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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.375.290 - PE (2013/0006063-0)

RELATOR : MINISTRO OG FERNANDES


RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL -
PR000000O
RECORRIDO : VALDOMIRO BATISTA ARAUJO E OUTROS
ADVOGADO : TIAGO UCHOA MARTINS DE MORAES E OUTRO(S) -
PE018593
EMENTA

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ART. 535,


II, DO CPC. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO. IMPOSTO DE RENDA.
PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE VALOR RECOLHIDO
PELO CONTRIBUINTE. TEMA JÁ APRECIADO NO REGIME DO ART.
543-C DO CPC. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA. TÍTULO JUDICIAL. ADOÇÃO DO MÉTODO DE
ESGOTAMENTO. SINTONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
PRESCRIÇÃO A SER APRECIADA PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS.
1. Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC/73, quando o Tribunal de origem
dirime, fundamentadamente, as questões que lhe são submetidas,
apreciando integralmente a controvérsia posta nos autos.
2. O imposto de renda não incide sobre os valores da complementação de
aposentadoria referentes às contribuições efetivadas para a entidade de
previdência privada, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob
a égide da Lei n. 7.713/88 (de janeiro de 1989 a dezembro de 1995).
Precedente julgado na sistemática dos recursos repetitivos prevista no art.
543-C do CPC (REsp 1.012.903/RJ, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,
Primeira Seção, julgado em 8/10/2008, DJe 13/10/2008).
3. O método de esgotamento adotado pelo Juízo de primeiro grau não
destoa do comando constante da sentença com trânsito em julgado que, à
toda evidência, reconheceu ser indevida a incidência do imposto de renda
sobre verba de complementação de aposentadoria recebida de entidade
de previdência privada, na proporção das contribuições que os ora
recorridos efetivaram para o fundo de previdência complementar no
período de 1º/1/1989 a 31/12/1995.
4. A metodologia do esgotamento corresponde àquela em que se
atualizam as contribuições recolhidas na vigência da Lei n. 7.713/88 – ou
seja, na proporção das contribuições efetivadas ao fundo no período de
1º/1/1989 a 31/12/1995 – e, em seguida, abate-se o montante apurado
sobre a base de cálculo do imposto de renda incidente sobre os proventos
complementares no ano base 1996 e seguintes, se necessário, até o
esgotamento do crédito.
5. A confrontação do título judicial com a metodologia do esgotamento,
denota que o Juízo de primeiro grau agiu em sintonia com a coisa julgada,
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na medida em que permitiu a atualização do valor referente às
contribuições vertidas no período de 1º/1/1989 e 31/12/1995 para, em
seguida, decotar referido montante da base de cálculo futura, qual seja a
complementação de aposentadoria, tudo em consonância com a
orientação desta Corte Superior: AgRg no REsp 1.212.993/PR, Rel.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 22/5/2015; AgRg no REsp
1.471.754/PE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
DJe 8/10/2014; AgRg no REsp 1.422.096/RS, Rel. Ministro Napoleão
Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 5/9/2014; REsp 1.221.055/RS,
Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 5/12/2012.
6. A metodologia utilizada para encontrar o montante decorrente das
contribuições realizadas no período de 1º/1/1989 a 31/12/1995 deve
obedecer ao contido no Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos
índices de correção monetária – isso em detrimento da Taxa Selic,
mesmo após 1º/1/1995 –, já que, na espécie, o montante das
contribuições realizadas pelos beneficiários no período supramencionado
não ostenta natureza tributária, entendimento esse acolhido, inclusive, pelo
Tribunal de origem. Precedente: REsp 1.160.833/PR, Rel. Ministra Eliana
Calmon, Segunda Turma, DJe 1º/7/2010.
7. Somente a partir da vigência da Lei n. 9.250/95 é que surgiu a questão
do alegado bis in idem referente aos valores pagos a título de imposto de
renda sobre as prestações mensais do benefício de complementação de
aposentadoria. Nas obrigações de trato sucessivo, que se renovam mês a
mês, como no caso em apreço, em que se trata das prestações mensais
do benefício de complementação de aposentadoria, o termo inicial do
prazo quinquenal para se pleitear a restituição do imposto de renda retido
na fonte sobre a complementação de aposentadoria segue a mesma
sistemática. Precedentes: REsp 1.536.636/DF, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe 17/11/2015; REsp 1.306.333/CE, de
minha relatoria, Segunda Turma, DJe 19/8/2014.
8. A controvérsia relacionada à prescrição, contudo, não fora objeto de
análise pela Corte de origem, que adotara metodologia de cálculo diversa
da que acolhida pelo Juízo de piso e agora consagrada neste voto,
situação que exige o retorno dos autos às instâncias ordinárias para que
resolvam essa questão à luz do contexto fático-probatório, bem como da
jurisprudência deste Tribunal Superior materializada nos precedentes
indicados no item anterior.
9. Recurso especial a que se dá parcial provimento para admitir, na
hipótese dos autos, o uso do método de esgotamento para fins de
apuração do montante a ser deduzido da base de cálculo do imposto de
renda sobre a complementação de aposentaria recebida pelos ora
recorridos, sem descuidar da observância dos índices de correção
monetária previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, bem como
da orientação desta Corte Superior a respeito da prescrição.

