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Curso de graduação em Direito

Estágio supervisionado III – Prática Trabalhista

PEÇA PROCESSUAL Nº. 5 – “RECURSO ORDINÁRIO”

Aluna: Ana Paula Dias.


Prof.: Davidson Malacco;
9º período, manhã.

Belo Horizonte
16/04/2021
1- Informações fático-jurídicas:
O pedido formulado numa reclamação trabalhista foi julgado procedente em
parte. O juiz condenou a autora a 6 meses de detenção por crime contra a
organização do trabalho, pois comprovadamente ela estava recebendo seguro
desemprego nos dois primeiros meses do contrato de trabalho e por isso pediu
para a empresa não assinar a sua CTPS nesse período; o magistrado
reconheceu que a autora excedia a jornada em 3 horas diárias mas limitou o
pagamento da sobre jornada a duas horas por dia com adicional de 50%, em
razão do Art. 59 da CLT; julgou aplicável a norma de complementação de
aposentadoria custeada pela empresa que estava em vigor no momento do
requerimento da aposentadoria, e não a da admissão, que era mais favorável à
trabalhadora, fundamentando na inexistência de direito adquirido, mas apenas
expectativa de direito; reconheceu que a acionante trabalhou 10 horas em
regime de prontidão no último mês trabalhado e deferiu o pagamento de 1/3
dessas horas; indeferiu as diferenças salariais pleiteadas em razão do pedido
de equiparação salarial, pois o autor não fez prova que trabalhou na mesma
localidade do paradigma; deferiu o requerimento da empresa e, com
sustentáculo no Art. 940 do CCB, determinou a devolução em dobro do 13º
salário do ano de 2019 porque a autora o postulou integralmente, sem qualquer
ressalva, quando a 1ª parcela já havia sido quitada pela empresa.

As custas foram arbitradas em R$ 300,00 sobre o valor arbitrado à condenação


de R$ 15.000,00.

Autora: Verônica Silva; Ré: Indústria Metalúrgica Ribeiro S.A., que possui 1.600
empregados; Processo 1111-55.2020.5.03.0100, em trâmite na 100ª VT/MG.

Analisando a narrativa e considerando que a trabalhadora não se conformou


com a sentença, apresente a peça pertinente à reversão da decisão, no que
couber, sem criar dados ou fatos não informados.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 100ª VARA


DO TRABALHO DA COMARCA DE VT - MG.
Processo nº 1111-55.2020.5.03.0100

VERÔNICA SILVA, já qualificada nos autos da Reclamação


Trabalhista que move em face de INDÚSTRIA METALÚRGICA RIBEIRO S.A.,
igualmente qualificado, vem, tempestivamente, à presença de Vossa
Excelência, por seu advogado que esta subscreve, inconformada com a
respeitável sentença proferida, interpor, com fulcro no artigo (art.) 895, I da CLT
o presente RECURSO ORDINÁRIO, pelo que requer o recebimento do
presente recurso e posteriormente sua remessa ao Egrégio Tribunal Regional
do Trabalho da (x) Região para reapreciação e consequente provimento.
Ainda, requer, que seja a Reclamada notificada para que querendo
apresente as contrarrazões que julgar necessárias.
Por fim, informa que deixa de recolher às custas processuais tendo
em vista que a sentença proferida foi julgada de forma parcial, nos termos do
art. 789, §1º da CLT.
Nestes termos,
Pede deferimento.

VT, 16 de abril de 2021.

ANA PAULA PONTES DIAS


OAB/MG 111.111

Recorrente: VERÔNICA SILVA;


Recorrido: INDÚSTRIA METALÚRGICA RIBEIRO S.A.;
Origem: 100ª Vara do Trabalho de VT – MG;
Processo nº: 1111-55.2020.5.03.0100

RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO

Egrégio Tribunal,

Nobres Julgadores,

Colenda Turma,

I – DOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS

O presente RECURSO ORDINÁRIO preenche todos os requisitos de


admissibilidade recursal extrínsecos e intrínsecos. Dessa forma, deve o mesmo
ser conhecido e ter o seu mérito apreciado.

II – DA SÍNTESE DOS FATOS

Verônica Silva ingressou com Reclamação Trabalhista em face de


sua ex empregadora Indústria Metalúrgica Ribeiro S.A., tendo como resultado
de sua demanda a condenação por crime contra a organização do trabalho,
duas horas extras diárias, complementação de aposentadoria custeada pela
empresa através da norma vigente no momento do requerimento da
aposentadoria, 10 horas em regime de prontidão e devolução em dobro do 13º
salário do ano de 2019.

