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02/08/2022
Ver temas 1, 2 e 3 da aula EAD 4. Fazer um resumo ou um mapa mental e
publicar no fórum que será aberto pela professora.
As presentes notas não buscam ser um texto autoral, tão somente trata-se de
uma ferramenta pessoal de síntese conceitual dos conteúdos abordados na
aula EAD, tendo, precipuamente, a base e o encaminhamento nos “pontos para
estudo”, enunciados pela professora no arquivo em pdf, disponível no roteiro de
estudos do AVA. As referências utilizadas neste estudo estão listadas no final
deste documento.
Fato jurídico: “uma ocorrência que interessa ao Direito, ou seja, que tenha
relevância jurídica. O fato jurídico lato sensu pode ser natural, denominado fato
jurídico stricto sensu. Esse pode ser um fato ordinário ou extraordinário”
(TARTUCE, 2022, p. 218). O fato jurídico stricto sensu não possui a ação e a
vontade humana para o ser. Os efeitos do fato jurídico são o “nascimento, a
modificação ou a extinção de direitos ou situações jurídicas” (AMARAL, 2018,
p. 461).
Naturais (stricto sensu):
o Ordinários: Decurso do tempo.
o Extraordinários: Caso fortuito ou de força maior.
Humanos ou voluntários:
o Lícitos – ato jurídico lato sensu: é “um fato jurídico com elemento
volitivo e conteúdo lícito” (TARTUCE, 2022, p. 218).
Ato jurídico (stricto sensu): ação e vontade simples; “a
vontade que se exprime não se dirige à produção de
efeitos jurídicos específicos desejados pelo agente. Eles
dependem da lei, na qual já estão previstos” (AMARAL,
2018, p. 467).
Negócio jurídico: ação e vontade qualificada (produzir um
efeito jurídico determinado); “no negócio jurídico a vontade
caracteriza-se por sua finalidade específica, que é a
gênese, modificação ou extinção de direitos” (AMARAL,
2018, p. 467).
Ato-fato jurídico: ações sem “vontade destinada a causar o
efeito jurídico que produzem, por exemplo, o ato praticado
por um louco, por uma criança” (AMARAL, 2018, p. 463).
Destaca-se também que “no ato-fato jurídico, o ato
humano é realmente da substância deste fato jurídico, mas
não importa para a norma se houve, ou não, intenção de
praticá-lo” (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2021, p.
193). “Em suma, pode-se dizer que o ato-fato jurídico é um
fato jurídico qualificado por uma vontade não relevante
juridicamente em um primeiro momento; mas que se revela
relevante por seus efeitos” (TARTUCE, 2022, p. 222).
o Ilícitos: “ato insurrecional contra a ordem jurídica, resultante de
uma atuação psíquica em desobediência ao imperativo da lei ou
com inobservância de suas recomendações” (PEREIRA, 2020, p.
389).
Penal.
Civil.
Administrativo.
Aquisição de direitos:
Nascimento e aquisição de um direito são conceitos coincidentes, porém que
se diferem em seus aspectos particulares. “O nascimento é o surgimento de
uma relação jurídica em decorrência de um fato hábil a constituí-la; a aquisição
é a conjunção do direito com seu titular atual. A aquisição do direito é uma
configuração subjetiva, e está na adesão da relação jurídica ao seu sujeito [...],
mas o nascimento de um direito é objetivo, no sentido de que se deve verificar
a relação jurídica em si mesma, no instante em que aparecem os seus
elementos integrantes” (PEREIRA, 2020, p. 390).
Para compreender melhor a diferença entre tais conceitos, a doutrina adota a
seguinte distinção:
Aquisição originária: se dá sem interferência anterior do titular (p. ex.
arts. 1251 e 1263 do CC/2002). Coincide com o nascimento do direito,
cf. exposto anteriormente.
Aquisição derivada: decorre da transferência de outra pessoa. Não
coincide com o nascimento do direito, haja vista que ele preexiste ao
titular.
Modificação de direitos:
Modificação subjetiva: “modificação do direito atinente à pessoa do
titular. O direito se transforma em razão de se alterar o sujeito, não
obstante subsistir a relação jurídica primitiva” (PEREIRA, 2020, p. 393).
Trocando em miúdos, “o direito não perde substância pelo fato da
transferência, apenas ocorre o deslocamento de titularidades, sem
cessação da relação jurídica” (PEREIRA, 2020, p. 394). Destaca-se que
“não é, porém, a transferência das faculdades jurídicas a única forma de
modificação subjetiva. Pode ocorrer ainda por multiplicação de sujeitos”
(PEREIRA, 2020, p. 395).
