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AO JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DE FERNANDÓPOLIS/SP

- Processo n. 0011606-66.2023.5.15.0037
- Reclamação Trabalhista

CONSTRUTORA ALPHA VITÓRIA LTDA - EPP, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob n. 06.122.379/0001-99, com sede na Rua
Pernambuco n. 1375, Nova Aparecida, município de Fernandópolis/SP, por seu
advogado que esta subscreve (procuração em anexo), vem respeitosamente à presença
de Vossa Excelência apresentar sua CONTESTAÇÃO nos autos da ação trabalhista que
lhe move FERNANDO RODRIGUES ABRÃO já qualificado nos autos do processo em
epígrafe, para tanto, tecendo os argumentos de fato e de direito a seguir expostos.

1 – PRELIMINARMENTE

Conforme se depreende dos fatos devidamente comprovados


pelos documentos coligidos com essa defesa, a presente ação deve ser julgada
TOTALMENTE IMPROCEDENTE.

1.1 – Inexistência De Vínculo Trabalhista. O autor busca o


reconhecimento de vínculo empregatício sem registro, no período de 02/03/2023 à
03/07/2023.

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A reclamada nega veementemente tais alegações e pedidos, não
reconhecendo tal período, pois, o vínculo de fato ocorreu entre 04/07/2023 à
01/10/2023, nas funções de SERVENTE PEDREIRO, com o devido registro e observância
dos requisitos legais. Nunca manteve algum outro vínculo com o reclamante.

Destaca-se que reclamante foi dispensado na vigência do seu


contrato de experiencia conforme se vê pelo instrumento de “Extinção do Contrato de
Experiência” recebendo pelo competente Termo de Rescisão todas as verbas que lhe
eram devidas, inexistindo qualquer diferença a pagar.

A reclamada nesta oportunidade impugnada os “prints” de tela do


aplicativo de mensagens WhatsApp juntado pelo reclamante as fls. 21/24,
desconhecendo sua origem e teor, aliás citados documentos não tem força probatória
suficiente para formar o convencimento do Juízo, conforme reiteradas decisão do
Tribunal Regional desta região.

A reclamada atua no setor da construção civil, participando de


licitações de obras públicas, e sempre manteve rigoroso controle sobre o registro de seu
pessoal, registrando todos seus empregados oportunamente, antes do início do labor, já
que, na qualidade de contratada e realizando serviço público, permanece sobre
constante vigilância dos entes públicos contratantes.

Assim, o reclamante tece uma série de pedidos, os quais nenhum


merece prosperar, sendo incontroverso que cabe ao reclamante se munir de
documentos probatórios que comprovem a constituição de seu direito, uma vez que o
ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao réu,
quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Nesse sentido:

ÔNUS DA PROVA. FATOS CONSTITUTIVOS DO DIREITO DO AUTOR. Nos termos dos


artigos 818 da CLT, c.c., art. 333, I, do CPC, ao autor compete à prova dos fatos
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constitutivos de seu direito. Não se desvencilhando de tal ônus, seu pleito deve ser
indeferido. Mantenho. (TRT-2 - RO: 6552520125020 SP 00006552520125020016
A28, Relator: MERCIA TOMAZINHO. Data de Julgamento: 28/01/2014, 3ª TURMA,
Data de Publicação: 05/02/2014).

VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PERÍODO SEM REGISTRO. PROVA. À luz dos artigos 818
da CLT e 333, I, do CPC, cabe ao autor o ônus de demonstrar o fato extraordinário
constitutivo de seu direito, qual seja, o trabalho em período anterior ao registro
em CTPS. (TRT-15 - RO: 4276620125150120 SP 015013/2013-PATR, Relator: DORA
ROSSI GÓES SANCHES. Data de Publicação: 08/03/2013).

Portanto, são inócuos todos os requerimentos autorais quanto ao


suposto vínculo (reconhecimento do vínculo apontado alhures, horas extras do período,
diferenças de verbas rescisórias, FGTS), não merecendo guarida nenhum dos pleitos
embasados em tal alegação.

