Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA __ª VARA

DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP.

Processo nº xxx

NOVA FASE LTDA, (qualificação e endereço


completo) onde receberá as notificações e intimações, vem, por intermédio
de seu advogado que ao final subscreve (Procuração anexa), respeitosamente
à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 847 da CLT,
apresentar sua

CONTESTAÇÃO

nos autos da Reclamação Trabalhista que lhe move CARLOS ALEXANDRE,


já qualificado nos autos do processo em epígrafe, consubstanciados nos
motivos de fato e de direito a seguir articulados.
I – DOS FATOS

Alega o reclamante que foi admitido em


01/04/2006 na função de assistente financeiro, para trabalhar na única filial
da reclamada localizada na cidade de Sertãozinho, a propósito, onde residia.

Cumpria jornada de trabalho de segunda a quinta,


das 08h00min às 18h00min, com 01h00min para refeição e descanso, e nas
sextas das 08h00min às 17h00min, também com 1 hora para refeição e
descanso, em virtude de acordo de compensação de jornada sempre
existente nas Negociações Coletivas.

Foi despedido sem justa causa em 05/03/2020.


Alega, ainda, que em virtude de promoção para a função de administrador
de empresas, ocorrida em 01/12/2018, foi transferido para a matriz
localizada na cidade de São Paulo, onde passou a residir e cumprir jornada
de trabalho de segunda a sexta, 08h00min às 17h00min, com 1 hora para
refeição e descanso, e aos sábados das 08h00min às 12h00min.

A partir da referida promoção passou a ter contato


direto com o empregador, inclusive reivindicando melhorias das condições
laborais, representando informalmente os 150 empregados da empresa
(matriz e filial), uma vez que laboravam junto sem uma mesma sala na matriz
da empresa.

Em sua matriz sediada em e São Paulo, trabalhava


o empregado Roberto, que fora admitido como chefe do setor de recursos
humanos em 01/05/2005 e promovido para administrador de empresas em
28/10/2016, e que embora exercendo idêntica função e com a mesma
perfeição técnica que o paradigma, percebia salário 20% inferior ao dele, e
que no período de seu labor na empresa a mesma lhe proporcionava
assistência médica e odontológica gratuitamente.

II – DA PRESCRIÇÃO
O reclamante pleiteia pagamento de horas
extraordinárias do período em que laborou em Sertãozinho.

Entretanto, conforme se verifica, o reclamante foi


admitido em 01/04/2006 e a presente demanda foi ajuizada em 08/05/2020,
ou seja, ocorreu prescrição para quaisquer pedidos para o período anterior
ao prazo quinquenal estabelecido no artigo 11 da CLT, sendo de rigor o
acolhimento da preliminar, limitando os pedidos para somente o período
posterior a 08/05/2015.

III – DO MÉRITO

III a) Da Jornada de Trabalho do Reclamante e as Horas Extras


Prestadas

O reclamante alega que em seu período de labor


na cidade de sertãozinho trabalhava 4 dias da semana, sendo 9 horas por
dia, requerendo assim horas extras extraordinárias.

Entretanto, a jornada de trabalho segundo a CLT


pode ser de até 44 horas semanais o que era de fato realizado pelo
reclamante uma vez que o mesmo gozava de seu intervalo de 1 hora, como
pode ser verificado e saia as 17h00min todas as sextas feiras conforme
era estabelecido em acordo de compensação de jornada existente em
negociação coletiva, seguindo a determinação do art. 7º, inciso XIII da CF.

III b) Do Pagamento do Adicional de Transferência de 25%

Conforme preconiza o artigo 469 da CLT, é vedado


o empregador transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade
diversa da que resultar do contrato e, caso de necessidade de serviço, o
empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que
resultar do contrato, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento
suplementar, nunca inferior a 25% dos salários que o empregado percebia
naquela localidade, enquanto durar essa situação, conforme § 3º.

Ocorre que, a situação do reclamante na verdade,


trata-se da exceção prevista no § 1º do artigo supramencionado, pois não
estão compreendidos na proibição do artigo os empregados que exerçam
cargo de confiança, quando esta decorra de real necessidade de serviço.

É evidente que o cargo de administração de


empresa consiste em um cargo de confiança, sendo inerente que para o
exercício pleno de sua atividade, o labor seja exercido na matriz do
empregador, e não na filial, conforme ocorreu no caso em tela.

Portanto, descabido o pleito do reclamante que se


consiste em receber adicional de 25% em relação a sua transferência, tendo
em vista que o mesmo exerce cargo de confiança, sendo imprescindível
exercer labor na matriz da reclamada.

III c) Das Diferenças Salariais por Equiparação e seus Reflexos

Conforme estabelece o artigo 461 da CLT, fica


garantido ao empregador que, sendo idêntica a função, a todo trabalho de
igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento
empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia,
nacionalidade ou idade.
Para tanto, existe diversos requisitos exigidos para
configuração da necessidade da equiparação, no qual todos precisam serem
cumpridos concomitantemente para sua existência.

Ocorre que, o reclamante não cumpre o requisito


do § 5º do artigo supramencionado, pois o paradigma apontado foi provido
ao cargo de administrador de empresas em 28/10/2016 e o paragonado, ora
reclamante, foi provido para mesma função em 01/12/2018.
Portanto, é incontroverso o lapso temporal de mais
de 2 anos entre a promoção do paradigma e paragonado, não existindo
contemporaneidade para eventual equiparação salarial, devendo ser julgado
improcedente tal pedido.

III d) Da Estabilidade por Conta de Representação de Empregados

O reclamante alega ter direito a estabilidade por


conta de realizar representação de empregados, vale ressaltar conforme os
fatos essa tal representação ocorria de maneira informal não seguindo os
preceitos do art. 11 da CF.

A representação dos trabalhadores nas empresas


é matéria da Convenção nº 135 da OIT, promulgada pelo Decreto nº 131/91
e, como podemos ver, é necessária uma representação formal seguindo os
preceitos do artigo mencionado, bem como uma eleição, conforme expresso
na CLT.

Sendo assim não tendo o reclamante passado por


nenhuma eleição e agindo de forma informal por conta própria, não fazendo
jus o reclamante a reintegração ao emprego e indenização, em razão de
ausência dos requisitos legais.

III e) Da Integração das Parcelas Referentes e Assistência Médica e


Odontológica

Ainda, o reclamante pleiteia a integração das


parcelas referentes à assistência médica e odontológica em sua remuneração,
com pagamento dos reflexos legais, ao fundamento de que se tratava de
salário indireto.

Porém, o artigo 458, § 2º, da CLT, enumera


algumas exceções para configuração do salário indireto e o inciso IV expressa
claramente que a assistência médica e odontológica não é considerada como
salário.
Portanto, improcede o presente pedido, por ser
indevido o principal, não são cabíveis os reflexos do salário indireto
pleiteados.

IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, a reclamada espera que seja


inicialmente acolhida a preliminar de prescrição da pretensão aos direitos
arguidos pelo reclamante, com fundamento no artigo 11, II, da CLT e artigo
7, inciso XXI, da CF. Espera, ainda, em relação aos pedidos, possa ser
decretada a TOTAL IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO, com a condenação do
reclamante ao pagamento de honorários advocatícios, custas e despesas
processuais.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local e Data

Advogado (a)
OAB nº ...

Você também pode gostar