Modificação objetiva: atinge “o objeto da relação jurídica, podendo variar
no mais alto grau, ora alcançando as qualidades, ora a quantidade”
(PEREIRA, 2020, p. 395).
o Modificações qualitativas: “o objeto do direito altera-se sem que
aumentem ou diminuam as faculdades do sujeito” (PEREIRA,
2020, p. 395).
o Modificações quantitativas: “o objeto do direito aumenta ou
diminui no volume, sem que se altere as qualidades do direito”
(PEREIRA, 2020, p. 395).
Extinção de direitos:
“É um conceito absoluto, supondo a destruição da relação jurídica. As
faculdades jurídicas não podem ser exercidas pelo sujeito atual, nem por outro
qualquer” (PEREIRA, 2020, p. 396).
Extinção subjetiva: “o titular do direito não o pode mais exercer”
(PEREIRA, 2020, p. 396). Inerente ao “ser”; “quando o direito é
personalíssimo e morre seu titular” (GONÇALVES, 2021, p. 128).
Extinção objetiva: “perecimento do objeto sobre que versa o direito”
(PEREIRA, 2020, p. 396). Inerente ao “objeto”.
Extinção em razão do vínculo jurídico: “casos em que sobrevive o sujeito
e subsiste o objeto, mas falta ao titular o poder de ação para exercer as
faculdades jurídicas”, p. ex. decadência e prescrição (PEREIRA, 2020,
p. 397), ou, dito de outra forma, “perecimento da pretensão ou do próprio
direito material” (GONÇALVES, 2021, p. 128).
Referências Bibliográficas:
AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução. 10ª Ed. São Paulo: Saraiva,
2018.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito
Civil: vol. único. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: vol. 1 – Parte Geral.
19ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Introdução ao
Direito Civil – Teoria Geral de Direito Civil. 33ª Ed. Rio de Janeiro: Forense,
2020.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: vol. único. 12ª ed. Rio de Janeiro:
Método, 2022.
12/08/2022
ATO ILÍCITO:
Na definição de Gonçalves (2021, p. 193), “ato ilícito é o praticado com infração
ao dever legal de não lesar a outrem”. Conforme expõe Amaral, os atos ilícitos
estão em conformidade com o direito, enquanto os atos ilícitos se definem
como ações condenadas e sancionadas pelo ordenamento jurídico (2018, p.
641).
Para Gagliano e Pamplona Filho, são três os elementos que compõe o ato
ilícito: 1. Ação humana; 2. Contrariedade ao direito ou ilicitude e 3. Prejuízo
(2021, p. 192).
A melhor distinção entre ilícitos penais e civis se faz na conceituação de Caio
Mário (apud GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2021, p. 192): “para o direito
penal, o delito é um fator de desequilíbrio social, que justifica a repressão como
meio de reestabelecimento; para o direito civil o ilícito é um atentado contra o
interesse privado de outrem, e a reparação do dano sofrido é a forma indireta
de restauração do equilíbrio rompido”. Nessa linha, leciona Amaral que o direito
penal é público e visa defender a sociedade, enquanto o direito civil objetiva a
defesa dos interesses particulares, econômicos e pessoais (2018, p. 641).
Na seara civil, os atos ilícitos classificam-se em ilícito contratual (a regra
infringida ou com “cumprimento defeituoso” está prevista em contrato) ou
extracontratual (infração da lei; violação de direitos subjetivos absolutos)
(AMARAL, 2018, p. 641).
O abuso de direito também se configura como ato ilícito. Nesse sentido,
“prevalece na doutrina, hoje, o entendimento de que o abuso de direito
prescinde da ideia de culpa. O abuso de direito ocorre quando o agente,
atuando dentro dos limites da lei, deixa de considerar a finalidade social de seu
direito subjetivo e o exorbita, ao exercê-lo, causando prejuízo a outrem.
Embora não haja, em geral, violação aos limites objetivos da lei, o agente
desvia-se dos fins sociais a que esta se destina” (GONÇALVES, 2021, p. 198),
ilações em conformidade com o art. 187, CC/2002: “Também comete ato ilícito
o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes”. A jurisprudência brasileira considera que o abuso de direito é o ato
que “constitui o exercício egoístico, anormal do direito, sem motivos legítimos,
nocivos a outrem, contrários ao destino econômico e social do direito em geral”
(GONÇALVES, 2021, p. 198).
