Você está na página 1de 35

JOÃO VÍTOR DOS SANTOS SEPÚLVEDA

SUCESSÕES DE DIREITOS HEREDITÁRIOS

Pré-Projeto de Pesquisa apresentado como exigência


obrigatória do Edital para participação do projeto de
Iniciação Científica da Fadisa – Faculdade de Direito
de Santo André.

SANTO ANDRÉ

2021
SUCESSÕES DE DIREITOS HEREDITÁRIOS

1. Apresentação do Tema:

Um dos grandes ramos do Direito é o Direito Sucessório, tanto na


esfera nacional, quanto na internacional, no Brasil ele encontra-se previsto
na Constituição Federal no artigo 5º, inciso XXX, isto é, encontra-se
garantido constitucionalmente a qualquer indivíduo brasileiro, pelo qual por
meio do Poder Judiciário terá seu direito resguardado através da Legislação
pertinente.
Para a melhor entendimento acerca do Direito Sucessório, deve-se ser
explicado que o mesmo regula a Sucessão e como consequência a partilha
de bens e a herança, de forma a modificar e elaborar normas que devem ser
empregadas no transcorrer do acontecimento de uma sucessão, o que
ocorre no momento do falecimento ou mesmo no momento em que se
presume o falecimento deste. Surgindo deste modo o direito hereditário e
advindo a alteração do de cujos pelos seus sucessores nas relações
jurídicas em que o de cujos fazia parte.
A sucessão está diretamente ligada com a herança, que podemos
conceituar como   todo o conjunto de bens, patrimônios, investimentos,
direitos e obrigações deixados por uma pessoa falecida aos seus herdeiros,
situação está comum na vida de inúmeras pessoas, visto que a morte
acontece com qualquer indivíduo.
O presente trabalho tem como principal objeto de estudo os direitos
sucessórios no contexto da legislação e doutrina pátria, focando de forma
mais incisiva na paternidade socioafetiva no direito de sucessão. Antes de
destrincharmos melhor o artigo se faz necessário um estudo primário sobre
os direitos sucessórios, tanto ao que se refere sobre sucessão legitima
quanto testamentária, além da possibilidade de cessão dos direitos
sucessórios e outras polêmicas como o direito sucessório dos concebidos
por inseminação artificial homóloga post mortem, a herança de bens
armazenados digitalmente, aplicação dos direitos sucessórios nos casos de
paternidade socioafetiva e a sucessão nos casos de uniões estáveis ou das
uniões homoafetivas
1.1 A SUCESSÃO

A sucessão é o objeto do presente estudo, nesse caso, antes de nos


aprofundarmos sobre a paternidade socioafetiva no direito de sucessão se faz
necessário, explicar de forma bem delimitada o que os juristas consideram
como sucessão, como o Código Civil trata este tema e, por fim, como a
jurisprudência pátria vem regulamentando o assunto.
Para se definir genericamente o sentido da palavra sucessão em um
contexto geral, utilizamos a citação do celebrado doutrinador Caio M. da Silva
Pereira: “A palavra “suceder” tem o sentido genérico de virem os fatos e
fenômenos jurídicos “uns depois dos outros” (sub + cedere). Sucessão é a
respectiva sequência”.( PEREIRA 2013).
Dentro do contexto jurídico o supracitado autor aduz que:

No vocabulário jurídico, toma-se a palavra na acepção própria de uma


pessoa inserir-se na titularidade de uma relação jurídica que lhe
advém de outra pessoa, e, por metonímia, á própria transferência de
direitos, de uma a outra pessoa. (PEREIRA 2013, p. 01 )

No mesmo sentido, especificando mais ainda o sentido jurídico de


sucessão temos o seguinte trecho para nos auxiliar: “No presente volume,
tratamos da sucessão hereditária, como modo de adquirir, a título universal ou
singular, bens e direitos que passam de um sujeito que morre, aos que lhe
sucedem, isto e, passam a ocupar a sua situação jurídica. ” (PEREIRA 2013
p.02)
Assim a sucessão é simplesmente quando alguém se coloca no lugar de
outra pessoa em uma relação jurídica, geralmente por motivo da morte do
primeiro, mas a sucessão, apesar de a doutrina se utilizar muito da expressão
“à título universal” devemos lembrar que a sucessão não abrange a totalidade
dos direitos de que o de cujus participava, como diz novamente Pereira:

Ao revés, alguns não podem sê-lo, como os de família puros (poder


familiar, tutela, curatela) ou mesmo alguns de cunho patrimonial
(direito real de usufruto). Compreendem-se nela os direitos de credito,
mas nem todos o são, como as obrigações intuitu personae, e bem
assim as faculdades pessoais. (PEREIRA 2013, pg. 02).
Sabendo o que é sucessão, temos que saber quem está legitimado a
suceder, para isso devemos saber os conteúdos do art. 1.798, do Código Civil:
“Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento
da abertura da sucessão”. Além do art. 1799, igualmente do Código Civil in
verbis:
Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I – os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo
testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;
II – as pessoas jurídicas;
III – as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo
testador sob a forma de fundação.

Finalizando essa parte inicial de sucessão temos que nos atentar bem
ao art. 1.786 do Código Civil, que define o seguinte: “A sucessão dá-se por lei
ou por disposição de última vontade.”, basicamente aqui temos o que a
doutrina geralmente divide como sucessão legitima e sucessão testamentária.
1.2 SUCESSÃO LEGITIMA E TESTAMENTÁRIA

Diferenciar sucessão legitima e sucessão testamentária é basicamente


distinguir entre as formas que nosso sistema jurídico institui para a sucessão.
Usando o art. 1.786 do Código Civil podemos explicar de forma resumida os
dois temas de forma fácil ao dividirmos o artigo em duas partes. Quando o
legislador fala em “A sucessão dá-se por lei [...]”, temos a sucessão legitima e
no trecho “[...] ou por disposição de última vontade” temos a sucessão
testamentária, em outras palavras, elas primeiramente se diferenciam pela
forma que elas “nascem”, mas essa não é a única diferença legal entre esses
dois modos de sucessão hereditária.
Outro principal ponto de diferenciação entre sucessão legitima e
testamentária está no quesito “a quem entregar a herança”. Como dito
anteriormente a legitima deriva da lei e lá que encontramos a expressão
“herdeiros necessários” no art. 1845, aqueles que o legislador considerou
essencial o direito de sucessão, sendo estes os descendentes, os ascendentes
e os cônjuges, dando a estes o pleno direito à metade da herança, impedindo
qualquer de dispor da totalidade de seus bens no testamento a “estranhos” que
não estejam elencados como herdeiros necessários.
Nesse tema temos o art. 1829 do Código Civil, definindo a seguinte
ordem para a sucessão legitima:

A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I – aos


descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no
da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver
deixado bens particulares; II – aos ascendentes, em concorrência
com o cônjuge; III – ao cônjuge sobrevivente; IV – aos colaterais.

