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2ª FASE – DIREITO DO TRABALHO

SEGUNDO EXERCÍCIO - RECURSO ORDINÁRIO

A sociedade empresária Ômega procura você, exibindo sentença prolatada em

reclamação trabalhista movida por Fabiano que tramita perante a 100ª Vara do Trabalho

de Maceió/AL.

Nela, o magistrado, em síntese, rejeitou preliminar suscitada pela empresa e

determinou o recolhimento do INSS relativo ao período trabalhado mês a mês, para fins

de aposentadoria, já que restou comprovado que a empresa descontava a cota

previdenciária, mas não a repassava ao INSS; rejeitou preliminar suscitada e

desconsiderou que a empresa havia feito um acordo em outro processo movido pelo

mesmo empregado, homologado em juízo, no qual pagou o prêmio de assiduidade,

condenando-a novamente ao pagamento dessa parcela; rejeitou preliminar suscitada

pela empresa e desconsiderou que em relação às diárias postuladas, o autor tinha,

comprovadamente, outra ação em curso com o mesmo tema, que se encontrava em

grau de recurso; extinguiu o feito sem resolução do mérito em relação a um pedido de

devolução de desconto, porque não havia causa de pedir; não acolheu a prescrição

parcial porque ela foi suscitada pelo advogado em razões finais, afirmando o magistrado

que deveria sê-lo apenas na contestação, tendo ocorrido preclusão; deferiu a

reintegração do ex-empregado, Fabiano, porque ele foi eleito presidente da Associação

de Leitura dos empregados da empresa, entidade criada pelos próprios empregados,


sendo que a dispensa ocorreu em dezembro de 2017, no decorrer do mandato do

reclamante; indeferiu o pedido de vale-transporte, porque o reclamante se deslocava

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para o trabalho e dele retornava a pé; deferiu indenização por dano moral, porque, pelo

confessado atraso no pagamento dos salários dos últimos 3 meses do contrato de

trabalho, o empregado teve seu nome inscrito em cadastro restritivo de crédito,

conforme certidão do Serasa juntada pelo reclamante demonstrando a inserção do nome

do empregado no rol de maus pagadores em novembro de 2015; deferiu a entrega de

uma carta de referência para facilitar o autor na obtenção de nova colocação, caso, no

futuro, ele viesse a querer se empregar em outro lugar; indeferiu a integração da

alimentação concedida ao empregado, porque a empresa aderira ao Programa de

Alimentação do Trabalhador durante todo o contrato de trabalho; deferiu o pagamento

da participação nos lucros prevista na convenção coletiva da categoria, nos anos de 2012

e 2013, pois confessadamente não havia sido paga; indeferiu o pedido de anuênio,

porque não havia previsão legal nem no instrumento da categoria do autor; deferiu o

pagamento da diferença de férias, porque o empregado não fruiu 30 dias úteis no ano

de 2016, como garante a Lei.

A sociedade empresária apresenta a ficha de registro de empregados do

reclamante, na qual se verifica que ele havia trabalhado de 08/07/2007 a 20/10/2017,


sendo que, nos anos de 2012 a 2014, permaneceu afastado em benefício previdenciário

de auxílio-doença comum (código B-31); a ficha financeira mostra que o empregado

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ganhava 2 salários mínimos mensais e exercia a função de auxiliar de manutenção de

equipamentos, fazendo eventuais viagens para verificação de equipamentos em filiais da

empresa.

Diante disso, como advogado(a) da ré, redija a peça prático-profissional pertinente

ao caso para a defesa dos interesses do seu cliente em juízo, ciente de que a ação foi

ajuizada em 30/10/2017 e que, na sentença, não havia vício ou falha estrutural que

comprometesse sua integridade.

_______________________________________________________________________

AO DOUTO JUÍZO DA 100ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ, ALAGOAS.

Processo nº xxx

ÔMEGA, já qualificada nos autos em epígrafe, em que contende com FABIANO,

também qualificado, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de

seu advogado adiante assinado, com fulcro no art. 895, I da CLT, INTERPOR:
RECURSO ORDINÁRIO

para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região.


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Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade do recurso,

dentre os quais se destacam:

a) o depósito recursal: recolhido no valor de R$ ... de acordo com guia anexa; e

b) as custas: no valor de R$ ... correspondente a 2% sobre o valor da condenação,

conforme guia anexa.

Pelo exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da outra

parte para apresentar contrarrazões ao recurso ordinário, no prazo de 8 dias, conforme

dispõe o art. 900 da CLT, e a posterior remessa ao Egrégio Tribunal do Trabalho da 19ª

Região.

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB nº
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO


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I – PREMIMINARES

1. Incompetência

O juízo a quo rejeitou a preliminar suscitada pela empresa na contestação e

determinou o recolhimento do INSS relativo ao período trabalhado mês a mês, para fins

de aposentadoria, já que restou comprovado que a empresa descontava a cota

previdenciária, mas não a repassava ao INSS.

A sentença não merece prosperar, pois, nos termos do art. 876, parágrafo único,

da CLT, Súmula Vinculante nº 53 e Súmula nº 368, I, do TST, a competência da Justiça

do Trabalho para a execução das contribuições sociais, previstas no art. 114, VIII, da CF,

limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia e às sentenças homologatórias de

acordo, sendo incompetente para a execução das contribuições incidentes sobre os

salários pagos durante o período contratual, como no caso em tela.

Pelo exposto requer a reforma da sentença para acolher a preliminar de

incompetência da Justiça do Trabalho para análise do pedido formulado.


2. Coisa Julgada

O juízo a quo rejeitou a preliminar de contestação suscitada pela reclamada e


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desconsiderou que a empresa havia feito um acordo em outro processo movido pelo

mesmo empregado, homologado em juízo, na qual pagou o prêmio de assiduidade,

condenando-a novamente ao pagamento desta parcela.