O ato ilícito une-se, diante do que já foi exposto, à questão da responsabilidade
civil. Responsabilidade civil pode ser dividida em duas classificações: A
responsabilidade civil contratual, que está prevista nos artigos 389, 390 e 391
do CC/2002, e a responsabilidade civil extracontratual, que se embasa nos
artigos 186 e 187 do CC/2002. Aos poucos, é comum perceber que, por meio
dos dispositivos legais e pelas ilações de doutrinadores, que “a tendência é de
unificação da responsabilidade civil, como consta, por exemplo, no Código de
Defesa do Consumidor, que não faz a citada divisão” (TARTUCE, 2022, p.
460).
É possível dizer que a principal diferença entre responsabilidade contratual e
extracontratual encontra-se na forma, enquanto a primeira existe por meio de
um contrato vinculante, a segunda existe a partir de um descumprimento legal
ou abuso de direito.
A responsabilidade civil pode, ainda, ser classificada como subjetiva ou
objetiva. A responsabilidade subjetiva é regra geral adotada pelo ordenamento
brasileiro e se embasa da teoria da culpa e, desta feita, é necessário que se
prove culpa ou dolo do agente para que exista o dever de indenizar. Apesar
disso, a responsabilidade objetiva também é adotada pelo ordenamento (art.
927, CC/2002), a qual independe da culpa, adotando, assim, a teoria do risco,
“segundo a qual todo dano deve ser indenizado independente de haver ato
ilícito” (AMARAL, 2018, p. 675).
Além disso, “o exercício regular do direito, a legítima defesa e o estado de
necessidade são causas excludentes de ilicitude, previstas em nosso direito
positivo” (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2021, p. 194) com ressalvas: 1. “A
legítima defesa (art. 188, I, primeira parte, do CC/2002) pressupõe a reação
proporcional a uma injusta agressão, atual ou iminente, utilizando-se
moderadamente os meios de defesa postos à disposição do ofendido” e sem
excessos e 2. “O estado de necessidade, por sua vez, consiste na situação de
agressão a um direito alheio, de valor jurídico igual ou inferior àquele que se
pretende proteger, para remover perigo iminente, quando as circunstâncias do
fato não autorizarem outra forma de atuação” (GAGLIANO e PAMPLONA
FILHO, 2021, p. 194).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução. 10ª Ed. São Paulo: Saraiva,
2018.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito
Civil: vol. único. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: vol. 1 – Parte Geral.
19ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: vol. único. 12ª ed. Rio de Janeiro:
Método, 2022.
23/08/2022
NEGÓCIO JURÍDICO
Conforme Junqueira de Azevedo (apud SCHREIBER, 2021, p. 91), “negócio
jurídico é todo fato jurídico consistente em declaração de vontade, a que o
ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como queridos”. Se o
negócio jurídico “é a concretização ou materialização de uma ideia por um
impulso da vontade, de modo a exteriorizar-se num campo da lei ou do direito,
criando uma relação com outras pessoas” (RIZZARDO, 2015, p. 499), é
imperativo compreender que “desdobra-se na exteriorização da vontade para o
efeito de criar uma relação jurídica com o mundo ou com as outras pessoas”
(RIZZARDO, 2015, p. 499).
Apesar do caráter voluntarista do negócio jurídico, adotado na codificação de
2002, é claro para este estudante que se trata de um conceito parcialmente
ultrapassado, adotado pelos ditos “liberais” numa tentativa desesperada de
colocar os termos fixados em contrato acima dos preceitos sociais, previstos na
Constituição Federal de 1988. Consoante a isso, Schreiber leciona que
“enxergar o negócio jurídico no âmbito da legalidade constitucional. Se, no
passado, a autonomia da vontade era vista como valor em si mesmo, a atrair
legitimidade ao negócio jurídico pelo simples fato de ser fruto da liberdade
individual, hoje a situação afigura-se inteiramente diversa. O negócio jurídico
não é mais terreno exclusivo da vontade, imune à incidência das normas
constitucionais, mas instrumento cujo merecimento de tutela deve ser
permanentemente aferido à luz da nova tábua axiológica consagrada pela
Constituição” (2021, p. 91).
