Você está na página 1de 13

Trabalho Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Dignidade

Sexual e Família

João Vitor dos Santos Sepúlveda

Estrupo – Art. 213, CP. –


STJ
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
ESTUPRO. ARTIGO 213, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. EXASPERAÇÃO DA
PENA-BASE. ART. 59 DO CP. ANÁLISE NEGATIVA DA PERSONALIDADE.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A
avaliação negativa da personalidade, circunstância judicial prevista no art. 59
do Código Penal, "não reclama a existência de laudo técnico especializado,
podendo ser aferida a partir de dados da própria conduta do acusado que
indiquem maior periculosidade do agente" (AgRg no REsp 1.802.811, Rel.
Ministro ANTÔNIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, DJe 1º/7/2020).
2. No caso em apreço, a referida vetorial foi avaliada negativamente em razão
da forma cruel e covarde com a qual o recorrente executou a ação criminosa
contra vítima do sexo feminino, de apenas 17 (dezessete) anos de idade. 3.
Não se verifica a suscitada ofensa ao art. 59 do Código Penal, porque foram
apresentados elementos concretos e idôneos para o fim de julgar
desfavorável a personalidade do réu. 4. Agravo regimental a que se nega
provimento.

(STJ - AgRg no AREsp: 1840795 TO 2021/0048484-2, Relator: Ministro


RIBEIRO DANTAS, Data de Julgamento: 14/09/2021, T5 - QUINTA TURMA,
Data de Publicação: DJe 20/09/2021)

STF
Agravo regimental no recurso ordinário em habeas corpus. 2. Denúncia de
estupro de vulnerável. Artigo 217-A do CP. Constatada a idade de 14 anos,
magistrado alterou, de ofício, a capitulação para o tipo do artigo 213 do
Código Penal. Emendatio Libelli. Possibilidade. 3. Estupro praticado com
violência real. Vítima que, em Juízo, afirmou que “após tapar-lhe a boca para
que não gritasse a despiu e contra sua vontade forço-a a prática do ato
sexual”. Irrelevância da idade. 4. O acusado se defende dos fatos descritos
na denúncia e não de sua classificação jurídica. Precedentes. 5.
Irregularidade havida durante a instrução. Ausência de protesto da defesa em
mesa, tampouco em alegações finais. O silêncio, nas alegações finais, acerca
de irregularidade ocorrida em audiência, implica preclusão. 6. Agravo
improvido.

(STF - RHC: 185117 PA 0284215-04.2019.3.00.0000, Relator: GILMAR


MENDES, Data de Julgamento: 12/05/2021, Segunda Turma, Data de
Publicação: 20/05/2021)
Violência Sexual Mediante Fraude – Art. 215, CP.
STJ:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO SEXUAL
MEDIANTE FRAUDE. ART. 215 DO CÓDIGO PENAL. DESNECESSIDADE
DE ANULAR, POR COMPLETO, A LIVRE MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DA
VÍTIMA. DESCLASSIFICAÇÃO DE UM DOS CRIMES PARA
CONTRAVENÇÃO PENAL. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA N. 7
DO STJ. AGRAVANTE GENÉRICA NÃO DESCRITA NA DENÚNCIA.
POSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO PELO MAGISTRADO. BIS IN
IDEM. CONTINUIDADE DELITIVA. FUNDAMENTOS NÃO INFIRMADOS.
SÚMULA N. 182 DO STJ. 1. Para configuração do tipo descrito no art. 215 do
Código Penal, não há necessidade de anular, por completo, a livre
manifestação de vontade da vítima, mas de deixá-la em tal condição que sua
vontade esteja viciada. 2. Em crimes sexuais praticados na clandestinidade,
deve-se dar relevante valor à palavra da vítima. 3. Incide a Súmula n. 7 do STJ
quando a revisão do entendimento adotado pelas instâncias ordinárias implica
o revolvimento do acervo fático-probatório dos autos. 4. É possível o
reconhecimento de agravantes genéricas pelo magistrado, ainda que não
descritas na denúncia. 5. Não se conhece de agravo regimental que não
infirma os fundamentos da decisão agravada. Incidência da Súmula n. 182 do
STJ. 6. Agravo regimental parcialmente conhecido e desprovido.

