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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ(A) DO

TRABALHO DA 9ª VARA DO TRABALHO DE SALVADOR/BA

Processo nº.: 2000/2019

LUA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, regularmente inscrita no


CNPJ sob o nº..., com sede no endereço..., já devidamente qualificada nos autos da demanda em
epígrafe, que lhe move PAULA MOURA, já devidamente qualificada nos autos, por seu
advogado que está a subscreve com procuração anexa, vem, à presença de Vossa Excelência,
com fulcro no artigo 847, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), concomitantemente
os artigos 336 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC) , por força do artigo 769 da CLT
e do artigo 15 do CPC, apresentar CONTESTAÇÃO,, consubstanciada nas razões de fato e de
direito a seguir expostas:

1. DA SÍNTESE DA AÇÃO

A Reclamante atuou na função de faxineira da Reclamada, de 10.10.2012 a


20.05.2019. Na data de 20.06.2019, a reclamante requereu em juízo o pagamento de indenização
por dano moral, sob a premissa que foi vítima de uma doença profissional, atribuindo a
responsabilidade ao imobiliária da Empresa, que segundo Paula, não respeitava as normas de
ergonomia.

A Reclamante na exordial alegou que a empresa fornecia plano odontológico


gratuito, o que levou a requerer sua efetivação como salário utilidade.

Aduz a reclamante na inicial que a Empresa LUA LTDA, ora Reclamada,


fornecia cesta básica mensal e que a partir de 20.03.2019, e a Reclamada parou de fornecer,
violando o direito adquirido dos funcionários, portanto, a reclamante requereu o pagamento das
cestas até seu desligamento da Empresa.

A Reclamante, ainda exordial, alega que ficava na Empresa ao menos 2 horas


a mais por semana para participar de um culto divulgado pela Empresa e requereu o pagamento
dessas horas como horas extras, alegando que se tratava de tempo disponível.

De mesma feita, alega que foi coagida a se demitir, mas não comprovou tais
afirmações.

Por fim, requereu a Reclamante adicional de periculosidade, entretanto não


fundamentou seu requerimento.

Nos autos da exordial, foram acostados pela Reclamante, o diagnóstico da


doença degenerativa, cópia do cartado do plano odontológico, convenção coletiva data de julho
de 2016 a janeiro de 2019, a qual o fornecimento de cestas básicas mensais aos colaboradores e
finalmente junto o informativo da empresa mencionando que os empregados poderiam participar
do culto da Empresa.

No entanto, nada a deferir, consoante será demonstrado.

2. PRELIMINARMENTE

2.1. DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL – AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO NA


CAUSA DE PEDIR – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Na petição inicial, o reclamante postula o pagamento de indenização por danos


morais, alegando ser vítima de doença profissional, já que o mobiliário da empresa, segundo diz,
não respeitava as normas de ergonomia, sem, contudo, articular os fundamentos de fato e de
direito que amparam a sua pretensão. Resta, pois, ausente a causa de pedir.

Logo, requer a extinção do processo sem resolução do mérito quanto a este


pedido, com fundamento nos arts. 485, inciso I, e 330, inciso I, e § 1º, incisos I e II, do CPC.

3. DA PREJUDICIAL DE MÉRITO

3.1. DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Inicialmente insta consignar que a presente ação foi proposta pela autora
apenas em 20/06/2019, sendo que a Reclamante trabalhou na empresa LUA LTDA., de
10/10/2010 a 20/05/2019, e requereu a este juízo os valores referentes à época de trabalho
completo dos exercícios como colaboradora da Reclamada, ou seja, pouco mais 8 anos e 7 meses
trabalhados.

Contudo, os valores pleiteados pela Reclamante excedem o que poderia ser exigido. De
acordo com o Art. 7º, XXXIX da Constituição federalvejamos os referidos artigos: a
extinção do contrato ocorreu em 20/05/2019. Portanto, manifestamente prescrita a presente
pretensão.
Isto porque a Constituição Federal, em seu Art. 7º, , cumulado com o Art.11,
I da CLT, os valores das relações de trabalho prescrevem em 5 (cinco) anos para trabalhadores
urbanos e 2 (dois) anos para trabalhadores rurais, nos seguintes termos:

Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:

XXIX- ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
Neste mesmo sentido, prevê a Consolidação das Leis do Trabalho, em seu
artigo 11. Senão, veja-se:

Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho


prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.

Assim, considerando que a parte autora ajuizou a presente demanda após o


prazo de cinco anos contados do início do contrato de trabalho, tem-se, portanto, os valores
pleiteados na exordial que ultrapassarem 5 (cinco) anos estão prescritos.

Diante disso, requer a extinção do processo com resolução do mérito, à luz


do art. 487, II, e 354, do CPC.