ACÓRDÃO
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Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente)
e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão.
Dr. Eli Sousa Santos (Procurador da Fazenda Nacional), pela parte
Recorrente: Fazenda Nacional
Brasília, 10 de novembro de 2016(Data do Julgamento).

Ministra Assusete Magalhães


Presidente

Ministro Og Fernandes
Relator

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RELATÓRIO

O SR. MINISTRO OG FERNANDES: Trata-se de recurso especial


interposto pela Fazenda Nacional, com fundamento na alínea "a" do inciso III do art. 105
da CF/88, contra acórdão proferido pelo TRF da 5ª Região, publicado sob a égide do
CPC/73, assim ementado (e-STJ, fl. 317):

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE


COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. EXECUÇÃO.
SUBSTITUIÇÃO DO MÉTODO DE CÁLCULO EXPRESSO NA
SENTENÇA PELO ESGOTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE, À MÍNGUA DE
ACORDO ENTRE AS PARTES.I. Na execução de sentenças que
garantiram a não-incidência do IR sobre a complementação de
aposentadoria, na proporção das contribuições que os agravantes
efetivaram para o fundo no período de 1.1.1989 a 31.12.1995, a União,
premida pela necessidade de elaborar complexos cálculos em inúmeras
ações semelhantes, acena com nova sistemática de cálculo do direito,
considerando não o método determinado na sentença (atuarial) e sim o
método do esgotamento, que defende como o mais eficaz na satisfação
do direito.II. Se a legislação federal criou indevida sistemática de bis in
idem em um sistema de custeio de benefícios de trato sucessivo
(tributando a contribuição e, depois, também o benefício), a ilegalidade
deve ser reparada em favor de quem injustamente a sofreu, não
parecendo lícito sacrificar o direito do contribuinte pelo só fato de a União
reputar operacionalmente difícil a metodologia lógica de reparação do
dano, que é o cálculo atuarial, pretendendo substituí-lo por um mais
simples, mas que nem sempre apresenta vantagens práticas, pois em
boa parte dos casos, quando se vai executar o julgado pelo esgotamento,
o contribuinte "ganha mas não leva", já que toda a verba termina sendo
atingida pela prescrição.III. A substituição da metodologia atuarial por
outra, para cálculo do crédito exequendo, além de contrariar a sentença
transitada em julgado, somente seria válida se eleita de comum acordo
pelas partes, não porém se imposta unilateralmente por uma delas, ainda
mais se importar o sacrifício do núcleo do direito garantido na fase de
conhecimento (como no caso vertente, em que a execução, pela
sistemática do esgotamento, pretendida pela Fazenda, seria igual a
zero).IV. A utilização do método do esgotamento, na hipótese, não apenas
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contrariaria a coisa julgada, como também esvazia de conteúdo o título
executivo judicial, sendo assim descabida.V. Agravo provido.

