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AO JUÍZO DA 7ª VARA TRABALHISTA DA COMARCA DE MACEIÓ-AL

Autos do Processo nº: 0001173-82.2023.5.19.0007


Reclamante: DAVI EMANUEL LAURINDO DOS SANTOS
Reclamada: ANIZIO MANOEL DOS SANTOS NETO

ANIZIO MANOEL DOS SANTOS NETO, já qualificado nos autos do processo em


epígrafe, neste ato representado por seu advogado legalmente constituído nos autos, vem
perante V. Exa. apresentar,

CONTESTAÇÃO À RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Movida por DAVI EMANUEL LAURINDO DOS SANTOS, igualmente qualificado, pelos
fatos e fundamentos a seguir expostos:

I – PRELIMINARMENTE

a) Das notificações e intimações exclusivas


A reclamada requer que todas as notificações e intimações relativas a estes autos,
independente da atuação de outros advogados no feito, sejam realizadas exclusivamente
em nome de JOSEMBERG DE ATAIDE SANTOS, inscrito na OAB/AL nº 9.531, com
endereço profissional constante no rodapé, sob pena de nulidade, com fulcro nos art. 272,
§2º; 280 e 281, todos do CPC e da Súmula 427 do TST.

b) Da não concessão dos benefícios da justiça gratuita


O Reclamante, em sua peça vestibular, alude à necessidade de lhe ser concedido
o benefício da JUSTIÇA GRATUITA, entretanto, não apresenta as provas cabais que
ensejam a concessão do dito benefício.
Ademais, com o implemento da Lei 13.467/17, que trouxe critérios mais objetivos à
concessão da Gratuidade de Justiça, tal benefício somente será concedido quando
evidenciado que o salário do Obreiro é igual ou inferior a 40% do limite máximo dos
benefícios do RGPS ou diante da demonstração de insuficiência de recursos para
pagamento das custas do processo, não tendo a reclamante, no presente caso, se
desincumbido de comprovar qualquer dessas condições.
No entanto, o reclamante sendo sucumbente, mesmo se parcialmente, deve arcar
com o pagamento dos honorários sucumbenciais arbitrados em favor do patrono da
reclamada, com base no art. 791-A, da CLT.
Assim sendo, impugna e pede o Reclamada pela improcedência do pedido de justiça
gratuita.

c) Da impugnação do valor da causa


Aponta o reclamante como valor da causa, a quantia de R$ 23.026,78 (vinte e três
mil e vinte e seis reais e setenta e oito centavos).
Decerto, o valor é exorbitante e totalmente aleatório, pois o reclamante se valor de
suposições que não condizem com a realidade dos fatos, vez o tempo e a jornada de
trabalho cumpridas pelo mesmo, inclusive por já haver pagamentos de valores cobrados
na exordial.
Tal atitude, dificulta a conciliação das partes, além de elevar indevidamente as custas
processuais e demais encargos, numa hipotética condenação e deve ser combatida.
Em respeito ao ditames do art. 292, VI do CPC, deve-se ser alterado o valor da causa
da presente ação, para que sejam condizentes com os pedidos e causa de pedir,
requerendo essa impugnação, desde já.
II – DO MÉRITO

a) DOS FATOS NARRADOS PELO RECLAMANTE


Alega o reclamante que foi admitido no dia 26/05/2022, para trabalhar na função de
soldador, com jornada de trabalho de segunda a sábado, das 08h às 12h e das 13h às 18h,
com intervalo intrajornada de 1 (um) hora, com salário de R$ 1.200,00 (um mil e duzentos
reais) mensais, deixando de trabalhar em 26/09/2023.
Requer o reconhecimento da rescisão indireta por faltas do empregador, tais sejam:
salário pago a menor do salário mínimo, não pagamento de insalubridade, não pagamento
de vale transporte e horas extras.
Defende ainda, que laborou em local com ruído, calor, gases e vapores químicos, ou
seja trabalhava com agentes nocivos a saúde, fazendo jus ao adicional de insalubridade.
Como aponta que trabalhou de forma clandestina em todo o período, em síntese, ao
final, pleiteia: anotação da sua CTPS, diferenças salariais, aviso prévio, adicional de
insalubridade, diferenças de 13º salário, diferenças de férias, horas extras, recolhimentos
previdenciários, FGTS + 40%, multa do art. 477, danos morais e honorários advocatícios.

