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DIREITO CIVIL – PARTE GERAL

PROFª. VANESSA ZAMBALDI


2

Sejam AS MELHORES
JORNADAS DA VIDA
Bem-vindos SÃO AQUELAS QUE
Alunos! NOS ENRIQUECEM
POR DENTRO.
AUTOR DESCONHECIDO.
3
Referência Bibliográficas

LIVRO DIDÁTICO DISPONÍVEL NO AVA:

DIREITO CIVIL – PARTE GERAL

AUTOR: Márcio de Cassio Juliano


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CONCEITO DE PESSOA JURÍDICA
-As regras quanto a Pessoa Jurídica estão entre os art 40 e
69 do Código Civil.

“Consiste num conjunto de pessoas ou de bens dotado de


personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei
para a consecução de fins comuns. Pode​-se afirmar, pois, que
pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere
personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e
obrigações”. – Carlos Roberto Gonçalves
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NATUREZA JURÍDICA
 CORRENTE NEGATIVISTA
 Negava a figura da Pessoa Jurídica. Tratava-se no máximo de
um condomínio ou patrimônio coletivo, reunião de pessoas
físicas, sem autonomia. Não é adotada no Brasil.
 CORRENTE AFIRMATIVISTA
 Corrente que prevaleceu. Aceitava e reconhecia a pessoa
jurídica como sujeito de direito.
 Dentro dessa corrente, há três teorias básicas: Teoria da
Ficção, Teoria da Realidade Objetiva e Teoria da Realidade
Técnica
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TEORIA DA FICÇÃO
 Para esta teoria, a pessoa jurídica, mero produto da
técnica jurídica, teria uma existência apenas abstrata ou
ideal.
 Reconhecia pessoa jurídica como um ente abstrato, fruto
da técnica jurídica pura, sem existência social. Carece de
realidade. Sua existência só encontra explicação como
ficção da lei. (fruto do direito).
 Defensores: Windscheid e Savigny
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TEORIA DA REALIDADE OBJETIVA
 Também chamada Teoria Orgânica
 É o contraponto da primeira, negando a pessoa jurídica como fruto
da técnica do direito, afirmando-a sociologicamente como um
organismo social vivo e de interação na sociedade.
 a pessoa jurídica não seria uma mera criação do direito, mas sim um
organismo vivo com atuação social, fruto da sociologia pura.
 As pessoas jurídicas são, assim, corpos sociais que o direito não cria,
mas limita-se a declarar existentes. (aspecto social)
 Lacerda de Almeida, Clovis Beviláqua
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TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA
 É a teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro.
 Para esta teoria, mais moderada, a pessoa jurídica, posto
personificada pela técnica do direito, integraria relações sociais, de
forma autônoma, como as pessoas físicas.
 Reconhece que a Pessoa Jurídica é personificada pela técnica do
Direito, mas não nega a sua atuação social.
 Logo, a personalidade jurídica não é uma ficção, mas um atributo
que a lei defere a certos entes, donde se conclui que a pessoa
jurídica é uma realidade jurídica, sem prejuízo da sua existência no
mundo fático. (fruto do direito + aspecto social)
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É possível concluir que a terceira é a teoria adotada pelo
Brasil com a leitura do artigo 45 do Código Civil de 2002:

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das


pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o
prazo da publicação de sua inscrição no registro
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REQUISITOS PARA A CRIAÇÃO DE UMA PESSOA JURÍDICA

Para Carlos Roberto Gonçalves: “A formação da pessoa jurídica


exige uma pluralidade de pessoas ou de bens e uma finalidade
específica (elementos de ordem material), bem como um ato
constitutivo e respectivo registro no órgão competente
(elemento formal). Pode​-se dizer que são três os requisitos para
a constituição da pessoa jurídica, como se pode verificar no
gráfico a seguir”:
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PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:


I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº
12.441, de 2011) (Vigência)
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DÚVIDAS?
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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