Assim podemos perceber que a legitima em geral utiliza-se da família do


falecido, seja por quesito sanguíneo (descendentes, ascendentes) ou por
casamento, o Código Civil em seu Título II, Capitulo I, despende de um grande
esforço para criar regras de prioridades entre herdeiros, definindo direitos e
prioridades do cônjuge sobrevivente e os quinhões necessários, devendo-se
destacar o Art. 1.830 que assegura o direito real de habitação do único imóvel
de residência familiar.
Com todo o exposto podemos nos perceber que a sucessão legitima
possui diversas regraras e proteções, enquanto a sucessão testamentária,
apesar de ser a vontade do de cujus fica condicionada aos limites da sucessão
legitima em relação aos direitos dos herdeiros necessários e aos requisitos
legais para a validade do testamento como a capacidade civil e as
necessidades formais do documento.
Agora que conseguimos demonstrar as bases da sucessão, definindo-a
e mostrando de forma sucinta a diferença entre a sucessão legítima e a
sucessão testamentária, além de apontar algumas de suas peculiaridades
legais, temos como objetivo discutir de forma satisfatória duas das ditas
“polêmicas” apresentadas na introdução do presente trabalho: os direitos
sucessórios nos casos de paternidade socioafetiva e os direitos sucessórios do
concebido post mortem por meio de inseminação artificial, polêmicas que
discutiremos nas seções a seguir. Somente depois de apresentarmos as
formas propostas na introdução referentes aos diferentes tipos de sucessão,
poderemos abranger e problematizar de forma satisfatório sobre a paternidade
socioafetiva, que seria o ponto central da nossa pesquisa.
1.3 A PATERNIDADE SOCIOAFETIVA NO DIREITO DAS SUCESSÕES

Nas últimas décadas o mundo passou por diversas grandes


modificações na sociedade dado ao processo de globalização e a natural
procura pelo progresso da humanidade, assim institutos sociais que antes não
existiam ou que eram tratados com preconceito adentram o ordenamento
jurídico e na sociedade de forma reconhecida, sendo claro que alguns foram
mais fáceis por já existirem outras situações semelhantes, como o
reconhecimento da união estável de pessoas do mesmo sexo (que encontrou
facilidade por já reconhecermos a união estável heteroafetiva), mas há outros,
como a paternidade socioafetiva que geraram certas dúvidas no ordenamento
jurídico quanto os direitos sucessórios dos envolvidos nessa modalidade de
relação.
A paternidade socioafetiva é um instituto relativamente recente em
nosso ordenamento jurídico com o qual geralmente se reconhece a existência
de uma relação familiar, sem a presença dos requisitos tradicionais de
parentesco sendo comum o reconhecimento dela em nosso ordenamento
jurídico, sendo possível até o reconhecimento post mortem da relação, como
demonstra o trecho a seguir:

Nesse sentido, os Tribunais têm reconhecido que o afeto - elemento


identificador das entidades familiares - passou a servir de parâmetro
para a definição dos vínculos parentais. Nota-se, na decisão do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que conheceu e proveu o
apelo dos enteados que requereram o reconhecimento da
paternidade socioafetiva post mortem em relação ao padrasto, que
passou a viver com a mãe dos apelantes, ainda quando eram
crianças, e assumiu todos os encargos decorrentes da paternidade
[...]. (MARTINS,2019, p. 12)

Assim a dúvida citada anteriormente concerne à possibilidade de essa


relação gerar direitos sucessórios, pois, como demonstrado anteriormente, os
filhos são herdeiros necessários do de cujus, assim uma relação que na forma
e afeto é de paternidade poderia gerar direitos sucessórios? Essa dúvida
existe, pois, a paternidade socioafetiva não tem o condão de fazer cessar as
relações biológicas, como consta do seguinte trecho:

Na mesma linha, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, negando o


provimento ao recurso do genitor, sustentando que deve prevalecer a
paternidade socioafetiva no lugar da biológica, reiterando que os
vínculos não teriam concomitância, e o reconhecimento do vínculo de
filiação gera todas as consequências patrimoniais e extrapatrimoniais.
(MARTINS, pg. 12)

A seguir a jurisprudência correlata:

O Tribunal de origem manifestou-se em consonância ao


entendimento desta Corte Superior de Justiça no sentido de ser
possível ajuizamento de ação de investigação de paternidade, mesmo
na hipótese de existência de vínculo socioafetivo, uma vez que o
reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,
indisponível e imprescritível, assentado no princípio da dignidade da
pessoa humana, podendo ser exercitado sem nenhuma restrição em
face dos pais, não havendo falar que a existência de paternidade
socioafetiva tenha o condão de obstar a busca pela verdade biológica
da pessoa. 2. O registro efetuado pelo pai afetivo não impede a busca
pelo reconhecimento registral também do pai biológico, cujo
reconhecimento do vínculo de filiação, com todas as consequências
patrimoniais e extrapatrimoniais, é seu consectário lógico. 3. A
jurisprudência desta Corte é no sentido de que a inexistência de
vínculo afetivo entre a investigante e o investigado não afasta o direito
indisponível e imprescritível de reconhecimento da paternidade
biológica. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (BRASIL,
2018).

Apesar das dúvidas que esse instituto acabou por gerar em nossa
doutrina e jurisprudência, aparentemente ela foi resolvida ao utilizar-se do
princípio da dignidade humana e no art. 226, §4° da Constituição Federal, que
institui a igualdade de tratamento entre os filhos, como podemos ver na
seguinte decisão:

[...] A paternidade socioafetiva é construção recente na doutrina e na


jurisprudência pátrias, segundo o qual, mesmo não havendo vinculo
biológico alguém educa uma criança ou adolescente por mera opção
e liberalidade, tendo por fundamento o afeto. Encontra guarida na
Constituição Federal de 1988, § 4° do art. 226 e no § 6° art. 227,
referentes aos direitos de família, sendo proibidos quaisquer tipos de
discriminações entre filhos. 4. A jurisprudência, mormente na Corte
Superior de Justiça, já consagrou o entendimento quanto à plena
possibilidade e validade do estabelecimento de
paternidade/maternidade socioafetiva, devendo prevalecer a
paternidade socioafetiva para garantir direitos aos filhos, na esteira do
princípio do melhor interesse da prole. 5. No caso dos autos resta
configurado o vínculo socioafetivo entre as partes, que se tratavam
mutuamente como pai e filho, fato publicamente reconhecido por livre
e espontânea vontade do falecido, razão pela qual deve prevalecer o
entendimento firmado na sentença quanto à declaração do vínculo
paterno - filial, resguardando-se os direitos sucessórios decorrentes
deste estado de filiação, e respectiva anulação da Escritura Pública
de Inventário e Partilha anteriormente lavrada. 6. Recursos
conhecidos e não providos. Sentença mantida integralmente (e-STJ,
fls. 522/523). (BRASIL, 2018)