b) DA REALIDADE DOS FATOS – DA CONTRATUALIDADE


Primordialmente, bom destacar que a reclamada é uma pequena oficina de bairro,
de cunho familiar, que ao longo dos anos vem tentando sobreviver e regularizar tudo, com
muito esforço e dedicação do proprietário, ora reclamado.
Como é cediço, infelizmente, essa é a situação de muitos pequenos negócios do
nosso país. No entanto, o reclamado sempre agiu de boa-fé e, de forma clara, sempre
comunicou isso a todas as pessoas que trabalhavam lá, inclusive o reclamante.
Entretanto, na busca da resolução e regularização de todos colaboradores que
possam trabalhar com o reclamado, este está buscando abrir um CNPJ, fato este que o
reclamante tem conhecimento.
Dito isto, o reclamado não reconhece a relação de emprego apontada, pois o
reclamante foi contratado para trabalhar para o reclamado como prestador de serviços.
Ao contrário das informações trazidas na exordial, as partes acertaram por
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, no período de 26/05/2022 ao dia
26/09/2023, para exercer a função de auxiliar de soldador, ou seja, na qualidade de
prestador de serviços e sem habitualidade, consoante se depreende a espécie do contrato.
Decerto, o reclamante prestava serviços de auxiliar de soldador, uma vez que detém
qualificação profissional para exercer a função de soldador, mas sem vínculo empregatício,
pois recebia foi acertado entre as partes a prestação de serviços, no início de seu labor.
Vale ressaltar que a remuneração pelas prestações de serviços do reclamante era
da seguinte forma, já prefixada entre as partes: R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais) fixos,
mais comissão, que variava mês a mês, entre R$ 250,00 (duzentos e cinquenta) a
R$ 400,00 (quatrocentos reais) mês.
Para que seja reconhecida a relação empregatícia, necessário que estejam
presentes, na relação jurídica em análise, os seguintes requisitos: subordinação,
pessoalidade, onerosidade e não eventualidade.
No caso em tela, não demanda muito esforço intelectual para verificar que o
reclamante não preenche as condições estabelecidas por lei, razão pela qual seus pedidos
devem ser julgados improcedentes, conforme passaremos a discorrer doravante.
Com efeito, a pretensão de que seja reconhecida relação trabalhista entre o autor e
a reclamada encontra óbice no disposto no art. 3º, caput, da CLT, porquanto não estavam
presentes os elementos conceituais de “empregado”, em especial a continuidade, a
pessoalidade, a subordinação e a remuneração mediante salário, de forma que não tem
qualquer relação empregatícia, sendo ônus do reclamante a prova de suposto trabalho,
nos moldes do art. 373 do CPC, aplicado subsidiariamente à legislação trabalhista e em
consonância com o art. 818 da CLT.
Nesses períodos, o reclamante foi contratado para a prestação de serviço como
autônomo, sendo assim, incabível a anotação da sua CTPS, conforme restará cabalmente
comprovado no decorrer da instrução processual.
A inovação decorrente da Reforma Trabalhista de 2017 foi justamente esclarecer a
possibilidade de o profissional liberal autônomo realizar contrato com empresa sem a
configuração de vínculo empregatício, ou seja, sem a necessidade de anotação na Carteira
de Trabalho e Previdência Social (CTPS).
O legislador tencionou, ao elaborar o teor do art. 442-B da CLT, pacificar o que a
jurisprudência já vinha há muito tempo se encarregando de fazer, expor em artigo de lei
que o contrato do autônomo pode ser com exclusividade ou não, sem ter a figura do vínculo
empregatício.
A relação de trabalho trata-se de gênero, e pode ser subdivida em várias espécies,
a depender dos requisitos. Entre elas, está o contrato de emprego que, para a sua
caracterização, necessita das regras estabelecidas no art. 2º e art. 3º da CLT para se
consolidar.
O que prevalece nessa relação de trabalho é o contrato realidade, ou seja, a relação
que envolve a prática contratual. Conforme se observa do que se anexa e do mais que será
produzido em sede de instrução processual, não houve entre as partes a subordinação
alegada, o que torna imperiosa a improcedência do pedido.
Tal fato, de per si, afasta a possibilidade do reconhecimento do liame empregatício
apontado na peça portal, pois um dos requisitos do contrato de trabalho é justamente a
continuidade da prestação dos serviços, tratando-se de um pacto de trato sucessivo, de
duração, em que deve haver habitualidade.
Ademais, não havia pessoalidade, pois, qualquer outra pessoa que não o autor,
poderia ter sido contratada para realizar a mesma atividade por ele desempenhada, não
estando presente tal requisito.
Em que pese evidente a onerosidade na relação havida, o pagamento foi formalizado
no ato da prestação das atividades, de forma única e pontual.
Não há, por conseguinte, liame de emprego entre o autor e a reclamada, por absoluta
falta de fundamento legal, haja vista não estarem presentes os pressupostos para o seu
reconhecimento.
Numa relação de emprego figuram duas partes: de um lado, o empregado, aquele
que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e
mediante salário - art. 3º da CLT - e; de outro, o empregador, aquele que, assumindo os
riscos da atividade econômica, admite, assalaria a dirige a prestação pessoal de serviços
- art. 2º da CLT.
Não é o que se verifica no caso em tela, uma vez que o reclamante não preenchia
os pressupostos do art. 3 da CLT, não restando configurado nenhum dos elementos da
relação empregatícia alegada na exordial no período mencionado acima.
Logo, diante dos fatos acima postos, requer a total improcedência da presente ação,
nos termos legais.

