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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JUIZADO

ESPECIAL FEDERAL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP

CRISTINA SANTOS DE MATOS, brasileira, casada, auxiliar administrativo, inscrita


no CPF sob o no 288.298.748/09 e portadora do RG de no 29.289.481-8 SSP/SP,
representante legal dos menores MARCÍLIO RODRIGUES SANTOS DE MATOS,
portador do RG no 57.478.241-2, nascido no dia 19 de Junho de 2004 e MIGUEL
RODRIGUES DOS SANTOS, portador do RG no 65.705.850-9, nascido no dia 03 de
Setembro de 2008, ambos residentes e domiciliados na Rua Manoel Teles Sobrinho,
no 717, apartamento 2, Bairro Dom Lafayte, na cidade de São José do Rio Preto/SP,
CEP 15.046-070, por intermédio da sua advogada Tereza Raquel Domingos Batista,
inscrita na OAB/SP no 455590, com endereço profissional na Rua Maria Dorisdei B.
Domingues, no 1022, Bairro Bela Vista III, Ibirá-SP, CEP 15.860-000, com endereço
eletrônico terezadomingosadvocacia@gmail.com onde recebe intimações, conforme
art. 77, V e art. 106, I do CPC, (procuração em anexo), vem por intermédio da
advogada infra-assinada, interpor:

RECURSO INOMINADO

Com fulcro no artigo 42 da lei 9099/95, em face de sentença de 317852651 que


indeferiu o pedido de auxílio reclusão, ajuizada em face de INSTITUTO NACIONAL
DO SEGURO SOCIAL(INSS),Autarquia Federal, Pessoa Jurídica de Direito Público,
inscrito no CNPJ 16.727.230/0001-97, na pessoa do seu representante legal, com
sede na Rua ST de Autarquias Sul, S/N, Quadra 02 Bloco O, Andar 06, Bairro Asa
Sul, CEP 70.+070-946, Brasília/DF e AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DA
CIDADE SÃO JOSÉ DO RIO PRETP/SP, Autarquia Federal, Pessoa Jurídica de
Direito Público, inscrito no CNPJ 29.979.036/0360-99, na pessoa do seu
representante legal, com sede na Av Bady Bassitt, 3268 An 6 , São José do Rio
Preto/SP, CEP 15.025-000.

Nessa conformidade, requer o recebimento do Recurso, sendo remetidos os autos,


com as razões recursais anexas, á Egrégia Turma Recursal, para que ao final, seja
dado provimento ao presente recurso.
Deixa de juntar preparo por ser beneficiário da Justiça Gratuita.

Termos em que, pede e espera deferimento


São José do Rio Preto/SP, 11 de abril de 2024

Tereza Raquel Domingos Batista


OAB/SP nº 455590
RECORRENTE: Cristina Santos de Matos e Outros
RECORRIDO: INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
PROCESSO N. 5002739-41.2021.4.03.6324
ORIGEM: 1ª Vara Gabinete JEF de São José do Rio Preto/SP

COLENDA CÂMARA, ÍNCLITOS JULGADORES

A sentença proferida nos autos em epigrafe, não distribuiu justiça as


partes, razão pela qual o presente recurso deverá ser conhecido e provido, pelas
razões que seguem.

Nos termos do art. 1003, § 5º do CPC/2015, o prazo para interpor


recurso é de 15 dias.

Art. 1003, § 5º determina que: “Excetuados os embargos de declaração, o prazo para


interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Desta forma, sendo certo que a intimação eletrônica da sentença deu-se


na data de 20/03/2024, e que o dia 29/04/2024 foi feriado nacional (sexta-feira da
paixão) finda-se o prazo para interpor o recurso no dia 11/04/2024.

Portanto, sendo protocolado nesta data, resta o presente recurso


tempestivo.
A Requerente, ingressou com pedido de Auxílio Reclusão em 29/05/2019,
o qual foi INDEFERIDO, com a justificativa de que há época do Requerimento, NB
no 192.794.934-0 o Recluso não cumpria com os requisitos mínimos para sua
concessão, no que tange a quantidade mínima exigida para fins de carência.

Por fim, foi proferida sentença, onde foi julgado improcedente o pedido
do, ora recorrente, com fundamento de c u m p r i m e n to da ca r ê n c ia , de 2 4
con t r i b u i çõ e s, e s ta be l e c i do s p e l a l e i n º 13 . 846 / 19 . Diante desta
injustiça o recorrente não teve outra alternativa que não a propositura do presente
recurso, a fim que tenha seus direitos assegurados.

Conforme consta nos autos, o Juízo reconheceu que o genitor dos


recorrente possuía todos os requisitos para que lhe fosse concedido o auxílio
reclusão aos menores, exceto a carência de 24 contribuições, que se deu em razão
da vigência.

É importante destacar a aplicação do princípio do tempus regit actum, que


entende-se:
“A administração consagra a eficácia temporal, vigente à época dos fatos geradores da
faculdade e não à do exercício deste (salvo se esta for mais benéfica ou se a lei mais
antiga for omissa).

Não só a norma vigente ao momento dos fatos, como também os eventos


ocorridos ao tempo do aperfeiçoamento do direito, têm de ser sopesados.

A regra é a irretroatividade da norma, cabendo considerar o valor dos


fatos e da lei vigente à época.”