(STJ - AgRg no REsp: 1765521 SP 2018/0234796-0, Relator: Ministro JOÃO


OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 24/08/2021, T5 - QUINTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 27/08/2021)
STF
Processual penal. Agravo regimental em habeas corpus. Violência sexual
mediante fraude. Prisão preventiva. Gravidade em concreto. Reiteração
criminosa. Excesso de prazo. Condições objetivas da causa. Jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal. 1. O entendimento do Supremo Tribunal Federal
(STF) é no sentido de que a gravidade em concreto do crime e a fundada
probabilidade de reiteração criminosa constituem fundamentação idônea para a
decretação da custódia preventiva (HC 137.234, Rel. Min. Teori Zavascki; HC
136.298, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; HC 136.935-AgR, Rel. Min. Dias
Toffoli). 2. A hipótese é de paciente, reincidente, “denunciado pela prática de
violação sexual mediante fraude, em vinte e três oportunidades, praticando
atos libidinosos contra nove vítimas distintas, que foram mantidas em erro por
acreditarem que se submetiam a procedimento médico” (trecho do acórdão do
TJ/SP). 3. O STF firmou o entendimento no sentido de que a aferição de
eventual demora injustificada na tramitação da ação penal depende das
condições objetivas da causa (complexidade da causa, número de acusados e
a necessidade de expedição de cartas precatórias, por exemplo). 4. Agravo
regimental a que se nega provimento.

(STF - HC: 202371 SP 0054481-86.2021.1.00.0000, Relator: ROBERTO


BARROSO, Data de Julgamento: 23/08/2021, Primeira Turma, Data de
Publicação: 30/08/2021)

Importunação Sexual – Art. 215-A, CP.

STJ
AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. INDEFERIMENTO LIMINAR.
IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO CABÍVEL. UTILIZAÇÃO
INDEVIDA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. VIOLAÇÃO AO SISTEMA
RECURSAL. DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA IMPUTADA AO RÉU
PARA A PREVISTA NO ARTIGO 215-A DO CÓDIGO PENAL. MATÉRIA NÃO
ANALISADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL MAIS BENÉFICA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA
EXECUÇÃO. COAÇÃO ILEGAL NÃO CONFIGURADA. DESPROVIMENTO
DO RECLAMO. 1. A via eleita revela-se inadequada para a insurgência contra
o ato apontado como coator, pois o ordenamento jurídico prevê recurso
específico para tal fim, circunstância que impede o seu formal conhecimento. 2.
A pretendida aplicação retroativa da Lei 13.718/2018 aos fatos imputados ao
paciente não foi alvo de deliberação pela instância de origem, o que impede
qualquer manifestação deste Sodalício sobre o tópico, sob pena de se
configurar a prestação jurisdicional em indevida supressão de instância.
Precedentes. 3. Nos termos do artigo 66, inciso I, da Lei de Execuções Penais,
compete ao Juízo da Execução a aplicação da lei penal mais benigna, quando
já transitada em julgado a sentença condenatória. Enunciado 611 da Súmula
do Supremo Tribunal Federal. Precedentes. 4. Agravo regimental desprovido.

(STJ - AgRg no HC: 551363 SP 2019/0371392-2, Relator: Ministro JORGE


MUSSI, Data de Julgamento: 17/12/2019, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 19/12/2019)
STF
AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. PENAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DO ART.
215-A DO CP. IMPOSSIBILIDADE. MANUTENÇÃO DO DECISUM. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A inexistência de argumentação apta a
infirmar o julgamento monocrático conduz à manutenção da decisão recorrida.
2. As instâncias ordinárias, soberanas quanto à matéria fático-probatória,
concluíram que a conduta praticada pelo paciente amolda-se ao tipo de estupro
de vulnerável (art. 217-A do Código Penal), cuja previsão legal engloba tanto a
prática de conjunção carnal quanto atos libidinosos com vítima menor de
catorze anos. 3. Em se tratando de ato libidinoso praticado contra criança de
dez anos de idade, incabível a desclassificação para o crime de importunação
sexual (art. 215-A do CP). Precedentes. 4. Agravo regimental não provido.

(STF - AgR HC: 172970 SP - SÃO PAULO 0025057-67.2019.1.00.0000,


Relator: Min. EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 04/05/2020, Segunda
Turma, Data de Publicação: DJe-140 05-06-2020)