b.1) Da inexistência de vínculo empregatício


Excelência, o reclamado nega, veementemente, a relação de emprego alegada pelo
reclamante no período supramencionado, justamente porque o reclamante nunca trabalhou
na empresa com cunho empregatício.
A relação estabelecida entre as partes não era e nunca foi de emprego, tendo em
vista que o reclamante apenas prestou serviços para o reclamado, realizando seus serviços
de auxiliar de soldador em dias e horários diversos, sendo que encerrado os serviços
prestados pelo reclamante, o mesmo poderia ir embora.
Além disso, o reclamante fazia o seu próprio horário, pois, poderia ir embora logo
que terminasse seus serviços, até porque nem todo dia tinha serviço.
Por tudo, não resta configurado a relação empregatícia ante a ausência de
continuidade na prestação de serviços, haja vista que o reclamante prestou serviços para
a reclamada de forma eventual, fato esse que, por si só, já descaracteriza a continuidade
dos serviços prestados, requisito essencial para configuração do vínculo de emprego.
Assim, a alegação do reclamante de que trabalhou de forma habitual é totalmente
descabida, como também a alegação de que recebia salário e abaixo do mínimo, visto que
a retribuição pelo trabalho prestado se deu mediante o pagamento de valor prefixado e com
comissões, que somados ultrapassavam o valor de 1 (um) salário mínimo, como restará
comprovado na instrução processual.
Isto posto, essencial à caracterização da relação de emprego a presença da
subordinação, pessoalidade, remuneração mediante salário e da não eventualidade
concomitantemente. Requisitos que o reclamante não preenche e, por isso, afasta a
caracterização da relação empregatícia, prevista no art. 3º da CLT.
Dessa forma, requer total improcedência da ação, bem como indeferimento de
reconhecimento de vínculo empregatício e anotação de CTPS, pagamento de verbas
rescisórias, férias integrais e proporcionais + 1/3, 13º salário integral e proporcional, aviso
prévio, FGTS + 40%, multas do art. 467 e 477, saldo de salário e recolhimentos
previdenciários.

b.2) Do reconhecimento de vínculo e recolhimentos previdenciários


O reclamante persegue a assinatura e baixa da CTPS, respectivamente, bem como
os recolhimentos previdenciários de todo o período de trabalho, dada à suposta
clandestinidade da relação.
Como largamente mencionado, ao contrário do que alega o reclamante em sua
exordial, o mesmo jamais esteve aos comandos da reclamada no período acima, nos
termos do art. 3º da CLT. O que houve, de forma pontual, foi a prestação de serviços no
período já exposto, sem a configuração de vínculo empregatício entre as partes, consoante
se observa do contrato de trabalho firmado entre as partes.
Ainda, observe-se que o reclamante recebia o valor ajustado pelas partes, sem que
desta relação adviesse qualquer liame empregatício, de sorte que nenhum dos requisitos
configuradores da relação de emprego encontram-se presentes entre reclamante e
reclamada, já que nunca tiveram qualquer relação laboral.
Inexistentes ao caso os elementos configuradores da relação empregatícia
consubstanciados no artigo 3º da CLT e, sem que haja a pessoalidade, subordinação, não
eventualidade e prestação de serviço mediante percepção de salário, inexistente o vínculo,
o que é o caso dos autos.
Assim, não havendo relação empregatícia como já exposto, improcedem os pleitos.
b.3) Das férias integrais e proporcionais + 1/3 e 13º salário
O reclamante persegue o pagamento das férias, devidamente acrescidas de seu
terço constitucional e 13º salário proporcional.
Inicialmente, cumpre registrar que o reclamante pugna pelo reconhecimento de
verbas para as quais não faz jus, uma vez que fora contratado na condição de prestador de
serviços, num primeiro momento, e nesta qualidade, não faz jus a percepção de férias e
consectários pleiteados.
Veja-se que, caso este MM. Juízo entenda a existência do direito a percepção de
férias, não há que se falar em pagamento em dobro, vez que supostamente se fala em
período de aquisição, e, assim, não há se falar em sua dobra, nem da aplicação do art. 137
ao caso em comento.
Este é, inclusive, o entendimento dos pretórios, senão vejamos:

