Você está na página 1de 14

Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região - 1º Grau

Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0000712-27.2019.5.09.0655


em 30/01/2020 11:05:05 - 2a7feeb e assinado eletronicamente por:
- ANTONIO RONALDO RODRIGUES PINTO

Consulte este documento em:


https://pje.trt9.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
usando o código:20013011025683000000069859441
EXCELENTÍSSIMO E DOUTO
JUÍZO FEDERAL DA VARA DO TRABALHO DE ASSIS CHATEAUBRIAND
ESTADO DO PARANÁ

Processo ATOrd 0000712-27.2019

AUTO MECÂNICA ELBER LTDA. – ME, pessoa jurídica de direito


privado, com sede na cidade de Jesuítas, da comarca de Formosa do Oeste, deste estado, na Rua
Papa Leão II, 200 – Centro, e com inscrição no CNPJ/MF sob nº 79.723.383/0001-86; por seu
procurador e advogado infra-assinado, inscrito na OAB/PR nº 17.081 e com endereço profissional
constante do rodapé da presente petição, e eletrônico – ronaldo@cepain.com.br, vem,
respeitosamente à elevada presença de Vossa Excelência, com fulcro na legislação consolidada,
apresentar sua RESPOSTA CONTESTATÓRIA aos termos da Ação Reclamatória Trabalhista
intentada contra si por NEIVA FERNANDA FERRAZ, igualmente qualificada, o que faz através dos
fundamentos fáticos, jurídicos e probatórios a seguir expostos e a final requeridos.

SÍNTESE DA PEÇA DE INGRESSO

Através de sua exordial, postula a parte autora os seguintes


direitos e correspondentes valores:
 Gratuidade da justiça,
 Honorários sucumbenciais,
 Reconhecimento de vínculo empregatício,
 Anotações em CTPS,
 Multa do artigo 52 da CLT,
 Reconhecimento de acúmulo de funções,
 Horas extras e seus reflexos consectários,
 Verbas rescisórias,
 Verbas fundiárias,
 Multas dos artigos 467 e 477 da CLT.

Passemos, pois, a análise pormenorizada das pretensões da


parte autora, onde demonstraremos a sua total ausência de critérios e, notadamente, de
procedência.

1.- DA INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO

Apesar do esforço do subscritor da peça de ingresso de lavra da


parte autora, no intuito de tentativa de caracterização de um suposto vínculo empregatício em
relação à Contestante, demonstrar-se-á, sem maiores esforços, através dos dispositivos
probatórios aplicáveis à matéria, que jamais a Reclamante foi empregada da Reclamada.

Explica-se.

Conforme faz prova a inclusa Certidão de Casamento, de lavra do


Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais desta comarca de Assis Chateaubriand; em data de
04/05/2013 a Autora se casou com GUSTAVO HENRIQUE BERNARDE, brasileiro, casado,
comerciante, filho de Selestino Bernarde e ELVIRA MARTINEZ BERNARDE.

Vale destacar ainda que, também com base no incluso Ato


Constitutivo da Reclamada, constam em seu quadro societário o irmão consanguíneo (MARCELO
AUGUSTO BERNARDE), e, a genitora do cônjuge da Reclamante (ELVIRA MARTINEZ BERNARDE).
Desta forma, apesar de não figurar no contrato social da
Reclamada, em verdade o Sr. GUSTAVO HENRIQUE BERNARDE, cônjuge da Reclamante, Sra. NEIVA
FERNANDA FERRAZ BERNARDE, sempre foi, também, sócio proprietário, de fato, da mesma,
detendo, portanto, amplo poder de direção e mando da oficina mecânica, atividade essa, explorada
pela Contestante.
Portanto, na condição de esposa do proprietário de fato da
Reclamada, a Reclamante, eventualmente comparecia na oficina mecânica, e nessas ocasiões
efetuava diminutas atividades, tal qual a emissão de notas eletrônicas, conforme aquelas insertas
através das fls. 26 (ID. 55efc4b - Pág. 1) à 28 (ID. 55efc4b - Pág. 3), haja vista ter cadastro para
tanto, identicamente aos demais integrantes da Reclamada.