Assédio Sexual – Art. 216-A


STJ
CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 156.443 - SP (2018/0017663-1)
RELATOR : MINISTRO ANTONIO SALDANHA PALHEIRO SUSCITANTE :
JUÍZO DE DIREITO DA 1A VARA DE PIRASSUNUNGA - SP SUSCITADO :
JUÍZO FEDERAL DA 1A VARA DE SÃO CARLOS - SJ/SP INTERES. :
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL INTERES. : J R N DECISÃO Trata-se de
conflito negativo de competência suscitado pelo JUÍZO DE DIREITO DA 1ª
VARA DE PIRASSUNUNGA/SP em face do JUÍZO FEDERAL DA 1ª VARA DE
SÃO CARLOS/SP. Controverte-se nos autos sobre qual seria o Juízo
competente para processar e julgar a ação penal em que se apura a prática do
delito de assédio sexual (art. 216-A do Código Penal), em tese, praticado por
médico militar ocupante do posto de Aspirante a Oficial do Quadro de Oficiais
da Ativa da Aeronáutica. Contudo, o caso é de não conhecimento do conflito
em razão da superveniência de decisão emanada do Tribunal Regional Federal
da 3ª Região, que, em recurso em sentido estrito, firmou a competência da
Justiça Militar da União, "esvaziando-se o Conflito instaurado [... ]" - e-STJ fl.
138. Ante o exposto, não conheço do conflito de competência. Publique-se.
Comunique-se. Brasília, 16 de abril de 2020. Ministro ANTONIO SALDANHA
PALHEIRO Relator

(STJ - CC: 156443 SP 2018/0017663-1, Relator: Ministro ANTONIO


SALDANHA PALHEIRO, Data de Publicação: DJ 22/04/2020)

STF
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL, ASSÉDIO SEXUAL CONTRA CRIANÇA E
FORNECIMENTO DE BEBIDA ALCOÓLICA PARA CRIANÇA.
INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE FLAGRANTE
OU ABUSO DE PODER. 1. O habeas corpus, mesmo quando adequadamente
manejado, somente deverá ser concedido em caso de réu preso ou na
iminência de sê-lo, presentes as seguintes condições: (i) violação à
jurisprudência consolidada do STF; (ii) violação clara à Constituição; ou (iii)
teratologia na decisão impugnada, caracterizadora de absurdo jurídico.
Precedentes. 2. Situação concreta em que o paciente não está preso ou na
iminência de sê-lo, não havendo nos autos elementos suficientes que
demonstrem a absoluta incompetência do Juízo processante da causa.
Ademais, considerando que os delitos foram praticados em continuidade
delitiva, e no território de duas Comarcas distintas, a hipótese atrai, em linha de
princípio, a regra da prevenção, conforme disposto no art. 71 do Código de
Processo Penal. Ausência de teratologia, ilegalidade flagrante ou abuso de
poder que justifique a concessão da ordem de ofício. 3. Inexiste violação ao
princípio da colegialidade na utilização, pelo Ministro relator, das faculdades
previstas no art. 21, § 1º, do RI/STF (MS 28097-AgR, Rel. Min. Celso de Mello;
RHC 119.231-AgR, Relª. Minª. Cármen Lúcia; HC 118.438, Rel. Min. Teori
Zavascki). 4. Agravo regimental desprovido.

(STF - AgR HC: 171767 PR - PARANÁ 0023202-53.2019.1.00.0000, Relator:


Min. ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 27/04/2020, Primeira Turma,
Data de Publicação: DJe-119 14-05-2020)

Registro não Autorizado da Intimidade Sexual – Art. 216-B, CP.


STJ
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 150231 - DF (2021/0215122-9)
DECISÃO Cuida-se de recurso ordinário em habeas corpus com pedido de
liminar interposto por V. DA C. M. contra acórdão do TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS (HC n. 0716964-
26.2021.8.07.0000). O paciente foi preso preventivamente, em 11/5/2021, pela
suposta prática dos delitos de estupro e registro não autorizado da intimidade
sexual (arts. 213 e 216-B do Código Penal). A defesa sustenta a ausência de
fundamentação apta a justificar a segregação cautelar imposta ao acusado,
reputando não atendidos os requisitos autorizadores da medida extrema do art.
312 do Código de Processo Penal. Alega que a prisão preventiva foi
fundamentada unicamente na gravidade abstrata dos delitos imputados e que o
risco de reiteração foi aferido com base em fatos não contemporâneos. Requer,
liminarmente e no mérito, a revogação a custódia preventiva imposta ao
recorrente, ainda que com a adoção de outras medidas cautelares menos
gravosas. É, no essencial, o relatório. Decido. Em juízo de cognição sumária,
verifica-se que inexiste flagrante ilegalidade que justifique o deferimento do
pleito liminar em regime de plantão. Considerando que o pedido se confunde
com o próprio mérito do recurso, deve-se reservar ao órgão competente a
análise mais aprofundada da matéria por ocasião do julgamento definitivo. Ante
o exposto, indefiro o pedido de liminar. Encaminhem-se os autos ao Ministério
Público Federal para manifestação. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 09 de
julho de 2021. MINISTRO HUMBERTO MARTINS Presidente