FÉRIAS EM DOBRO. INDEVIDAS. Não sendo ultrapassado o


período concessivo, não há falar-se em pagamento em dobro
das férias, à luz do comando inserto no art. 137, da CLT. Recurso a
que se dá provimento, no aspecto. (Processo: ROT - 0000775-
09.2015.5.06.0192, Redator: Maria das Gracas de Arruda Franca,
Data de julgamento: 20/08/2019, Terceira Turma, Data da assinatura:
20/08/2019) (TRT-6 - RO: 00007750920155060192, Data de
Julgamento: 20/08/2019, Terceira Turma) (grifos nossos)

Diante dos fatos acima dispostos, requer a improcedência do pleito, nos termos
legais.

b.4) Das multas dos artigos 477 da CLT


No que tange ao pedido da multa do artigo 477, essa também deve ser julgada
improcedente, haja vista que a relação contratual caracterizada pela prestação de serviço
não enseja no pagamento de verbas rescisórias. Em consequência, não há que se falar em
atraso do pagamento capaz de ensejar a aplicação da multa requerida pelo reclamante.
Ademais disso, no período anotado na CTPS do reclamante, este recebeu o devido
pagamento rescisório, dentro do prazo legal, o que afasta a incidência das multas
supramencionadas.

b.5) Do FGTS + 40%


O reclamante pleiteia o recolhimento de FGTS e sua liberação, inclusive da multa
fundiária do período clandestino.
Consoante inteligência do art. 15 da Lei 8036/90, a responsabilidade do empregador
é de, mensalmente, efetuar recolhimentos em conta vinculada, de importância
correspondente à remuneração paga ou devida ao trabalhador, característica esta que
faltava ao reclamante no período apontado, visto que era prestador de serviços, conforme
largamente tratado acima.
Logo, improcedente o pedido, ante a inexistência de vínculo empregatício.

b.6) Do adicional de insalubridade


O reclamante persegue o adicional de insalubridade no percentual de 40%, em seu
grau máximo, por defender que laborou em local com ruído, calor, gases e vapores
químicos.
Entretanto, não havia vínculo empregatício entre as partes, o que afasta os
condicionantes do art. 192, da CLT.
Ademais, todo o trabalho na reclamada que necessita a uitlização de EPI’s, estes
eram disponibilizados, como luva e óculos de proteção etc.
Assim, improcede o pleito.

b.7) Do pagamento de vale transporte.

Aduz o reclamante que a reclamada não fornecia transporte aos seus colaboradores,
nos plantões normais e extraordinários.
No entanto, tendo em vista que não há relação empregatícia entre as partes, não há
de se falar, mesmo que eventualmente, sobre pagamento de valor referente a vale
transporte.

A lei nº 7.418/85 estabelece em seu art. 1º, que o vale transporte deve ser cedido
pelo empregador ao empregado para deslocamento para o trabalho.

No entanto, não havendo vínculo empregatício, não há obrigatoriedade da


reclamada para àqueles que, tão apenas, prestam serviços.

Ademais disso, a empresa sempre forneceu transporte da própria empresa aos


colaboradores que necessitavam de condução para se deslocar aos locais de trabalho.

Logo, deve ser superado esse pleito.

b.8) Dos danos morais alegados.


O dano moral, assim como qualquer outra reparação baseada na teoria da responsabilidade
civil, do artigo 186 do Código Civil, pressupõe necessariamente três elementos: uma ação ilícita,
um dano e um nexo de causalidade entre ambos. Se não há registros concretos de prejuízos de
ordem moral em decorrência de suposto pagamento de salário a menor do mínimo, as meras
deduções em torno de eventuais desconfortos que o fato possa trazer não são suficientes para
ensejar a reparação.

No caso em tela, como já demonstrado, uma vez que as partes pactuaram contrato
de prestação de serviço por tempo determinado num valor prefixado, que até ultrapassada
o valor de um salário mínimo se somados com as comissões.