Os embargos de declaração (e-STJ, fls. 321/332) foram rejeitados nos


termos da decisão de e-STJ, fls. 334/341.
Alega a recorrente, nas razões do especial, violação do art. 535, I e II, do
CPC/73, ao fundamento de que o Tribunal de origem, não obstante a oposição de
embargos declaratórios, deixou de afastar contradição e omissão quanto a questões
essenciais ao deslinde da controvérsia.
Afirma que a "contradição ficou evidente ao se dar total provimento ao
agravo de instrumento, ao mesmo tempo em que se decidiu que não cabe à Fazenda
Nacional arcar com o ônus da elaboração dos cálculos de execução da sentença".
De outra parte, afirma que "omitiu-se o julgado quanto à questão de que a
proporcionalidade estabelecida na sentença executada diz respeito exatamente à
correspondência entre o valor que será objeto de restituição durante o gozo do
benefício e o valor que foi objeto de recolhimento durante o período de contribuição,
ressaltando sempre a limitação da não incidência tributária (e, consequentemente, do
valor a ser restituído) àquele que foi recolhido pelos aderentes ao plano de previdência
privada, olvidando o acórdão, assim, dos artigos 467 e 475-G, do Código de Processo
Civil".
No mérito, sustenta a existência de contrariedade aos arts. 283, 333, I,
396, 475-B, 475-L, § 2º, todos do CPC/73. Defende, em síntese, que: (i) houve indevida
inversão dos ônus processuais no caso concreto, pois foi a devedora a parte intimada
para fornecer os cálculos para liquidação do julgado, quando a "incumbência pela
apresentação da memória discriminada e atualizada do cálculo pertencer ao credor,
sob pena de iliquidez e incerteza do título judicial"; (ii) a sentença de primeiro grau deu
correto cumprimento à sentença transitada em julgado, na medida em que, "ao
estabelecer a não incidência do imposto na proporção do que foi recolhido pelos
autores, o Exmo. Magistrado sentenciante quis com isso estabelecer o parâmetro a
orientar a determinação do montante devido a título de repetição, como quis também
fixar o limite do crédito dos demandantes"; (ii) dos julgados que compõem o título
judicial, é possível concluir "que a proporcionalidade estabelecida na sentença
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executada diz respeito exatamente a essa correspondência entre o valor que será
objeto de restituição durante o gozo do benefício e o valor que foi objeto de
recolhimento durante o período de contribuição, ressaltando sempre a limitação da não
incidência tributária (e, consequentemente, do valor a ser restituído) àquele que foi
recolhido pelos aderentes ao plano de previdência privada"; e, por fim, (iii) o critério de
cálculo da eventual devolução do imposto de renda deve levar em consideração o
montante não tributável, devidamente atualizado, o qual será excluído da tributação a
partir do início do recebimento do benefício de aposentadoria complementar,
esgotando esse montante mês a mês.
Não foram apresentadas contrarrazões, conforme certidão de e-STJ, fl.
367.
Inadmitido o recurso especial na origem (e-STJ, fls. 368/369). O agravo
contra a decisão de inadmissibilidade foi provido, determinando sua conversão em
recurso especial (e-STJ, fl. 413).
É o relatório.

