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AO DOUTO JUÍZO DA 00ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE

CIDADE/UF

Autos nº: RT 000

NOME DO CLIENTE, já qualificada nos autos, através de seu procurador


judicial, vem perante Vossa Excelência, interpor a presente

IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO

Pelos fatos e direitos a seguir expostos:

DO BREVE RESUMO DOS FATOS


O impugnante que laborou para impugnada, foi demitido sem justa causa e até
o presente momento não recebeu suas verbas rescisórias.

Ocorre que ao aplicar o aviso prévio ao impugnante, a impugnada percebendo


que não poderia demiti-lo por justa causa, resolveu então retirar a medida,
sendo que tal retratação não foi aceite pelo impugnante, que cumpriria o aviso
e depois sairia do emprego, e assim fez.

Neste diapasão, após a saída do impugnante, e inconformada com o não aceite


da retratação, a impugnada ilicitamente, não pagou as verbas rescisórias da
demissão sem justa causa e ainda, mesmo tendo contato com empregado,
começou a divulgar convocações para o retorno ao trabalho, na tentativa de
caracterizar o abandono de emprego.

Atitude esta que fez o impugnante perceber que apenas seria respeitados seus
direitos perante a Justiça, haja vista em nenhum momento a impugnada
demonstrou que seguiria os ditames legais.

DAS PRELIMINARES
DO MOMENTO DA JUNTADA DE DOCUMENTOS

Não merece deferimento deste MM juízo tal indagação, em razão de que em


que pese o positivado em CLT, o nosso Tribunal Superior do Trabalho, já
entende a possibilidade de juntada de documento até a fase instrutória
processual, devido ao poder discricionário do Magistrado em comandar a
instrução, requerendo apenas que seja respeitado o direito a ampla defesa e
contraditório.

Assim já decidiu os Nossos egrégios tribunais, senão vejamos:

PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA.


AUDIÊNCIA UNA. JUNTADA DE DOCUMENTOS POSTERIOR À
CONTESTAÇÃO. A juntada de documentos aos autos pelas partes
limita-se ao momento anterior ao encerramento da instrução
processual. Convocadas as partes para audiência una e realizado
o ato nessa condição, inclusive com a produção de prova oral, não
constitui cerceamento do direito de defesa a desconsideração de
documentos posteriormente juntados aos autos. “RECURSOS -
RAZÕES - CONTEÚDO - No recurso, é necessário que o recorrente
demonstre o desacerto da decisão, impugnando especificamente
os fundamentos ali expendidos. Deve ele expor as razões do
pedido de reforma da decisão, cumprindo-lhe invalidar os
fundamentos em que esta se assenta. A mera reiteração dos
fundamentos ou alegação genérica, sem pertinência entre o
pedido recursal e a decisão originária, não basta para suprir
aquela obrigação processual. Se o recorrente não o faz, além de
impedir o exercício do contraditório, inviabiliza o reexame pelo
tribunal ad quem, já que, a rigor, nada a ele foi devolvido. Tal
entendimento, no entanto, não se aplica quando o tema em
debate encerrar questão exclusivamente de direito, hipótese em
que, ainda que haja a repetição de argumentos, a parte acaba por
impugnar a decisão recorrida.” (Verbete nº 4 desta egr. 1º
Turma).

(TRT-10 - RO: 322201281110005 DF 00322-2012-811-10-00-


5 RO, Relator: Desembargadora Maria Regina Machado
Guimarães , Data de Julgamento: 17/04/2013, 1ª Turma, Data de
Publicação: 26/04/2013 no DEJT)

NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. JUNTADA


DE REGISTROS DE HORÁRIO. MOMENTO PROCESSUAL.
Possibilidade de juntada de documentos enquanto não for
encerrada a instrução do feito, desde que seja assegurado à parte
adversa a possibilidade de efetuar a contraprova. Hipótese, no
entanto, em que realizada audiência una, com convocação das
partes para a realização nesta condição, inclusive com produção
de prova oral. Encerramento da instrução na própria audiência
onde formulado o pedido de prazo para posterior juntada de
documentos.  (...)