(STJ - RHC: 150231 DF 2021/0215122-9, Relator: Ministro HUMBERTO


MARTINS, Data de Publicação: DJ 12/07/2021)
STF
Trata-se de habeas corpus impetrado contra acórdão proferido pela Quinta
Turma do Superior Tribunal de Justiça – STJ, que negou provimento ao Agravo
Regimental no REsp 1.860.910/MG, assim ementado: “PROCESSO PENAL.
TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. BUSCA E APREENSÃO.
POSSIBILIDADE. INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO. EXISTÊNCIA DE
FUNDADAS RAZÕES SOBRE A PRÁTICA DO ILÍCITO. MATÉRIA
CONSTITUCIONAL. PREQUESTIONAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO DESPROVIDO. 1. O tráfico
ilícito de drogas é delito permanente, podendo a autoridade policial ingressar
no interior do domicílio do agente, a qualquer hora do dia ou da noite, para
fazer cessar a prática criminosa e apreender a substância entorpecente que
nele for encontrada, sem que, para tanto, seja necessária a expedição de
mandado de busca e apreensão. 2. No caso concreto, a entrada na residência
pela autoridade policial foi precedida de fundadas razões que levaram à
suspeita da prática do crime, pois, durante operação de combate a homicídios
e ao tráfico de drogas, no interior do Aglomerado Cabana do Pai Tomás,
receberam informações fidedignas de que indivíduos estariam comercializando
entorpecentes no local em que foram apreendidos. 3. O Superior Tribunal de
Justiça não é competente para se manifestar sobre suposta violação de
dispositivo constitucional, nem sequer a título de prequestionamento, sob pena
de usurpação da competência reservada ao Supremo Tribunal Federal. 4.
Agravo regimental a que se nega provimento” (pág. 221 do doc. eletrônico 3).
Neste habeas corpus, a defesa alega que “A Colenda Quinta Turma do
Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Agravo Regimental entendeu
que a entrada dos milicianos foi ‘franqueada’ pelo réu e também foi
fundamentado que ‘a entrada na residência pela autoridade policial foi
precedida de fundadas razões que levaram à suspeita da prática do crime,
pois, durante operação de combate a homicídios e ao tráfico de drogas, no
interior do Aglomerado Cabana do Pai Tomás, receberam informações
fidedignas de que indivíduos estariam comercializando entorpecentes no local
em que foram apreendidos’. Com a máxima vênia, o que não foi observado na
r. decisão recorrida é que se verifica da narrativa no acórdão, do auto de prisão
em flagrante, e dos depoimentos testemunhais nada mais é do que o abuso de
autoridade dos policiais militares que invadiram a suposta residência sem
mandado de busca e apreensão e sem o consentimento do morador ou de
quem ali se encontrava no momento da abordagem e no feito em apreço - e o
que faz toda diferença - antes do ingresso dos policiais na casa do paciente
não havia qualquer situação de flagrância delitiva que autorizasse a busca.
Além disso, jamais poderia ser considerado como fundada suspeita induzindo
uma busca domiciliar sem autorização judicial suposições decorrentes de
denúncia anônima. Além do mais, a análise de que a entrada dos policiais na
residência do paciente foi autorizada pelo mesmo não há que prosperar, haja
vista que o que se verifica é que a diligência foi realizada sem anuência livre e
específica do morador. Aliás, não há qualquer referência à formalização do
consentimento do acusado ou de qualquer morador para a realização das
buscas. Em juízo, um dos policiais presentes na ação, afirmou que a entrada
do domicílio do paciente foi autorizada por um vizinho e não pelo morador do
imóvel” (págs. 6-7 da petição inicial). Argumenta, por conseguinte, que estão
demonstradas, no caso, “a irregularidade e dúvida quanto a natureza e
motivação da operação policial que culminou com a prisão do recorrente, que a
toda vista é irregular e viciada, devendo ser desconsideradas as provas obtidas
através da Ação policial, pois, obtidas irregularmente, mediante violação do
domicilio do requerente, o que é vedado pela CR/88 no artigo 5º, inciso XI”
(pág. 8 da petição inicial). Requer, ao final, a “concessão da ordem do presente
habeas corpus, inclusive liminarmente, reformando-se o v. acórdão guerreado
para reconhecer a violação art. 5º, incisos XI e LVI, da Constituição Federal,
para que seja reconhecida a ilicitude da busca domiciliar procedida pela Polícia
Militar na residência do paciente, com a consequente absolvição […], ante a
ausência de provas aptas a embasar o decreto condenatório” (pág. 15 da
petição inicial). É o relatório. Decido. Sem razão a impetrante. Constam do
acórdão do Superior Tribunal de Justiça os seguintes aspectos que bem