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VOTO

O SR. MINISTRO OG FERNANDES (Relator): Na origem, os recorridos


interpuseram agravo de instrumento contra decisão do Juízo de primeiro grau que, em
liquidação de sentença, reconheceu inexistirem valores a serem restituídos em face da
prescrição, após acolher os cálculos apresentados pela Fazenda Nacional, que adotou
o método de esgotamento, "segundo o qual atualizam-se as contribuições recolhidas
na vigência da Lei n. 7.713/88 e, em seguida, abate-se o montante apurado sobre a
base de cálculo do Imposto de Renda incidente sobre os proventos complementares no
ano base 1996 e seguintes, se necessário, até o esgotamento do crédito" (e-STJ, fls.
22/23).
O Tribunal de origem, por sua vez, acolheu o pleito dos autores,
entendendo que "não pode a Fazenda Nacional, sponte sua, alterar a metodologia de
execução prestigiada na sentença, pouco importando as vicissitudes de ordem prática
(como a complexidade do cálculo)" (e-STJ, fl. 314).
Afirmou a Corte de origem que a "substituição da metodologia atuarial por
outra, para cálculo do crédito exequendo no que tange ao Imposto de Renda sobre o
benefício de complementação de aposentadoria, além de contrariar a sentença
transitada em julgado (que expressamente previu o método atuarial, ou da proporção),
somente seria válida se eleita de comum acordo pelas partes, não porém se desejada
unilateralmente por uma delas, ainda mais se importar o sacrifício do núcleo do direito
garantido na fase de conhecimento (como no caso vertente, em que a execução, pela
sistemática do esgotamento, pretendida pela Fazenda, seria igual a zero)" (e-STJ, fl.
314).
Tem-se, portanto, que a controvérsia veiculada nos presentes autos diz
respeito à sistemática de cálculo a ser adotada na liquidação de sentença que
reconheceu ser indevida a incidência do Imposto de Renda sobre verba de
complementação de aposentadoria recebida de entidade de previdência privada, na
proporção das contribuições que os ora recorridos efetivaram para o fundo no período
de 1º/1/1989 a 31/12/1995 (Lei n. 7.713/88), condenando a União a restituir os valores
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indevidamente retidos, respeitada a prescrição quinquenal (e-STJ, fl. 101).
Note-se que a discussão ora em análise diz respeito apenas à sistemática
de cálculo a ser adotada na liquidação da sentença voltada à identificação da base
imponível do Imposto de Renda, o que afasta qualquer debate a respeito do direito de
os recorridos não sofrerem a incidência de referido tributo sobre a complementação de
aposentadoria, já que tal questão já fora decida no título judicial com trânsito em
julgado.
Pelo fato de se discutir apenas a sistemática de cálculo de liquidação da
sentença é que, de pronto, afasta-se a alegada existência de afronta ao art. 535, I e II,
do CPC, na medida em que inexiste contrariedade na afirmativa do Tribunal de origem
no sentido de que é "razoável, contudo, que não seja a Fazenda obrigada a arcar com
ônus da elaboração de tais cálculos segundo a sistemática atuarial imposta na
sentença", já que tais ônus devem "recair sobre os exequentes, de modo que estes,
como credores, apresentem, em prazo fixado pelo juiz da execução, o cálculo da
proporção isenta de seu benefício a ser cumprida mês a mês, bem como do indébito
referente às parcelas indevidamente já tributadas no período não prescrito, atualizadas
na forma prevista no título" (e-STJ, fl. 314).
Isso porque, ao assim decidir, o Tribunal de origem apenas estabeleceu
que, embora na sua compreensão a metodologia de cálculo apresentada pela Fazenda
não fosse a adequada, tal situação não afastaria os ônus dos exequentes de
procederem aos atos necessários à identificação da importância a ser deduzida,
proporcionalmente, da base de cálculo do imposto de renda.
De outra parte, quanto ao mérito da controvérsia veiculada no presente
recurso especial, tem-se que o método de esgotamento adotado pelo Juízo de primeiro
grau (e-STJ, fl. 22) não destoa do comando constante da sentença com trânsito em
julgado que, à toda evidência, reconheceu ser indevida a incidência do imposto de
renda sobre verba de complementação de aposentadoria recebida de entidade de
previdência privada, na proporção das contribuições que os ora recorridos efetivaram
para o fundo de previdência complementar no período de 1º/1/1989 a 31/12/1995, nos
termos seguintes (e-STJ, fl. 101):

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Posto isso, acolho a prejudicial de mérito, e julgo procedente em parte o
pedido, para declarar a inexistência de relação jurídica a ensejar a
cobrança de imposto de renda sobre os benefícios complementares
percebidos pelos autores na proporção das contribuições que
efetivaram para o fundo no período de 1.1.1989 a 31.12.1995, e condenar
a União à restituição dos valores indevidamente retidos, respeitada a
prescrição quinquenal, acrescidos de juros de 1% (um por cento) ao mês,
a partir do trânsito em julgado dessa sentença, nos termos do art. 167,
parágrafo único do CTN e da Súmula 188 do STJ, correção monetária
pela variação média do IGPM, desde a data do indevido desconto, e tudo
até o efetivo pagamento, extinguindo-se, assim, o processo com
resolução do mérito, nos termos do art. 269, I, do CPC.

Registre-se, novamente, que o método de esgotamento corresponde


àquele em que se atualizam as contribuições recolhidas na vigência da Lei n. 7.713/88
– ou seja, na proporção das contribuições efetivadas ao fundo no período de 1º/1/1989
a 31/12/1995 – e, em seguida, abate-se o montante apurado sobre a base de cálculo
do imposto de renda incidente sobre os proventos complementares no ano base 1996
e seguintes, se necessário, até o esgotamento do crédito.
Desse modo, cotejando o título judicial com a metodologia do
esgotamento, infere-se que o Juízo de primeiro grau agiu em sintonia com a coisa
julgada, na medida em que permitiu a atualização do valor referente às contribuições
vertidas no período de 1º/1/1989 e 31/12/1995 para, em seguida, decotar referido
montante da base de cálculo futura, qual seja, a complementação de aposentadoria,
tudo em consonância com a orientação desta Corte Superior, materializada nos
precedentes que se seguem:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART.


