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EXMO. Sr. Dr.

JUIZ DO TRABALHO DA ___ VARA DO TRABALHO DE BELO


HORIZONTE/MG

Maria Marli Oliveira Campos, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da


cédula de identidade Nº 000000000 – órgão expedidor/UF, inscrito no CPF sob o Nº
000.000.000-00, CTPS 00000 – série XXXXX/UF, endereço eletrônico, residente e
domiciliado na (endereço completo com CEP) – Cidade/UF, por intermédio de seu
advogado infra-assinado, endereço eletrônico, com procuração em anexo e endereço
profissional à (endereço completo com CEP), vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, com fulcro no Art. 840 da CLT, propor:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

pelo procedimento ORDINÁRIO, em face de:

1ª Reclamada: Clinica de Fisioterapia Montes Gerais, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ através do Nº 00.XXXXX/0001-00, endereço eletrônico, situada na
(endereço completo com CEP) – Cidade/UF;

2ª Reclamada: Hospital Life Corpo Saudável, pessoa jurídica de direito privado, inscrita
no CNPJ através do Nº 00.XXXXX/0001-00, endereço eletrônico, situada na (endereço
completo com CEP) – Cidade/UF;

pelos fatos e fundamentos expostos a seguir:

I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A Reclamante requer o benefício da gratuidade de justiça assegurado no Art. 5º, inciso


LXXIV da Constituição Federal e disciplinado nos Artigos 98 e seguintes da Lei
13.105/15 ( CPC), inclusive para efeito de possível recurso, tendo em vista estar
impossibilitado de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento
e de sua família, conforme declaração de hipossuficiência em anexo.

II – DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E/OU SUBSIDIÁRIA

A Reclamante foi contratada pela 1ª Reclamada em 02/01/2021 para exercer a função


de fisioterapeuta, especialmente na modalidade respiratória, cujos serviços eram
prestados sob o acompanhamento da 2ª Reclamada, neste caso caracterizada como a
Tomadora dos Serviços.
A prestação dos serviços sob a égide da 2ª Reclamada ficou caracterizada através do
controle de entrada e saída das dependências da empresa, de responsabilidade do
funcionário Sr. xxxxxxxxxxxxx, cujo endereço eletrônico é xxxxxxxx@xxx.com. Além da
subordinação direta à 2ª Reclamada, o Reclamante obedecia as determinações para a
utilização de refeitório e transporte para a realização de serviços externos.

Neste sentido, cabe a Tomadora dos Serviços guardar o dever de eleger com critério, a
empresa de terceirização e, ainda, acompanhar o desenrolar da prestação dos
serviços, verificando a existência ou não de algum tipo de prática lesiva ao empregado
contratado pela empresa eleita para participar da terceirização. Tal dever afigura-se
inerente a essa modalidade de contratação, ficando a empresa de terceirização, neste
aspecto, sujeita ao exame da Tomadora com a qual guarda uma vinculação jurídica
contratual.

É de responsabilidade, portanto, da Tomadora de Serviços o inadimplemento das


obrigações trabalhistas por parte da empresa empregadora uma vez que a mesma
também se beneficiou diretamente dos serviços prestados de todo o período pelo
empregado.

Sendo assim, fica evidenciada à obrigatoriedade da 2ª Reclamada em arcar com os


prejuízos suportados pelo Reclamante. Ressaltando ainda que isso não deverá se dar
de forma alternativa, pois tanto uma quanto a outra devem responder diretamente
pelas verbas devidas.

No entanto, se não for do entendimento desse Juízo que no caso em tela encontra-se
caracterizada a Responsabilidade Solidária da 2ª Reclamada, é digno de destaque,
então, a Responsabilidade Subsidiária estabelecida na Súmula 331, inciso IV, do TST.
In verbis:

TST - Súmula 331- inciso IV.

“O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do


empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador
dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja
participado da relação processual e conste também do título
executivo judicial”.

Salienta-se ainda, que a responsabilidade da 2ª Reclamada decorre da culpa in


eligendo, em virtude da ausência de fiscalização e da má escolha na contratação da
empresa prestadora de serviços, no caso em questão a 1ª Reclamada. Razão pela qual
a 2ª Reclamada deverá fazer parte do polo passivo da presente demanda.