A desconsideração da personalidade jurídica é ato


jurídico decorrente de decisão judicial que visa a
atacar os bens dos sócios por obrigações de
responsabilidade da sociedade.
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Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado


pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o
juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos
aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa
jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação
dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
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§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização


da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos
ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato
entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do
administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações,
exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela
Lei nº 13.874, de 2019)
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§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das


obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)

§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata
o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa
jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original


da atividade econômica específica da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
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RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS

 Responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado:


 a) contratual — desde que se tornem inadimplentes,
respondem por perdas e danos (CC, art. 389); têm
responsabilidade objetiva por fato e vício do produto e do
serviço (CDC, arts. 12 a 25);
 b) extracontratual — as pessoas jurídicas de direito privado
(corporações, fundações etc.) respondem civilmente pelos
atos de seus prepostos, tenham ou não fins lucrativos (CC,
arts. 186 e 932, III)
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 Responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público:


 Por ato de seus agentes, é objetiva, sob a modalidade
do risco administrativo. A vítima não tem o ônus de provar
culpa ou dolo do agente público, mas, sim, o dano e o nexo
causal.
 Admite-se a inversão do ônus da prova. O Estado se
exonerará da obrigação de indenizar se provar culpa
exclusiva da vítima, força maior e fato exclusivo de terceiro.
 Em caso de culpa concorrente da vítima, a indenização será
reduzida pela metade (CF, art. 37, § 6º; CC, art. 43).
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EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO
 a) convencional: por deliberação de seus membros, conforme quorum
previsto nos estatutos ou na lei;
 b) legal: em razão de motivo determinante na lei (CC, art. 1.034);
 c) administrativa: quando as pessoas jurídicas dependem de autorização
do Governo e praticam atos nocivos ou
 contrários aos seus fins;
 d) natural: resulta da morte de seus membros, se não ficou estabelecido
que prosseguirá com os herdeiros;
 e) judicial: quando se configura algum dos casos previstos em lei ou no
estatuto e a sociedade continua a existir, obrigando um dos sócios a
ingressar em juízo.
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DÚVIDAS?
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
AULA 06
Bens principais e acessórios; Classe de bens acessórios:
produtos, frutos, pertenças e benfeitorias; Bens públicos e
particulares; Objeto da relação jurídica; Bem de família;
Bens corpóreos e incorpóreos; Patrimônio; Bens móveis e
imóveis; Bens fungíveis e infungíveis; consumíveis e
inconsumíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares e
coletivos.
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1. DOS BENS
 BENS – são valores materiais ou imateriais que podem
ser objeto de uma relação jurídica, tendo, portanto,
VALOR ECONÔMICO.
Bens, portanto, são coisas materiais, concretas, úteis aos homens e de expressão
econômica, suscetíveis de apropriação, bem como as de existência imaterial
economicamente apreciáveis. (GONÇALVES, 2018, p. 139).

 Previsão entre os arts. 79 e 103 do Código Civil.


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PATRIMÔNIO
 Patrimônio é a soma dos bens corpóreos e incorpóreos
da pessoa.
 Podemos também considerar patrimônio a
universalidade de direitos e obrigações de uma pessoa.
 Pode ser material (materialmente tangível, como uma
casa ou carro) e imaterial (como a honra, imagem, vida
privada, ou seja, não pode ser materialmente tangível).
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OS BENS JURÍDICOS SÃO CLASSIFICADOS DE
ACORDO COM ALGUNS CRITÉRIOS:
 Quanto aos bens materiais: podem ser corpóreos ou incorpóreos.
 Os bens considerados em si mesmos podem ser classificados de diversas
formas: quanto à mobilidade, à fungibilidade, à consuntibilidade e à
divisibilidade.
 Quanto à mobilidade, os bens podem ser móveis ou imóveis.
 Quanto à fungibilidade, os bens podem ser infungíveis e fungíveis.
 Quanto à consuntibilidade, os bens podem ser consumíveis ou
inconsumíveis.
 Quanto à divisibilidade, os bens podem ser divisíveis ou indivisíveis.
 Quanto à individualidade dos bens, eles podem ser singulares ou coletivos.
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1. BENS IMOVÉIS
 REGRA GERAL: são aqueles que não puderem ser
transportados de um lugar para outro sem sofrerem
modificações ou danificações.

Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar
natural ou artificialmente.
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 BENS IMÓVEIS: são aqueles que não podem ser transportados de um lugar
para outro, sem alteração de sua substância (por exemplo, um terreno).
Preconiza o art. 79 do Código Civil: “São bens imóveis o solo e tudo quanto
se lhe incorporar natural ou artificialmente” (BRASIL, 2002, [s.p.]). Eles
podem ser subdivididos:
 Bens imóveis por natureza ou por essência: é o solo e o que se incorporar a
ele naturalmente, como árvores e frutos pendentes. A propriedade do solo
abrange o espaço aéreo e o subsolo, contudo há limitações previstas em lei.
Os bens imóveis por natureza abrangem o solo com sua superfície, o subsolo e o
espaço aéreo. Tudo o que for incorporado será classificado como imóvel por
acessão. A título de exemplo pode ser citada uma árvore que nasce naturalmente.
(TARTUCE, 2019, p. 455).
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 Bens imóveis por acessão física industrial ou artificial:


eram móveis, mas foram imobilizados por uma atuação
humana concreta e efetiva (artificial), não podendo ser
removidos sem que se destruam ou deteriorem. São
exemplos: construções e plantações.
Acessão significa incorporação, união física com aumento de volume da coisa
principal. Nesse caso, os bens móveis incorporados intencionalmente ao solo
adquirem a sua natureza imobiliária. Por exemplo: o forro de gesso utilizado na
construção da casa. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020, p. 214).
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 Bens imóveis por acessão física intelectual: são móveis


incorporados a um imóvel pela vontade de seu proprietário. Por
exemplo, equipamentos do estúdio e trator na fazenda.
São os bens que o proprietário intencionalmente destina e mantém no imóvel para
exploração industrial, aformoseamento ou comodidade. (GAGLIANO; PAMPLONA
FILHO, 2020, p. 214).

 Bens imóveis por determinação legal: são determinados pela


norma jurídica. Estão previstos no art. 80 do Código Civil:

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e
as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta.
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2. BENS MÓVEIS
 REGRA GERAL: são aqueles suscetíveis de movimento próprio (ex:
semoventes), ou remoção por força alheia (ex: carro), sem
alteração da substância ou da destinação econômico-social.
 BENS MÓVEIS: são aqueles que podem ser removidos ou
transportados, sem alteração da substância ou da destinação
econômico-social. Assim determina o art. 82 do Código Civil:

