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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _ VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO

JUDICIÁRIA DE PORTO ALEGRE/RS

EMPRESA XXXXXXXX, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº


xxxxxxxxxxx, com sede na Rua A, nº 1, em Porto Alegre/RS, vem, respeitosamente, por
meio de sua advogada abaixo assinada, ajuizar a presente

Ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária com


pedido de tutela provisória antecipada de urgência

Em face da UNIÃO FEDERAL – FAZENDA NACIONAL.

DOS FATOS

A Autora é sociedade empresária empregadora, na qual mantém


procedendo rigorosamente com o recolhimento de todos os tributos, bem como os
das contribuições sociais incidentes sobre a folha de salários dos empregados.

Entretanto, o assunto a ser discutido se refere a tese de: Não-incidência


das contribuições previdenciárias (INSS) sobre as verbas pagas pelos empregadores a
seus empregados que tenham natureza meramente indenizatória.

Sendo assim, é de interesse e direito do autor à declaração de INEXISTÊNCIA


das verbas indenizatórias de relação jurídico-tributária, também consolidado no artigo
19 inciso I e 20 do CPC.

DO DIREITO

As contribuições de responsabilidade do empregador incidem sobre a folha


de salário e demais rendimentos pagos como parte de trabalho efetivo.  Portanto, a
incidência ocorre sobre verbas que remuneram o trabalho, pagas com habitualidade.

Ocorre a não incidência da contribuição quando as verbas são de caráter


meramente indenizatório, não tendo natureza salarial, sendo: (i) Aviso-prévio
indenizado; (ii) 1/3 de férias indenizadas; (iii) 15 dias de auxílio-doença/acidente pagos
pelo empregador; (iv) Auxílio-alimentação in natura; (v) Auxílio-alimentação pago
através de ticket ou vale-refeição; (vi) Vale-transporte; (vii) Salário-família; (viii)
Gratificações e prêmios não habituais; (ix) Auxílio-creche; (x) Salário-maternidade.
O Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do RE 565.160/SC, já firmou
orientação pela constitucionalidade da incidência da contribuição previdenciária
patronal sobre todos os ganhos recebidos pelos empregados e trabalhadores, a
qualquer título, quando pagos com habitualidade e em retribuição direta à atividade
laboral.

A Receita Federal através da Solução de Consulta n° 127/2021 divulgando este


entendimento que foi firmado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do
Recurso Extraordinário nº 576.967/PR, com repercussão geral reconhecida (Tema nº
72), sem modulação de efeitos, e em razão do disposto nos arts. 19, VI, § 9º, e 19-A, III,
§ 1º, da Lei nº 10.522, de 2002, na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1, de 2014, e nos
Pareceres SEI 18361/2020/ME e 19424/2020/ME,  informa que é inconstitucional a
incidência da contribuição previdenciária patronal sobre o salário-maternidade,
inclusive a sua respectiva contribuição adicional, bem como aquela destinada a
terceiros cuja base de cálculo seja, exclusivamente, a folha de salários.

No entendimento acerca do tema, o STJ julgou recentemente em 12/05/2022:

EMENDA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA. FÉRIAS GOZADAS. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO
PROPORCIONAL AO AVISO PRÉVIO INDENIZADO. INCIDÊNCIA.
SALÁRIO-MATERNIDADE. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 72 RE
576.967. JUIZO DE RETRATAÇÃO PARCIAL. I – A Vice-Presidência
desse Superior Tribunal de Justiça, diante do entendimento firmado
pelo STF no Tema 163, de Repercussão Geral, enviou os autos para
possível retratação da decisão proferida no agravo interno, pela qual
foi reconhecida a incidência de contribuição previdenciária sobre o
salário maternidade, férias gozadas e decimo terceiro proporcional
ao aviso prévio indenizado. II – As três verbas são pagas aos
servidores vinculados ao Regime Geral de Previdência social – RGPS,
pelo Município de Montanhas e, por isso, a solução da controvérsia é
diversa daquela decidida no RE 593.068/SC, tema 163 de
Repercussão Geral. III - O Supremo Tribunal Federal, no julgamento
do RE n. 576.967 RG/SC, sob a sistemática da repercussão geral
(Tema n. 72), firmou a tese de que: “é inconstitucional a incidência de
contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o salário
maternidade”. IV - Em relação às férias gozadas e ao décimo terceiro
salário proporcional ao aviso prévio, é pacífico o entendimento da
Primeira Seção pela incidência da contribuição previdenciária sobre
tais verbas. Precedentes: AgInt no REsp 1945323/BA, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
11/04/2022, DJe 19/04/2022 e REsp 1814866/SC, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/10/2019, DJe
18/10/2019. V – Juízo de retratação exercido para dar provimento
parcial ao agravo interno para conhecer do Agravo em Recurso
Especial e dar provimento parcial ao recurso especial interposto
pela FAZENDA NACIONAL para reconhecer a incidência da
contribuição previdenciária sobre as férias gozadas e sobre o
décimo terceiro salário proporcional ao aviso prévio indenizado,
excluindo-se a incidência do tributo, no entanto, sobre o salário
maternidade.
ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes
as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do
Superior Tribunal de Justiça, "Prosseguindo-se no julgamento, após o
voto-vista da Sra. Ministra Assusete Magalhães, divergindo
parcialmente do Sr. Ministro-Relator para dar parcial provimento ao
agravo regimental e, por fundamento diverso, conhecer do agravo e
dar parcial provimento ao recurso especial, em menor extensão do
que o fizera anteriormente a Segunda Turma, o realinhamento de
voto do Sr. Ministro Francisco Falcão aos termos do voto-vista da Sra.
Ministra Assusete Magalhães, a Turma, por unanimidade, dar parcial
provimento ao agravo regimental a fim de conhecer do agravo e dar
parcial provimento ao recurso especial, em menor extensão do que o
fizera anteriormente a Segunda Turma no acórdão ora submetido a
juízo de retratação, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator." Os
Srs. Ministros Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e
Assusete Magalhães (voto-vista) votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Og FernandesBrasília (DF),
10 de maio de 2022(Data do Julgamento).