No tocante ao assunto, nossos Tribunais não têm trilhado outro caminho, se não o da
responsabilização também da tomadora dos serviços. Vejamos:
TST - RECURSO DE REVISTA RR XXXXX20115050023 (TST)

Data de publicação: 08/05/2015

Ementa: RECURSO DE REVISTA

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR

DE SERVIÇOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO.

Nos termos da Súmula nº 331, VI, do TST, a responsabilidade subsidiária do tomador


de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período
da prestação laboral, inclusive os débitos de natureza fiscal (imposto de renda).
Recurso de revista conhecido e provido.

TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA AIRR


XXXXX20135180101 (TST)

Data de publicação: 13/11/2015

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.TERCEIRIZAÇÃO.


RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE SERVIÇOS.

O Tribunal Regional concluiu pela responsabilidade subsidiária do tomador de serviços,


nos termos do item IV da Súmula 331 do TST.

Diante de todo o exposto requer que Vossa Excelência se digne em declarar a


solidariedade e/ou subsidiariedade da 2ª Reclamada, fazendo assim que a mesma,
passe a fazer parte do polo passivo da presente demanda, assegurando assim o que é
de legítimo direito do Reclamante.

III – DOS FATOS

Conforme já mencionado acima, o Reclamante foi admitido pela 1ª Reclamada em


02/01/2021 para exercer a função de fisioterapeuta. Ficou acordado que o salário seria
de R$ 2500,00 (dois mil e quinhentos reais) por mês.

A Reclamante foi contratada para obedecer uma jornada de trabalho 44 horas


semanais. Todavia, efetivamente o que se observava, na prática, era que o horário de
trabalho se realizava das 7:00 h as 19:00, de segunda a sábado. O intervalo para
almoço e descanso eram de 30 minutos diários e as horas excedentes jamais foram
pagas.

Em 10/06/23 a Reclamante foi dispensada sem justa causa e até a presente data não
recebeu os valores correspondentes as verbas contratuais e rescisórias, nem tampouco
teve a saída anotada em sua CTPS.

A Reclamante entrou em contato várias vezes com a 1ª Reclamada objetivando a


solução do problema, mas sempre recebeu respostas desrespeitosas e evasivas. Sendo
assim, não restou ao Reclamante outra alternativa que não fosse o ajuizamento da
presente Reclamação Trabalhista.

IV –DA ANOTAÇÃO NA CTPS.

A Reclamante por diversas vezes solicitou a anotação em sua Carteira de Trabalho,


relativamente ao período compreendido entre 02/01/2021 a 10/06/2023, sempre
ocorrendo a negativa da 1ª Reclamada em anotar o devido contrato de trabalho,
informando que o faria oportunamente. Dessa maneira, passaram-se todo o tempo
trabalhado sem a devida anotação.

O fato da 1ª Reclamada não anotar a CTPS do Reclamante na data do início efetivo do


contrato de trabalho evidenciou flagrante desrespeito ao estatuído no Art. 29 da CLT,
vejamos:

Art. 29 - A Carteira do Trabalho e Previdência Social será


obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao
empregador que o admitir, o qual terá o prazo de 48 horas para anotar,
especificadamente, a data de admissão, a remuneração e as condições
especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual,
mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo
Ministério do Trabalho.

§ 1º - As anotações concernentes à remuneração devem especificar o


salário, qualquer que seja sua forma de pagamento, seja ele em
dinheiro ou em utilidades, bem como a estimativa da gorjeta.

§ 2º - As anotações na Carteira do Trabalho e Previdência Social serão


feitas:

a) na data-base;

b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador;

c) no caso de rescisão contratual; ou

d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social.

§ 3º - A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo


acarretará a lavratura do auto de infração, pelo Fiscal do Trabalho, que
deverá, de ofício, comunicar a falta de anotação ao órgão competente,
para o fim de instaurar o processo de anotação.

§ 4º - É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à


conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência
Social.
§ 5º - O descumprimento do disposto no § 4º deste artigo submeterá o
empregador ao pagamento de multa prevista no art. 52 deste Capítulo.

Sendo assim, não resta dúvida que essa postura deliberada da 2ª Reclamada
prejudicou demasiadamente a Reclamante, sobretudo no que tange a contagem do
período para sua aposentadoria.

Diante do exposto, requer a Declaração Judicial para a referida anotação do Contrato


de Trabalho na CTPS da Reclamante, assim como a inclusão do referido período no
cálculo das verbas rescisórias, a partir do dia 02/01/2021.