535/CPC. OMISSÃO NÃO INDICADA. SÚMULA 284/STF. EXECUÇÃO
DE SENTENÇA. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA.
REPETIÇÃO DO INDÉBITO. IRPF INCIDENTE SOBRE BENEFÍCIO DE
APOSENTADORIA COMPLEMENTAR. CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS
PELA PARTE AUTORA. PERÍODO ENTRE 1989 E 1995. FORMA DE
APURAÇÃO. DISSÍDIO PRETORIANO NÃO COMPROVADO NA FORMA
LEGAL E REGIMENTAL.
1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a alegação
de ofensa ao art. 535 do CPC se faz de forma genérica, sem a
demonstração exata dos pontos pelos quais o acórdão se fez omisso,
contraditório ou obscuro. Aplica-se, na hipótese, o óbice da Súmula 284
do STF. Nesse mesmo sentido são os seguintes precedentes: AgRg no
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AREsp 641.698/RS, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe
27/04/2015; AgRg no REsp 1364975/BA, Rel. Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, Primeira Turma, DJe 18/06/2014; e AgRg no REsp
1.084.998/SC, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe
12/3/2010.
2. O acórdão recorrido não violou a coisa julgada, tão-somente restaurou
o comando sentencial transitado em julgado, que reconheceu, na esteira
do REsp. Nº 1.012.903/RJ, em repetitivo, Primeira Seção, Rel. Min. Teori
Albino Zavascki, que é indevida a cobrança de imposto de renda sobre o
valor da complementação de aposentadoria e do resgate de contribuições
correspondentes a recolhimentos para entidade de previdência privada
ocorridos no período de vigência da Lei 7.713/1988 (10/01/1989 a
31/12/1995), cujo ônus tenha sido exclusivamente do participante do plano
de previdência privada, por força da isenção concedida pelo artigo 6º,
inciso VII, alínea "b", da Lei 7.713/88, na redação anterior à que lhe foi
dada pela Lei 9.250/95.
3. "Sendo assim, o valor correspondente às contribuições vertidas pela
parte autora, no período entre 1989 e 1995 (ou até a data da sua
aposentadoria se ocorrida em momento anterior), devidamente
atualizado, constitui-se no crédito a ser deduzido exclusivamente
do montante correspondente às parcelas de benefício de aposentadoria
complementar, apurando-se a base de cálculo do imposto de renda"
(AgRg no REsp 1422096/RS, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,
Primeira Turma, DJe 05/09/2014; REsp. 1.278.598/SC, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 14.02.2013.
4. Não houve a devida comprovação do dissídio pretoriano invocado, isto
porque a parte recorrente não se desincumbiu do ônus de comprovar a
divergência jurisprudencial por meio da elaboração de cotejo analítico
entre os julgados confrontados, na forma legal e regimental.
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1.212.993/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 12/5/2015, DJe 22/5/2015)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.


TRIBUTÁRIO. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. LEIS
7.713/88 E 9.250/95. RESTITUIÇÃO.
INOBSERVÂNCIA DA PROIBIÇÃO DO BIS IN IDEM. PRESCRIÇÃO.
TERMO INICIAL.
1. Independentemente de se tratar de pagamento de benefício ou resgate
de contribuições, os recebimentos decorrentes de recolhimentos feitos na
vigência da Lei 7.713/88 não estão sujeitos à incidência do Imposto de
Renda, mesmo que a operação seja efetuada após a publicação da Lei
9.250/95. Desse modo, deve ser excluída da incidência do imposto de
renda o valor do benefício que, proporcionalmente, corresponder às
parcelas das contribuições efetuadas no período de 01.01.89 a 31.12.95.
2. O termo a quo do prazo prescricional se dá com a nova tributação, pelo
imposto de renda, efetuada sobre a totalidade de proventos percebidos a
título de complementação de aposentadoria. Desse modo, não há como
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desde logo entender prescrito o direito, pois o momento em que há o
esgotamento do montante que será abatido depende da liquidação de
sentença. Precedente: REsp nº 833.653/RS, Primeira Turma, Relator
Ministro Luiz Fux, DJ de 07.04.2008.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1.471.754/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 2/10/2014, DJe 8/10/2014)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À


EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. REPETIÇÃO DO
INDÉBITO. IRPF INCIDENTE SOBRE BENEFÍCIO DE
APOSENTADORIA COMPLEMENTAR. PROCESSUAL CIVIL. ART.
535, I E II DO CPC: ACÓRDÃO LIVRE DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO.
ARTS. 368, 460, 467, 468, 471, 473, 474 E 475-G, TODOS DO CPC, E
ART. 6o., VII, B DA LEI 7.713/88: AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. TRIBUTÁRIO. IRPF.
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. O VALOR CORRESPONDENTE ÀS
CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS PELA PARTE AUTORA, NO PERÍODO
ENTRE 1989 E 1995 (OU ATÉ A DATA DA SUA APOSENTADORIA SE
OCORRIDA EM MOMENTO ANTERIOR), DEVIDAMENTE ATUALIZADO,
CONSTITUI-SE NO CRÉDITO A SER DEDUZIDO EXCLUSIVAMENTE
DO MONTANTE CORRESPONDENTE ÀS PARCELAS DE BENEFÍCIO
DE APOSENTADORIA COMPLEMENTAR, APURANDO-SE A BASE DE
CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Trata-se, na origem, de embargos à execução contra a Fazenda
Pública fundada em título judicial em que reconhecido o direito à não
incidência de Imposto de Renda sobre as parcelas dos benefícios de
aposentadoria pagas por entidade de previdência complementar que
correspondem às contribuições efetuadas pelo próprio beneficiário no
período de vigência da Lei 7.713/88.
[...]
4. Inobstante, o entendimento adotado na Corte de origem não destoa
daquele assentado no âmbito deste Superior Tribunal de Justiça, segundo
o qual o valor correspondente às contribuições vertidas pela parte autora,
no período entre 1989 e 1995 (ou até a data da sua aposentadoria se
ocorrida em momento anterior), devidamente atualizado, constitui-se no
crédito a ser deduzido exclusivamente do montante correspondente às
parcelas de benefício de aposentadoria complementar, apurando-se a
base de cálculo do imposto de renda. Nesse sentido: REsp.
1.221.055/RS, Rel. Min.
MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 05.12.2012, REsp. 1.278.598/SC,
Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 14.02.2013, e REsp.
660.729/SE, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJU 22.08.2005, p. 135.
5. Agravo Regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1.422.096/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/8/2014, DJe 5/9/2014)

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA.


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COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. PREVIDÊNCIA PRIVADA.
LEI 7.713/88 (ART. 6º, VII, B), LEI 9.250/95 (ART. 8º, I E II).
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. FORMA DE LIQUIDAÇÃO. DEDUÇÃO
DAS CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS ENTRE 1989 E 1995 DOS
RENDIMENTOS DE 1996 EM DIANTE, OBSERVADO O LIMITE DO
VALOR DOS BENEFÍCIOS RECEBIDOS NOS PERÍODOS DE
APURAÇÃO E NÃO A FAIXA DE ISENÇÃO.
1. O art. 8º, I, da Lei n. 9.250/95 estabelece que a base de cálculo do
imposto de renda compreende a soma de todos os rendimentos, exceto
os isentos, os não-tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os
sujeitos à tributação definitiva.
2. Quanto a decisão judicial reconhece, na esteira do recurso
representativo da controvérsia REsp. Nº 1.012.903 - RJ (Primeira Seção,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 8.10.2008) que "é indevida a
cobrança de imposto de renda sobre o valor da complementação de
aposentadoria", está a considerar somente o valor do benefício
previdenciário como rendimento não tributável.
3. Sendo assim, o valor correspondente às contribuições vertidas pela
parte autora, no período entre 1989 e 1995 (ou até a data da sua
aposentadoria se ocorrida em momento anterior), devidamente
atualizado, constitui-se no crédito a ser deduzido exclusivamente do
montante correspondente às parcelas de benefício de aposentadoria
complementar, apurando-se a base de cálculo do imposto de renda. O
limite a ser respeitado na utilização dos créditos para a dedução deve ser
o do valor do benefício recebido da entidade de previdência e não o da
faixa de isenção. Método de cálculo já aceito por esta Casa no REsp. n.
1.086.148-SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 15.04.2010.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido.
(REsp 1.221.055/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 27/11/2012, DJe 5/12/2012)

Infere-se, portanto, que a metodologia adotada pelo Juízo de primeiro grau


no procedimento de liquidação vai ao encontro da jurisprudência deste Tribunal
Superior, não merecendo reparo.
Cabe averiguar, no entanto, se a metodologia utilizada para encontrar o
montante decorrente das contribuições realizadas no período de 1º/1/1989 a
31/12/1995 obedeceu ao contido no Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos
índices de correção monetária.
É certo que tal questão não fora objeto de análise pelas instâncias
ordinárias. No entanto, como esse ponto se apresenta indissociável da controvérsia,
aplica-se o direito à espécie para determinar sejam observados os índices de correção