demonstram a dinâmica dos fatos e regularidade da atuação policial que
culminou na prisão em flagrante do paciente: “Acerca do tema trazido à
discussão no agravo regimental no recurso especial, assim ficou assentado
pela Corte a quo (e-STJ fls. 424-430 – destaques acrescidos): ‘[...] Consoante
se extrai dos autos, durante operação policial na localidade denominada
Cabana do Pai Tomas, policiais militares receberam informações de que o
entorpecente a ser comercializado estava armazenado na residência do
apelante. No local, os policiais tiveram a entrada no lote franqueada por um dos
moradores. Ato continuo, diante dos fortes indícios da ocorrência do tráfico de
drogas no imóvel, em estrita observância aos seus deveres legais, os militares
adentraram na casa e localizaram diversos pinos de cocaína, tanto no interior
da residência quanto nas imediações do lote. Aqui registro que a contradição
apontada pela i. defesa nos relatos dos policiais acerca da dinâmica da
diligência - se a entrada no imóvel foi permitida pelo próprio recorrente ou se a
porta da casa estava aberta - não é relevante. Isto porque vejo que havia sérios
indícios de que traficantes locais estariam mantendo entorpecente destinado ao
comércio ilegal armazenado no interior do imóvel. E, tratando-se de delito
permanente, cuja execução se prolonga no tempo, admitindo a prisão em
flagrante, tenho que a entrada na residência realmente prescinde da expedição
do respectivo mandado de busca e apreensão. Inteligência do art. 302-1 do
CPP. […] Relativamente à pena corporal, tenho que não há reparo a ser feito.
Observo que a pena -base restou fixada no mínimo legal: 05 anos de reclusão
e 500 dias/multa. Na segunda fase, foi acertadamente reconhecida a agravante
da reincidência - CAC de fls. 101/102. Não existem atenuantes’. Noticiam,
ainda, os autos que ‘policiais militares, durante operação de combate a
homicídios e ao tráfico de drogas, no interior do Aglomerado Cabana do Pai
Tomás, receberam informações fidedignas de que indivíduos estariam
comercializando entorpecentes no local conhecido como Casinha da Amanda e
armazenando tais substâncias na residência de endereço Rua Dona Maria
Dinis Ferreira, nº 150, no Bairro Havaí’ (e-STJ fl. 1), razão pela qual para lá se
deslocaram. Ato contínuo, o réu franqueou a entrada dos agentes na
residência, oportunidade em que localizaram entorpecentes, dinheiro em
espécie e uma pequena agenda, contendo anotações referentes ao tráfico (e-
STJ fl. 2). Feitos tais esclarecimentos, não se verifica qualquer irregularidade
no fato de os policiais haverem ingressado na residência do paciente sem
prévio mandado de busca e apreensão, pois foi acusado de praticar o crime de
tráfico de drogas, estando-se diante de ilícito de natureza permanente. Como
se sabe, nas infrações penais permanentes a prisão em flagrante pode se dar a
qualquer momento, enquanto perdurar a consumação, nos termos do artigo
303 do Código de Processo Penal, que preceitua que ‘nas infrações
permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a
permanência’. A desnecessidade de mandado de busca e apreensão quando
se trata de situação de flagrante delito é amplamente admitida pela doutrina,
merecendo menção, no ponto, a lição de Eugênio Pacelli: ‘A Constituição
Federal de 1988, como visto, estabelece a inviolabilidade do domicílio, com o
que alguém somente poderá nele adentrar, sem o consentimento do morador,
para prestar socorro ou em situação de flagrante delito. E que não haja
dúvidas: a autorização constitucional para o ingresso em residência durante a
situação de flagrante delito prevalece em razão do risco aos bens jurídicos
protegidos pela ordem jurídica, independentemente da vontade de quem seja o
proprietário ou morador da residência. Assim, ainda que o delito no interior da
residência esteja sendo praticado pelo seu proprietário, qualquer pessoa do
povo está autorizada a ingressar na casa para a proteção dos aludidos bens
(vida, liberdade sexual, patrimônio, etc.). Evidentemente, a prova assim obtida
nada terá de ilícita, quer quanto à sua obtenção, quer quanto à sua produção e
valoração no processo. Nada terá de ilícita por uma razão bem simples: o
Direito, salvo raras exceções, não protege as ações atentatórias contra bens e
valores reconhecidos expressamente no ordenamento jurídico. De outro modo,
o Direito não protege as violações praticadas contra ele mesmo (Direito). À
evidência, ninguém poderá argumentar, no interior de sua residência, que tem
o direito de ali estuprar ou matar a pessoa de sua preferência, por se encontrar
supostamente protegido pela inviolabilidade do domicílio. Esta inviolabilidade