2 – DO MÉRITO

2.1 – Da Jornada De Trabalho e Horas Extras. Inicialmente,


convém destacar que, em decorrência da impugnação ao pedido de reconhecimento de
vínculo trabalhista feita alhures, item 1.1, a jornada de trabalho e as supostas horas
extras executadas pelo reclamante no citado período restam impugnadas tacitamente.
Quanto ao período anotado em carteira diz o reclamante que
trabalhava de segunda-feira a sexta-feira das 7h00 às 17h00min, percebendo todos os
dias 01h00 para descanso e alimentação, afirmando que executou uma média de quatro
horas extras mensais sem a devida remuneração.
Extrai-se dos cartões de ponto coligidos a esta contestatória que a
jornada praticada pelo reclamante é bem diferente daquela que expõe em sua exordial,
em verdade o reclamante no ato de sua contratação firmou com a reclamada acordo de
compensação de jornada previsto no seu contrato de experiência e instrumento próprio
em anexo, onde restou prevista a seguinte jornada:

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Os registros foram feitos pelo próprio reclamante diariamente,
retratando a realidade de sua jornada, sem qualquer mácula que possa colocar em
dúvida sua veracidade, evidenciam uma jornada realizada das 07h às 12h e das 13h às
17h de segunda a quinta-feira e das 07h às 12h e das 13h às 16h na sexta-feira, ou seja,
44 (quarenta e quatro) horas semanais e regulares.

Informa-se que o cartão de ponto cartão de ponto da empresa


reclamada fecha todo o dia 25, então inicia-se a contagem no dia 26 do mês anterior e
terminar no dia 25 do mês seguinte, então tudo que acontece nesse período e lançado
na folha salarial do mês posterior. Explica-se isso pois, algumas vezes ocorreu certa
dúvida em relação aos lançamentos da jornada.

O reclamante pouco trabalhou em jornada extraordinária,


conforme pode se vê nos cartões de ponto e recibos em anexo. No mais, quando muito
eventualmente prestou serviço extraordinário e recebeu corretamente, diga-se com o
acréscimo do adicional previsto na norma coletiva.

Sendo assim, não há diferenças de horas extras a pagar, como


também não há reflexos desta verba, inclusive sobre o descanso semanal remunerado
(DSR’s), pois o acessório segue o principal, ficando prejudicado o pleito constante da
peça vestibular.

2.2 – Das Verbas Rescisórias e Multas dos Artigos 467 e 477 da


CLT. O termo de rescisão do contrato de trabalho, definiu a extinção da relação de
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emprego existente entre as partes, sendo que todas as verbas que lhe eram de direito
foram pagas em parcela única e tempo hábil, conforme todos os comprovantes em
anexo.

O referido instrumento é dotado de validade e eficácia, meio que


comprova o adimplemento das verbas inerentes ao término dos serviços prestados pelo
reclamante.

Frisa-se, o reclamante recebeu todas suas verbas rescisórias


tempestivamente em pagamento único, comprovantes de pagamento e deposito em
anexo. Dessa forma, não há de se cogitar a aplicação das multas do art. 477 e 467 da
CLT haja vista que a reclamada adimpliu todas as verbas rescisórias exatamente no dia
da confecção e ratificação do termo de rescisão de contrato de trabalho.

2.2 – Dos Recolhimentos Fundiários do Período. O reclamante


teve sua conta vinculada regularmente abastecida com os depósitos fundiários. A
reclamada sempre pautou pelo cumprimento das disposições legais, dessa forma, é
certo que efetuou o recolhimento da multa rescisória a benefício do reclamante,
conforme se denota dos documentos anexos.

Conforme demonstra o extrato analítico da conta vinculada do


reclamante, os depósitos fundiários foram realizados regularmente, embora em alguns
meses o deposito foi recolhido em atraso, todas as verbas foram devidamente
depositadas e sacadas pelo reclamante, não sendo nada devido a este título.