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monetária do Manual de Cálculos da Justiça Federal – isso em detrimento da Taxa
Selic, mesmo após 1º/1/1995 –, já que, na espécie, o montante das contribuições
realizadas pelos beneficiários no período supramencionado não ostentaram natureza
tributária, entendimento esse acolhido, inclusive, pelo Tribunal de origem (e-STJ, fl.
312):

A sentença elegeu, sem me deixar qualquer dúvida, a sistemática correta


e mais tecnicamente adequada para a garantia do direito dos agravantes,
isso porque, a rigor, não se trata de repetir valores pagos indevidamente,
mas de efetiva não-incidência do Imposto em parte do benefício de
aposentadoria complementar, de modo que deve ser diminuída a base de
cálculo do IR sobre o benefício, na proporção do que as contribuições
vertidas pelo participante do fundo representaram em seu todo.

Nesse sentido, precedente desta Corte Superior cuja ementa segue


abaixo transcrita:

RECURSO ESPECIAL - TRIBUTÁRIO - IRPF - COMPLEMENTAÇÃO DE


APOSENTADORIA - REPETIÇÃO DE INDÉBITO - CORREÇÃO
MONETÁRIA.
1. Com base no Manual de Orientação de Procedimentos para os
Cálculos da Justiça Federal, aprovado pelo Conselho da Justiça Federal,
através da Resolução n. 561/CJF, de 02.07.2007, os índices utilizados
para o cálculo da correção monetária na repetição do indébito tributário,
devem ser os seguintes: (a) IPC, de março/1990 a janeiro/1991; (b) INPC,
de fevereiro a dezembro/1991; (c) UFIR, a partir de janeiro/1992; (d) taxa
SELIC, exclusivamente, a partir de janeiro/1996. Precedentes.
2. Não incidência da taxa SELIC ainda na fase de atualização para
aferição do montante a ser deduzido da base de cálculo do imposto de
renda, tratando-se de mera atualização monetária.
3. Recurso especial conhecido e não provido.
(REsp 1.160.833/PR, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,
julgado em 22/6/2010, DJe 1º/7/2010)

Por fim, verifica-se que a controvérsia relacionada à prescrição não fora


objeto de análise pela Corte de origem, que adotara metodologia de cálculo diversa da
que acolhida pelo Juízo de piso e agora consagrada neste voto, situação que exige o
retorno dos autos às instâncias ordinárias para que resolvam essa questão à luz do
contexto-fático probatório, bem como da jurisprudência deste Tribunal Superior

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materializada nos seguintes precedentes:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO. IMPOSTO DE


RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE PROVENTOS DE
APOSENTADORIA. ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. RELAÇÃO
DE TRATO SUCESSIVO. INÍCIO DO LUSTRO PRESCRICIONAL.
1. A questão posta à apreciação nos autos ficou pacificado no âmbito
desta Corte após o julgamento do Recurso Especial 1.012.903/RJ, pelo
rito dos recursos repetitivos, art. 543-C do CPC, da lavra do Ministro Teori
Albino Zavascki, naquela oportunidade a Primeira Seção do Superior
Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que, por força da isenção
concedida pelo art. 6º, VII, "b", da Lei 7.713/88, na redação anterior à que
lhe foi dada pela Lei 9.250/95, é indevida a cobrança de Imposto de Renda
sobre o valor da complementação de aposentadoria e o do resgate de
contribuições correspondentes a recolhimentos para entidade de
previdência privada, ocorridos no período de 1º.1.1989 a 31.12.1995.
2. Conforme salientado pelo eminente Ministro Og Fernandes: "Nas
obrigações de trato sucessivo, que se renovam mês a mês, como no
caso em apreço, em que se trata das prestações mensais do benefício
de complementação de aposentadoria, o termo inicial do prazo quinquenal
para se pleitear a restituição do imposto de renda retido na fonte sobre a
complementação de aposentadoria segue a mesma sistemática".
3. Recurso Especial provido.
(REsp 1536636/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 04/08/2015, DJe 17/11/2015)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.