Podemos ressaltar que a paternidade socioafetiva tem como base fática


para o seu estabelecimento a denominada posse de estado de filho, a qual
está materializada sempre que se consiga visualizar a existência de todos os
elementos pertinentes a uma concreta e efetiva relação filial, levando-se em
consideração o comportamento daqueles que a integram. Contrabalançando a
verdade biológica e a socioafetiva, é que surge o instituto da posse de estado
de filho, valorizando o afeto, que é o caráter sociológico da filiação. Com
decisões como essa se consagraram os direitos sucessórios nos casos de
paternidade socioafetiva.
1.4 OS DIREITOS SUCESSÓRIOS DO CONCEBIDO POST MORTEM

Assim como a sociedade se modificou nas últimas duas décadas, a


tecnologia também evoluiu, talvez até mais rápido do que a própria sociedade,
assim diversos dilemas tecnológicos acabam por entrar na matéria de Direitos
Sucessórios, como os direitos sucessórios do concebido post mortem.
A tecnologia chegou ao nível de ser possível a preservação de
espermatozoides e de óvulos por longos períodos de tempo, além da
possibilidade de fertilizar o óvulo em laboratório e colocá-lo dentro útero,
podendo assim conceber uma criança com sucesso.
O problema jurídico gerado por essa tecnologia é que temos a
possibilidade de assim gerar uma criança a partir de material genético de
pessoa já morta. O direito já protege o direito sucessório do já concebido, mas
não fala nada sobre os direitos do ainda não concebido, mas devemos discutir
esse tema, pois o legislado originário não poderia conceber em sua mente essa
possibilidade, sobrando essa tarefa para os legisladores, doutrinadores e juízes
da atualidade.
Para início da discussão temos a necessidade de resolver a questão da
filiação legal no caso descrito acima, felizmente essa situação já se resolve
pela própria lege ao apontarmos o art.1.597 do Código Civil que define como
presunção de paternidade os filhos havidos: “por fecundação artificial
homologa, mesmo que falecido o marido”. O óbice que temos aos direitos do
concebido desse modo é o art.1.798, novamente do Código Civil, que define
como legitimas para suceder aqueles já nascidos ou concebidos. Em oposição
a essa norma temos o art. 2° do Código Civil que defende os direitos do
nascituro desde a sua concepção, incluindo-se os direitos sucessórios, mas
essa lei, pela interpretação doutrinária, gera mera expectativa dos direitos
patrimoniais, como podemos ver a seguir:

poder-se-ia até mesmo afirmar que na vida intrauterina tem o


nascituro e na vida extrauterina tem o embrião concebido in vitro
personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos
personalíssimos, ou melhor, aos direitos da personalidade, visto ter
carga genética diferenciada desde a concepção, seja ela in vivo ou in
vitro [...] passando a ter personalidade jurídica material, alcançando
os direitos patrimoniais e obrigacionais que se encontravam em
estado potencial, somente com o nascimento com vida (CC, art.
1.800, §3º). Se nascer com vida adquire personalidade jurídica
material, mas se tal não ocorrer nenhum direito patrimonial ter.
(DINIZ, 2002, p. 07)

Apesar desse entendimento doutrinário temos a existência de decisões


na Jurisprudência que abraçam a teoria Concepcionista, como demonstra o
voto do Ministro Ayres B. da Corte na ação Direta de inconstitucionalidade nº
3.510, onde se deve destacar o seguinte: “A potencialidade de algo para se
tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la,
infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua
natural continuidade fisiológica”
Assim apesar de doutrina ter ficado ainda presa em debates entre as
teorias natalistas e concepcionistas a jurisprudência, com base nos mesmos
ideais que da Corte defende em sua decisão, acabaram por apresentar o
enunciado 267 do Conselho de Justiça de Justiça Federal aprovado com a
seguinte redação:

A regra do art. 1.798 do Código Civil deve ser estendida aos embriões
formados mediante o uso de técnicas de reprodução assistida,
abrangendo, assim, a vocação hereditária da pessoa humana a
nascer cujos efeitos patrimoniais se submetem às regras previstas
para a petição da herança. (AGUÍAR JÙNIOR, 2012, pag. 47)

Desse modo se reconhece que os concebidos por inseminação artificial


homologam post mortem, teriam reconhecidos seus direitos sucessórios, mas
ainda resta dentre a doutrina a discussão se esse concebido estaria incluso na
sucessão legitima. Se dividindo entre aqueles que excluem o concebido da
sucessão legitima e aqueles que lhe reconhecem como sucessor legitimo.

Até o momento, a Jurisprudência não se encontra pacificada sobre o


tema, além disso, o legislativo continua inerte, não editando lei especifica para
o caso ou regras gerais para utilização de material genético de pessoas já
falecidas, assim os juízes ficam presos na seguinte situação:

Por ora, aos magistrados incumbem decidir o impasse ao optar pela


aplicação dos dispositivos vigentes constitucionais ou
infraconstitucionais – mesmo porque não poderá se esquivar de
decidir, dada a redação do artigo 4º da Lei de Introdução às Normas
de Direito Brasileiro que impõe ao juiz a obrigação de seu
pronunciamento mesmo quando a lei for omissa. (REZZIERI, 2015,
pag. 97)

Assim, um regramento social deve possuir uma coerência lógico


proporcional em seu todo para, velando por interesses individuais e coletivos,
não dar margem a privilégio de um em face do outro e vice-versa. Existe,
entretanto, uma dificuldade de cunho temporal. Isto porque o direito, por
diversas vezes, não é “o criador” do comportamento social, mas, de modo
diverso, é deste derivado. Assim, é como se o direito estivesse “a reboque” dos
acontecimentos o que faz com que sempre que venha a existir situações não
reguladas pelas normas.
1.5 OS DIREITOS SUCESSÓRIOS DOS BENS ARMAZENADOS
DIGITALMENTE

Com o advento da tecnologia, nota-se que grande parte da sociedade recria


uma nova forma de vida também no ambiente digital. Com isso, perceber-se-á
que surge uma sociedade idealizada por pessoas que usam a internet a fim de
exporem suas vidas, ou que pelo menos, o gostariam que fosse sua vida.
Por um lado, verifica-se determinada “positividade” em todo esse avanço
no mundo digital, pois ele aproxima as pessoas, que podem se comunicar com
frequência e com muita facilidade com amigos, familiares, etc. Por outro lado,
tem-se uma sociedade de pessoas doentes, que não mostram esse fato para
quem está do outro lado.
Partindo desse princípio, pode-se notar que o convívio na “sociedade
digital” é cada vez maior. Toda essa movimentação, não poderia acontecer
sem de certa forma gerar lucro para alguém. Assim, lucram os criadores e
administradores das redes sociais e também aqueles que se propõem a
“movimentar” o ambiente.
Exemplo disso, ´que na atualidade as redes são utilizadas com a
finalidade de transformar os conteúdos postados em dinheiro. Desta forma,
LOPES, discorre que:

A monetização é o processo de transformar algo em dinheiro. Na


internet, quase todos os sites populares monetizam ou ganham
dinheiro de uma ou várias maneiras: com propagandas, vendendo
informação de usuários como a geolocalização e outros dados
obtidos através dos cookies do browser, redirecionando usuários a
outros sites por uma determinada quantidade de dinheiro (LOPES,
2014, s/p).

