

Opostos embargos de declaração, rejeitados.


Em suas razões de recurso especial, aponta o INSS violação aos artigos 1022,
inciso I e II, do CPC/2015, porquanto teria o acórdão embargador ocorrido em omissão
"quando fixou o termo inicial da contagem do período de graça não na data da cessação
das contribuições, como prevê o art. 15, II, da Lei 8.213/91, mas sim do pagamento da
última parcela do seguro-desemprego."
Admitido o recurso na origem, foram os autos encaminhados a esta Corte
Superior de Justiça.
É o relatório. Decido.
O conhecimento do apelo especial, na hipótese de omissão tal como previsto
no art. 1022, inciso I e II, do CPC/2015, não comporta provimento.
Como recurso de fundamentação vinculada que é, os aclaratórios opostos na
origem tem por fim a integração do pronunciamento judicial, de forma a sanar possível
obscuridade, contradição ou omissão de algum ponto do julgado, quando tais vícios
estejam aptos a comprometer a verdade e os fatos postos nos autos.
Ocorre que, no caso, bem ou mal, houve pronunciamento do Tribunal a quo sob o
início da contagem do período de graça após a última parcela do seguro-desemprego.
A propósito:

Hipótese em que restou comprovada a qualidade de segurado do falecido,


tendo em vista que, quando do óbito, ocorrido em 30/01/2010, o segurado
ainda estava no período de graça, uma vez que o registro do período de graça
CNIS demonstrou que o vínculo trabalhista formal do de cujus cessou em
05/11/2007, tendo recebido de cujus seguro-desemprego no período de
11/02/2008 até 26/05/2008, razão pela qual a qualidade de segurado se
estendeu por 24 (vinte e quatro) meses, nos termos do art. 15, § 2º, da Lei nº
8.213/91, ou seja, perdurou ao menos, , até 26/05/2010 (Id. nº
8200126.19012735, fls. 22 e 60).

Infere-se, pois, nítida pretensão da parte recorrente de provocar o rejulgamento


da causa, situação que, demandaria contraposição aos fundamentos decisórios do
acórdão recorrido, e não simples apontamento de violação do art. 1.022 do CPC/2015.
Ante o exposto, com fulcro no artigo 932, IV, do CPC/2015 c/c o artigo 255, § 4º,
II, do RISTJ, nego provimento ao recurso especial. Caso exista nos autos prévia fixação
de honorários advocatícios pelas instâncias de origem, determino sua majoração em
desfavor da parte recorrente, no importe de 15% sobre o valor já arbitrado, percentual
esse justificado pelo tempo decorrido entre a interposição do recurso e julgamento e a
complexidade da causa, nos termos do art. 85, § 11, do Código de Processo Civil. Os
limites percentuais previstos nos §§ 2º e 3º do referido dispositivo legal devem ser
observados.
Publique-se.

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Intimem-se.

Brasília, 21 de fevereiro de 2022.

MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES


Relator

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