Frise-se que jamais a Autora percebeu qualquer valor sob a


rubrica de salários, motivo pela qual impugnamos veementemente a inverídica afirmação,
constante da fl. 6 (ID. 628b6b5 - Pág. 5) de sua peça de ingresso de que recebia uma média de
R$ 7.000,00 (sete mil reais) mensais a título salarial.
Impugnamos, outrossim, a alegação de que a mesma foi admitida
e exercia as funções de “Gerente administrativa”, e, sobremaneira que as acumulava com outras,
conforme descrito à fl. 05 (ID. 628b6b5 - Pág. 4).

Em verdade, a Reclamante jamais prestou serviços, ou manteve


qualquer vínculo com a Reclamada, sendo que qualquer atividade por ela prestada, e ainda, tão-
somente de forma esporádica e eventual, ocorria na condição de esposa do proprietário da
Reclamada.
Sua fonte de sustento advinha de seu marido, bem como das
atividades comerciais por ela exploradas.

Aliás, nesse sentido, torna-se oportuno e providencial a


informação de que a parte autora, desde quando iniciou relação de convivência em união estável,
e posteriormente, de efetivo enlace matrimonial com o Sr. GUSTAVO HENRIQUE BERNARDE,
proprietário da Contestante, já explorou, para si, diversas atividades comerciais, dentre elas: loja
de aviamentos, loja de artesanatos e presentes, instituto de beleza, lanchonete; tanto na cidade
de Jesuítas, como em Assis Chateaubriand.

A teor dos artigos 2º e 3º da CLT, o vínculo de emprego exige que


o trabalho seja prestado por pessoa física, com pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e
subordinação. A esses elementos expressamente previstos se acresce a alteridade. Na ausência
de qualquer um deles, resta descaracterizada a relação empregatícia vindicada, tal qual o caso
presente.
Diante do exposto, improcede totalmente a pretensão da
Reclamante, ao perseguir o vínculo empregatício em relação à Contestante, haja vista que a mesma
jamais prestou qualquer atividade de forma vinculativa.

Apesar de entendermos que o presente item possui o condão de


desnaturar integralmente as pretensões elencadas através da peça de ingresso de lavra da parte
autora, ainda assim, como forma de cautela, analisaremos item por item dos pedidos que a
integram, demonstrando, sobremaneira, a total falta de critérios, fundamentação e veracidade dos
mesmos.

2.- ANOTAÇÃO EM CTPS – MULTA DO ARTIGO 52 DA CLT

Pretende a parte autora, o recebimento de multa, esta, no


importe de R$ 16.500,00 (dezesseis mil e quinhentos reais), conforme se infere através da
fundamentação constante do subitem “III.I” de fl. 9 (ID. 628b6b5 - Pág. 8), e R$ 7.000,00 (sete
mil reais), conforme se extrai do item “II” de fl. 16 (ID. 628b6b5 - Pág. 15); baseada nos artigos
29 e 52, ambos da CLT, sob a alegação de ausência de registro de contrato de trabalho em CTPS.
Em primeiro plano, cumpre salientar, conforme o inteiro teor do
item “1” da presente peça de defesa, que inexistiu qualquer relação empregatícia entre as partes
processuais, que pudesse culminar com o registro em CTPS, razão pelo qual a pretensão, objeto
do subitem “III.I” do exórdio da Autora, caracteriza-se como natimorta.
Por outro lado, a pretendida sanção, possui caráter
eminentemente administrativo, não cabendo ao judiciário trabalhista a sua aplicação.

Por derradeiro, analisando-se o teor do art. 52, consolidado, dele


extrai-se que o montante da multa ali estipulada, corresponde há 50% (cinquenta por cento) do
salário mínimo regional, valor esse que, absolutamente não representa a estratosférica importância
pretendida, qual seja, R$ 16.500,00 (dezesseis mil e quinhentos reais) constante do subitem ora
contestado, ou no patamar de R$ 7.000,00 sete mil reais), conforme o constante do item “II” –
“DOS PEDIDOS”.
Assim, improcede totalmente a pretensão em análise.