Como é sabido, o Direito Civil é considerado o ramo principal do Direito


Privado. Isso por se tratar de um conjunto de normas jurídicas responsáveis
por regular os direitos e as obrigações de ordem privada, no que tange as
pessoas, seus bens e suas relações. Já o direito digital denomina-se como
disciplina jurídica responsável pelo estudo do impacto da tecnologia no direito.
Dessa forma, embora o direito digital tenha apenas algumas leis
específicas que visam garantir o direito à privacidade dos indivíduos no
ambiente virtual, ele é também regulado pelo Direito Civil, no que refere, por
exemplo, ao tema herança digital.

O direito digital está interligado com praticamente todos os ramos da


advocacia, por isso a importância dos profissionais do direito
aprofundarem no tema e acompanharem as modificações por ser
uma área de grande potencial de crescimento com o novo cenário
impactado pela era tecnológica. Alguns exemplos de demandas
ligadas ao direito civil, que estão em expansão no ramo jurídico, são a
garantia do direito à privacidade, à proteção do direito autoral, do
direito de imagem, da propriedade intelectual, da segurança da
informação, dos acordos e contratos digitais, dentre outros (ELIESER,
et al. 2020, s/p.).

Nesse contexto, é viável destacar que assim como vários outros ramos
do direito, o Direito Civil também sofreu alterações com a finalidade de adaptar-
se às novas práticas dos indivíduos, embora essas ocorram no ambiente
virtual.
Tais mudanças acontecem frequentemente no Direito Civil e demais
ramificações do direito, pois trata-se de uma necessidade, já que as doutrinas,
a legislação em si, são intrínsecos da sociedade, e uma vez que esta passa por
transformações, como é o caso da tecnologia, o direito, consequentemente
necessita estabelecer normas que regulem tais “mudanças”.
Assim, em conformidade com o disposto no Projeto de Lei nº 4.847, de
2012:

PROJETO DE LEI Nº 4.847, DE 2012 (DO Sr. Marçal Filho)


Acrescenta o Capítulo II-A e os arts. 1797-A a 1797-C à Lei 10.406,
de 10 de janeiro de 2002. O Congresso Nacional decreta: Art.1º- Esta
Lei estabelece normas a respeito da herança digital. Art.2º- Fica
acrescido o Capítulo II-A e os arts. 1797-A a 1797-C à Lei 10.406, de
10 de janeiro de 2002, com a seguinte redação: Capítulo II-A Da
Herança Digital “Art. 1.797-A. A herança digital defere-se como o
conteúdo intangível do falecido, tudo o que é possível guardar ou
acumular em espaço virtual, nas condições seguintes: I- Senhas; II-
redes sociais; III- contas da Internet; IV- qualquer bem e serviço
virtual e digital de titularidade do falecido Art. 1797-B. se o falecido,
tendo capacidade para testar, não o tiver feito, a herança será
transmitida aos herdeiros legítimos. Art. 1797-c. Cabe ao herdeiro: I-
definir o destino das contas do falecido; a) transformá-las em
memorial, deixando o acesso restrito a amigos confirmados e
mantendo apenas o conteúdo principal ou; b) apagar todos os dados
do usuário c) remover a conta do antigo usuário Art. 3º- esta lei
entrará em vigor na data da sua publicação (BRASIL, 2012)
Dessa forma, ao tratar da herança digital, perceber-se-á que a mesma
possui regulamentação no direito civil, na parte das sucessões, conforme
conceituado acima. Assim, é notório que o direito digital mesmo sendo
elaborado por legisladores e doutrinadores, possui normas que se enquadram
em cada um dos demais ramos do direito que envolvem por sua vez, o direito
dos indivíduos no ambiente virtual.
Assim, o Direito Civil trata a herança digital da mesma maneira com que
trata qualquer processo envolvendo a parte de sucessões, pois passou por
alterações justamente para agir em conformidade com a lei e garantir que a
vontade do de cujus seja cumprida após sua morte.
Inicialmente pouco comentada, devido ser assunto “atual”, a herança
digital passou a se popularizar e se tornar assunto de relevância, pois com o
advento tecnológico, o que mais se acumula no ambiente virtual, são arquivos
contendo bens intangíveis, que agregam não apenas valor financeiro, mais
também valor emocional, que são considerados como patrimônio cibernético.
2. Linha de Pesquisa –

Direito de Família – Direito Sucessório – Filiação socioafetiva


3. Justificativa social e científica da pesquisa:

A carta magna Brasileira em seu art. 5°, XXX, define a herança como
um direito fundamental e o atual Código Civil dedica seus art. 1.784 à art.
2.046 (exatamente 262 artigos) para o direto das sucessões, demonstrando a
importância que nossos legisladores deram ao tema. Não obstante essas
importâncias legislativas do tema têm a importância social, histórica e
econômica dele. A herança tem um longo histórico na humanidade, desde
que o homem se tornou sedentário e a civilização começou a se formar
começa a construção de um ideal de propriedade. Assim com o surgimento
de uma propriedade familiar surgiram meios para a proteção dessa
propriedade, sendo inicialmente, como o trecho demonstra, a religião, mas se
modificando para o quesito sanguíneo na idade média, herdando o filho mais
velho.