VI – DAS VERBAS CONTRATUAIS E RESCISÓRIAS

VI. 1 - DO SALDO DE SALÁRIO

O último salário percebido pelo Reclamante foi o correspondente ao mês de


Junho/2023. Em virtude do mesmo ter sido dispensada em 10/06/2023, tem direito ao
recebimento do saldo de salário correspondente aos 5 (cinco) dias laborados no mês
de Junho assim como os seus reflexos.

Desse modo, as Reclamadas deverão pagar ao Reclamante o respectivo saldo de


salário, perfazendo o total de R$ xxx devidamente acrescidos de juros e correção
monetária.

VI. 2 – DAS FÉRIAS + 1/3 CONSTITUCIONAL

A Reclamante tem férias vencidas as quais faz jus, referente ao período aquisitivo de
02/01/2021 a 01/01/2023. Com o acréscimo do 1/2 constitucional as Reclamadas
deverão pagar ao Reclamante o correspondente a R$ xxx

VI. 3 – DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS + 1/3 CONSTITUCIONAL

A Reclamante tem direito a receber o período incompleto de férias, acrescido do terço


constitucional, em conformidade com o Art. 146, parágrafo único da CLT e Art. 7º,
inciso XVII da CRFB/88.
CLT - Art. 146 - Na cessação do contrato de trabalho, qualquer
que seja a sua causa, será devida ao empregado a remuneração
simples ou em dobro, conforme o caso, correspondente ao
período de férias cujo direito tenha adquirido.

Parágrafo único - Na cessação do contrato de trabalho, após 12


(doze) meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido
demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao
período incompleto de férias, de acordo com o art. 130, na
proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração
superior a 14 (quatorze) dias.

CRFB/88 - Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e


rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:

(...)

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um


terço a mais do que o salário normal;

Observa-se que o parágrafo único do Art. 146 da CLT, prevê o direito do empregado
ao período incompleto de férias na proporção de 1/12 por mês trabalhado ou fração
superior a 14 (quatorze dias). Sendo assim, tendo o período aquisitivo iniciado em
02/01/2016 e o término efetivo do contrato de trabalho ocorrendo em 05/02/2016, o
Reclamante faz jus às férias proporcionais de 1/12 acrescidas do terço constitucional.

Diante disso, as Reclamadas deverão pagar ao Reclamante o correspondente a R$ xxx,


valor esse que deverá ser acrescidos de juros e correção monetária.

VI. 4 – DO 13º SALÁRIO

Nos exatos termos do Art. 7º, inciso VIII, da Constituição Federal de 1988 o 13º
salário é devido a todos os empregados urbanos, rurais e domésticos. Cumpre-nos
informar que o Reclamante não recebeu o 13º salário relativo ao ano de 2015.

Nesse sentido, as Reclamadas devem ser condenadas ao pagamento de R$ 2.500,00


(dois mil e quinhentos reais) em favor da Reclamante, referente ao 13º salário do
período acima citado. Valor esse que deverá ser corrigido monetariamente e acrescido
de juros legais.
VI. 5 – DO 13º SALÁRIO PROPORCIONAL

As Leis 4.090/62 e 4.749/65 preceituam que o décimo terceiro salário deverá ser pago
até o dia 20 de dezembro de cada ano, sendo ainda certo que a fração igual ou
superior a 15 (quinze dias) de trabalho será havida como mês integral para efeitos do
cálculo do 13º salário.

Assim, tendo o contrato de trabalho findado em 10/06/2023, o Reclamante tem direito


ao recebimento do correspondente a 1/12 em relação a remuneração percebida,
observando neste caso, o valor de R$ xxx, que deverá ser pago pelas Reclamadas
devidamente corrigido monetariamente e acrescido de juros.

VI. 6 – DOS DEPÓSITOS DO FGTS

O Art. 15 da Lei 8.036/90 estabelece que todo empregador deverá depositar até o dia
7 de cada mês na conta vinculada do empregado a importância correspondente a 8%
de sua remuneração devida no mês anterior.

in verbis:

Lei 8.036/90 - Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os
empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada
mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8
(oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a
cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam
os artigos 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a
Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº
4.749, de 12 de agosto de 1965.