3.- DO SUPOSTO ACÚMULO DE FUNÇÕES

Através do subitem “III.II” de seu exórdio, pugna a Reclamante


pelo recebimento de um “plus” salarial, de no mínimo, 50% (cinquenta por cento) de seu salário,
em face do acúmulo de funções, essas descritas no corpo de referido item.
Estima referida pretensão, conforme se infere do item “III” de fl.
16 (ID. 628b6b5 - Pág. 15) em R$ 42.000,00 (quarenta e dois mil reais).

Se referida pretensão não tivesse a conotação trágica,


poderíamos caracterizá-la como cômica.

Conforme expusemos de forma ampla, através do item “1” da


presente defesa, jamais a Reclamante foi empregada da Contestante, em qualquer função, muito
menos de “Gerente administrativa”.
Ademais, jamais cumulou qualquer função, mesmo porque,
inexistindo a prática de qualquer função, impossível cumulará.
Entrementes, mesmo que verídicas fossem as alegações da
Reclamante, ainda assim seu pedido não prosperaria, pois, não há previsão legal para o
deferimento pretendido, conforme se extrai das sequenciais e recentíssimas decisões
jurisprudenciais advindas de nosso E. TRT da Nona Região.

TRT-PR-13-08-2019 ACÚMULO DE FUNÇÕES. DIFERENÇAS SALARIAIS.


ARTIGO 456, PARÁGRAFO ÚNICO, DA CLT. Não há qualquer previsão legal ou
convencional que autorize o deferimento de diferenças salariais ou indenização em
virtude do eventual exercício acumulado de funções pela obreira dentro de uma mesma
jornada de trabalho, razão pela qual se presume que a autora se obrigou a todo e qualquer
serviço compatível com sua condição pessoal, nos termos do parágrafo único do art. 456
da CLT. Recurso ordinário da autora a que se nega provimento.

TRT-PR-02209-2016-010-09-00-1-ACO-04843-2019 - 6A. TURMA

Relator: FRANCISCO ROBERTO ERMEL

Publicado no DEJT em 13-08-2019

TRT-PR-25-06-2019 ACÚMULO DE FUNÇÃO - ATIVIDADES COMPATÍVEIS -


ART. 456 DA CLT. O entendimento predominante nesta Primeira Turma é no sentido de
que falta amparo legal e jurídico ao pedido de cumulação de remunerações (plus salarial)
decorrente de "acúmulo de funções". Não é possível o trabalho em duas funções ao
mesmo tempo para a mesma empresa, pois ou bem se faz uma, ou outra tarefa, ou estas
se alternam, mas não as duas ao mesmo tempo. Tratando-se de atividades
correspondentes, sem que para uma se exija maior capacitação técnica ou intelectual do
que para outra, a ampliação das atribuições, na forma retratada nos autos, se implicou
aumento da jornada, gera o direito ao pagamento de horas extras, e não complementação
salarial. Recurso do autor ao qual se nega provimento, no particular.

TRT-PR-10789-2012-005-09-00-1-ACO-03965-2019 - 1A. TURMA

Relator: EDMILSON ANTONIO DE LIMA

Publicado no DEJT em 25-06-2019

TRT-PR-18-06-2019 ACÚMULO DE FUNÇÃO - ATIVIDADES COMPATÍVEIS -


ART. 456 DA CLT. O entendimento predominante nesta Primeira Turma é no sentido de
que falta amparo legal e jurídico ao pedido de cumulação de remunerações (plus salarial)
decorrente de "acúmulo de funções". Não é possível o trabalho em duas funções ao
mesmo tempo para a mesma empresa, pois ou bem se faz uma, ou outra tarefa, ou estas
se alternam, mas não as duas ao mesmo tempo. Tratando-se de atividades
correspondentes, sem que para uma se exija maior capacitação técnica ou intelectual do
que para outra, a ampliação das atribuições, na forma retratada nos autos, se implicou
aumento da jornada, gera o direito ao pagamento de horas extras, e não complementação
salarial. Destarte, aplicável o art. 456, parágrafo único da CLT, que dispõe que: "à falta
de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado
se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com sua condição pessoal". Recurso do
autor a que se nega provimento, no particular.