Com a sociedade capitalista temos o aperfeiçoamento final da herança


na sociedade e direito: “Isso implica em esclarecer se a herança se relaciona
com elementos que deram origem ao próprio capitalismo, quais sejam, o
surgimento da propriedade privada, o produto (acumulado) do trabalho
humano, e, até mesmo, o surgimento do Estado e das leis.” (ASSIS, 2018, pg.
10).
Assim a herança está intrinsecamente ligada às estruturas de poder e a
construção de riqueza em nossa sociedade capitalista, assim como o seguinte
trecho nos demonstra: “A apropriação inicial de forma iníqua tem relação
capital com a herança, pois, de acordo com o processo institucional da
sucessão, tem-se a possibilidade de eternizar uma desigualdade construída
nos primórdios do estabelecimento de uma comunidade alhures.” (WEILER,
2013, pg. 48). Ou seja, a herança e como uma sociedade lida com ela pode
propiciar ou dificultar a formação de uma elite econômica e política, sendo
importante estudar como se divide a riqueza do de cujus.
Por fim o presente estudo se justifica pela importância da sucessão em
nossa sociedade, de forma especial destacaremos a paternidade socioafetiva
no direito de sucessão. Escolhemos esse artigo como ponto central da nossa
pesquisa por se tratar de algo relativamente novo e que exige interpretação e
um estudo cuidadoso, para que, não ocorra de violar os direitos da
sucessão legítima, contudo, iremos nos aprofundar posteriormente nesse
assunto.
4. Caracterização do Problema:

4.1 Sucessão legítima

Como vimos anteriormente a sucessão legitima possui diversas regras e


proteções, em que busca preservar os direitos legais dos descendentes,
ascendentes e dos cônjuges, isso porque a lei deve garantir que independente
da afinidade, um herdeiro necessário não fique desemparado. Um pai por
exemplo pode ter um filho, que por algum motivo não seja do seu aguardo,
contudo, a lei busca garantir que esse filho como os outros não fique
desamparado, tanto enquanto o pai em questão for vivo, como caso ele venha
a falecer.

Segundo o artigo 1.845 do código civil um testador pode conceder até


50% de sua herança a um amigo, ou uma pessoa querida através de um
testamento, contudo, segundo o artigo 1846 do código civil 50% da herança
pertence aos herdeiros legítimos. Dessa forma, metade dos bens devem ser
divididos entre os sucessores legítimos e o cônjuge (de acordo com o regime
escolhido).

A herança do cônjuge muda de acordo com o tipo de contrato


estabelecido pelo casal, no caso da comunhão total ele passa a ter direito a
metade do total da herança, já no regime de comunhão parcial o cônjuge tem
direito a alguns bens e como herdeiro deverá dividir a herança com os pais
(caso estejam vivo e não existam filhos), e com os filhos (caso tenham filhos),
se não houver pais vivos, ou filhos, o cônjuge herda totalmente a herança. Vale
ressaltar que netos ou outros descendentes diretos podem receber parte da
herança caso o herdeiro direto tenha falecido, nesse caso, o valor a ser
recebido seria dividido igualmente entre os netos e seria referente a parte em
que o herdeiro em questão teria direito. No caso dos pais eles são
considerados herdeiros quando não existir descendentes, dessa forma,
dividiriam o patrimônio com o cônjuge, caso não fosse casado, nem houvesse
testamento receberiam de forma integral. Além dos herdeiros necessários
existem os herdeiros colaterais (Tios, irmãos, sobrinhos e primos) que só
teriam direito caso não houvessem herdeiro necessário ou testamento. Caso
não existam herdeiros, a herança pode ficar com o município ou o Distrito
Federal. O capítulo II dos artigos 1845 ao artigo 1850 descreve a causa dos
herdeiros necessários da seguinte forma:

Art. 1845. São herdeiros necessários os descendentes, os


ascendentes e o cônjuge.
Art. 1846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a
metade dos bens da herança, constituindo a legítima.
Art. 1847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na
abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral,
adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação.
Art. 1848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não
pode o testador estabelecer cláusulas de inalienabilidade,
impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da
legítima; § 1º Não é permitido ao testador estabelecer a conversão
dos bens da legítima em outros de espécie diversa; § 2º Mediante
autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os
bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão
sub-rogados nos ônus dos primeiros.
Art. 1849. O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua
parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito a legítima.
Art. 1850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que
o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar.

Os herdeiros legítimos segundo o artigo 1829 da constituição civil são


aqueles provenientes da constituição legal, primeiramente temos os herdeiros
necessários (cônjuge, desde que não estejam divorciados, ou afastados por
mais de dois anos, ascendentes e filhos), contudo, caso não existam, será
encaminhada aos herdeiros colaterais (parentes até o 4 grau) ficando a
herança com o familiar mais próximo.
Existe a possibilidade de o testador excluir um herdeiro por indignidade
ou exclusão por deserdação. O artigo 1.814 do código civil possibilita a
exclusão de herdeiros ou legatário nos seguintes casos:

I – Que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio


doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se
tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II –
Que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança
ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge, ou
companheiro; III – Que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem
ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens
por ato de última vontade.
O artigo 1.814 ainda permite deserdação dos ascendentes e
descendentes por casos de ofensas físicas, injúria grave, desamparo em caso
de alienação mental ou enfermidade e relação ilícitas com a madrasta ou
padrasto no caso dos descendentes, ou no caso dos ascendentes, relação
ilícita com a mulher (marido), padrasto (madrasta), ou companheiro (a) do filho
(a). Todo esse processo de deserdação, no entanto, é um processo judicial e
requer provas para ser concluído, isso porque como vimos a lei ampara de
forma abrangente os direitos dos herdeiros necessários.
Se fez necessário introduzirmos de forma mais aprofundada a sucessão
legítima, a fim de compreendermos a grande ausência de proteção ou mesmo
de direitos que se apresenta no caso da sucessão socioafetiva, tal diferença e
dificuldade iremos introduzir a seguir.
4.2. Sucessão Socioafetiva

A sucessão socioafetiva é relativamente nova na nossa constituição e


por este motivo precisa ainda ser melhor interpretada. Mesmo a filiação
legítima, só teve uma interpretação tal como conhecemos no ano de 2002 com
o advento do artigo 1.596 que garante a igualdade de direitos dos filhos tanto
biológicos, adotivos, como aqueles constituídos de outras maneiras. Antes
disso as diferenças eram ainda maiores, até 1988 a filiação trazia
discriminação entre filhos gerados em um relacionamento, podendo ser
considerados legítimos quando gerados dentro de um casamento e ilegítimos
quando gerados fora do casamento. Os ilegítimos se dividiam em naturais e
espúrios, sendo naturais quando não havia impedimento de se casar e
espúrios quando nascidos de pais que não podiam se casar, além disso, os
espúrios ainda podiam ser divididos em Incestuoso quando provenientes de
relacionamento com grau de parentesco, e adulterino quando o impedimento
se dava em detrimento do casamento dos pais. Na época o artigo 358 impedia
que o filho Incestuoso e que o filho Adulterino pudesse ser reconhecido.
Quando um filho ilegítimo era reconhecido, passava a ser legitimado e
dispunha dos mesmos direitos de um filho legítimo, no caso dos ilegítimos não
reconhecido só teriam direito a metade do direito a herança de um filho natural.

