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NULIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO

CLT Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só


haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às
partes litigantes. Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante
provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que
tiverem de falar em audiência ou nos autos. § 1º - Deverá, entretanto, ser
declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso,
serão considerados nulos os atos decisórios. No processo do trabalho somente
serão declaradas as nulidades, quando dos atos inquinados resultar manifesto
prejuízo aos litigantes, desde que arguidas pela parte prejudicada na primeira
oportunidade que tiver de falar nos autos. TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO
EM RECURSO DE REVISTA AIRR 1138009819995190062 113800-
98.1999.5.19.0062 (TST) Data de publicação: 03/10/2017 Ementa: AGRAVO
DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. NULIDADE DA
SENTENÇA. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 794 E 795 DA CLT E 473 DO CPC .
Na hipótese dos autos, a nulidade não ocorreu, tendo em vista que o juízo de
primeira instância não se baseou no documento juntado, extemporaneamente,
pelo agravado no julgamento da causa para reconhecer o vínculo de emprego.
O juízo formou o seu convencimento com fulcro na prova oral, conforme
expressado no acórdão regional.
(...)Agravo desprovido TRT-6 - Recurso Ordinário RO 00012470520145060011
(TRT-6) Data de publicação: 04/11/2017 Ementa: RECURSO ORDINÁRIO
EMPRESARIAL. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO
CONFIGURADO. FASE INSTRUTÓRIA REGULARMENTE ENCERRADA SEM
PROTESTOS. DESCUMPRIMENTO DO PREVISTO NOS ARTS. 794 E 795
DA CLT. PRECLUSÃO.
A Ré participou de todos os atos processuais da fase instrutória. Fez-se
presente, por seu sócioadministrador, e esteve devidamente assistida por
patrona habilitada, à época, para defesa de seus interesses. Compareceu às
sessões de audiência, inclusive àquela em que diz ter havido erro material na
confecção da Ata. Participou da sessão seguinte, para apresentação de razões
finais, mas deixou passar em branco a ocasião em que deveria alegar a
nulidade por cerceamento de defesa, como exigem os arts. 794 e 795 da CLT.
Não tendo havido afronta ao contraditório e à ampla defesa, descabe à
Reclamada buscar o reinício de atos próprios da fase instrutória, regularmente
encerrada, sem que se tenha registrado sequer protesto da Parte. Rejeito a
preliminar de nulidade suscitada, por preclusão. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO.
NULIDADE PROCESSUAL. À luz do disposto no artigo 239 do novel CPC (Lei
n.º 13.105/2015), a citação válida constitui pressuposto inafastável para a
formação da relação processual, mormente porque dela depende a eficácia das
garantias constitucionais relativas ao devido processo legal, ao contraditório e à
ampla defesa. Logo, sua ausência gera nulidade absoluta do processo, nos
termos dos artigos 280 e 281 do NCPC. (TRT-7 - RO:
00018972220145070012, Relator: FERNANDA MARIA UCHOA DE
ALBUQUERQUE, Data de Julgamento: 10/11/2016, Data de Publicação:
11/11/2016) PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO POR
CERCEAMENTO DE DEFESA. APLICAÇÃO DA PENA DE CONFISSÃO POR
AUSÊNCIA DO RECLAMADO NA INSTRUÇÃO PROCESSUAL.
NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL E ADVERTÊNCIA DA
COMINAÇÃO LEGAL. Nos termos do disposto no artigo 385, § 1.º, do novo
CPC, "Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e
advertida da pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar
a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena". (...) Assim , tem-se que, no caso dos
autos, a obreira não foi intimada pessoalmente, a intimação foi dirigida a seu
patrono, via DEJT, o que torna flagrante o prejuízo causado à parte em razão
da irregularidade de sua intimação, motivo pelo qual não há como se aplicar a
pena de confissão ao reclamado. Assim, impõe-se seja acolhida a preliminar de
nulidade do processo por cerceamento de defesa desde à audiência de
instrução em que cominada a pena de confissão ao reclamado, determinar o
retorno dos autos à Vara de Origem, a fim de que seja reaberta a instrução,
com intimação pessoal das partes, ressaltando as cominações pertinentes,
devendo, ademais, ser considerado como endereço do reclamado o constante
no mandado de ID. nº d64d388. Preliminar do reclamado acolhida.
(TRT-7 - RO: 00003730820145070006, Relator: EMMANUEL TEOFILO
FURTADO, Data de Julgamento: 11/10/2017, Data de Publicação: 13/10/2017)
NULIDADE PROCESSUAL. ALEGADO CERCEAMENTO DO DIREITO DE
DEFESA. PRECLUSÃO. AUSÊNCIA DE PROTESTO ANTE O
ACOLHIMENTO DE CONTRADITA À TESTEMUNHA. No Processo do
Trabalho, a parte interessada deve suscitar a nulidade no primeiro ensejo que
tiver para se manifestar em audiência ou nos autos, sob pena de convalidação
dos atos até ali praticados. In casu, em entendendo a parte cerceado seu
direito de produzir prova oral, deveria, no primeiro ensejo para se manifestar,
ex vi da regra emergente do art. 795 da CLT, ter registrado seu inconformismo,
contudo, assim não procedeu, permitindo se configurasse a preclusão.
(...) (TRT-7 - RO: 00010647620165070030, Relator: ANTONIO MARQUES
CAVALCANTE FILHO, Data de Julgamento: 05/02/2018, Data de Publicação:
09/02/2018) PROCESSO DO TRABALHO Nulidade Prejuízo Instrumentalidade
→ O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se
estende. E a nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele
dependam ou sejam consequência. ( Arts. 797 e 798 CLT)

NULIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO

Nulidade é quando o ato processual não produz o efeito que


normalmente deveria produzir, em razão de algum defeito na prática desse ato.
A nulidade ocorre pela falta de algum requisito que a lei prescreve como
necessário para a sua validade.
A nulidade só será declarada se implicar em prejuízo ao direito de uma
das partes. E é imprescindível, no processo do trabalho (tal qual no processo
civil) que a nulidade do ato processual seja declarada, pois todo ato processual
é válido e produz efeitos normalmente, até que seja reconhecida e decretada
sua nulidade.
EXEMPLO
Sentença já transitada em julgado, mas que foi proferida por juiz
absolutamente incompetente.
A sentença tem um defeito que a torna nula, mas que não foi
reconhecido ainda e, por isso, a sentença existe no mundo e está produzindo
efeitos. Ela possui validade e eficácia até que seja desconstituída por um
acórdão proferido pelo TRT em sede de ação rescisória.
As nulidades processuais podem ser absolutas, relativas e, ainda, o ato
pode ser considerado inexistente. Há, também, as chamadas meras
irregularidades processuais, que não acarretam nulidade.

Nulidade absoluta  ocorre quando são violadas normas de ordem


pública e interesse social. O ato será nulo. As nulidades absolutas podem ser
declaradas de ofício pelo juiz e não estão sujeitas à preclusão. Seria o caso do
exemplo dado acima: sentença proferida por juiz incompetente em razão da
matéria. O vício é tão grave que não haverá preclusão e mesmo após o trânsito
em julgado poderá ser questionado por meio de ação rescisória.

Nulidade relativa  é aquela em que a norma violada é “menos


importante”, por não ser norma de ordem pública (a norma violada atende mais
aos interesses da parte que ao próprio desenvolvimento do processo). O ato é
anulável. E para que seja anulado depende da iniciativa da parte, não podendo
ser anulado de ofício pelo juiz. Em relação ao ato anulável ocorre preclusão, ou
seja, não poderá mais ser alegado o vício se a parte não o fizer na primeira
oportunidade que tiver de falar nos autos após a prática do ato defeituoso.
EXEMPLO
A incompetência territorial é relativa. Assim, se for ajuizada ação em
local diverso de onde o empregado trabalhou, mas a reclamada não opuser
exceção de incompetência no prazo oportuno, será considerado competente o
juízo onde foi ajuizada a ação (operou-se a preclusão).
E o juiz não pode reconhecer de ofício a incompetência territorial, pois
se trata de nulidade relativa.