Assim, como a jurisprudência acima, não há o que se falar de incidente de


contribuição ao INSS do salário maternidade, nem de qualquer natureza de caráter
meramente indenizatório.

Devendo ser deferido o presente pedido, para afastar a incidência de


caráter indenizatório da base de cálculo das contribuições ao INSS, pois trata-se de
verba indenizatória não sujeita à contribuição previdenciária, devendo então ser
DECLARADO A INEXIGIBILIDADE DA COBRANÇA, conforme expresso no artigo 28, inciso
9, alínea “d” da LEI 8212/91.

2.1. DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

Conforme já mencionado, não deverá ser contabilizado as verbas meramente


indenizatórias para fins de incidência do INSS, pois tem caráter de ilegalidade, então, a
parte autora requer a repetição do indébito tendo em vista se tratar de valores
indevidos.

A cobrança indevida consubstancia violação ao dever anexo de cuidado e,


portanto, destoa do parâmetro de conduta determinado pela incidência do princípio
da boa-fé objetiva. Demonstrado de forma inequívoca a cobrança indevida, a Autora
faz jus à repetição de indébito dos pagamentos realizados, conforme artigo 74 da LEI
9430/1996.

Portanto, devida a repetição de indébito dos tributos recolhidos


indevidamente nos últimos 5 anos.

LIMINARMENTE – DA TUTELA DE URGENCIA


De acordo com o artigo 311 do CPC, a tutela de evidência tem a finalidade
de efetivar o direito da Autora face à possível morosidade do processo, uma vez que
demonstra de forma inequívoca o seu direito e a empresa vêm arcando com os
prejuízos desta ilegalidade.

Assim, considerando o preenchimento dos requisitos legais, tem-se por


necessária a concessão da tutela de evidência.

Conforme mencionado anteriormente, o caso em tela se trata de tese


firmada em julgamentos repetitivos RE 574.406.

Dessa forma, requer ordem liminar inaudita altera pars, nos termos do art.
9º, inciso II, do CPC, ordem para determinar a exclusão do ICMS da base de cálculo do
PIS e COFINS, bem como a repetição do indébito.

DOS PEDIDOS

Isto posto, requer:

I – Concessão de tutela provisória antecipada de urgência, nos termos do artigo 300 do


CPC, para os fins de suspender a exigibilidade do crédito tributário, conforme artigo
151, V, do CTN;

II – Procedência do pedido para os fins de declarar a inexistência da relação jurídico-


tributária entre o Autor e a Ré, nos termos dos artigos 19, inciso I e 20, ambos do CPC.
Bem como, reconhecendo assim e DECLARANDO a não-incidência de contribuição
previdenciária sobre as verbas pagas aos empregados consideradas meramente
indenizatórias, tais como: (i) Aviso-prévio indenizado; (ii) 1/3 de férias indenizadas; (iii)
15 dias de auxílio-doença/acidente pagos pelo empregador; (iv) Auxílio-alimentação in
natura; (v) Auxílio-alimentação pago através de ticket ou vale-refeição; (vi) Vale-
transporte; (vii) Salário-família; (viii) Gratificações e prêmios não habituais; (ix) Auxílio-
creche; (x) Salário-maternidade.

III – A citação do ente público (parte Ré), na pessoa de seu representante judicial, para
apresentar a sua resposta no prazo legal.

IV – Pedido de repetição do indébito, com a declaração a compensação, nos termos da


legislação específica, dentro dos prazos previstos em lei contra a Fazenda Pública, dos
valores pagos a maior pela Autora, decorrentes da procedência dos pedidos
antecedentes, corrigidos igualmente na forma da legislação pertinente.

V – A condenação da parte Ré às custas processuais e aos ônus sucumbenciais gerais,


inclusos os honorários advocatícios.

Valor da causa: R$ 20.000,00 (vinte mil reais).


Nestes termos, pede deferimento.

Porto Alegre, 18 de maio de 2022.

ADVOGADO
OAB/RS XXX.XXX

GRUPO: Felipe Capela Lopes (matrícula 16105453-1), Vicente Scheeren Mattos


(matrícula 17201232-0), Felipe Zyngier da Silva (matrícula 17200362-6), Daniella Isabel
Ortiz Pires (matrícula 18180706-6) e Ana Paula Melo Fernandes (matrícula 19280321).

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