Até a presente data não consta nos registros na Caixa Econômica Federal os depósitos
do FGTS que deveriam ter sido efetuados pela 1ª Reclamada em favor do Reclamante.
Nesse sentido, o Reclamante faz jus ao valor correspondente aos depósitos mensais do
período trabalhado, perfazendo um total de R$ xxx que deverá ser pago pelas
Reclamadas devidamente corrigido monetariamente e acrescido de juros legais.
VI. 7 – DA MULTA DE 40%

Em virtude de se tratar de uma rescisão sem justa causa do contrato de trabalho,


deverá ser paga uma multa, em favor do Reclamante, de 40% sobre o valor total do
saldo do FGTS, de acordo com o § 1º do Art. 18 da Lei 8.036/90 c/c Art. 7º, inciso I,
da CRFB/88.

Cabe então, em favor da Reclamante o correspondente a R$ 1.200,16 (um mil,


duzentos reais e dezesseis centavos). Valor este que deverá ser pago pelas
Reclamadas devidamente corrigido monetariamente e acrescido de juros legais.

VI. 8 – DAS HORAS EXTRAS

É assegurada constitucionalmente a Jornada de Trabalho de 8 (oito) horas diárias e 44


(quarenta e quatro) horas semanais para os trabalhadores urbanos, sendo que
qualquer trabalho acima do fixado na Constituição Federal importará em prorrogação
da Jornada, devendo o empregador remunerar o serviço extraordinário superior, no
mínimo, em 50% à hora do normal, consoante prevê o Art. 7º, inciso XVI, da
Constituição Federal de 1988, abaixo transcrito.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:

(...)

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no


mínimo, em cinquenta por cento à do normal;

No mesmo contexto o Art. 58 da CLT estabelece que “a duração normal do trabalho,


para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas
diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite”.

Diante da leitura dos dispositivos legais supramencionados, conclui-se que toda vez
que o empregado prestar serviços após esgotar-se a jornada assegurada pela
Constituição Federal haverá trabalho extraordinário, que deverá ser remunerado com o
adicional de, no mínimo, 50% superior ao da hora normal.
No caso em tela, verifica-se que o Reclamante cumpria diariamente 3 (horas) horas
extraordinárias de segunda a sábado e 3 (três) horas excedentes as 44 (quarenta e
quatro) aos sábados. Tal rotina foi observada durante todo o período laborado. No
entanto as Reclamadas jamais efetuaram o pagamento destas horas extraordinárias e
por consequência os seus reflexos, tampouco em sua rescisão contratual, valores estes
que faz jus ao Reclamante em receber, conforme fica demonstrado acima.

Diante de todo o exposto, requer a condenação das Reclamadas ao pagamento das


horas extras, com o respectivo adicional de 50%. Ainda deverão ser observados os
seus reflexos e o valor em questão deverá ser atualizado monetariamente além de
acrescidos os juros legais.

VI. 9 – DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT

No prazo estabelecido no Art. 477, § 6º, da CLT, não houve o pagamento das verbas
rescisórias acima elencadas. Neste sentido se impõe em favor do Reclamante uma
multa equivalente a um mês de salário revertida em seu favor, conforme
consubstancia o § 8º do mesmo artigo da CLT acima citado.

VI. 10 – DA MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT

A Reclamada deverá pagar a Reclamante, no ato da audiência, todas as verbas


incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%, conforme Art. 467 da CLT, transcrito a
seguir:

CLT - Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho,


havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o
empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do
comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa
dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por
cento.

Desta forma, protesta o Reclamante pelo pagamento de todas as parcelas


incontroversas na primeira audiência.
VI. 11 – DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

Durante todo o período contratual a Reclamante laborou em condições insalubres.


Todavia, nada foi pago nesse sentido.

As atividades desenvolvidas pela reclamante consistiam no apoio fisioterapeutico


respiratório, nos leitos e, essencialmente para pacientes que permaneciam internados
nos CTI’s (Centro de Tratamento Intensivo) Adulto, Cardiovascular e Cardiológico, bem
como em unidades de internação, e sendo assim, permanecia em contato com diversas
doenças, bem como quanto aos portadores de doenças infecto-contagiosa, inclusive
em situação de isolamento, e neste caso tinha contato direto com secreção respiratória
contaminada.

Com esse pensar, eis o magistério de Francisco Ferreira Jorge Neto e Jouberto de
Quadros Pessoa Cavalcante:

“São consideradas atividades ou operações insalubres aquelas


que, por sua natureza, condição ou métodos de trabalho,
exponham os empregados a gentes nocivos á saúde, acima dos
limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos
(art. 189, CLT)...