4. MÉRITO

4.1. DAS HORAS EXTRAS

A reclamante alega que realizava em torno de uma hora extra por semana,
durante todo o período de 2019, permanecendo 1 (uma) hora no culto ecumênico que era fornecido
de maneira facultativa a vontade de todos os colaboradores da empresa LUA LTDA, e, portanto,
requerendo a condenação da Reclamada ao pagamento de horas extras e respectivos reflexos.

Sem razão a reclamante, motivo pelo qual impugna-se o pleito, bem


como a jornada apontada em inicial.
Frequentadora do culto, a Reclamante comparecia às cerimonias, todavia,
apesar do culto ser nas dependências da empresa, nunca foi compulsório aos colaboradores sua
permanência, ou mesmo, presença no culto fornecida pela Empresa. A reclamante alega que o
tempo que se manteve durante o culto devem ser interpretados como hora extra, uma vez que se
matinha nas dependências da empresa.

Insta salientar, que a Reclamante nunca foi compelida a se manter nas


dependências da empresa por tempo superior à sua jornada de trabalho, deste modo, cumprindo
com o mínimo semanal estipulado por lei.

Deste modo, considerando que o culto era uma faculdade aos funcionários,
oferecida para o bem-estar dos colaboradores que quisessem voluntariamente participar, não
figurando, portanto, uma extensão esporádica da jornada de trabalho, não computando, portanto,
como horas extras, pois a empregada não se encontra na condição de tempo à disposição da
empresa, não preenchendo a condição do Art.4 da CLT:
“Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja
à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente
consignada.”

Não obstante, mesmo que o tempo que Paula se manteve nos cultos
configurasse como parte de sua jornada de trabalho e excedesse a jornada de trabalho da
reclamante, conforme aduz o Art. 4º, §2º, I da CLT, a atividade religiosa não pode ser computada
a título de horas extras, tendo em vista o teor do culto:

“Art. 4º, § 2º - Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será
computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de
cinco minutos previsto no § 1º do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria,
buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como
adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras:

I - práticas religiosas;”

Contudo, resta cristalino que a Reclamante se manteve nas dependências da


Sociedade Empresária por livre e espontânea vontade, para participar de uma atividade religiosa
promovida pela Empresa, onde todos os colaboradores poderiam participar de forma facultativa.

Logo, não tendo a autora trazido aos autos provas de suas alegações, ônus
que lhe incumbia nos termos do artigo 818, I, da CLT e 373, I, do CPC, requer seja julgado
improcedente o pedido ora combatido, inclusive no que toca os reflexos respectivos.

4.2. DA DEMISSÃO DA COLABORADORA

A reclamante, alega ter sido coagida pelo empregador a


solicitar sua demissão e requereu a anulação de sua demissão, bem como os
valores remuneratórios do tempo em que ficou desempregada. Contudo, apesar
das afirmações, Paula não apresentou nenhuma prova de fato que pudesse
corroborar com suas alegações, se aproveitando da situação para de maneira
oportunista, e, até mesmo vingativa, prejudicar a Reclamada a que título for.

Vale ressaltar, que a alegação de coação deve ser


comprovada pela Reclamante, sendo certo que a prática da conduta atribuída à
Sociedade Empresária não pode ser presumida, portanto, as arguições realizadas
por Paula, devem ser apresentadas e sustentadas com provas inequívocas que
atestem o vício da demissão.

Deste modo, não resta dúvidas quanto a atribuição do ônus


da prova à Reclamante, conforme Art. 818, I da CLT, deste modo, não obstante
demonstra o objetivo da presente demanda, que é meramente prejudicar a
Reclamada, com alegações rasas e que não devem prosperar, sendo assim
entendido jurisprudencialmente:

PEDIDO DE DEMISSÃO ASSINADO SOB COAÇÃO


MORAL. NÃO COMPROVAÇÃO. Como posta a relação jurídica controvertida, incumbia ao
reclamante o ônus de demonstrar a veracidade de sua tese, ou seja, que foi humilhado e sofreu
coação moral para assinar o pedido de demissão referente ao primeiro contrato de trabalho
firmado com a ré, conforme preceituam os artigos 818 CLT e 333, I, do CPC, ônus do qual não
se desincumbiu. Apelo empresarial provido para declarar válido o pedido de demissão em
comento. (TRT-3 - RO: 00171201214303000 MG 000017187.2012.5.03.0143, Relator:
Heriberto de Castro, Decima Primeira Turma, Data de Publicação: 30/10/2013.)

Vejamos o artigo supracitado:

“Art. 818. O ônus da prova incumbe: I - ao reclamante, quanto ao fato


constitutivo de seu direito.”