III – PRELIMINARMENTE
III.I - DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA

O juiz condenou a Reclamante a 6 (seis) meses de detenção por


crime contra a organização do trabalho.

Ocorre que, em entendimento Supremo Tribunal Federal, na


ADI 3.684, o plenário decidiu, em definitivo, que a Justiça do Trabalho não tem
competência para processar e julgar ações penais.

Logo, a respectiva sentença incorre em incompetência material


absoluta, isso porque, conforme art. 109, IV, da Constituição Federal, cabe aos
Juízes Federais processar e julgar os crimes praticados contra a organização
do trabalho.
Sendo assim, requer, seja declarada a incompetência absoluta do
Juízo trabalhista, uma vez que não possui competência para processar e julgar
crimes contra a organização do Trabalho.

V - DAS HORAS EXTRAS

O juízo "a quo", baseado no art. 59 da CLT, reconheceu, apenas, o


pagamento de 2 (duas) horas extras diárias, com adicional de 50%.

No entanto, a Recorrente excedia sua jornada em 3 (três) horas


diárias, e seguindo o princípio da primazia da realidade, na forma da Súmula nº
376, I, do TST, a sentença retro não merece ser mantida.

Desta forma, requer a reforma da sentença proferida, sob pena de


enriquecimento ilícito do empregador.

VI - DA COMPLEMENTAÇÃO DA APOSENTADORIA

O juízo "a quo" julgou estabeleceu que o complemento da


aposentadoria custeada pela empresa que estava em vigor quando a
Recorrente requereu a aposentadoria, desconsiderando a responsabilidade da
empresa que admitiu a Reclamante.

Ora, essa condenação, também, não merece prosperar, pois, a luz


do art. 468 da CLT, em conformidade com o princípio da inalterabilidade
contratual lesiva, o contrato de trabalho não pode sofrer alterações que tenham
como resultado a lesão de um direito consolidado em nossas leis pátrias.

Sendo assim, para garantir o equilíbrio do pacto laborativo, a


complementação dos proventos da aposentadoria deve ser regida pelas
normas em vigor na data da admissão da empregada,

Desta forma, requer a reforma da sentença proferida.

V - DO REGIME DE PRONTIDÃO

O juízo "a quo" deferiu o pagamento de 1/3 do salário-hora normal


para pagamento das horas trabalhadas em prontidão (valor equivalente ao
pagamento de sobreaviso – art. 244, §2 da CLT). Entretanto, de acordo com o
art. 244, §3º da CLT, o pagamento da hora de prontidão para todos os efeitos
será de 2/3 do salário-hora normal.

É sabido que a aplicação e a interpretação das leis e normas devem


ser realizadas de forma a proporcionar a primazia dos direitos e interesses da
classe trabalhadora e por isso essa sentença não merece ser mantida.
Desta forma, requer a reforma da sentença proferida.

VI - DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
As premissas para que a equiparação salarial seja reconhecida
estão previstas no caput do art. 461, da CLT, in verbis:

Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de


igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo
estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário,
sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.

A jurisprudência tem entendido que o conceito de “mesma


localidade” se refere, a princípio, ao mesmo município, ou a municípios
distintos que, comprovada mente, pertençam à mesma região metropolitana.

Dito isto, tem-se que o reclamante faz jus a equiparação salarial e,


por conseguinte, a percepção das respectivas diferenças salariais e requer a
reforma da sentença proferida.

VII - DA DEVOLUÇÃO DO 13º SALÁRIO

O juízo "a quo" determinou a devolução em dobro do 13º salário do


ano de 2019, tendo a Recorrente postulado integralmente, sem ressalva
informando que já havia recebido a 1ª parcela, com base no art. 940 do CC/02.

Essa decisão vai em contrário com o estipulado no art. 8º, §U da


CLT, tendo em vista a incompatibilidade do princípio da proteção do
trabalhador. Por isso, a sentença não merece ser mantida.
Por não corresponder ao Processo do Trabalho, requer, a reforma
da sentença proferida.

VIII – CONCLUSÃO

Por todo exposto, requer o acolhimento da preliminar de


incompetência absoluta material da justiça do trabalho; requer, ainda, o
conhecimento e provimento do presente recurso em sua totalidade.

Nestes termos,

Pede deferimento.

VT, 16 de abril de 2021.

ANA PAULA PONTES DIAS


OAB/MG 111.111

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