Ante o que fora exposto, impõe-se a conclusão de que a Reclamante laborou, em


verdade, em ambiente insalubre (CLT, art. 189).

É consabido que o adicional de insalubridade, por ser de natureza salarial, deve incidir
nas demais verbas trabalhistas. É o que se destaca, a propósito, do verbete contido na
Súmula 139 do Egrégio TST.

Com esse enfoque, é altamente ilustrativo transcrever as lições de José Aparecido dos
Santos:

Atualmente predomina maciçamente o entendimento de que,


enquanto seja recebido, o adicional de insalubridade integra o
salário do empregado para todos os efeitos legais [ ... ]

Nesse compasso, a Reclamada deve ser condenada a pagar os valores


correspondentes ao adicional de insalubridade, no grau médio, com reflexos em aviso
prévio, férias com 1/3, depósitos do FGTS e 13º salário.
VI. 12 – DA SUPRESSÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA

Conforme narrado nos fatos, a carga horária da Reclamante era das 13:00h às 19:00h
segunda a sábado.

Contudo, é mister afirmar que a mesma jamais usufruiu do seu intervalo intrajornada
diários (1h), usufruindo de intervalo de 30 minutos.

Ou seja, desde o início do vínculo empregatício [02/01/2021 - 25/01/20210/06/2023],


de segunda à sábado foram suprimidas 30 min diários do intervalo intrajornada.

Nesse sentido, como restará comprovado em sede de instrução processual, faz jus a
Reclamante à percepção do pagamento dos intervalos intrajornadas suprimidos,
equivalente a todo período em que laborou para a Reclamada, implicando o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com
acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de
trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para
efeito de remuneração, conforme dispõe a Súmula 437, I e III, do TST.

"INTERVALO INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. PAGAMENTO DO


PERÍODO INTEGRAL. NATUREZA JURÍDICA DA PARCELA. O desrespeito
ao intervalo intrajornada mínimo de uma hora torna devido o tempo em
sua integralidade, e não somente o tempo suprimido, com acréscimo de,
no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de
trabalho, possuindo natureza jurídica salarial, repercutindo, assim, no
cálculo de outras parcelas salariais (Súmula nº 437, itens I e III, do
TST)" (Súmula nº 81 deste Regional). (TRT12 - ROT - XXXXX-
98.2018.5.12.0027, MARCOS VINICIO ZANCHETTA, 4ª Câmara, Data de
Assinatura: 11/08/2020)

Nesse liame, para se chagar ao valor estimado das horas suprimidas, foi utilizado o
seguinte cálculo:

R$ 2.500,00 (salário) / 176h (horas mensais) = R$ 14,20

R$ 14,20 x 176h (suprimidas) = R$ 2.499,20


R$ 2.499,20+ 50% = 3.748,80

Assim, requer a condenação da Reclamada no pagamento sobre as horas extras


apuradas mais seu reflexo no DSR, férias + 1/3, 13º salário e FGTS, no valor estimado
de 3.748,80

VII – DO DANO MORAL

Nos exatos termos do Art. 114 da Constituição Federal, a Justiça do Trabalho é


competente para julgar, também, o pedido de indenização por danos morais, quando
este advém da relação de emprego.

No transcorrer de liame contratual é evidente que o reclamante foi vítima de danos


morais praticado pelas reclamadas que constantemente atrasavam os salários.
Cabendo ainda destacar, como agravante, o fato de que sequer adimpliram as verbas
rescisórias e saldo de salários.

É de extrema nitidez que o Reclamante foi submetido a situação de humilhação,


constrangimento e desprestígio, expondo-a ao ridículo e a uma condição de penúria
que não pode ser tolerada por este M.M. Juízo.

Diante do exposto pugna-se pela condenação das Reclamadas ao pagamento de


indenização por danos morais.

Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da fixação da reparação, uma
vez que não existem critérios determinados e fixos para a quantificação do dano moral,
a reparação do dano há de ser fixada em montante que desestimule o ofensor a
repetir o cometimento do ilícito. Diante disso acreditamos que o valor correspondente
a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) esteja dentro do que preconiza o Princípio da
Razoabilidade.