(TRT-4 - RO: 1003009820095040104 RS 0100300-


98.2009.5.04.0104, Relator: JOÃO GHISLENI FILHO, Data de
Julgamento: 20/07/2011, 4ª Vara do Trabalho de Pelotas)

Desta feita, como sendo audiência una, poderá sim ser juntado documentos
posterior a defesa nos autos, até a instrução, porém devendo ser respeitado o
princípio da ampla defesa e do contraditório.

DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

Não merece prosperar a preliminar trazida pelo reclamante, posto que tendo
em vista ser o entendimento doutrinário e jurisprudencial majoritário que a
submissão dos conflitos trabalhistas à comissão de conciliação prévia, prevista
na CLT em seus artigos 625-A e seguintes, é uma faculdade do trabalhador,
vem o reclamante a este juízo para buscar a solução de seu conflito.
DO MÉRITO

No mérito da causa, a impugnada alega que agiu de forma correta com o


impugnante, sendo que jamais o ofereceu aviso prévio, se tratando apenas de
uma intenção da mesma, e que deveras o impugnante abandonou o emprego
por não mais retornar ao labor, bem como todos os e-mails juntados ao
processo tratam-se de supostas provas ilegais retirados do e-mail privado da
contadora.

DA ALEGAÇÃO DE PROVA ILÍCITA

Ao contrário do aduzido em contestação, o impugnante não retirou qualquer


documento juntado aos autos do e-mail de Contador, mas sim do e-mail da
própria empresa o qual é liberado a senha a qualquer funcionário, não sendo
juntado pela defesa qualquer documento que ateste a ilegalidade do conteúdo
probatório juntado.
Neste caso para que fosse considerada ilícita qualquer prova juntada pelo
impugnante, o impugnado deveria comprovar a ilicitude, o que não ocorreu, e
nem poderia ocorrer, em razão de que não ocorreu ilegalidade alguma em sua
produção.

Como o e-mail era liberado para o impugnante, não há no que se falar em


prova ilícita, apenas se tratando de um claro desrespeito da impugnada, visto a
clara e evidente verdade dos fatos apresentados pelo empregado.

DO ABANDONO DO EMPREGO

Da mesma forma que o tópico anterior, a alegação de abandono de emprego


não merece prosperar, posto que os documentos trazidos pelo impugnante,
sendo o inequívoco contracheque trazendo seu aviso prévio, são provas
irrefutáveis de que a impugnada não só possuía a intenção de demiti-lo, como
fez.

Não fazendo nenhum sentido todas as convocações, A.R’s, e publicações feitas


pela impugnada para a volta ao trabalho do impugnante, posto que ambos
mantiveram contato após sua saída, realizando as supracitadas diligências
apenas na tentativa em vão de produzir provas de que o impugnante deveras
supostamente abandonou seu emprego, o que nunca aconteceu.
Ainda neste sentido, comprova-se ainda mais a conduta danosa da impugnada
pelo fato de juntar uma TRCT em nome do impugnante que nunca foi mostrada
ao mesmo, em contra partida, jamais houve qualquer intenção da impugnada
em arcar com nenhum verba rescisória, fosse qual for o motivo da rescisão.

Bem como é de fácil percepção que as convocações feitas pelo impugnado se


deram posteriormente a propositura da ação, falatndo assim com o ânimo de
abandonar, o que já é pacífico não se caracterizar o abandono de emprego,
conforme depreende-se em decisões de nossos nobres tribunais, senão
vejamos:

RECURSO ORDINÁRIO. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE


TRABALHO E JUSTA CAUSA POR ABANDONO DE EMPREGO. NÃO
CONFIGURADAS. 01. Não há prova nos autos da alegada falta
grave do empregador que justifique a extinção contratual com
base na rescisão indireta. Por outro lado, não se cogita de
abandono de emprego, uma vez que os telegramas para retorno
ao trabalho foram enviados pela empresa após o ajuizamento da
ação trabalhista. IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO DE RESCISÃO
INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. CONSEQUÊNCIAS
JURÍDICAS. DEMISSÃO X ABANDONO DE EMPREGO. 02. O
ajuizamento de reclamação trabalhista equivale ao prévio aviso
ao empregador, não havendo que se falar em justa causa do
empregado em caso de improcedência da pretensão de resolução
indireta, por abandono de emprego. 03. Quando o empregado
abandona o emprego não avisa ao empregador de sua intenção
de fazê-lo. Com ação o empregado comunica judicialmente ao
empregador que considera extinto o contrato de trabalho, motivo
pelo qual se afasta a justa causa obreira reconhecida pela
sentença, e declara-se a terminação contratual por iniciativa do
empregado.
(TRT-1 - RO: 00106880720135010036 RJ, Relator: SAYONARA
GRILLO COUTINHO LEONARDO DA SILVA, Data de Julgamento:
18/03/2015, Sétima Turma, Data de Publicação: 30/04/2015)

RECURSO ORDINÁRIO. 1. ABANDONO DE EMPREGO. A justa


causa, na modalidade de abandono de emprego, não restou
caracterizada, nos termos do art. 482 alínea i da CLT, pois o
elemento objetivo do abandono de emprego não se materializou
com a ausência por mais de 30 (trinta) dias, e o elemento
subjetivo tampouco se configurou com a intenção manifesta e
deliberada da Autora de não mais retornar ao trabalho. 2. MULTA
DO ART. 477 DA CLT. Se não forem observados os prazos
estabelecidos em lei para o pagamento das verbas rescisórias,
deverá o patrão pagar uma multa equivalente ao valor do salário
do empregado. A multa prevista no art. 477 da CLT é uma sanção
pelo atraso ou inadimplência do empregador em quitar todas as
verbas que o empregado tem direito. Havendo injustiça em
relação ao modus operandi da extinção contratual, há parcelas
resilitórias a serem pagas ao autor, que não foram honradas no
momento oportuno, por ter a ré adotado tese equivocada em
relação à dispensa da autora. 3. GESTANTE. CONCEPÇÃO
DURANTE O CURSO DO AVISO PRÉVIO. A finalidade do art. 10, II,
b, do ADCT, é proteger o nascituro, e, por isso, concede garantia
de emprego à empregada gestante desde a concepção até cinco
meses após o parto. O direito à estabilidade provisória da
gestante reconhecido desde o momento da concepção. Assim,
não há como se afastar a mencionada estabilidade, tendo em
vista que aquela ocorrera, efetivamente, no curso do aviso prévio,
quando ainda vigia o contrato de trabalho firmado entre as
partes.

(TRT-1 - RO: 00103709420135010045 RJ, Relator: RELATOR,


Data de Julgamento: 03/02/2016, Primeira Turma, Data de
Publicação: 14/03/2016)

Desta feita não merece prosperar o pedido de declaração de demissão por justa
causa requerido pela impugnada posto que nunca ocorreu o abandono do
emprego, tendo o impugnado cumprido o aviso prévio e posteriormente
deixado de ir ao trabalho por ter sido demitido sem justa causa, devendo
receber as verbas oriundas desta demissão.
DO DANO MORAL

O impugnante sofreu com as atitudes da impugnada, não apenas durante seu


labor, mas também durante a saída da empresa, o que comprova-se pelas
provas carreadas nos autos.

Se a impugnada tratou o impugnante desta forma, como se fosse um ignorante


e não soubesse seus reais direitos, imagine como não era o tratamento do
mesmo enquanto trabalhou para a mesma, se na ausência já o tentou ludibriar
os ditames legais, quem dirá na presença.