Ato inexistente  ocorre quando falta um pressuposto processual de


existência.

O defeito é tão grande que o ato não pode continuar existindo, podendo
ser reconhecido o defeito independentemente de ação rescisória. A parte pode
se valer da ação declaratória de inexistência do ato processual, a qual não tem
prazo para ajuizamento (diferentemente da ação rescisória, que deve ser
ajuizada no prazo de 2 anos após o trânsito em julgado).
Embora sejam mais “graves” que os atos nulos, a consequência prática
é a mesma que vimos na nulidade absoluta: precisam ter os efeitos cassados
por decisão o judicial, que pode ocorrer de ofício e não ocorre a preclusão.
Todos atos processuais produzem efeitos enquanto não forem submetidos à
apreciação jurisdicional. Para que o ato seja considerado inexistente, é
necessária uma decisão judicial.
EXEMPLO
Citação nula. Processo se desenvolve normalmente após a citação, até
o trânsito em julgado da ação. Após, se verifica que o réu não foi citado; quem
foi citado foi um homônimo (pessoa com nome idêntico). Caberá a ação
declaratória de inexistência do ato processual para anular todo o processo
desde a citação.

Irregularidade  violação de norma que não traz nenhuma


consequência para o processo.
Como não influi em nada, não há sanção. Simplesmente o ato foi
praticado de forma diferente daquela prevista em lei, mas não influencia em
nada no processo e o resultado é o mesmo.
EXEMPLO
Sempre citado pela doutrina: quando o juiz extrapola o prazo previsto em
lei para a prática de algum ato processual (para proferir sentença, por
exemplo). O ato não será nulo em razão desse excesso de prazo. O ato
continuará válido e o juiz poderá ser punido administrativamente, mas não
haverá qualquer consequência dentro do processo. Em razão disso, diz-se que
houve mera irregularidade.
Outro exemplo: O art. 813 da CLT diz que as audiências devem ser
realizadas das 8h às 18hs.
Se a audiência ultrapassar às 18h, será mera irregularidade.

PRINCÍPIOS DAS NULIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO

PRINCÍPIO DO PREJUÍZO OU TRANSCENDÊNCIA


De acordo com o princípio do prejuízo ou transcendência, se o ato for
defeituoso mas não causar prejuízo a nenhuma das partes, não deve ser
anulado. Ou seja, o ato é mantido no processo e dele decorrem consequências
processuais como se válido fosse.
Esse princípio é aplicado tanto para os atos nulos (nulidade absoluta)
quanto para os atos anuláveis (nulidade relativa).
Não haverá nulidade a ser declarada no processo se do ato viciado não
resultar prejuízo para nenhuma das partes. Como já vimos, o princípio da
instrumentalidade das formas está previsto no art. 794 da CLT:
“Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho
só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às
partes litigantes. ”
Portanto, o princípio do prejuízo ou transcendência diz exatamente a mesma
coisa que o princípio da instrumentalidade das formas, apenas com enfoques
diferentes, pelo princípio da transcendência, se o ato defeituoso não trouxer
prejuízo às partes, não será anulado. Pelo princípio da instrumentalidade das
formas, se o ato não trouxer prejuízo ao processo, que atingiu sua finalidade
ainda que de outra forma, o ato não será anulado.
EXEMPLO
De aplicação do princípio da transcendência: o reclamado é condenado
em sentença a pagar diversas verbas. Ele recorre e suscita preliminar de
nulidade da sentença por cerceamento de defesa. O tribunal, no mérito, verifica
que a ação será improcedente. Nesse caso, o tribunal poderá deixar de
declarar a nulidade, uma vez que não haverá prejuízo nenhum ao reclamado.
A ação será, ao final, favorável a ele.

PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS (OU DA FINALIDADE)

Como acabamos de ver, por este princípio não se reconhece a nulidade


ou anulabilidade de ato viciado que não tenha causado prejuízo às partes.
Portanto, se o ato processual atingiu sua finalidade e produziu os efeitos
processuais previstos na lei, deve ser mantido. Isso porque o processo não é
um fim em si mesmo, mas um instrumento de realização da justiça.
De acordo com o art. 277 do CPC: “Quando a lei prescrever determinada
forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar
a finalidade. ”
PRINCÍPIO DA CONVALIDAÇÃO

Convalidação é o ato inicialmente inválido se tornar válido por não ter


sido reconhecida no momento oportuno a sua invalidade. Ou seja, se passou
batido e ninguém falou nada, passou a ser válido.
O princípio da convalidação é aplicado apenas à nulidade relativa.
Quando houver nulidade relativa, ela deve ser apontada pela parte na primeira
oportunidade que tiver de falar nos autos,
sob pena de preclusão (se não falar na primeira oportunidade, precluiu a
chance de alegar a nulidade relativa e haverá a convalidação daquela nulidade
em ato válido). Agora, se for nulidade absoluta ou ato inexistente, não há
preclusão (podem ser apontados a qualquer tempo, inclusive suscitados de
ofício pelo juiz), de forma que não se aplica o princípio da convalidação. Em
relação à nulidade absoluta ou ao ato inexistente, o ato produz efeitos antes de
ser declarada sua invalidade, mas isso não quer dizer que ele se tornou válido.
O princípio da convalidação está expresso no art. 795 da CLT:
“Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante
provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que
tiverem de falar em audiência ou nos autos. “
§ 1º - Deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em
incompetência de foro;
Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios.
§ 2º - O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na
mesma ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade
competente, fundamentando sua decisão. ”
É importante fazer uma leitura atenta do § 1º: o que está tratado ali é a
incompetência em razão da matéria e não em razão do lugar. A palavra foro
pode até dar a ideia de que está tratando do lugar de propositura da ação. Mas
não é isso. Foro está no sentido de foro cível, criminal, trabalhista, etc. Como já
vimos, a competência em razão da matéria é absoluta e pode ser declarada de
ofício pelo juiz. Já a competência em razão do local é relativa e precisa ser
alegada pela parte.
PRINCÍPIO DA RENOVAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS VICIADOS (ou
SANEAMENTO DAS
NULIDADES ou PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL

Por este princípio, deve-se buscar o máximo proveito dos atos


processuais defeituosos, sem a necessidade de declaração da nulidade.
De acordo com o art. 796 da CLT: “A nulidade não será pronunciada:
a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato; (...). ”
Este princípio se aplica tanto aos atos nulos quanto aos anuláveis. Para
que ocorra a “cura” da nulidade ou anulabilidade é preciso que não haja
demora significativa para isso e que não ocorra prejuízo a nenhuma das partes.
No caso de ato inexistente, não há como o defeito ser sanado. Mesmo
que se busque rapidamente corrigir o vício e aparentemente não haja prejuízo,
não haverá como se corrigir ou superar o defeito.
EXEMPLO
Se a parte for ilegítima, não existe convalidação nem saneamento da nulidade.
Não há como o processo prosseguir.

PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO OU CONSERVAÇÃO DOS ATOS


PROCESSUAIS PRATICADOS

Este princípio nada mais é do que a aplicação daquela máxima “o útil


não se vicia pelo inútil”. Assim, a declaração da nulidade deve atingir apenas o
defeituoso e aqueles que sejam diretamente decorrentes, não se estendendo
aos atos validamente praticados.
A matéria encontra previsão no art. 798 da CLT:
“Art. 798 - A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que
dele dependam ou sejam consequência. ”
Por sua vez, dispõe o art. 797 da CLT:
“Art. 797 - O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos
a que ela se estende. “

PRINCÍPIO DO INTERESSE
Por este princípio, somente possui interesse para arguir a nulidade a
parte que tenha sido prejudicada e desde que NÃO tenha sido ela quem deu
causa àquela nulidade.
Isso está previsto expressamente na alínea b do art. 796 da CLT: “A
nulidade não será pronunciada: [...]
b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa. ”
Este princípio não traz nenhuma novidade. Trata-se da aplicação do
princípio geral de direito segundo o qual ninguém pode se valer da própria
torpeza.

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