existe e somente existirá na medida e nos limites em que o seu titular estiver
no exercício de seu legítimo direito (à intimidade, à privacidade, por exemplo).
Do mesmo modo, pelo fato de existir norma penal incriminadora da conduta de
manter em depósito substância entorpecente (Lei nº 11.343/06), essa mesma
pessoa não poderá alegar o seu direito à inviolabilidade do domicílio, em razão
de não se encontrar no exercício de qualquer um dos seus direitos individuais.
Por isso, em uma situação de flagrante delito (de qualquer delito), o ingresso
no domicílio é expressamente autorizado pela norma constitucional.’ (Curso de
Processo Penal. 10ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 317/318.)
Idêntica orientação foi firmada pelo Excelso Pretório em recurso submetido ao
regime de repercussão geral, ocasião em que se fixou a compreensão de que a
entrada forçada em domicílio é lícita, mesmo em período noturno, quando
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito” (págs. 224-
226 do doc. eletrônico 3; grifos no original). Nesse contexto, é de considerar-se
legítima a atuação dos policiais militares que executaram a prisão em flagrante
do acusado, mormente porque os referidos agentes públicos agiram depois de
verificarem que havia elementos mínimos a caracterizar fundadas razões (justa
causa) para a medida. Tanto que o flagrante resultou na apreensão da droga,
sedo irrelevante, portanto, a discussão de ter havido ou não o franqueamento
dos policiais à residência. Com essa compreensão, menciono o seguinte
precedente do Plenário desta Suprema Corte, inclusive citado no acórdão
questionado: “Recurso extraordinário representativo da controvérsia.
Repercussão geral. 2. Inviolabilidade de domicílio – art. 5º, XI, da CF. Busca e
apreensão domiciliar sem mandado judicial em caso de crime permanente.
Possibilidade. A Constituição dispensa o mandado judicial para ingresso
forçado em residência em caso de flagrante delito. No crime permanente, a
situação de flagrância se protrai no tempo. 3. Período noturno. A cláusula que
limita o ingresso ao período do dia é aplicável apenas aos casos em que a
busca é determinada por ordem judicial. Nos demais casos – flagrante delito,
desastre ou para prestar socorro – a Constituição não faz exigência quanto ao
período do dia. 4. Controle judicial a posteriori. Necessidade de preservação da
inviolabilidade domiciliar. Interpretação da Constituição. Proteção contra
ingerências arbitrárias no domicílio. Muito embora o flagrante delito legitime o
ingresso forçado em casa sem determinação judicial, a medida deve ser
controlada judicialmente. A inexistência de controle judicial, ainda que posterior
à execução da medida, esvaziaria o núcleo fundamental da garantia contra a
inviolabilidade da casa (art. 5, XI, da CF) e deixaria de proteger contra
ingerências arbitrárias no domicílio (Pacto de São José da Costa Rica, artigo
11, 2, e Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, artigo 17, 1). O
controle judicial a posteriori decorre tanto da interpretação da Constituição,
quanto da aplicação da proteção consagrada em tratados internacionais sobre
direitos humanos incorporados ao ordenamento jurídico. Normas internacionais
de caráter judicial que se incorporam à cláusula do devido processo legal. 5.
Justa causa. A entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia
conforme o direito, é arbitrária. Não será a constatação de situação de
flagrância, posterior ao ingresso, que justificará a medida. Os agentes estatais
devem demonstrar que havia elementos mínimos a caracterizar fundadas
razões (justa causa) para a medida. 6. Fixada a interpretação de que a entrada
forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a
posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito,
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade dos atos praticados. 7. Caso concreto. Existência de
fundadas razões para suspeitar de flagrante de tráfico de drogas. Negativa de
provimento ao recurso” (RE 603.616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes; grifei). No
mesmo sentido: RHC 117.159/DF, de relatoria do Ministro Luiz Fux; HC
84.772/MG, de relatoria da Ministra Ellen Gracie; HC 127.457/BA, de relatoria
do Ministro Dias Toffoli; e RHC 121.419/SP, de minha relatoria. Deste modo,
para chegar-se à conclusão contrária, seria necessário o aprofundado reexame
dos elementos probatórios da causa, o que não se admite na via do habeas
corpus. Isso posto, denego a ordem (art. 192 do RISTF). Publique-se. Brasília,
23 de setembro de 2020. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