TRIBUTÁRIO. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. LEIS
7.713/88 E 9.250/95. RESTITUIÇÃO.INOBSERVÂNCIA DA PROIBIÇÃO
DO BIS IN IDEM. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL.
1. Independentemente de se tratar de pagamento de benefício ou resgate
de contribuições, os recebimentos decorrentes de recolhimentos feitos na
vigência da Lei 7.713/88 não estão sujeitos à incidência do Imposto de
Renda, mesmo que a operação seja efetuada após a publicação da Lei
9.250/95. Desse modo, deve ser excluída da incidência do imposto de
renda o valor do benefício que, proporcionalmente, corresponder às
parcelas das contribuições efetuadas no período de 01.01.89 a 31.12.95.
2. O termo a quo do prazo prescricional se dá com a nova tributação, pelo
imposto de renda, efetuada sobre a totalidade de proventos percebidos a
título de complementação de aposentadoria. Desse modo, não há como
desde logo entender prescrito o direito, pois o momento em que há o
esgotamento do montante que será abatido depende da liquidação de
sentença. Precedente: REsp nº 833.653/RS, Primeira Turma, Relator
Ministro Luiz Fux, DJ de 07.04.2008.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1.471.754/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 2/10/2014, DJe 8/10/2014)

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RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL. ART. 535, II, DO


CPC. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO. IMPOSTO DE RENDA.
PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA.
NÃO INCIDÊNCIA SOBRE VALOR RECOLHIDO PELO CONTRIBUINTE.
TEMA JÁ APRECIADO NO REGIME DO ART. 543-C DO CPC.
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.
1. Não viola o art. 535, inciso II, do CPC, o acórdão que decide de forma
suficientemente fundamentada, não estando a Corte de origem obrigada a
emitir juízo de valor expresso a respeito de todas as teses e dispositivos
legais invocados pelas partes.
2. Não incide o imposto de renda sobre os valores da complementação de
aposentadoria referentes às contribuições efetivadas para a entidade de
previdência privada, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob a
égide da Lei n. 7.713/88 (de janeiro de 1989 a dezembro de 1995).
Precedente julgado na sistemática dos recursos repetitivos prevista no
art. 543-C do CPC (REsp 1.012.903/RJ, Rel. Ministro Teori Albino
Zavascki, Primeira Seção, julgado em 8/10/2008, DJe 13/10/2008).
3. A jurisprudência do STF e a do STJ firmaram-se no sentido de que,
para as ações de repetição de indébito relativas a tributos sujeitos a
lançamento por homologação ajuizadas a partir de 9/6/2005, deve ser
aplicado o prazo prescricional quinquenal previsto no art. 3º da Lei
Complementar n. 118/2005, ou seja, prazo de cinco anos com termo
inicial na data do pagamento; e para as ações ajuizadas antes de
9/6/2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia a
cumulação do prazo do art. 150, § 4º, com o do art. 168, I, do CTN (tese
do 5+5). Na hipótese dos autos, a ação foi ajuizada em 2007, razão pela
qual a prescrição será quinquenal.
4. Somente a partir da vigência da Lei n. 9.250/95 é que surgiu a questão
do alegado bis in idem referente aos valores pagos a título de imposto de
renda sobre as prestações mensais do benefício de complementação de
aposentadoria. Nas obrigações de trato sucessivo, que se renovam mês
a mês, como no caso em apreço, em que se trata das prestações
mensais do benefício de complementação de aposentadoria, o termo
inicial do prazo quinquenal para se pleitear a restituição do imposto de
renda retido na fonte sobre a complementação de aposentadoria segue a
mesma sistemática.
5. Recurso especial a que se dá parcial provimento.
(REsp 1.306.333/CE, de minha relatoria, SEGUNDA TURMA, julgado em
7/8/2014, DJe 19/8/2014)

Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso especial para admitir,


na hipótese dos autos, o uso do método de esgotamento para fins de apuração do
montante a ser deduzido da base de cálculo do imposto de renda sobre a
complementação de aposentaria recebida pelos ora recorridos, sem descuidar da
observância dos índices de correção monetária previstos no Manual de Cálculos da
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Justiça Federal, bem como da orientação desta Corte Superior a respeito da
prescrição.
É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2013/0006063-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.375.290 / PE

Números Origem: 00169860420104050000 111366 169860420104050000 16986042010405000001


200683000111468

EM MESA JULGADO: 10/11/2016

Relator
Exmo. Sr. Ministro OG FERNANDES
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ ELAERES MARQUES TEIXEIRA
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL - PR000000O
RECORRIDO : VALDOMIRO BATISTA ARAUJO E OUTROS
ADVOGADO : TIAGO UCHOA MARTINS DE MORAES E OUTRO(S) - PE018593

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Impostos - IRPF - Imposto de Renda de Pessoa Física

SUSTENTAÇÃO ORAL
Dr(a). ELI SOUSA SANTOS(Procurador da Fazenda Nacional), pela parte RECORRENTE:
FAZENDA NACIONAL

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso, nos termos do voto
do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente) e Herman
Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão.

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