3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

3.1 - Impugnação ao pedido de assistência judiciária gratuita. Ao


reclamante não cabe os benefícios da ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA, pois não
ficou provou, em tempo algum, sua pobreza, tanto que, o mesmo procurou advogado

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particular ao invés de socorrer-se diretamente ao sindicato, não preenchendo, portanto,
os requisitos da assistência judiciária gratuita legalmente prevista.
Com efeito, cabe salientar que o art. 5º, "caput", LXXIV, da CF de
1988, limita a concessão de assistência judiciária aos que "comprovarem insuficiência de
recursos", assim não mais prevalecendo a previsão de que a parte gozará dos benefícios
da justiça gratuita mediante simples afirmação de que não está em condições de pagar
as custas do processo, contida na redação dada ao "caput" do art. 4º da Lei n. 1060/50
pela Lei n. 7510, de 4 de julho de 1986, e não se aplicando a presunção trazida no § 1º
do aludido art. 4º, também com redação da lei de 1986, os quais não foram
recepcionados pela Constituição Federal.
Embora a Lei nº 1.050/1960 contente-se com a declaração de
hipossuficiência para o deferimento do pedido, não está o juiz obrigado a decidir com
base nela se se mostra inverossímil o seu teor.
Portanto, requer seja intimado o reclamante para que proceda o
recolhimento das custas iniciais, sob pena de cancelamento da distribuição, na forma da
lei.

3.2 - Ônus da prova. Cabe ao reclamante o ônus da prova nos


termos do art. 818 da CLT e art. 333, inc. I do CPC. Incumbe ao autor, quanto ao fato
constitutivo de seu direito, e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor, sendo certo que, nos termos do artigo 332
do mesmo diploma legal, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos,
são hábeis para provar a veracidade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa.

Ernane Fidélis dos Santos relata que a regra que impera no


processo é que “quem alega fato deve prová-lo. O ato será constitutivo, impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito, não importando a posição das partes no
processo. Desde que haja afirmação da existência ou inexistência de fato, de onde se

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extrai situação, circunstância ou direito a favorecer a quem alega, dele é o ônus da
prova” . 1

Tais assertivas não poderiam ser diferentes quando a matéria


versa sobre Direito Processual do Trabalho (Justiça do Trabalho):

“Destarte, a ação de que se cuida tem como pressuposto a existência de dolo ou de


culpa da parte ré, cabendo à parte autora a sua comprovação. A relação de direito
processual que se estabelece em casos tais prestigia a igualdade de tratamento
entre os litigantes. Não contempla, no que respeita ao ônus probandi, prerrogativas
processuais em favor da parte economicamente menos favorecida, como ocorre em
algumas hipóteses previstas no ordenamento jurídico. O encargo probatório, na
espécie, compete ao autor, em obediência à estrita dicção do art. 333, do CPC”
(AMORIM, Sebastião Luiz; OLIVEIRA, José de. Responsabilidade civil: acidente do
trabalho. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 19-20).

Portanto, cabe ao autor provar o alegado na exordial.

3.3 - Juros e correção monetária. Ad cautelam e ad


argumentandum, na remotíssima hipótese de sobrevir alguma condenação (o que não
se acredita) sobre a contestante, respeitosamente, requer a observância da correção
monetária, na forma da lei: DL 75/66, art. 459 da CLT, art. 39 da Lei n. 8.117/91 e
Enunciado 381 do TST.
Quanto aos juros de mora, aplicação da Lei n. 8.177/91 que, a
partir de fev/91, instituiu juros de mora de 1% de forma simples.

3.4 – Documentos. Ficam desde já impugnados os documentos


unilaterais juntados pelo reclamante ou aqueles dos quais a reclamada não participou
ou não foi signatária, haja vista não preencherem os requisitos do art. 830 da carta
consolidada.