Devendo, portanto, ser indeferido o pedido, o que desde já se requer.

b.9) Da compensação dos valores pagos


Como já mencionado, no período apontado na exordial, as partes mantiveram
relação contratual autônoma – Contrato de Prestação de Serviços – em que nenhuma delas
tinha qualquer vínculo com a outra.
Quando do encerramento da relação contratual, a parte reclamante recebeu o valor
de R$ 833,33 (oitocentos e trinta e três reais e trinta e três centavos), consoante confessa
na inicial e consta do Termo de Rescisão do Contrato de Prestação de Serviços,
devidamente firmado pelas partes reclamante e reclamada e com comprovação de efetivo
recebimento, anexo a esta peça defensiva.
Mesmo não existindo entre as partes uma relação empregatícia, a reclamada
gratificou o reclamante pelos serviços prestados no valor acima, conforme comprova o
documento anexo, firmado pelo reclamante, nada havendo que lhe ser pago.
Porém, caso assim não entenda este MM. Juízo, o que se admite apenas por amor
ao argumento e em razão do princípio da eventualidade, a reclamada requer a
compensação dos valores pagos a idêntico título, nos termos legais.

b.10) Dos honorários advocatícios


As alterações introduzidas na CLT pela Reforma Trabalhista de 2017 trouxe
modificações pertinentes, dentre outras questões, com relação à condenação em
honorários advocatícios sucumbenciais no âmbito da Justiça do Trabalho.
O artigo 791-A e os seus §§ da CLT dispõe sobre honorários de sucumbência, que
deve ser observado o limite mínimo e máximo, observado o grau de zelo profissional, o
lugar da prestação de serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado.
Desta forma, caso ocorra condenação, o que não acredita, requer que os eventuais
honorários sucumbências sejam arbitrados e fixados observando os parâmetros para sua
fixação, no percentual mínimo §2º. Incisos I, II, e III do 791-A caput da CLT.
Assim os honorários trabalhistas passaram a ser devidos ao advogado, ainda que
atue em causa própria, na proporção de 5% até 15%, admitindo, inclusive, sucumbência
recíproca, arcando aqui cada parte com os honorários proporcionalmente, sendo vedada
a compensação.
Com efeito, a responsabilidade por honorários contratuais é única e exclusiva entre
cliente e advogado, não havendo se falar e, por isto, formalmente impugnada a pretensão
autoral para a condenação da reclamada ao pagamento de tal verba.
Requer, ainda, nos termos da fundamentação supra, que, em caso de improcedência
de quaisquer um dos pleitos e/ou extinção sem julgamento de mérito e ainda, caso não
adquira nenhum proveito econômico, seja a parte Reclamante condenada a pagar
honorários sucumbenciais ao patrono subscrevente da presente peça de defesa.

b.11) Da correção monetária


Em eventual sucumbência, requer a aplicação da Súmula 381 do TST, bem como,
do caput do artigo 39 da Lei nº 8.177/91, observando-se, como época própria, o mês
subsequente ao trabalho, nos termos do artigo 459 da CLT.
Especialmente, em relação aos juros, requer seja determinada a aplicação de 1%
simples ao mês, e observada a Súmula 200 do TST, porque os juros apenas incidem a
partir do ajuizamento da ação e sempre de forma não capitalizada, conforme disciplina o
art. 883, da CLT. Por fim, pede-se seja observada a Súmula 445 do TST.

b.12) Da documentação juntada pela parte Reclamante


Ad cautelam, a reclamada impugna os documentos juntados aos autos que não
sendo originais, (a) não estejam autenticados ou (b) não tenham sido declarados autênticos
pelo patrono da obreira, nesta hipótese sob sua responsabilidade pessoal, na forma do
artigo 830 da CLT, com a nova redação da pela Lei 11.925/09.
De igual sorte, a ré impugna aqueles documentos que não se prestem para
comprovar o alegado, seja pela generalidade dos termos, seja pela insuficiência dos
elementos formais e materiais.
Ficam expressamente impugnados todos os documentos desacompanhados de
assinatura dos seus subscritores, por apócrifos e desprovidos de qualquer valor probatório.
Ficam ainda impugnadas, por impertinentes à discussão da presente lide.

III - DA CONCLUSÃO E DOS PEDIDOS


Pelo exposto, requer que:
a) Seja o processo extinto sem resolução do mérito com base nas preliminares
arguidas, condenando a parte reclamante ao recolhimento de custas, eventuais
honorários periciais e demais verbas de sucumbência;
b) Em caso de serem ultrapassadas as preliminares, requer sejam julgados
TOTALMENTE IMPROCEDENTES os pedidos constantes na inicial com base nos
fundamentos trazidos nessa contestação, condenando a parte Reclamante ao
recolhimento de custas, eventuais honorários periciais e demais verbas de
sucumbência.

Termos em que pede deferimento.

Maceió - AL,03 de abril de 2024.

Josemberg de Ataide Santos


OAB/AL 9.531

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