(MARTINEZ, Wladimir Novaes. Direito Adquirido na Previdência Social, 3ª


ed., S. Paulo: LTr. 2010, p. 190)
Desta forma, é importante destacar que a prisão ocorreu no dia 17 de
fevereiro de 2019, e que a lei 13 .846 /19 só entrou em vigor no dia 18 de junho de
2019, que converteu a MP 871 em lei. E uma lei apenas derruba a aplicabilidade de
outra com a vigência de uma lei nova, esse período de transgressão da MP para a
Lei, que acabou prejudicando o acesso ao direito do recorrente, ao impor uma
carência mínima de contribuições, tendo em vista que o genitor dos menores
encontra-se com mais de 6 anos de contribuição anteriores a reclusão, e a lei da
época da sua prisão estabelece que o único requisito é que se tenha 24
contribuições para a previdência.

A nova lei de junho 2019, POSTERIOR a reclusão, determinou que além


das 24 contribuições, o recluso deve ter mantido a qualidade de segurado pelos
últimos 12 meses. No entanto essa norma não se aplica ao caso concreto, tendo em
vista que o recluso foi detido em FEVEREIRO e a lei foi promulgada em JUNHO.

Assim sendo, é necessário verificar o que aduz as jurisprudências, acerca


deste referido tema:
E M E N T A DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR
INCAPACIDADE PERMANENTE. VALOR DO BENEFÍCIO. CONCESSÃO APÓS EC
103/2019. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. CONSECTÁRIOS. -

Considerando o princípio "tempus regit actum", um dos pilares do direito previdenciário,


bem como tendo em vista que à época que a parte autora implementou os requisitos
legais para a concessão da aposentadoria por incapacidade permanente, nos termos do
laudo pericial, não estava vigente a EC 103/2019, foi mantido o valor do benefício nos
termos do disposto no art. 44 da Lei nº 8.213/1991, legislação de regência anterior à
Emenda Constitucional, em cuja vigência houve a implementação das condições para a
concessão do benefício pela demandante - Os honorários advocatícios deverão ser
fixados na liquidação do julgado, nos termos do inciso II,do § 4º, c.c. § 11, do artigo 85,
do CPC/2015 - Apelação do INSS não provida.

(TRF-3 - ApCiv: 50034351320214039999 MS, GRIFO MEU,

Relator: Desembargador Federal GILBERTO RODRIGUES JORDAN, Data de


Julgamento: 02/12/2021, 9ª Turma, Data de Publicação: DJEN DATA: 09/12/2021)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 44, DA LEI 8.213/91.


REVOGAÇÃO PELA LEI 9.032/95. RETROATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. I. O benefício

previdenciário deve ser regulado pela lei vigente à época em que preenchidos os
requisitos necessários à sua concessão. Princípio tempus regit actum. II. Irretroatividade
da norma do art. 44, da Lei n. 8.213/91, com a redação que lhe deu a Lei n. 9.032/95. III.
Agravo regimental acolhido, para dar provimento ao recurso especial.

(STJ - AgRg no REsp: 961712 PE 2007/0140665-2, GRIFO

MEU, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento: 02/12/2014, T6 - SEXTA


TURMA, Data de Publicação: DJe 03/02/2015)
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO PREVIDENCIÁRIO - PENSÃO POR MORTE -
"TEMPUS REGIT ACTUM" - LEI Municipal nº 10.362/2011 - FILHA MAIOR E INVÁLIDA -

INVALIDEZ COMPROVADA - CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.

A pensão refere-se ao pagamento pelo Estado à família do servidor que exercia


efetivamente as suas funções ou aposentado a partir do seu falecimento. As condições
de concessão desse benefício serão estabelecidas por lei

específica, conforme dispõe a Constituição Federal. A concessão de benefícios


previdenciários, a luz do princípio do tempus regit actum, rege-se pela legislação vigente
na data do fato gerador. A Lei Municipal nº 10.362/2011 não impõe como requisito para a
concessão da pensão por morte que a incapacidade do filho tenha ocorrido antes de
completar 21 (vinte e um anos) de idade. O que a lei exige é que a invalidez seja anterior
ou simultânea ao falecimento do genitor.

(TJ-MG - AC: 10000205312598001 MG, GRIFO MEU, Relator:

Dárcio Lopardi Mendes, Data de Julgamento: 11/02/2021, Câmaras Cíveis / 4ª C MARA


CÍVEL, Data de Publicação: 12/02/2021)

Fica nítido portanto excelência, que em razão da aplicação do princípio do


tempus regit actum, nos benefícios previdenciários, faz-se necessária a análise de
preenchimento dos requisitos quando do fato gerador, e não no decorrer do tempo.
No caso em tela, verificou-se que o genitor possui todos os requisitos para que seja
implantado o benefício de auxílio reclusão aos seus filhos, ora recorrentes.

Diante de todo o exposto, resta evidente que a sentença de f. XX, deve


ser reformada, para que ao final, o pedido seja julgado procedente, sendo o
benefício do recorrente implantado desde a data da prisão.

Diante do exposto, requer-se:

O conhecimento do Recurso Inominado, eis que tempestivo e presentes


as demais condições e pressupostos de admissibilidade dando-lhe PROVIMENTO,
para reformar totalmente a sentença a quo, julgando procedente o pedido de auxílio
reclusão;

Condenar o recorrido a pagar as parcelas vencidas desde a data da


prisão, aos recorrentes, as quais deverão ser monetariamente corrigidas desde os
respectivos vencimentos e acrescidas de juros legais moratórios desde a citação,
até a data do efetivo pagamento;
Condenar o recorrido ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios.

Termos em que, pede e espera deferimento

São José do Rio Preto/SP, 11 de abril de 2024

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Tereza Raquel Domingos Batista
OAB/SP nº 455590

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