A sentença não merece prosperar, pois, à luz da Súmula nº 100, V, do TST, a

sentença homologatória de acordo transita em julgado na data de sua homologação.

Ao deferir o prêmio de assiduidade, que havia sido objeto do acordo, violou-se a

coisa julgada, na medida em que se repete o pedido que já foi julgado por decisão

transitada em julgado, como determinam os arts. 337, §§1º e 4º, e 502 do CPC e a OJ

132, SDI II, do TST.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para acolher a preliminar de

contestação e extinguir o processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, V,

do CPC, quanto ao pedido de prêmio assiduidade.

3. Litispendência

O juízo a quo rejeitou a preliminar de contestação suscitada pela empresa e

desconsiderou que, em relação às diárias postuladas, o recorrido, tinha,


comprovadamente, outra reclamação em curso com o mesmo tema, tratado em grau de

recurso.

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A sentença não merece prosperar, pois, nos termos do art. 337, VI e §§1º e 3º do

CPC, há litispendência quando se repete pedido que está em curso, como é o caso das

diárias postuladas.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para determinar o acolhimento da

preliminar e extinguir o processo sem resolução de mérito, com fulcro no art. 485, V, do

CPC, quanto ao pedido de diárias de viagem.

II – PREJUDICIAL DE MÉRITO

1. Prescrição Parcial

O juízo a quo não acolheu a prescrição parcial, porque ela foi suscitada em razões

finais, entendendo que deveria sê-lo apenas na contestação, tendo ocorrido preclusão.

A sentença não merece prosperar, pois nos termos da Súmula nº 153 do TST, a

prescrição pode ser arguida em instância ordinária, ou seja, no juízo de 1º grau, bem

como nos Tribunais Regionais do Trabalho.


Pelo exposto, requer a reforma da sentença para acolher a prescrição parcial e

extinguir o processo com resolução do mérito, com fulcro no art. 487, II do CPC, quanto

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às verbas postuladas anteriores aos últimos cinco anos contados da data do ajuizamento

da reclamação.

III – MÉRITO

1. Reintegração

O juízo a quo deferiu a reintegração do recorrido, porque ele foi eleito presidente

da Associação de Leitura dos empregados da empresa, entidade criada pelos próprios

empregados, sendo que a dispensa ocorreu em dezembro de 2017, no decorrer do

mandato do reclamante.

A sentença não merece prosperar, pois o recorrido não é detentor de garantia

provisória de emprego por falta de previsão legal. Cumpre destacar que ele era

presidente de uma associação e não de sindicato de categoria, razão pela qual não faz

jus à estabilidade provisória do dirigente sindical, prevista nos arts. 8º, VIII da CF e

543,§3º, da CLT.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para indeferir o pedido de

reintegração do recorrido.
2. Dano moral

O juízo a quo deferiu o pedido de indenização por dano moral, porque, pelo
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confessado atraso no pagamento dos salários dos últimos 3 meses do contrato de

trabalho, o empregado teve seu nome inscrito em cadastro restritivo de crédito,

conforme certidão do Serasa juntada pelo reclamante demonstrando a inserção do nome

do empregado no rol de maus pagadores em novembro de 2015.

A sentença não merece prosperar, pois o atraso ocorreu nos últimos 3 meses do

contrato, portanto nos meses de agosto, setembro e outubro de 2017, uma vez que ele

trabalhou até 20/10/2017. Já a inclusão do nome do recorrido em cadastro restritivo de

crédito ocorreu em 2015, ou seja, foi muito anterior aos atrasos. Dessa forma não estão

presentes os requisitos autorizadores da responsabilidade civil previstos nos arts. 186,

927 do CC e arts. 223-A se seguintes da CLT, uma vez que está ausente o nexo causal,

pois a condita do recorrente não deu causa à negativação do nome do recorrido.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o pedido

de indenização por danos morais.

3. Carta de referência
O juízo a quo deferiu a entrega de uma carta de referência para facilitar o recorrido

na obtenção de nova colocação, caso, no futuro, ele viesse a se empregar em outro

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lugar.

A sentença não pode prosperar, pois não se trata de uma obrigação do

empregador imposta por lei. Logo, exigir do ora recorrente conduta diversa viola o art.

5º, II, da CF, que determina que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer

alguma coisa senão em virtude de lei”.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o pedido

do recorrido de entrega da carta de referência.

4. Participação nos lucros e resultados

O juízo a quo deferiu o pagamento da participação nos lucros prevista na

convenção coletiva da categoria, nos anos de 2012 e 2013, pois confessadamente não

havia sido paga.

A sentença não pode prosperar, pois nos anos de 2012 a 2014, o reclamante

permaneceu afastado recebendo benefício previdenciário, o auxílio-doença comum

(código B-31), logo seu contrato de trabalho estava suspenso, nos termos do art. 476
da CLT, não concorrendo para os resultados positivos da empresa, como previsto na

Súmula nº 451, TST.

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Pelo exposto, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o pedido

do recorrido.

5. Férias

O juízo a quo deferiu o pagamento da diferença de férias, porque o recorrido não

fruiu 30 dias úteis no ano de 2016, como garante a lei.

A sentença não pode prosperar, pois as férias não são contadas em dias úteis,

mas corridos, conforme previsto no art. 130, I da CLT.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o pedido

do recorrido.

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

Pelo exposto, requer o conhecimento do presente recurso, o acolhimento das

preliminares, o acolhimento da prejudicial, e, no mérito, o seu provimento para fins de

reforma da sentença para julgar procedente as postulações do recorrente.

Pede deferimento.
Local e data.

Advogado
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OAB nº

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