(STF - HC: 191789 MG 0103742-54.2020.1.00.0000, Relator: RICARDO


LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 23/09/2020, Data de Publicação:
25/09/2020)

Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena


de sexo ou de pornografia – Art. 218-C, CP.
STJ
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. INQUÉRITO POLICIAL.
NULIDADES. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER.
SUPOSTOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA E PÚBLICA. MEDIDAS
PROTETIVAS DEFERIDAS. REQUERIMENTO EXPRESSO PELA OFENDIDA.
PALAVRA DA VÍTIMA. FORÇA PROBATÓRIA. ESPECIAL RELEVO. DEMAIS
CAUTELARES. FLAGRANTE ILEGALIDADE NÃO DEMONSTRADA.
REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO INVIÁVEL. RECURSO
DESPROVIDO. I - O suposto crime do art. 218-C do Código Penal se procede
por meio de ação penal pública incondicionada (art. 225 do Código Penal). Não
obstante, "a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça consolidou-se no
sentido de que eventuais máculas na fase extrajudicial não tem o condão de
contaminar a ação penal, dada a natureza meramente informativa do inquérito
policial' (AgRg no AREsp 898.264/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 07/06/2018, DJe 15/06/2018)" (AgRg no REsp n.
1.730.708/RO, Quinta Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe de 10/10/2018). II -
"No caso, o Juízo de origem fundamentou adequada e suficientemente a
necessidade de imposição das medidas protetivas impostas em desfavor do
recorrente, o que afasta o apontado constrangimento ilegal" (RHC n.
92.825/MT, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de
29/08/2018). III - "A análise da suposta desnecessidade das medidas protetivas
demandaria reexame aprofundado do conjunto probatório, inviável na via
estreita do habeas corpus. Precedentes" (RHC n. 92.825/MT, Quinta Turma,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 29/08/2018). IV - Em crimes
cometidos na clandestinidade, sem a presença de qualquer testemunha, a
palavra da vítima assume especial relevância como meio de prova, nos termos
do entendimento desta eg. Corte. Precedentes. V - Ainda, de se destacar que,
não demonstrada, de plano, qualquer flagrante ilegalidade, o acolhimento das
demais teses defensivas demandaria necessariamente amplo reexame da
matéria fática e probatória, procedimento, a toda evidência, incompatível com a
via do habeas corpus e do seu recurso ordinário. Precedentes. Recurso
ordinário desprovido.

(STJ - RHC: 119097 MG 2019/0305287-7, Relator: Ministro LEOPOLDO DE


ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), Data de
Julgamento: 11/02/2020, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe
19/02/2020)
STJ
HABEAS CORPUS Nº 691603 - MG (2021/0285892-7) DECISÃO Cuida-se de
habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em benefício de M V A DE A,
contra acórdão do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
no julgamento do HC n. 1.0000.21.149828-2/000. Extrai-se dos autos que o
paciente foi preso temporariamente em 12/8/2021 por ter supostamente
praticado os delitos tipificados nos arts. 213, 217-A e 218-C, § 1º, do Código
Penal (estupro, estupro de vulnerável, e divulgação de cena de estupro ou de
cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia).
Irresignada, a defesa impetrou habeas corpus perante o Tribunal de origem, o
qual denegou a ordem nos termos do acórdão que restou assim ementado:
"HABEAS CORPUS - ESTUPRO, ESTUPRO DE VULNERÁVEL E
DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA DE ESTUPRO DE
VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO OU DE PORNOGRAFIA -
REPRESENTAÇÃO DA AUTORIDADE POLICIAL PELA
PRISÃOPREVENTIVA - DECRETO DE PRISÃO TEMPORÁRIA -
DECRETAÇÃO"DE OFÍCIO"-INOCORRÊNCIA - REVOGAÇÃO OU
SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDAS CAUTELARES - IMPOSSIBILIDADE
-PRESENÇA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS -MEDIDAS PROTETIVAS
DE URGÊNCIA - SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA E VIA INADEQUADA - WRIT
NÃO CONHECIDO, NESTE PONTO - ORDEM DENEGADA NA EXTENSÃO
CONHECIDA. - A despeito de a autoridade policial ter representado pela prisão
preventiva do autuado, a decretação da custódia temporária pelo Juiz não é
considerada"de ofício", não só porque precedida de provocação, mas também
com base no princípio do livre convencimento motivado. - Mostrando-se a
prisão do paciente imprescindível às investigações do inquérito policial, e
havendo indícios de que ele esteja envolvido na prática dos crimes sexuais
pelos quais está sendo investigado, deve ser mantida a prisão temporária
decretada em seu desfavor. - A alegação de constrangimento ilegal decorrente
da não aplicação de medidas cautelares diversas da prisão não merece
guarida, vez que não se trata de hipótese de segregação preventiva e de
medida alternativa a ela, mas, sim, de prisão temporária, cujos requisitos estão
previstos na Lei 7.960/89, e não se confundem com os elencados nos artigos
312, 313 e 319 do Código de Processo Penal. - A aplicação das medidas
protetivas de urgência deve ser analisada pela autoridade judiciária de primeiro
grau, sob pena de se incorrer em indevida supressão de instância, não se
mostrando, ademais, o habeas corpus a via adequada a essa análise. - As
condições pessoais favoráveis do paciente, mesmo quando comprovadas nos
autos, por si sós, não garantem eventual direito de responder ao inquérito em
liberdade" (fl. 83). No presente writ, afirma que a autoridade policial
representou pela prisão preventiva e o juízo singular teria, de ofício, decretado
a segregação temporária, em ofensa ao arts. 282, §§ 2º e 4º e ao art. 311 do
Código de Processo Penal. Pondera que os fatos ocorreram há mais de 4
meses e ressalta a suficiência das medidas protetivas já concedidas às vítimas.
Destaca as condições pessoais favoráveis do paciente, como primariedade,
bons antecedentes e trabalho lícito. Alega ausência de fundamentação da
prisão temporária, porquanto não demonstrado de que forma pudesse o
paciente, em liberdade, obstruir as investigações. Sustenta ser adequado à
hipótese a aplicação de medidas diversas da segregação. Requer, em liminar e
no mérito, o relaxamento ou a revogação da prisão temporária. É o relatório.
Decido. Diante da hipótese de habeas corpus substitutivo de recurso próprio, a
impetração sequer deveria ser conhecida segundo orientação jurisprudencial
do Supremo Tribunal Federal e do próprio Superior Tribunal de Justiça.
Contudo, considerando as alegações expostas na inicial, razoável o
processamento do feito para verificar a existência de eventual constrangimento
ilegal. No caso, ao menos em juízo perfunctório, não é possível identificar de
plano o constrangimento ilegal aventado ou, ainda, a presença do fumus boni
iuris e do periculum in mora, elementos autorizadores para a concessão da
tutela de urgência. Confundindo-se com o mérito, a pretensão deve ser
submetida à análise do órgão colegiado, oportunidade na qual poderá ser feito
exame aprofundado das alegações relatadas após manifestação do Parquet.
Por tais razões, indefiro o pedido de liminar. Oficie-se à autoridade coatora,
bem como ao juízo de primeiro grau, a fim de requisitar-lhes, no prazo legal, as
informações pertinentes a serem prestadas, preferencialmente, pela Central do
Processo Eletrônico - CPE do STJ. Requisita-se, também, o envio de senha
para acesso ao processo no site do Tribunal, se for o caso. Após, encaminhem-
se os autos ao Ministério Público Federal para parecer. Publique-se. Intimem-
se. Brasília, 02 de setembro de 2021. JOEL ILAN PACIORNIK Relator