A manifestação da vontade constitui-se como característica principal do
negócio jurídico (RIZZARDO, 2016, p. 506). A partir disso, vemos que, apesar
do exposto no parágrafo anterior, o negócio jurídico tem fundamento
constitucional, haja vista que se trata de uma atuação livre de pessoas
inseridas numa sociedade (TEPEDINO, 2021, p. 237). Partindo disso, Tepedino
conceitua a autonomia privada “como poder de autorregulamentação e de
autogestão conferido aos particulares em suas atividades”, constituindo, dessa
forma, como princípio fundamental do direito civil (TEPEDINO, 2021, p. 237).
Ainda na seara da manifestação da vontade, Miragem ressalta que “para a
teoria do negócio jurídico importa antes, a manifestação da vontade, que será
qualificada; afinal, não são todas as pessoas que a tem reconhecida,
independentemente de exteriorizá-la. Fixa, o direito, alguns critérios para este
reconhecimento. O primeiro deles é a capacidade de fato ou de exercício. O
negócio jurídico válido será constituído por agente capaz, a quem se reconhece
discernimento para formação e exteriorização da vontade em benefício do seu
interesse” (2021, p. 386).
Por fim, frise-se a lição de Tepedino: “A ordem pública constitucional valoriza a
liberdade na solidariedade, impondo que a autonomia privada seja vista como
poder de regulamentação não exclusivamente decorrente da vontade subjetiva,
já que o interesse público condiciona o poder de agir dos particulares à tutela
de valores socialmente relevantes” (2021, p. 238).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MIRAGEM, Bruno. Teoria Geral do Direito Civil. 1ª Ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2021.
RIZZARDO, Arnaldo. Introdução ao Direito e Parte Geral do Código Civil. 8ª
Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. 4ª Ed. São
Paulo: Saraiva, 2021.
TEPEDINO, Gustavo. Fundamentos do Direito Civil: Teoria Geral do Direito
Civil – Vol. 1. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021
05/08/2022
Fatos
Mundo jurídico à Efeitos Jurídicos
o Fatos jurídicos
Naturais
Ordinários
Extraordinários
Atos de vontade
Ato-fato
Ato jurídico stricto sensu (sentido estrito)
Negócio jurídico
12/08/2022
Aula 4, tema 3. Ato-ilícito. Pouco abordado na aula. Segue mapa mental sobre
este assunto.
19/08/2022.
2º BIMESTRE
04/10/2022.
Vício do consentimento:
Atinge a manifestação de vontade (consentimento)
Influências externas que atingem a vontade
Distorção entre vontade real e vontade declarada
Consequência: possibilidade de anulação do negócio jurídico e retorno
ao status quo ante
Art. 112 do CC/02 – vontade real predomina sobre a vontade declarada
ESTUDO COMPLEMENTAR:
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
ERRO
Na definição de Tartuce, “o erro é um engano fático, uma falsa noção, em
relação a uma pessoa, ao objeto do negócio ou a um direito, que acomete a
vontade de uma das partes que celebrou o negócio jurídico” (2022, p. 491).
Além disso, frisa-se que, para que seja anulável o negócio jurídico celebrado
com erro, é necessário que este seja substancial.
Tartuce leciona, também, que “mesmo percebendo a pessoa que está agindo
sob o vício do erro, do engano, a anulabilidade do negócio continua sendo
perfeitamente possível”.
Portanto, “a partir da percepção equivocada de relevantes aspectos negociais,
forma-se a vontade defeituosa, por haver divergência entre a vontade
declarada e a que seria declarada não fosse a errônea compreensão da
realidade” (TEPEDINO; DONATO, 2022, p. 328), ou seja, se a manifestação de
vontade não for perfeita e tal imperfeição tiver incorrência em erro, abre-se
possibilidade para anulabilidade do negócio jurídico.
Dessa forma, tem-se que é anulável o negócio jurídico toda vez que o erro for
essencial, nos termos do art. 139, do CC/2002, quais sejam, na síntese de
Tartuce (2022, p. 492):
1. Tratar-se da natureza do negócio jurídico, ao objeto principal ou a
alguma de suas qualidades (características) inerentes.
2. “Disser respeito à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a
quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta
de modo relevante”.
3. “Constituir erro de direito e não implicar recusa à aplicação da lei, sendo
o motivo único ou causa principal do negócio jurídico (erro de direito ou
error iuris)”.
Anote-se o conceito de erro acidental que, de forma simples, pode ser definido
como o erro possível de correção. Conforme exemplifica Tepedino e Donato,
(2022, p. 328):
Também quanto à coisa, se o contrato de compra e venda se refere
ao objeto com numeração errônea, mas é possível, a despeito disso,
ser identificado o real objeto da operação, não há razão para se
anular o negócio jurídico. Com efeito, não havendo dúvidas acerca da
identidade da coisa ou da pessoa, o erro não apresenta gravidade e
nem prejudica.