4.2.1. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT

O reclamante requer que a reclamada seja condenada à


multa prevista no art. 477 da CLT, pois foi notificado da dispensa sem justa causa com
aviso prévio indenizado em ____, uma segunda-feira, e a empresa só pagou as verbas
rescisórias e efetuou a homologação da dispensa em ____.

A reclamada impugna tal pedido, pois houve pagamento e homologação tempestivos, no prazo de
10 dias, pois a contagem deve excluir o dia do começo e incluir o do vencimento, conforme OJ
162, da SDI- 1 do TST, art. 132, CCB e art. 477, § 6º, b, CLT.

4.3. DA PERICULOSIDADE

A Reclamante requereu a este juízo o adicional de


periculosidade pelo período em que exerceu a função de faxineira para a Reclamada,
contudo, como aqui já apontado as alegações reclamadas está aproveitando da situação para
de maneira oportunista, para prejudicar a Reclamada a que título for, contudo os
requerimentos da Reclamante, infundadas, sem qualquer prova circunstancial que
comprovem os fatos, deixa claro a intenção de enriquecimento as custas da Sociedade
Empresária.
Conforme já apresentado, os fatos de direito requeridos
pela Reclamante devem ser comprovados, cabendo à Reclamante o ônus da prova, conforme
Art.818, I da CLT.

Ademais, para se qualifique como função perigosa e fazer


jus à periculosidade, de acordo com a NR16, a Reclamante precisarem se enquadrar nas
seguintes condições:

“São consideradas atividades ou operações perigosas as executadas


com explosivos sujeitos a:

a) degradação química ou autocatalítica;

b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, faíscas, fogo, fenômenos
sísmicos, choque e atritos.”

Por óbvio, a atividade exercida pela Requerente não é


contemplada em nenhuma das hipóteses listadas, neste sentido afirma Sergio Pinto Martins:

“Adicional de periculosidade é o acréscimo devido ao


trabalhador que presta serviços em condições perigosas,
na forma da lei. (…)

Deste modo, fica claro que o requerimento a periculosidade


da Reclamante deve ser improvido.

4.4. DO PLANO ODONTOLÓGICO


A reclamante alega que empresa fornecia plano odontológico
gratuitamente, o que a levou a requerer a sua integração, para todos os fins, como salário
utilidade, deste modo Paula requer que a reclamada o pagamento da integração das parcelas
referentes ao plano odontológico da sociedade empresária.

Contudo, conforme aduz o Art. 458, parágrafo 2º da CLT


enumera exceções para configuração do salário indireto e o inciso IV, resta cristalino que
plano odontológico não é considerada como salário, deste modo o requerimento da
integração das parcelas por parte da Empresa deve ser desprovido:

“Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a
alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou
do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com
bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.
§ 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades
concedidas pelo empregador: IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou
mediante seguro-saúde;”
4.5. DA CESTA BÁSICA

A sociedade empresária fazia parte de convenção coletiva, a qual


vigorou de 2016 à janeiro de 2019, que determinava que o empregador deveria propiciar
cestas básicas mensais aos seus colaboradores, com o encerramento da convenção coletiva, a
Reclamada decidiu encerrar o fornecimento das respectivas cestas, considerando que, uma
vez encerrada a convecção coletiva, o fornecimento das cestas se torna facultativa, ou seja,
podendo não fazê-lo, pois não há obrigação que vincula a Empresa a realizar o fornecimento
do benefício.

5. DOS REQUERIMENTOS FINAIS.

Diante de tudo ora exposto, requer a Reclamada a Vossa Excelência o acolhimento da


presente Contestação, para:

a) Declarar a inépcia da ação, nos termos do art. 337, III, do CPC, pela ausência do valor da
causa e da aparente indeterminação pecuniária dos pedidos. Caso não acolha a hipótese
de inépcia, requer-se então:
b) Julgar TOTALMENTE IMPROCEDENTE a reclamatória ajuizada pelo Reclamante,
com base no todo ora sustentando na presente Contestação, condenando, ainda, o
Reclamante, ao PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS E DEMAIS
COMINAÇÕES LEGAIS.
c) Na remota hipótese de considerar validos os argumentos do Reclamante, no todo ou em
parte, roga-se aplicar a prejudicação de mérito, em virtude de prescrição avistada no
mandamento contido no art. 11 da CLT.
Outrossim, requer a juntada de todos os documentos anexos.
6. DAS PROVAS
Protesta provar o alegado, por todos os meios de provas em direito admitidas,
especialmente pelo depoimento pessoal do preposto da Reclamante, que fica desde já requerido,
sob pena de sofrer os efeitos da confissão, juntada de novos documentos, oitiva de testemunhas,
periciais e o que mais se fizer necessário para a elucidação dos fatos.

TERMOS EM QUE,
PEDE-SE DEFERIMENTO

ESTADO, DATA, ANO

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ADVOGADO OAB/UF Nº XXX

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