3.5 – Números apresentados. Os números, índices e percentuais


declinados na petição inicial são frutos dessa inconsequente reclamatória.
1
SANTOS, Ernane Fidélis. Manual de direito processual civil. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

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A seu turno, impugna veementemente a reclamada esses
exorbitantes valores. Eis que incorrem em flagrante imprecisão matemática e legal que
só poderão levar ao enriquecimento sem causa do reclamante.

3.6 - Honorários advocatícios. Descabidos os honorários


advocatícios, face aos termos da Lei n. 5.584/70, bem como jurisprudência do E.TST e
TRT 15ª Região, considerando ainda que a Constituição Federal não revogou a figura do
Jus Postulandi, que predomina na Justiça do Trabalho, além de que a reclamante não
trouxe aos autos qualquer documento que comprove efetivamente que está sendo
assistido por entidade sindical.

Repita-se. Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários


advocatícios não decorre unicamente da sucumbência. A parte deve estar assistida pelo
seu Sindicato de Classe e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do mínimo
legal, conforme lei nº 5.584/70. Nesse sentido:

DTZ4971120 - PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO, POR


DOENÇA PROFISSIONAL OU ACIDENTE DE TRABALHO. NÃO-SUSPENSÃO DO PRAZO
PRESCRICIONAL. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL N.º 375, DA SDI-1, DO TST.
Escorreita a nova interpretação jurisprudencial do C. TST, exteriorizada na edição da
OJ 375, da E. SDI-1, no sentido de que o fato de a parte ter suspenso seu contrato de
trabalho, em virtude de percepção do auxílio-doença ou da aposentadoria por
invalidez, não obsta a fluência do prazo prescricional quinquenal, visto que tal
condição não impede o acesso da parte ao Judiciário. A pretensão não pode
subsistir ad aeternum, sob pena de malferir a segurança jurídica e premiar o abuso
do direito de acesso à justiça. Ressalvados, sempre, os casos de absoluta
impossibilidade de acesso ao Judiciário. RECURSO ORDINÁRIO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. A respeito do tema, cabíveis
os ensinamentos contidos no aresto do Nobre Relator do TRT da 2ª Região, Dr.
Marcelo Freire Gonçalves: "Na Justiça do Trabalho a Lei 5.584/70 é que estabelece o
cabimento de honorários advocatícios, uma vez não preenchidos os requisitos ali
estabelecidos, que é o caso dos autos, indevida a verba honorária. Ressalta-se que o
art. 133 da CF de 1988 não teve o condão de afastar o jus postulandi na Justiça do
Trabalho. Súmula n° 219 do C. TST. Se a parte não faz jús à verba honorária por não
estar assistida pela entidade sindical, por óbvio não pode obter a condenação do ex
adverso ao pagamento dessa verba sob o disfarce de indenização por perdas e
danos com base no art. 404 do Código Civil." TRT/SP - 00624200605502008 - RO -
Ac. 12ª T. 20080550686 - DOE 04/07/2008. (TRT15ª R. - RO 061200-
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71.2007.5.15.0114 - Ac. 62404/10-PATR - 11ª C. - Relª Olga Aida Joaquim Gomieri -
DJ 21.10.2010).

Como o reclamante não preenche esses requisitos requer a


improcedência do pedido.

4 - DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer seja recebida a presente defesa,


oportunizada a produção de provas pela reclamada, ou seja, todas aquelas em direito
admitidas, tais como o depoimento pessoal do reclamante, a oitiva de testemunhas e
periciais, sem exclusão de qualquer uma, para que no final da instrução processual seja
a reclamatória trabalhista ora sub judice julgada IMPROCEDENTE, condenando-se o
reclamante ao pagamento das custas do processo, honorário advocatícios e demais
cominações legais.

Termo em que,
Pede Deferimento.
Fernandópolis/SP, 03 de dezembro de 2023.

André Marsal do Prado Elias


Advogado - OAB/SP n. 150.962

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