O artigo 227 da CF/88 garantiu que a dignidade do ser humano prevista


na constituição desse fim a qualquer tipo de discriminação entre os filhos, já a
lei nº 8560 de 1992 aboliu os artigos 332, 337 e 347 que possibilitava a
classificação da filiação como ilegítima, de forma que se tornou possível a
investigação sobre o reconhecimento da paternidade e a obrigação da provisão
por parte do procriador. No ano de 2002 o artigo 1.596 do código civil brasileiro
manteve o artigo 227, §6º da CF/88, contudo acrescentou que o
reconhecimento do filho pode ser anterior ou posterior ao nascimento, já o
artigo 1.957 estabelece os seguintes casos:

I- Nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida


a convivência conjugal;
II- Nascidos nos trezentos dias subsequentes a dissolução da
sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e
anulação do casamento;
III- Havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o
marido;
IV- Havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
V- Havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha
prévia autorização do marido.

Como vimos, a lei busca se atualizar e englobar de forma eficiente


respostas para as mudanças que vivemos na sociedade atual, contudo, tal
processo se torna lento e expõe casos que até então não haviam ocorrido.
Quando se fala em paternidade socioafetiva não podemos nos prender
somente a filiação adotiva, mas expandir essa interpretação a toda relação
humana. No início desse capítulo verificamos como a lei é efetiva quando se
trata da sucessão legítima, esse processo se deu ao longo de anos e de
muitos casos que se mostraram inéditos até então e exigiram uma atualização
e nova interpretação da lei. Da mesma forma, podemos perceber que a
interpretação no que diz respeito a paternidade socioafetiva passará pelo
mesmo processo.

A ideia de que a filiação socioafetiva é tão importante quanto a filiação


biológica e adotiva representa uma dessas questões que norteiam o nosso
nosso tempo. Atualmente percebemos um grande aumento de casos onde a
decisão judicial tem sido favorável a relação socioafetiva, contudo, o tema
ainda é controverso na área jurídica e por esse motivo depende da
interpretação do juiz.

A sociedade de hoje reconhece a filiação socioafetiva, contudo o


reconhecimento judicial concede a pessoa os mesmos direitos estabelecidos
aos filhos legítimos. Ainda que seja possível realizar o reconhecimento
através do registro em cartório, ou ainda após a morte, não é certo que o juiz
concederá um veredito favorável. Esse entrave ocorre porque como vimos
anteriormente a lei em primeiro tenta defender os direitos referentes a
sucessão legítima, contudo, através de provas concretas e testemunhas se
torna possível um veredito favorável.

O artigo 1.593 do código civil estabelece também como filiação o


parentesco civil de “outra origem”, isto é interpretado por muitos juristas, como
aceitação legal da filiação socioafetiva, para alguns essa relação até mesmo
se sobrepõe a filiação biológica, contudo para outros estabelecer uma relação
filial apenas pela vontade é algo vago e foge do caráter obrigatório da
paternidade, mais do que afinidade a provisão paterna é uma obrigatoriedade,
o que impede por exemplo, a exclusão testamental de um filho por um motivo
qualquer, salvo por aqueles que descrevemos anteriormente. Outro problema
é a aceitação das provas apresentadas como sendo suficientes para
comprovar tal ligação, por esse motivo encontramos, julgamentos favoráveis e
por vezes desfavoráveis, além disso, apenas nos Estados de Pernambuco,
Ceará, Maranhão e Santa Catarina possuem aceitação do reconhecimento
em cartório de forma a dispensar outros tipos de provas.

No capítulo 1.3 da nossa pesquisa encontramos um exemplo que


reflete esse impasse que acabamos de descrever. Neste caso descrito o
tribunal reconheceu a filiação socioafetiva, contudo, não pode negar o direito
irrevogável do pai biológico de prover e participar de forma efetiva. Embora o
estatuto da criança e do adolescente permita que o bem da criança seja
prioridade, os laços familiares não devem ser deixados de lado.

A sociedade em geral reconhece os direitos da filiação socioafetiva,


contudo é visível que os impasses gerados por tal reconhecimento vêm do
fato de que o reconhecimento da paternidade filial, permite uma divisão da
herança de forma igualitária entre os filhos, já que como vimos o artigo 1596
deixa claro que não deve haver qualquer tipo de discriminação entre eles.
Desse modo, a lei é aceita por quem julga pelo lado externo, mas em muitos
casos gera problemas entre os herdeiros quando se trata da partilha de bens.
O grande desafio gerado pelo reconhecimento socioafetivo é não violar os
direitos dos herdeiros legítimos, ou pelo menos evitar gerar perdas não
aceitáveis pelas partes.
No Tribunal de justiça do Rio Grande do Sul a apelação cível
70078983038 alcançou parecer favorável com o pedido de reconhecimento
do laço de filiação socioafetiva. A genitora não havia permitido que a criança
fosse registrada como filha do apelado, contudo, admitiu que o mesmo
visitava a criança com frequência e por via provia o necessário para o
sustento e desenvolvimento da criança. O tribunal julgou pelo interesse maior
da criança e levou em conta a vontade da mesma, de forma a reconhecer que
o apelado tinha relação familiar com a criança. Além disso, alegou que a
menina foi deixada em sua casa pela mãe e está nem sequer ia visitá-la. O
exame de DNA afastou a possibilidade de paternidade biológica, contudo o
tribunal sobrepôs a filiação socioafetiva sobre a filiação biológica e concluiu
que um exame de laboratório não pode destruir verdades construídas e
conquistadas com afeto.

Por outro lado, no mesmo tribunal de justiça do Rio Grande do Sul a


apelação cível 70078983038 recebeu um parecer não favorável a um pedido
de reconhecimento de paternidade socioafetiva. Primeiramente o recurso
buscou a comprovação de paternidade biológica por meio de exame de DNA,
o exame deu negativo e houve a tentativa do reconhecimento da paternidade
socioafetiva, contudo, o pedido foi negado devido o tribunal considerar que a
autora não pode modificar, no curso do processo, a causa de pedir.

Durante o veredito o tribunal afirmou que ainda que o investigado


demonstrasse carinho pela autora, isto em nada afetaria o desfecho do
processo, pois meras demonstrações de carinho não transformam ninguém
em pai ou mãe de outrem.

No primeiro caso a filiação socioafetiva se sobrepôs a filiação biológica


garantindo o interesse da investigante. O afeto e os laços criados entre o
investigado e a investigante foram julgados suficientes para o reconhecimento
da filiação socioafetiva, contudo, um posicionamento diferente ocorreu no
segundo caso.

No segundo caso ficou vago o que seria suficiente para que a filiação
socioafetiva seja reconhecida, e muito embora a mudança de pedido no meio
do processo e a negativa quanto ao exame de DNA tenham sido decisivos, o
tribunal deixa claro que afeto não é suficiente para o reconhecimento da
paternidade socioafetiva.