São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia,
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
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Os bens móveis são subdivididos em:
 Bens móveis por natureza: são aqueles que a mobilidade decorre de sua essência,
ou seja, eles podem ser transportados sem sofrer danos. Tais bens podem ser
semoventes, ou seja, mover-se por conta própria, como os animais, ou eles podem
ser móveis propriamente ditos, ou seja, só podem ser movidos por força alheia, por
exemplo, automóvel e dinheiro.
 Bens móveis por antecipação: são bens imóveis, que, por uma atividade humana,
tornam-se móveis. Exemplos: plantação colhida (colheita) e materiais provenientes
da demolição de um prédio (art. 84 do Código Civil).
 Bens móveis por determinação legal: são determinados expressamente por uma
norma jurídica, qual seja, o art. 83 do Código Civil. São eles: as energias com valor
econômico, como a energia elétrica; os direitos reais sobre móveis, por exemplo, o
penhor que recai sobre uma joia; e os direitos pessoais de caráter patrimonial e
respectivas ações, como os direitos autorais.
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3. BENS FUNGÍVEIS E INFUGÍVEIS;
 FUNGÍVEIS: são os móveis que podem substituir-se por
outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (ex:
caneta, dinheiro...).
 INFUNGÍVEIS: aqueles que não poder ser substituídos por
outro da mesma espécie, qualidade e quantidade. A
infungibilidade pode ocorrer em razão da própria natureza da
coisa (ex: taça de campeão de futebol) ou da conta de das
partes, que convencionam que determinado bem não pode
ser substituído.Podem ser imóveis, como uma casa, ou
móveis, como quadros famosos e o carro, por causa do
chassi.
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4. BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS
 CONSUMÍVEIS: bens móveis cujo uso importa destruição imediata
da própria substância (ex: bebida, cigarro), sendo também
considerados tais os destinados à alienação, ou seja, colocados à
venda. Consuntibilidade física: como comer um sanduíche, ou seja,
você usa e o bem acaba ou estraga.
 INCONSUMÍVEIS: são aqueles que permitem o uso reiterado, sem
que haja destruição imediatada substância (ex: livro, carro). Os bens
inconsumíveis são aqueles que podem ser usados
continuadamente, assim, permitem diversas utilizações, sem que se
danifiquem imediatamente, como um carro. Neste caso, haverá
inconsuntibilidade física. Já quando o bem é inalienável, a
inconsuntibilidade será jurídica.
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5. BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
 DIVISÍVEIS: são os bens que podem ser fracionado, sem a alteração na
sua substância, diminuição considerável no valor, ou prejuízo a que se
destinam. Assim, esses bens podem ser divididos em partes e cada uma
delas será um todo.
 INDIVISÍVEIS: são aqueles que não admitem divisão sem desvalorização
ou dano, como um cavalo ou um livro. Nos termos do art. 88 do Código
Civil, “Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes” (BRASIL, 2002, [s.p.]). O
bem é indivisível por natureza, por convenção ou por determinação legal.
O bem indivisível por natureza é aquele que guarda relação com o uso e a
substância do bem, como um relógio; por convenção é aquele determinado
de acordo com a vontade das partes; por determinação legal ou jurídica é
aquele imposto por lei, por exemplo, a herança antes da partilha.
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6. BENS SINGULARES E COLETIVOS
 SINGULARES: os bens que, embora reunidos, se consideram
de per si, independentemente do demais (ex: livro, boi).
 COLETIVOS: são aqueles constituídos por dois ou mais bens
singulares que se encontram agregados num todo, podendo
constituir uma universalidade de fato ou direito. São aqueles
que, em conjunto, formam um todo homogêneo, uma
universalidade de fato, como um rebanho, uma biblioteca ou
uma universalidade de direito, como o patrimônio ou a
herança.
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UNIVERSALIDADE DE FATO UNIVERSALIDADE DE DIREITO


• Pluralidade de bens singulares • O complexo de relações
que, pertinentes à mesma jurídicas, de uma pessoa,
pessoa, tenha destinação dotada de valor econômico.
unitária.
• São bens que pertencem à
• São bens que pertencem a mesma pessoa, mas reunidos
uma pessoa e quem por sua e tratados de forma coletiva
vontades são reunidos para em razão de determinação
uma destinação única. legal, como no caso da
massa falida e do espólio.
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7. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
 RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS: os bens são
analisados uns em face dos outros. REFERE-SE ao bem
que decorre e tem relação com outro bem.
 Há uma classificação dos bens reciprocamente
considerados, podendo ser: principais ou acessórios.
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BEM PRINCIPAL OU ACESSÓRIO
 Bens principais (ou independentes) existem de maneira
autônoma e independente, abstrata ou concretamente. Por
exemplo, o solo. Nos termos do art. 92 do Código Civil:
“Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou
concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do
principal” (BRASIL, 2002, [s.p.]).
 Os bens acessórios (ou dependentes) são bens que a
existência e a finalidade dependem do outro bem, o
principal. As classes de bens acessórios são: produtos,
frutos, pertenças e benfeitorias.
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SÃO BENS ACESSÓRIOS:
1. FRUTOS: Os frutos são bens que o principal produz, sem lhe
diminuir a quantidade, qualidade e substância.
 Quanto à sua origem, os frutos são classificados em: naturais,
industriais e civis.
 Os frutos naturais são aqueles que decorrem da essência do bem
principal, desenvolvem-se e renovam-se periodicamente, como os
frutos de uma árvore.
 Os frutos industriais são os que decorrem de uma atividade
humana, como o material produzido numa fábrica.
 Os frutos civis são os rendimentos de um bem, por exemplo, juros
ou aluguel.
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 Quanto ao seu estado, os frutos dividem-se em:


 pendentes: são aqueles que estão ligados à coisa principal,
não foram colhidos;
 percebidos: são aqueles que já foram colhidos e separados;
 estantes: são os colhidos e armazenados;
 percipiendos: são frutos que deviam ter sido colhidos, mas
não foram; c
 consumidos: são os que já foram colhidos e consumidos.
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2. PRODUTOS: são as utilidades retiradas de determinado


bem, mas que acarretam sua diminuição, como no caso de
minerais retirados de uma mina. São utilidades que saem
da coisa principal, diminuindo a sua quantidade e
substância, levando até ao seu esgotamento, como
petróleo de um poço.
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3. BENFEITORIAS: são as obras efetuadas em determinado bem, para


conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. São classificados em
necessárias, úteis e voluptuárias.
 As benfeitorias voluptuárias são aquelas que acrescentam luxo ou
recreio ao bem, mas não aumentam o valor da coisa, como
construir uma piscina na casa.
 As benfeitorias úteis são as que aumentam ou facilitam o uso do
bem, por exemplo, a construção de um cômodo em uma casa.
 Já as benfeitorias necessárias são as que têm por fim conservar o
bem ou evitar que ele se deteriore.
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4. ACESSÕES: é a junção de uma coisa a outra por força


externa, como é o caso da formação de uma ilha (acessão
natural), ou da construção de um prédio em um terreno
(acessão artificial).
5. PERTENÇAS: os bens que, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao
serviço ou ao aformoseamento de outro, como no caso dos
aparelhos de ar-condicionado ou quadros de uma
residência.
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PRINCÍPIO DA GRAVITAÇÃO JURÍDICA
 REGRA: o bem acessório segue o principal.
A natureza do bem acessório será a mesma do bem
principal.
O proprietário do bem principal também será o
proprietário do bem acessório.
 Exceção: as pertenças, salvo se resultar da lei ou
manifestação de vontade.
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8. BENS PARTICULARES E BENS PÚBLICO
 Bens particulares ou privados são aqueles que não são
públicos. Assim, por exclusão, considera-se bem
particular todo aquele que não é de domínio público.
 Bens públicos ou do Estado são aqueles de domínio
nacional, pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público interno. Eles podem ser classificados em: bens de
uso geral ou comum do povo, bens de uso especial e
bens dominicais ou dominiais.
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Classificação dos Bens Públicos:
 Os bens de uso geral ou comum do povo podem ser usados por todos,
indistintamente. Podem ter diversas finalidades públicas, por isso, diz-se que são
“afetados” a uma finalidade pública. Assim, são também inalienáveis. Em regra, o
uso dos bens dessa espécie é gratuito, mas pode ser oneroso, tal como a cobrança
de pedágio em estradas rodoviárias. A administração também pode restringir seu
uso, se for necessário para o interesse público, como interditar uma rodovia. São
exemplos desses bens: rios, mares, estradas, ruas e praças.
 Os bens públicos de uso especial são aqueles utilizados como estabelecimento para
serviço da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive de suas
autarquias. Assim, também são afetados a uma finalidade específica.
 Os bens dominicais ou dominiais são aqueles que fazem parte do patrimônio
disponível do Estado (podem ser vendidos). Não dispondo a lei em contrário,
também são bens dominicais aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público a que se tenha dado estrutura de direito privado. São exemplos desses bens:
estradas de ferro e terras devolutas.
50