TRT-PR-47607-2015-013-09-00-5-ACO-03884-2019 - 1A. TURMA

Relator: EDMILSON ANTONIO DE LIMA

Publicado no DEJT em 18-06-2019

TRT-PR-05-06-2018 EMENTA: ACÚMULO DE FUNÇÃO. HIPÓTESE NÃO


CONFIGURADA. O acúmulo de atividades correlatas e/ou complementares à função e
realizadas durante a jornada de trabalho não implica acúmulo de funções, desde que
compatíveis com a condição pessoal do trabalhador e não provoque desvirtuamento da
função principal, conforme preconiza o artigo 456, parágrafo único, da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). A situação fática, apta a ensejar o pagamento de um "plus"
salarial em decorrência do acúmulo de funções, consiste no exercício, durante a mesma
jornada, de atividades distintas e inteiramente alheias àquelas inerentes à função para a
qual o empregado foi contratado, não sendo esse o quadro revelado nos autos. Recurso
ordinário do reclamante conhecido e desprovido.

TRT-PR-00400-2015-654-09-00-1-ACO-09164-2018 - 7A. TURMA

Relator: ALTINO PEDROZO DOS SANTOS

Publicado no DEJT em 05-06-2018

Diante do exposto, improcedente revela-se a pretensão em


análise.

4.- DAS HORAS EXTRAS

Pretende a Reclamante, através do subitem “III.III” de sua peça


de ingresso, o recebimento de horas em sobrejornada e seus reflexos nas verbas de direito, por
entender que extrapolava sua jornada diária de trabalho.
Para embasamento de sua pretensão, alega que laborava de
segundas-feiras aos sábados, com início às 08h00m e término às 18h00m, contando com 01h30m
de intervalo intrajornadas.
Que, por volta de junho de 2018, sua jornada diária fora reduzida,
visto que passou a encerrá-la às 16h30m.

A pretensão em análise, além de inverídica, pois a Reclamante


jamais cumpriu qualquer jornada de trabalho em prol da Reclamada visto não ser sua empregada,
também revela-se inepta. Vejamos.

Segundo o artigo 840, § 1º da CLT, já com as alterações advindas


da Lei nº 13.467/17, dentre outros requisitos, a reclamação escrita, deverá conter “(...)a breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo,
determinado e com a indicação de seu valor(...)” GN

Analisando as pretensões elencadas através do item “VI - DOS


PEDIDOS”, da peça de ingresso da parte autora, constata-se pela inexistência do pedido,
fundamentado através do subitem “III.III”, bem como do seu correspondente valor pretendido.

A corrente jurisprudencial dominante assim se posiciona sobre


casos análogos.

AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO NA PETIÇÃO INICIAL. JULGAMENTO EXTRA


PETITA. O artigo 840, § 1º, da CLT, com a redação vigente à época do ajuizamento da
reclamação, dispõe que a petição inicial deve conter, dentre outros requisitos, a
exposição dos fatos e o pedido. Esses dois elementos não se confundem. O juízo só pode
conceder o que foi elencado no rol de pedidos, sendo-lhe defeso deferir algo que consta
apenas da causa de pedir. Se o fizer, proferirá julgamento extra petita.

(TRT-3 - RO: 00121687920165030029 0012168-79.2016.5.03.0029, Relator: Rodrigo


Ribeiro Bueno, Nona Turma)

RECURSO ORDINÁRIO. AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO NA PETIÇÃO INICIAL.


JULGAMENTO EXTRA PETITA. O artigo 840, § 1º, da CLT dispõe que a petição inicial
deve conter, dentre outros requisitos, a exposição dos fatos e o pedido. Esses dois
elementos não se confundem. O juízo só pode conceder o que foi elencado no rol de
pedidos, sendo-lhe defeso deferir algo que consta apenas da fundamentação. Se o fizer,
terá proferido um julgamento extra petita.

(TRT-1 - RO: 5647720105010065 RJ, Relator: Flavio Ernesto Rodrigues Silva, Data de
Julgamento: 24/10/2012, Décima Turma, Data de Publicação: 2012-11-12)
INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO. A petição inicial
apta é aquela que preenche os requisitos do art. 840 da CLT sem que contenha os vícios
indicados do art. 295 do CPC. Com efeito, pode-se afirmar que existe inépcia quando a
petição inicial apresenta defeito que impossibilita o completo pronunciamento sobre o
mérito da causa. Nem mesmo a informalidade do processo trabalhista poderia socorrer
tal defeito, pois a mácula se apresenta internamente e não em sua forma externa. Inepta
é a petição inicial quando a pretensão contida na causa de pedir não possui
correspondente pedido expresso. Isto porque a informalidade do processo trabalhista
não pode isentar a parte autora de especificar na exordial, no campo específico dos
pedidos, as pretensões que almeja ver reconhecidas em Juízo.