A apresentação de sentenças diferentes para casos de paternidade


socioafetiva, mostra o quanto o tema é abrangente. O tribunal no segundo
caso deu a entender que não se pode considerar apenas afeto como forma de
validar o processo de paternidade socioafetiva, mesmo prover com algum
recurso, pode ser um ato de compaixão e não uma ligação paternal
socioafetiva, por este motivo os juízes têm sido cautelosos e por vezes como
vimos divergem sobre o tema e sobre a sentença.

Imaginem o caso de um pai que possui dois filhos e desenvolve uma


relação de carinho com um parente de quarto grau. Nessa relação devido a
uma situação financeira desfavorável, este a visita constantemente e o ajuda
financeiramente. Imaginem que suas atitudes sejam simplesmente por
compaixão e não tenha nenhum desejo de assumir a paternidade e por fim
este venha a morrer. Se tal parente entrar com recurso exigindo a filiação
socioafetiva, esse recurso pode vir a ser aceito considerando as
circunstâncias, contudo o único desejo do investigado teria sido ajudar
alguém em dificuldade e por fim, este poderá se tornar herdeiro juntamente
com seus dois filhos. Tal situação seria injusta com os herdeiros e não estaria
em conformidade com a última vontade do investigado.

Por outro lado, nesse mesmo caso se a última vontade do investigado


fosse contrária ao exemplo que colocamos, ou seja, existisse o real desejo de
assumir a paternidade seria injusto que essa criança não fosse incluída
igualmente com os outros dois filhos como herdeiros.

Esse exemplo apenas demonstra a dificuldade de se estabelecer


critérios quanto a paternidade socioafetiva, e como o entendimento do tribunal
pode gerar sentenças diferentes em torno do mesmo tema.

O objetivo dessa pesquisa não é somente apontar dificuldades


referentes a filiação socioafetiva, mas mostrar que assim como a linguagem, a
sociedade está em constante mudança e essas mudanças como desafios
próprios do nosso tempo exigem uma adaptação, no entanto, as mudanças e
a compreensão desses problemas não é um processo fácil, ou que possa ser
realizado de forma rápida e improvisada.

É importante o reconhecimento da paternidade socioafetiva, contudo,


esse processo deve ser realizado de forma consciente e deve estar atrelado
aos outros artigos de forma a não violar os direitos já estabelecidos na
constituição. Esse cuidado se reflete nas sentenças, e embora por vezes elas
pareçam contraditórias, na verdade são leituras dos artigos já estabelecidos
que visam proteger os herdeiros legítimos, sem deixar de considerar à
vontade em vida do autor da herança. É normal que os conflitos judiciais
aconteçam, contudo, aos poucos a interpretação se torna mais clara e sendo
necessário novas leis surgirão para estabelecer clareza e garantir o direito e
os deveres das partes interessadas.
Conclusão

A constituição busca orientar os caminhos corretos e justos dentro de


uma sociedade, para isso sempre existe a necessidade de uma atualização
coerente com a realidade de cada tempo e lugar. As leis utilizadas em
determinado lugar dificilmente poderiam responder com eficiência aos
problemas de uma outra localidade. Da mesma forma muitas leis podem se
tornar obsoletas com o tempo, caso as questões que existiam em sua origem,
mudem ou deixem de existir. A constituição de origem que tratava da
sucessão precisou ser atualizada por várias vezes e ainda hoje surgem novos
desafios que precisam ser interpretados e respondidos de forma eficiente e
clara.

Temas como a filiação socioafetiva (centro da nossa pesquisa),


sucessão digital, entre outros refletem a realidade do nosso tempo e exigem
uma atualização que responda aos conflitos gerados. Vimos que existe um
esforço para adaptar a lei existente mesmo diante de novos casos e que
ainda que por vezes decisões pareçam contraditórias, cada caso se
apresenta de forma diferente e cabe ao tribunal sentenciar da melhor forma
possível.

A figura da lei como cega e implacável parece se atualizar para


decisões mais humanas que consideram como no caso da filiação
socioafetiva as relações de afeto e carinho entre as partes. Em muitos casos
a filiação socioafetiva se sobrepõe até mesmo sobre a filiação biológica e
embora exista um certo impasse, alguns estados já passaram até mesmo a
aceitar registro em cartório como validação de paternidade socioafetiva. A
ideia de família passou por mudanças e hoje a lei tenta prover e reconhecer
os direitos não apenas das famílias tradicionais, mas dos novos tipos de
família que por vezes se caracterizam por outros tipos de laços, ou por uma
forma diferente de união.

No caso da filiação socioafetiva foi alcançado o direito igualitário


previsto na constituição que garante o tratamento igual entre os filhos, no
entanto, o julgamento do processo ainda é um desafio, porque visa garantir o
direito da filiação socioafetiva sem violar os direitos da filiação hereditária e
legítima.

Por fim temos que reconhecer os esforços e a evolução que já foi


alcançada na área jurídica e esperar que a constituição se renove da mesma
forma que a sociedade exige. De forma particular torço por uma justiça mais
humana, tal qual estamos caminhando na direção, contudo, receio para que
não ocorra excesso de humanidade, de forma que não se julgue baseado em
sentimentos, mas no direito, na razão e dentro da constituição estabelecida.
5. Objetivos:

O presente trabalho tem como principal objeto de estudo os direitos


sucessórios no contexto da legislação e doutrina pátria, focando de forma mais
incisiva na filiação socioafetiva, para isso se faz necessário abranger de forma
simplificada alguns artigos que se referem aos tipos e formas de sucessão,
além de uma visão geral sobre a possibilidade de cessão dos direitos
sucessórios e outras polêmicas como o direito sucessório dos concebidos por
inseminação artificial homóloga post mortem, a herança de bens armazenados
digitalmente, aplicação dos direitos sucessórios nos casos de paternidade
socioafetiva e a sucessão nos casos de uniões estáveis ou das uniões
homoafetivas
O principal objetivo do presente trabalho é problematizar as lacunas
referentes a filiação socioafetiva, fazer uma breve revisão bibliográfica do tema
e trazer à tona, como apontado no objeto, além de trazer alguns temas mais
complexos como a cessão de direitos sucessórios para serem analisado. Assim
objetiva-se organizar o conhecimento de modo mais organizado e por meio de
comparações e análises apontar as dificuldades e os trabalhos já realizados
para as chamadas “polêmicas” do tema.
6. Metodologia de Pesquisa:

Para esse fim foi utilizado artigos do Código Civil e legislação correlata
como base, além da análise1 bibliográfica da produção doutrinária e
jurisprudencial mais recente (últimos 10 anos) para tratarmos dos principais
temas e polêmicas dentro de sucessões de Direitos Hereditários em nosso
ordenamento jurídico, assim como do tema central que trata da filiação
socioafetiva.