 Em regra, os bens públicos são imprescritíveis (não estão


sujeitos à usucapião) e inalienáveis (se o bem público está
afetado, ou seja, se ele tem uma finalidade específica de
interesse público, não pode ser vendido). Os bens de uso
comum do povo e bens de uso especial são inalienáveis,
salvo desafetação (alteração da destinação do bem). Os bens
públicos dominicais podem ser alienados, se observadas as
exigências da lei.
 Os bens públicos são também impenhoráveis (não podem ser
penhorados por dívida) e não oneráveis (não podem ser
gravados como garantia para pagamento de débito).
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9. BENS QUE PODEM OU NÃO SEREM
COMERCIALIZADOS
 Coisas no comércio são as que se podem comprar, vender, trocar, doar,
dar, alugar, emprestar, etc. Coisas fora do comércio são as que não podem
ser objetos dos contratos citados, assim, não podem ser negociadas:
 Bens naturalmente inapropriáveis, que são aqueles que não podem ser
apropriados pelo homem, como o ar atmosférico;
 Bens legalmente inalienáveis, os quais estão previstos em lei, como bens
de incapazes, bens públicos de uso comum e de uso especial, bem de
família, entre outros;
 Bens indisponíveis pela vontade humana, que são aqueles deixados em
testamento ou doados, com cláusula de inalienabilidade.
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10. BEM DE FAMÍLIA
 Ele poderá ser voluntário ou legal.
 O bem da família voluntário está previsto a partir do art. 1711 do
Código Civil (BRASIL, 2002). É instituído por ato de vontade do casal,
da entidade familiar, ou de terceiros, mediante escritura pública ou
testamento, para destinar parte de seu patrimônio para instituir
bem de família.
No momento do registro, dois efeitos básicos decorrem do bem de
família voluntário: a impenhorabilidade por dívidas futuras e a
inalienabilidade do referido imóvel. As exceções à impenhorabilidade
do bem de família voluntário são: por dívidas anteriores à instituição,
por dívidas posteriores de tributos que recaem sobre o imóvel ou por
dívidas posteriores de condomínio.
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 O bem de família legal é regulado pela Lei nº 8.009/90 (BRASIL,


1990). Ele decorre diretamente da lei, conferindo uma proteção
automática.
A lei considera como impenhorável, de forma automática, o imóvel
destinado à residência da entidade familiar.
Não exige instituição em escritura pública, testamento ou registro
cartorário, assim não se exige qualquer ato por parte do devedor.
Neste caso, há a impenhorabilidade do bem, porém não há a
inalienabilidade.
Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários
imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre
o de menor valor, conforme determinado pelo art. 5º da Lei nº
8.009/90 (BRASIL, 1990).
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O conceito de impenhorabilidade de bem de família


abrange também o imóvel pertencente a pessoas
solteiras, separadas e viúvas.
É impenhorável o único imóvel residencial do devedor
que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida
com a locação seja revertida para a subsistência ou a
moradia da sua família.
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Éimprescindível que reflitamos os fundamentos jurídicos


para a instituição do bem de família.

Aponte-se que a proteção do bem de família legal, constante na Lei 8.009/1990,


nada mais é que a proteção do direito à moradia (art. 6º da CF/1988) e da
dignidade da pessoa humana, seguindo a tendência de valorização da pessoa,
bem como a solidariedade estampada no art. 3º, I, da CF/1988. Falar em dignidade
humana nas relações privadas significa discutir o direito à moradia, ou, muito mais
do que isso, o direito à casa própria. (TARTUCE, 2019, p. 478).
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LEITURA DOS ARTIGOS – DOS BENS
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DÚVIDAS?

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