VIII – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

O Art. 133 da Constituição Federal de 1988, norma cogente, de interesse público, das
partes e jurisdicional, tornou o advogado indispensável à administração da justiça.

Em que pese existir, no âmbito da Justiça do Trabalho, o Princípio jus postulandi, sabe-
se que, caso um Reclamante comece um litígio sem auxílio de um advogado, este
poderá ser seriamente prejudicado, em virtude de geralmente não possuir o
conhecimento técnico adequado para litigar em juízo.

Além disso, é sabido que as empresas Reclamadas, por serem detentoras de poder
econômico avantajado, certamente estarão sempre acompanhadas por operadores do
direito altamente qualificados, o que, somado ao jus postulandi do Empregado,
tornaria o trabalhador ainda mais hipossuficiente na busca por seus próprios direitos.

Dessa forma, na busca de uma igualdade material dentro de uma demanda, se faz
necessária, sim, a presença do advogado em juízo, acompanhando o Reclamante.
Nada mais justo e coerente, portanto, do que o deferimento de honorários advocatícios
por força do Princípio da Sucumbência, estabelecido nos termos do Art. 85 do CPC.

IX – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto Requer:

1 – O benefício da gratuidade de justiça assegurado no Art. 5º, inciso LXXIV da


Constituição Federal e disciplinado nos Artigos 98 e seguintes da Lei 13.105/15 ( CPC);

2 – A Notificação das reclamadas, para que compareçam em audiência, e, querendo,


contestem a presente ação, sob pena de, não o fazendo, incidirem os efeitos da
revelia;

3 - Que seja declarada a solidariedade e/ou subsidiariedade da 2ª Reclamada, fazendo


assim com que a mesma faça parte do polo passivo da presente demanda,
assegurando o que é de legítimo direito do Reclamante;

4 – A Declaração Judicial de reconhecimento do vínculo empregatício, com início em


02/01/2021, anotando-se no Contrato de Trabalho na CTPS da Reclamante, assim
como a inclusão do referido período no cálculo das verbas rescisórias;

5- A condenação da Reclamada a pagar os valores correspondentes ao adicional de


insalubridade, no grau médio, com reflexos em aviso prévio, férias com 1/3, depósitos
do FGTS e 13º salário.
6 - Que os valores das diárias sejam integrados a remuneração da Reclamante, assim
como a observação dos seus reflexos nas demais verbas contratuais e rescisórias;

7 - A condenação das reclamadas ao pagamento das seguintes verbas, acrescidas de


juros e correção monetária, na forma apurada em liquidação de sentença:

Saldo de Salário: R$ 83,33

Horas extras no valor estimado de R$ 3.748,80

Férias + 1/3 Constitucional: R$ 3.333,33

Férias Proporcionais de 1/12 + 1/3 Constitucional: R$ 10241,66

13º Salário: R$ 2.500,00

13º Salário proporcional de 1/12: R$ 208,33

Depósitos do FGTS: R$ 8.200,00

Multa de 40% do FGTS: R$ 3.280,00

Horas Extraordinárias: R$ 3.748,80

Multa do Art. 477, § 8º da CLT: R$ 2.500,00

Multa do Art. 467 da CLT: R$ 11.194,15


Indenização por Danos Morais: R$ 5.000,00

Total: R$ 53.955.07

7 - A condenação das Reclamadas ao pagamento de custas e demais despesas


processuais, inclusive em honorários advocatícios, estes arbitrados em 20% (vinte por
cento);

8 - A intimação das reclamadas para juntarem aos autos todos os documentos


referentes à contratação e ao período laborado pelo Reclamante, em especial as folhas
de ponto, os registros de entrada e saída das dependências da 2ª Reclamada, além
dos comprovantes de pagamento dos salários e das férias, sob pena de confissão dos
pedidos alegados;

9 - A PROCEDÊNCIA TOTAL da presente Reclamação Trabalhista, com o deferimento


de todos os pedidos.

Por fim, requer a produção de todos os meios de provas admitidas em direito, em


especial depoimento pessoal da Reclamante e oitiva de testemunhas, além dos
depoimentos pessoais dos representantes legais das Reclamadas.

Dá-se a causa o valor de R$ 53.955.07 (cinquenta e três mil, novecentos e cinquenta e


cinco reais e sete centavos).

Termos em que,

Pede deferimento.

Belo Horizonte, 26 de agosto de 2023

Amanda Braga
OAB/MG – Nº 000.000

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