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AO DOUTO JUÍZO DA 50ª VARA DO TRABALHO DE JOÃO

PESSOA/PB

Nº do Processo: 1234

Loteria Alfa Ltda., empresa com sede em _____, inscrita no Cadastro


Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) sob nº _____, e-mail _____ na ação
trabalhista que Hamilton, já qualificado nos autos em epígrafe, lhe move, vem,
por intermédio de seu advogado devidamente qualificado e constituído em
procuração anexa e com fulcro no art. 847 da CLT e no art. 335 e seguintes do
CPC, à presença de Vossa Excelência apresentar a sua:

CONTESTAÇÃO TRABALHISTA,

pelos motivos de fato e fundamentos legais a seguir expostos:

1 – DA SÍNTESE DA INICIAL.

Na exordial, o reclamante afirma ter trabalhado para a reclamada de 13 de


janeiro a 25 de março, de segunda a sexta-feira, das 7h às 14h e com 1 hora
de intervalo intrajornada para refeição, até ser dispensado sem justa causa,
alega ter se inscrito numa chapa para se candidatar à presidência de seu
sindicato apenas duas semanas após receber o seu aviso prévio. O reclamante
descrevera as atividades de sua função enquanto funcionário da reclamada e
ressalta que, ao ir recolher as apostas dos funcionários de uma subestação de
energia cliente de seu empregador, permanecia em risco por 10 minutos 1 vez
a cada semana, que substituíra seu gerente por 3 meses enquanto este
estivera afastado do trabalho por auxílio-doença sem ter qualquer alteração em
seu salário, que jamais recebera o ticket-alimentação previsto em acordo
coletivo assinado pela sociedade empresária Beta Ltda., que em razão da crise
econômica, realizou serviço na modalidade home office e não recebeu vale-
transporte durante esse período e que recebia vale-cultura da reclamada no
valor de R$ 30,00 mensais.

O reclamante requer o adicional de periculosidade, as vantagens previstas na


norma coletiva dos bancários, a reintegração ao emprego, as horas extras, as
horas de sobreaviso, o ticket-alimentação previsto na norma coletiva, o vale-
transporte pelo período em que trabalhou em home-office e integração do vale-
cultura ao seu salário.

2 – PRELIMINARES.

2.1 – DA INÉPCIA DO PEDIDO POR FALTA DE CAUSA DE PEDIR.

Anteriormente a discussão dos méritos e em respeito ao art. 337, IV do CPC,


faz necessário atentar-se para a inépcia do pedido de horas de sobreaviso
requerido na inicial, uma vez que o reclamante efetuara tal pedido sem jamais
ter discorrido sobre fatos que o justifiquem e denotem a violação ou mitigação
do aludido direito requerido, salientando assim a falta da causa de pedir na
exordial, motivo pelo qual se observa a inépcia da exordial e se justifica o seu
devido indeferimento, conforme determina o art. 330, I do CPC.

3 – DAS PREJUDICIAIS DE MÉRITO.

3.1 – DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.

O reclamante ajuizara a demanda em 30 de abril de 2017 reclamando direitos


embasados em fatos ocorridos durante todo o período de seu contrato de
trabalho com a reclamada.

No entanto, tal contrato durara mais do que os 5 anos tratados nos arts. 7°,
XXIX da CF, 11 da CLT e na Súmula 308, I do TST tendo, neste caso, os
créditos da relação de trabalho referentes ao período do contrato anterior a 30
de abril de 2012 incorridos em prescrição, motivo pelo qual é requerida a
extinção do processo, com resolução do mérito, no que tange aos créditos
anteriores à supracitada data (30/04/2012) pleiteados.

4 – DO MÉRITO.

4.1 – DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.

O reclamante alegara ter sido exposto a risco durante a jornada de trabalho


quando ia recolher os bilhetes de apostas dos funcionários de uma subestação
de energia e, por conta disto, reclama o adicional de periculosidade previsto
para os empregados que trabalham em condições de risco.

Entretanto, como o próprio requerido explicitara na exordial, o tempo exposto a


situação de potencial risco não ultrapassava os 10 minutos por semana, o que
não configura exposição permanente ou intermitente ao risco, sendo indevido o
pleito de tal crédito laboral, conforme Súmula 364, I, do TST.

4.2 – DO BENEFÍCIO DE CLASSE BANCÁRIA INDEVIDO.

Controversamente ao intento do reclamante, suas próprias alegações


demonstram que não há no que se falar, na presente ação, sobre vantagens ou
benefícios previstos em normas coletivas dos bancários uma vez que este
próprio trouxe a exordial o conhecimento da existência de sindicato que
representa a categoria dos empregados em lotéricas na cidade de João
Pessoa do qual, inclusive, se candidatou a presidência “para lutar por
melhorias para a sua CATEGORIA”, o que torna ilógico o pleito de benefícios
inerentes a categorias alheias, já que o art. 511 da CLT e seus parágrafos
determinam as características necessárias para categorização natural das
atividades conforme sua função social, o que não ocorre entre a atividade
bancária e a atividade dos empregados em lotéricas.

4.3 – DA REINTEGRAÇÃO INDEVIDA


Valendo-se de sua candidatura ao cargo de presidente do sindicato dos
empregados em lotéricas e da garantia de estabilidade que tal cargo o
ofereceria, o postulante reclama sua reintegração ao emprego.

Porém, mesmo sua candidatura a qualquer que fosse o cargo no referido


sindicato pode ser considerada indevida, dado que este já se encontrava em
aviso prévio no momento de sua candidatura, o que não lhe confere
estabilidade nenhuma, como bem impede a Súmula 369, V do TST.

4.4 – DAS HORAS EXTRAS.

Cumpra-se esclarecer que não há irregularidade nenhuma quanto à jornada de


trabalho arguida pelo reclamante, dado que o art. 7º, XIII da CF estabelece o
módulo da jornada de trabalho em, no máximo, 8 horas diárias e 44 horas
semanais, o que é reiterado pelo art. 58 da CLT e não é extrapolado, de
maneira nenhuma, pelas 7 horas diárias e 35 horas semanais trabalhadas pelo
reclamante durante toda a vigência de seu contrato de trabalho.

4.5 – DOS DEMAIS BENEFÍCIOS INDEVIDOS.

Por fim, resta-se elucidar que a reclamada não é signatária de acordo coletivo
que ofereça benefício de ticket-alimentação, não sendo assim responsável pelo
cumprimento do aludido acordo, como lhe respalda o § 1º do art. 611 da CLT;
que durante o período em que trabalhou na modalidade home office o
reclamante não necessitara do uso de transporte público para o exercício de
sua função, o que invalida tal requerimento, conforme arts. 1º da Lei 7.418/85 e
107, parágrafo único do Decreto 10.854/21 e que as utilidades do vale-cultura
não se integram como salário, sendo este apenas uma faculdade do
empregador, assim como bem dispõe o art. 458, § 2º, VIII da CLT.

5 – DOS PEDIDOS.

Diante do exposto, requer:


A – A extinção do processo, sem resolução de mérito, através do
acolhimento da preliminar de inépcia do pedido por falta de causa de pedir
arguida.

B – O acolhimento, com julgamento de mérito, da prejudicial de mérito


de prescrição quinquenal referente ao período anterior a 30 de abril de 2012.

C – A improcedência de todos os pedidos formulados na inicial,


condenando o reclamante aos honorários sucumbenciais.

D – Provar ao legado por todos os meios de prova em direito admitidos,


em especial o depoimento pessoal do reclamante, prova testemunhal, pericial e
documental.

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