Já, em se tratando de erro de direito (error iuris), pode-se por dedução lógica
chegar a sua definição. Se o erro essencial se diz respeito à falsa percepção
da realidade fática, o erro de direito se dá pela falsa percepção das
consequências do negócio jurídico celebrado, uma vez que se espera que dele
tenham-se efeitos diversos (TEPEDINO; DONATO, 2022, p. 329).
Frise-se aqui que “o agente incurso em erro de direito não descumpre a lei (a
pretexto de desconhecê-la), mas realiza negócio lícito com vistas ao alcance de
consequências jurídicas inatingíveis, já que impedidas pela ordem jurídica”,
portanto, pode ser anulável o negócio jurídico (TEPEDINO; DONATO, 2022, p.
329).
Erro grosseiro ou evitável não vicia o negócio jurídico, portanto é insuficiente
para sua anulabilidade.
Erro sobre o motivo não gera anulabilidade do negócio jurídico, isto porque
motivos podem ser variados e de ordem pessoal e que nada tenham a ver com
a causa em si. No entendimento de Tartuce (2022, p. 494),
...quando se analisa um contrato de compra e venda, a causa é a
transmissão da propriedade. Os motivos podem ser os mais variados,
de ordem pessoal das partes: o preço está bom, o imóvel é bem
localizado, o comprador quer comprá-lo para presentear alguém etc.
DOLO
Nos dizeres de Tepedino e Donato, o dolo “se configura na hipótese em que
uma pessoa, maliciosamente, induz outrem a concluir negócio jurídico em erro
substancial” (2022, p. 333) e, para que seja a anulação do negócio jurídico
possível, é necessário que o dolo seja a causa essencial do negócio.
Sendo assim, o dolo acidental não pode ser considerado causa para anulação
do negócio jurídico, entretanto enseja o pagamento de perdas e danos em
favor de quem fora prejudicado (TARTUCE, 2022, p. 497).
Conforme o art. 148, CC/2002, o dolo de terceiro pode gerar anulação do
negócio jurídico. “Tendo conhecimento o contratante ou negociante
beneficiado, haverá dolo essencial. Não havendo tal conhecimento, o dolo é
acidental, o que logicamente depende de prova” (TARTUCE, 2022, p. 497).
No que diz respeito aos representantes,
o legislador distingue o representante legal do convencional,
estabelecendo que, no primeiro caso, o dolo do representante só
obriga o representado a responder até a importância do proveito que
teve. O dolo do representante convencional, por outro lado, torna o
representado solidariamente responsável pelas perdas e danos
(TEPEDINO; DONATO, 2022, p. 335).
Ainda pode-se dividir o dolo em dolo bonus e dolo malus. Estes consistem em
atos astuciosos ou maliciosos que tenham como objetivo precípuo o engano ou
prejuízo de outrem e por isso podem ensejar a anulação do negócio jurídico,
enquanto aqueles são ações que buscam proporcionar vantagens ou
benefícios a outrem, por isso não ensejam anulação do negócio jurídico
(TARTUCE, 2022, p. 499).
O dolo bilateral ou recíproco refere-se ao momento em que todas as partes do
negócio jurídico agem, maliciosa ou ardilosamente, com o objetivo de
prejudicar uns aos outros. Apesar da redação do art. 150 ser clara ao dispor
que “se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para
anular o negócio, ou reclamar indenização”, parte da doutrina estabelece que
“se os dolos de ambos os negociantes causarem prejuízos de valores
diferentes, pode ocorrer uma compensação parcial das condutas, o que gera
ao prejudicado em quantia maior o direito de pleitear perdas e danos da outra
parte” (TARTUCE, 2022, p. 500).
COAÇÃO
Trata-se de ameaça física ou moral exercida sobre outrem com o objetivo de
obrigá-lo a assumir uma obrigação que não lhe interesse. Para ser anulável o
negócio jurídico, a coação “há de ser relevante, em fundado temor de dano
iminente e considerável à pessoa envolvida, à sua família ou aos seus bens”
(TARTUCE, 2022, p. 500).