Já é pacífico também acerca deste tema nos Tribunais Trabalhistas nacionais,


conforme depreende-se abaixo:

REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS DEVIDA. É certo que o


empregador detém o legítimo poder de direção do
empreendimento e de direção pessoal da prestação de serviços.
Contudo, não se pode admitir que, em nome destes poderes, aja
com excesso e exponha o empregado a situações humilhantes e a
situação de maus-tratos. O empregador, no exercício do seu
poder hierárquico, deve respeitar a integridade psíquica do
obreiro, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do
trabalho consagrados na Constituição da República (art. 1º, III e
IV, da CF). O uso de expressões injuriosas no tratamento
dispensado pelo superior hierárquico no ambiente de trabalho
atenta contra a dignidade, a honra e a imagem do empregado e
enseja a reparação do dano moral pertinente, consoante o
disposto nos artigos 186 e 927 do atual Código Civil e artigo 5º,
inciso X, da Constituição Federal.

(TRT-5 - RecOrd: 00010345720145050421 BA 0001034-


57.2014.5.05.0421, Relator: JEFERSON MURICY, 5ª. TURMA, Data
de Publicação: DJ 22/07/2015.)

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INADIMPLEMENTO DE


OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS. O inadimplemento de obrigação
trabalhista somente enseja indenização por danos morais quando
evidenciado efetivo constrangimento íntimo a que tenha sido
submetido o trabalhador, o que não se confunde com a mera
alegação de atraso no pagamento de obrigações outras,
porquanto fato que se insere na esfera de aborrecimentos
cotidianos. Recurso ordinário da reclamante a que se nega
provimento. ASSÉDIO MORAL. INDENIZAÇÃO. TRATAMENTO
OFENSIVO E EXTREMAMENTE AGRESSIVO POR PARTE DE
SUPERIOR HIERÁRQUICO. RECURSO DA AUTORA PROVIDO.
Configurados os reiterados maus tratos oriundos de ofensas
diretas e tratamento extremamente agressivo à reclamante por
seu superior direto, mormente em razão de ofensas proferidas em
público, resta caracterizada pressão psicológica tendente a
desestruturar o trabalhador intimamente e em seu ambiente de
trabalho. Presumidos os danos morais. Demonstrada a prática
ilícita, o nexo causal permeado pelo dolo do agente sem que seu
empregador tenha tomado medidas efetivas para coibir tal
prática, bem como efetivo dano infligido à reclamante, imperativa
a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por
danos morais em importe condizente com o dano causado, as
condições sócioeconômicas da reclamante, a capacidade
econômica do reclamado e os necessários aspectos
compensatórios e pedagógicos da punição, a fim de que tais
práticas não mais se repitam nos ambientes de trabalho.

(TRT-2 - RO: 00017472920125020019 SP


00017472920125020019 A28, Relator: ROSA MARIA ZUCCARO,
Data de Julgamento: 23/04/2014, 2ª TURMA, Data de
Publicação: 29/04/2014)

Resta claro que após comprovar o ocorrido mediante testemunhas o


impugnante sofreu pelos constrangimentos que foram causados pelo
tratamento submetido pela impugnada, antes e depois de sair de seu labor.
DOS CALCULOS E VALOR REQUERIDO EM SENTENÇA

Não merece prosperar o alegado em contestação acerca de um suposto


cerceamento de defesa, haja vista que todos os valores estão descriminados
nos pedidos, bem como suas origens, deixando claro qual o intuito do
impugnante ao requer a condenação no valor determinado, porém caso Vossa
Excelência entender ser de direito um valor menor, da mesma forma entenderá
como justo.

DOS DOCUMENTOS JUNTADOS PELA DEMANDADA

Pugna o impugnante pelo indeferimento de todos os documentos juntados pela


impugnada, posto não se fazer presente os requisitos de validade para ser
utilizado como fundamento para juízo de valor, bem como alguns nem utilidade
tem para o tema, servindo apenas para confundir a mente do nobre julgador.

DOS PEDIDOS
ISTO POSTO, requer a Vossa Excelência, que se digne em acolhendo as razões
supra enfocadas REJEITAR O REQUERIDO EM CONTESTAÇÃO proposta pelo
impugnado, para o prosseguimento da ação até a integral satisfação, ao passo
que reitero todos os pedidos constantes em Exordial, por ser da mais alta e
salutar JUSTIÇA!

Termos em que,

Pede Deferimento.

CIDADE, 00, MÊS, ANO

ADVOGADO

OAB Nº

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