(TRT-5 - RecOrd: 00016807620145050612 BA 0001680-76.2014.5.05.0612, Relator:


HUMBERTO JORGE LIMA MACHADO, 3ª. TURMA, Data de Publicação: DJ
06/11/2015.)

TRT-PR-22-06-2012 REFLEXOS DE HORAS EXTRAS. AUSÊNCIA DE PEDIDO


EXPRESSO NA PETIÇÃO INICIAL. INDEVIDOS. Em que pese sejam os reflexos
acessórios da parcela principal, o pedido deve ser certo e determinado, sendo defeso ao
juiz proferir sentença de natureza diversa da pedida, bem como condenar o Réu em
quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado, conforme arts. 128
e 460 do CPC. No mais, o art. 293 do CPC prescreve que os pedidos são interpretados
restritivamente. Assim, inexistindo pedido expresso, sequer de forma genérica, no
sentido de que fosse a Ré condenada ao adimplemento dos reflexos das horas extras
postuladas em repousos semanais remunerados, décimos terceiros salários, férias
acrescidas de um terço e depósitos fundiários, tais não podem ser deferidos à parte
Autora, sob pena de violação aos arts. 128, 293 e 460 do CPC. Nesse sentido já decidiu o
C. TST nos autos de RR 45800-02.2001.5.12.0020, Rel. Min. José Simpliciano Fontes de
F. Fernandes, 2ª T., DEJT 27.03.2009. Recurso ordinário da Ré a que se dá provimento,
no particular.

TRT-PR-05297-2011-513-09-00-9-ACO-27367-2012 - 7A. TURMA

Relator: UBIRAJARA CARLOS MENDES

Publicado no DEJT em 22-06-2012

Por tais motivos, a declaração de inépcia da petição inicial,


atinentemente às referidas e epigrafadas pretensões, é medida que se impõe.

5.- DAS VERBAS NÃO PAGAS

Através do subitem “III.IV” de sua exordial, pugna a Reclamante


pelo recebimento de valores que entende lhe serem devidos sob as seguintes rubricas: saldo de
salários, décimo terceiro salários, férias, verbas fundiárias acrescidas da multa compensatória,
multas do art. 477 e 467 da CLT. (GN)
Através do item “IV” de fl. 16 (ID. 628b6b5 - Pág. 15), atribuiu,
aleatoriamente, um valor de R$ 28.000,00 (vinte e oito mil reais) como forma de contemplar todas
as rubricas perseguidas, e ante alinhadas.

Conforme demonstrado, de forma até exaustiva, no corpo da


presente peça de defesa, inexistiu qualquer relação empregatícia entre as partes processuais,
razão pela qual é de fácil entendimento que as verbas pretendidas através do inteiro teor da
reclamatória trabalhista de lavra da parte autora, não passam de uma vã tentativa de
locupletamento em detrimento da Reclamada.

A Autora alega em seu exórdio, item ora contestado, que


paralisou suas atividades junto à Reclamada em data de 13/08/2019.

Em verdade, nesta data a Reclamante desentendeu-se com seu


marido, dele se separando, inclusive transferindo-se residencialmente da casa de ambos,
localizada em Jesuítas, conforme, aliás, se infere de sua qualificação inicial inserta à fl. 2, onde
consta como seu endereço atual a RUA MARTINS KASAKEVICH, Nº 12, BELA VISTA 1, CEP Nº
87.140-000, NA CIDADE DE PAIÇANDU/PR.

Portanto, mesmo que verídica fosse a “estória” da Reclamante,


e, que, hipoteticamente existisse relação de emprego entre as partes processuais, ainda assim a
versão da mesma mereceria reforma, pois, ela é quem tomou a iniciativa de deixar o lar do casal
e transferir-se residencialmente para outra cidade.