Pode se classificar cação do seguinte modo:
1. Coação absoluta ou física (vis absoluta): “nesta espécie de coação,
inocorre qualquer consentimento ou manifestação da vontade. A
vantagem pretendida pelo coator é obtida mediante o emprego de força
física” (GONÇALVES, 2022, p. 353). Apesar de parte da doutrina
recorrer à hipótese da inexistência do negócio jurídico por conta da
ausência da declaração de vontade, há de se atentar que tal teoria não
foi adotada pelo Código Civil, motivo pelo qual trata-se não da
inexistência, mas sim da nulidade do negócio jurídico.
2. Coação relativa ou moral ou psicológica (vis compulsiva): trata-se da
coação presente e efetiva, portanto, causa fundado tempo. “Nesta,
deixa-se uma opção ou escolha à vítima: praticar o ato exigido pelo
coator ou correr o risco de sofrer as consequências da ameaça por ele
feita” (GONÇALVES, 2022, p. 353).
Para diferenciar dolo malus de coação moral tem-se que aquele incide sobre a
inteligência da vítima, enquanto esta impede a livre manifestação da vontade
(GONÇALVES, 2022, p. 353).
A importância do caso concreto a despeito da análise da coação se dá porque
“algumas pessoas, em razão de diversos fatores, são mais suscetíveis de se
sentir atemorizadas do que outras”, e por isso a necessidade do disposto no
art. 152, CC/2002 (GONÇALVES, 2022, p. 354).
Sobre a coação exercida por terceiro, tem-se dois apontamentos no Código
Civil. Primeiro, no art. 154, qual dispõe que a coação exercida por terceiro gera
a anulabilidade do negócio, se o negociante beneficiado dela tiver ou devesse
ter conhecimento, respondendo ambos solidariamente perante o prejudicado
pelas perdas e danos; segundo, no art. 155, qual dispõe que negócio jurídico
permanecerá válido se o negociante beneficiado pela coação dela não tiver ou
não devesse ter conhecimento.
Para compreender estes apontamentos, bem elucida Tartuce com o seguinte
exemplo (2022, p. 503):
imagine-se o caso em que alguém celebra um casamento sob
pressão de ameaça do irmão da noiva. Se a última tiver ou devesse
ter conhecimento dessa coação, o negócio é anulável, respondendo
ambos, irmão e irmã, solidariamente. Por outro lado, diante da boa-fé
da noiva que não sabia da coação, o casamento é conservado,
respondendo o cunhado perante o noivo por eventuais perdas e
danos decorrentes de seu ato. Logicamente, os danos devem ser
provados, interpretação sistemática do art. 186 do CC/2002.
11/10/2022.
Ainda sobre vícios de consentimento:
4. Estado de perigo: é a ameaça ou violência proveniente de circunstância
de fato (externa) que exerce influência sobre a vontade do agente e que
cria sobre ele um temor de dano a si próprio ou a alguém de sua família
e o leva a celebrar o negócio jurídico, excessivamente oneroso.
Se não fosse a situação de perigo sobre o agente ou alguém de sua
família, ele não celebraria o negócio jurídico.
Art. 156, CC/2002: agente acredita que, celebrando o negócio jurídico
(extremamente oneroso), pode afastar o perigo.
Necessário para observância:
Quesitos objetivos: 1. Existência da ameaça grave de dano (atual,
imediato) externo (seja humano ou natural) e 2. Onerosidade excessiva.
Quesitos subjetivos: 1. Crença do agente e 2. Conhecimento de perigo.
Simulação
Conceito: trata-se de uma declaração de vontade enganosa que visa produzir
resultado diverso daquele indicado, seja por não querer o resultado em si, seja
por querer efetivamente um resultado diferente do que aparenta produzir.
Trata-se de um negócio jurídico com aparência de normalidade, mas não visa o
efeito que juridicamente deveria produzir.
A divergência intencional entre a declaração de vontade e o resultado
pressupõe I.
25/10/2022.
PRESCRIÇÃO
01/11/2022.
Ainda sobre prescrição.
DECADÊNCIA
Regras gerais:
Prazo decadencial não pode ser impedido, salvo condição em contrário
(art. 207, do CC/2002).
Possibilidade de responsabilização do responsável (pelo relativamente
incapaz e pela pessoa jurídica) pelo não exercício do direito potestativo
(art. 195 e art. 208, do CC/2002).
Não corre contra absolutamente incapazes (art. 198, do CC/2002).
Espécies de decadência:
Decadência legal – prazo previsto em lei; pode ser declarada de ofício
pelo juiz; não há renúncia.
Decadência convencional – prazo decadencial é previsto pelo negócio
jurídico, ou seja, pelas partes; vedada a declaração de ofício pelo juiz;
possibilita renúncia.