(STJ - HC: 691603 MG 2021/0285892-7, Relator: Ministro JOEL ILAN


PACIORNIK, Data de Publicação: DJ 03/09/2021)

Estupro de Vulnerável – Art. 217-A

STJ
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS
CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ART. 217-A DO CP.
CONSENTIMENTO DA VÍTIMA E RELACIONAMENTO AMOROSO COM O
AGENTE. IRRELEVÂNCIA. CARÁTER ABSOLUTO DA PRESUNÇÃO DE
VIOLÊNCIA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. É absoluta a
presunção de violência na prática de conjunção carnal ou outro ato libidinoso
com menor de 14 (catorze) anos, de forma que o suposto consentimento da
vítima, sua anterior experiência sexual ou a existência de relacionamento
amoroso com o agente não tornam atípico o crime de estupro de vulnerável
previsto no art. 217-A do CP. Precedentes do STJ. 2. Recurso ordinário
improvido.

(STJ - RHC: 59974 TO 2015/0124724-7, Relator: Ministro REYNALDO


SOARES DA FONSECA, Data de Julgamento: 20/08/2015, T5 - QUINTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 28/08/2015)
STF
AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL (ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL). EXECUÇÃO PROVISÓRIA
DA PENA. POSSIBILIDADE. 1. As exigências decorrentes da previsão
constitucional do princípio da presunção de inocência não são desrespeitadas
mediante a possibilidade de execução provisória da pena privativa de
liberdade, quando a decisão condenatória observar todos os demais princípios
constitucionais interligados; ou seja, quando o juízo de culpabilidade do
acusado tiver sido firmado com absoluta independência pelo juízo natural, a
partir da valoração de provas obtidas mediante o devido processo legal,
contraditório e ampla defesa em dupla instância, e a condenação criminal tiver
sido imposta, em decisão colegiada, devidamente motivada, de Tribunal de 2º
grau. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.

(STF - AgR HC: 154326 SC - SANTA CATARINA 0067488-53.2018.1.00.0000,


Relator: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Data de Julgamento: 07/05/2018,
Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-096 17-05-2018)

Você também pode gostar