Nesse aspecto, a hipotética resilição contratual, se houvesse,


teria sido originada pela parte autora, inexistindo a alegada dispensa de iniciativa da empresa, não
havendo o que se falar em aviso prévio indenizado, bem como da multa compensatória do FGTS.

Diante do exposto, improcedente também revela-se a presente


prete4nsão da parte autora.
6.- MULTAS DOS ARTIGOS 477 e 467 DA CLT

Através dos itens “IV” e “V” da peça vestibular de lavra da


Reclamante a mesma pretende o recebimento das epigrafadas penalidades.
Ledo engano.

Inexistiu relação empregatícia entre as partes processuais,


conforme asseverado através do corpo da presente contestação.
Assim, não há que se falar em verbas rescisórias, e, por
consequência, de atraso de pagamento das mesmas, improcedente o pedido embasado no art.
477, consolidado.
Já em relação ao art. 467 da CLT, não existem verbas
incontroversas, haja vista não existirem quaisquer verbas devidas à Reclamante em face da
inexistência de vínculo empregatício entre as partes processuais.

Por tais motivos, improcedentes revelam-se as preensões em


análise.

7.- HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

Pugna a Contestante pela condenação da parte adversa, em


honorários sucumbenciais, a serem arbitrados por esse E. juízo, sugerindo à base usual de 15%
(quinze por cento) sobre o valor sucumbente que resultar da liquidação da sentença nos moldes
do artigo 791-A, seus parágrafos e incisos da CLT.

8.- DOCUMENTOS JUNTADOS PELA AUTORA

8.1.- NOTAS FISCAIS ELETRÔNICAS


Conforme nos manifestamos através do item “1” da presente
defesa, a Reclamante, na condição de esposa do proprietário de fato da Reclamada, eventualmente
comparecia na oficina mecânica, e nessas ocasiões efetuava diminutas atividades, tal qual a
emissão de notas eletrônicas, conforme aquelas insertas através das fls. 26 (ID. 55efc4b - Pág.
1) à 28 (ID. 55efc4b - Pág. 3), haja vista ter cadastro para tanto, identicamente aos demais
integrantes da Reclamada.
Todavia; nenhuma obrigação detinha a parte autora, para
elaboração de referidos documentos, o fazendo por total liberalidade sua, conforme, aliás, se
comprovará em fase sequencial do presente feito.

8.2.- AUTORIZAÇÃO PARA USO DE VEÍCULO

A autorização apresentada pela Reclamante à fl. 29 (ID. 0e45dc5)


e datada de 27/04/2018 possuiu a finalidade única de autorizá-la a empreender viagem para os
países vizinhos do Paraguai e Argentina, em viagem de compras e turismo.

Aliás, torna-se oportuno a informação e registro no sentido de


que a Autora, quando separou-se de seu marido, e transferiu-se residencialmente da cidade de
Jesuítas para Paiçandu, ambas do estado do Paraná, apropriou-se indevidamente do veículo
automotor de propriedade da Reclamada, e descrito em citada Autorização, inclusive estando na
posse de referido veículo até a presente oportunidade.
Referida atitude de lavra da parte autora foi objeto de lavratura
do incluso Boletim de Ocorrência, registrado pela sócia proprietária da Contestante.

9.- REQUERIMENTOS FINAIS

Assim, face ao acima exposto, e com fundamento na legislação


retro mencionada, requer a Contestante, se digne Vossa Excelência em julgar inteiramente
improcedente a presente Ação Reclamatória Trabalhista, rejeitando os pedidos pleiteados, nos
termos da fundamentação, e indeferindo a totalidade das pretensões e verbas pleiteadas, bem
como condenando a Reclamante ao pagamento das custas processuais e demais cominações
legais.
Requer ainda, pela produção de todas as provas em direito
admitidas; e especificamente pela produção de provas documentais, testemunhais, pelo
depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de confissão, provas periciais, exames, vistorias,
inspeção judicial e demais provas permissíveis in casu.

Assis Chateaubriand (pr), 9 de dezembro de 2019.

ANTONIO RONALDO RODRIGUES PINTO


ADVOGADO – OAB/PR Nº 17.081

Você também pode gostar