Com o objetivo de meramente sistematizar o conhecimento já


produzido sobre o tema, suas principais lacunas e polêmicas, por fim
apontando mudanças já realizadas estando elas de acordo com a
constituição, e englobando casos sentenciados como exemplos, assim
visando enriquecer o debate em torno dos temas por meio da oposição entre
ideias conflitantes. Para melhor analisar essas fontes foi necessário escolher
um método de análise bibliográfica correto para essas diversas fontes.
Considerando a quantidade grande de doutrinas, jurisprudência e legislação
em torno do tema, além das diversas visões existentes sobre as polêmicas,
ainda considerando o objetivo de problematizar a sucessão socioafetiva e
discutir suas principais peculiaridades se opta pela metodologia da revisão
narrativa, não limitando as fontes com o objetivo de fazer uma revisão

1
abrangente, mas na forma mais atualizada possível em relação aos
desenvolvimentos da legislação e aos mais novos desdobramentos da
doutrina e jurisprudência.

7. Sumário:

2.2 A PATERNIDADE SOCIOAFETIVA NO DIREITO DAS SUCESSÕES

2.4 OS DIREITOS SUCESSÓRIOS DOS BENS ARMAZENADOS


DIGITALMENTE

3. UNIÃO ESTÁVEL

3.1 DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL

3.2 EFEITOS PATRIMONIAIS DA UNIÃO ESTÁVEL

3.2 REGIME DE BENS E O DIREITO À MEAÇÃO

4 PROBLEMATIZAÇÃO

4.1 SUCESSÃO LEGÍTIMA

4.2 SUCESSÃO SOCIOAFETIVA

CONCLUSÃO
8. Referências do Projeto de Pesquisa

AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de (Org.). Jornadas de direito civil I, III, IV e


V: enunciados aprovados. Brasília: Conselho da Justiça federal, Centro de
Estudos Judiciários, 2012. Disponível em:<
https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-
judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-
1345.pdf> Acesso em 06 jul. 2021
ALMEIDA, Gilliam Mellane. A quebra do celibato: 1Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em História) - Universidade Estadual do Maranhão, 2015

DE ASSIS, Alexandre, Sobre a Herança: aspectos históricos, culturais,


jurídicos e econômicos da transmissão da propriedade privada,
Monografia em Ciências Econômicas, Curitiba/PR, , 2018
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação direta de inconstitucionalidade 3.510.
Relator: Ministro Ayres Britto. Distrito Federal, 29 de maio de 2008. Disponível
em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?
docTP=AC&docID=611723>. Acesso em: 06 jul. 2021
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. (4. Turma). Agravo Interno em
Recurso Especial n. 1738888 PE 2018/0103221-1. AGRAVO INTERNO NO
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE
PATERNIDADE. CUMULADO COM ANULATÓRIA DE REGISTRO CIVIL.
VÍNCULO BIOLÓGICO. COEXISTÊNCIA. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA.
RECONHECIMENTO DE FILIAÇÃO. RECONHECIMENTO DE FILIAÇÃO.
DIREITO INDISPONÍVEL E IMPRESCRITÍVEL. CONSEQUÊNCIAS
PATRIMONIAIS E EXTRAPATRIMONIAIS. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO. Relator: Ministro Raul Araújo, Data de Julgamento: 23/10/2018.
Data de Publicação: DJe 30/10/2018. Disponível em:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/652067770/agravo-interno-no-recurso-
especial-agint-no-resp-1738888-pe-2018-0103221-1. Acesso em 06 jul. 2021.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo em Recurso Especial n.
976082. APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. DIREITO
CONSTITUCIONAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA POST MORTEM.
INEXISTÊNCIA DE PAI REGISTRAL/BIOLÓGICO. EXISTÊNCIA DE
RELAÇÃO PATERNO-FILIAL QUE CARATERIZA A PATERNIDADE
SOCIOAFETIVA. INCLUSÃO DO NOME PATERNO. ANULAÇÃO DE
ESCRITURA PÚBLICA DE INVENTARÁRIO E PARTILHA. RECURSOS
CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS. SENTENÇA MANTIDA. Relator: Ministro
Moura Ribeiro. Data do julgamento: 19/03/2018. Data da publicação:
05/04/2018. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/decisoes/doc.jsp.
Acesso em: Acesso em 06 jul. 2021

BRASIL. Projeto de Lei nº 4.847, de 2012. Acrescenta o capítulo II-A e os arts


2.797-A a 1.797-C à Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que “institui o
Código Civil”. Disponível em:http://www.camara.gov.br. Acesso em: Acesso em
06 jul. 2021.
DA CUNHA, Thaís Cesarios Nunes, Direitos Hereditários do Companheiro,
Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, n°31, pg. 229 – 263, 2013.
DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
p. 07.

DIAS, Maria Berenice Dias. Manual de Direito das Famílias. 9.ed. revista
atualizada e ampliada. Revista dos Tribunais (editora)2º tiragem. São Paulo,
2015

DIAS, Maria Berenice. Manual do Direito de Família. 11 –° Edição. Ver. Atual


e ampl. – São Paulo. Revista dos Tribunais, 2016

ELIEZER, Cristina Rezende; SOUSA, Lorena Ribeito de Carvalho. Processo e


suas perspectivas críticas: (re)pensando a pratica jurídica. 1ª ed. – Belo
Horizonte: Editora Dialética, 2020.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo/SP:
Atlas, 1996.

LOBO, Paulo. Direito Civil: famílias. 4º Edição. São Paulo. Saraiva, 2011

MARTINS, Análise dos Direitos sucessórios na paternidade socioafetiva,


TCC apresentado para obtenção do título de Bacharel de Direito, Tubarão/SC,
2019
PEREIRA. Caio Mario da Silva. Instituições de direito civil: Direito das
Sucessões. - 20. ed. - Rio de Janeiro/RJ, Forense. 2013.
REZIERRI, Direitos hereditários do concebido post mortem no
ordenamento jurídico brasileiro: uma análise crítica a partir do
sopesamento entre princípios sucessórios e constitucionais, TCC para
obtenção do título de Bacharel em Direito, Florianópolis/SC, 2015
ROTHER, Edna Terezinha, Revisão sistemática x Revisão Narrativa, Editora
Técnica da Acta Paulista de Enfermagem, 2007, São Paulo/SP
VELOSO, Zeno. Cessão de Direitos Hereditários sobre um bem da
Herança. Carta Forense. Disponível em: http://www.cartaforense.com.br.
Acesso em Acesso em 06 jul. 2021.

WEILER, Sérgio Henrique Dias. Reflexão sobre direito de herança e a


questão das desigualdades, Monografia para obtenção de Bacharelado em
Ciência Política, Brasília/DF, 2013.

Você também pode gostar